Infinity Is Not Far Away escrita por bunnerfics


Capítulo 9
À primeira vista


Notas iniciais do capítulo

AAAH QUE EMOÇÃO! Um dos meus capítulos preferidos *-* (e um dos mais longos)



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[Anne]

(voltando ao ponto de vista da personagem principal)

 

Abri os olhos e quando olhei era... BILL?! Ok. Há três possibilidades. Primeira: Eu morri e tô no céu. Segunda: Eu to sonhando. Terceira: O acidente realmente afetou minha cabeça e eu to vendo coisas.

- Hallo. - Ele disse, me fitando, confuso. Mas não mais do que eu.

Eu não respondi. Aquela voz ecoou nos meus ouvidos umas dez vezes seguidas, e eu fiquei sem ar.

- Você está bem?
- Provavelmente não.

Foram as únicas palavras que eu consegui dizer.

- Ligaram para mim e pediram pra que eu viesse aqui.
- Como? – Depois de alguns segundos eu respondi, ainda com a voz trêmula.
- Me disseram que você... Que você tinha meu telefone em seu bolso. E que era a única coisa para se comunicar com algum conhecido seu.

Tudo passou na minha mente, como um flash. O telefone que o garoto do bar me deu... ERA DE BILL KAULITZ? Deus, como eu sou estúpida!

- Sim, sim... Eu... Lembro...
- Como você conseguiu meu telefone? – Ele me olhava profundamente, parecia confuso.
- Um garoto me deu.
- Que garoto?
- Eu não lembro muito bem dele. Ele tinha cabelos loiros encaracolados, olhos azuis... Parecia um anjo.

Bill realmente estava MUITO confuso.

- Não conheço ninguém assim. Isso é estranho.

Com certeza mais estranho do que Bill Kaulitz estar comigo, enquanto eu estou numa cama de hospital após ter sido atropelada por ter um ataque pelo fato de tê-lo visto a poucos metros de distante de mim, não pode ser. A minha vontade era de... Cara. Eu tinha milhões de vontades naquele momento. Eram tantas vontades que eu nem sabia por onde começar. Pra mim, eu ainda estava sonhando... Ou tinha morrido. Bill foi em direção a porta.

- Olha, desculpa... Se você se sente incomodada comigo aqui, eu posso ir embora. Eu não queria incomodar você, eu só vim aqui porque me chamaram com urgência e...
- Não.

Ele parou de falar, e me olhou.

- Você... Deve... Ficar.

Se eu pudesse, me declarava ali mesmo. Diria tudo o que eu sentia por ele. Mas além de ele ficar com medo que eu fosse mais uma fã alucinada, eu não estava com a cabeça no lugar certo pra esse tipo de situação. Depois de alguns segundos de silêncio absoluto, ele resolveu falar.

- Eu vi você na praça. Tenho certeza que era você.

Não acredito. Bill Kaulitz se lembrou de mim. Engoli seco.

- Como tem tanta certeza? – Respondi, com a voz fraca.
- Porque jamais vou me esquecer dos seus olhos.

Ele disse, me fitando. Nesse momento eu congelei. Não sabia se chorava, se ria, se tremia, se falava, se ficava em silêncio, se vomitava, porque senti meu estômago embrulhar de um jeito que parecia que meu útero ia sair pra fora naquele instante.

Depois de alguns minutos de silêncio absoluto, ele se aproximou e sentou na ponta da cama, sem querer acabou encostando no meu pé que estava machucado. Eu soltei um gemido de dor, e ele se levantou rapidamente.

- Ai meu Deus, me desculpe! Eu te machuquei? Me desculpe! - Ele colocou a mão sobre a testa, se sentindo culpado.
Eu dei uma risadinha pelo nariz:

- Não se preocupe, meu pé está tão machucado que eu mal consigo sentir.

Ele olhou pra mim e riu, senti meu corpo amolecer com aquele sorriso dele. Eu me sentia um pouco desconfortável por ele me ver naquele estado, imagina como eu deveria estar depois de ser atropelada: Descabelada, cheia de arranhões e com uma cara horrível, era constrangedor. Mas ele parecia não se importar com isso, e eu também não me importava muito, afinal, eu estava perto da pessoa que eu mais amava no mundo.

- Onde estão seus pais? Você não é daqui não é? - Ele sentou-se em uma cadeira que tinha ao lado da cama.
- Não... eu sou brasileira, minha mãe ficou em casa. Eu vim pra cá como intercâmbio, mas pretendo ficar um bom tempo aqui.
- Uau, o que uma brasileira da sua idade veio fazer aqui? Você tá visitando o país? Está gostando? - Ele realmente parecia muito interessado em mim. Eu ODIAVA perguntas, não gostava de interrogatórios sobre minha vida pessoal, eu era muito reservada. Mas, ele era Bill Kaulitz!

- Na verdade, não exatamente... Quer dizer, eu sempre quis conhecer a Alemanha, mas não foi pra isso que eu vim.
- Hmm - Ele realmente queria saber. Será que eu contava tudo? Diria que eu vim aqui atrás dele? Ele iria me achar uma patética mas.. É claro que não! Eu não estava em condições para isso, não mesmo.

- É uma longa história... - Eu respondi, dando um suspiro e tentando desviar o meu olhar dele.
- Ah, eu tenho tempo de sobra.

Ele pegou um copo d'água e encheu na torneira que havia ao lado da cadeira, sem se levantar.

- Enfim, já estava na hora de eu sair de casa sabe. Eu ainda não terminei a escola, iria me formar esse ano, mas eu consigo recuperar depois, nunca tive problemas com escola ou notas.
- Hmm, pois é, eu sei como é essa sensação. Ainda bem que eu não preciso mais estudar! Mas essa sensação de liberdade, de finalmente poder ser independente. Eu tenho até uma tatuagem sobre isso!

Bill ergueu sua manga (ele estava com camisa social preta de manga comprida, estava lindo) e mostrou seu braço, ali havia sua tatuagem. "Freiheit 89".

- Freiheit em alemão significa liberdade, fiz essa tatuagem quando completei 18 anos, 89 é o ano em que eu nasci.
- Nossa, legal... - Eu tentei me fazer de surpresa. Como se eu não soubesse de tudo isso! Eu sabia mais da vida de Bill do que ele podia imaginar.

Ele puxou a manga de volta e encostou as costas na cadeira novamente:
- Mas então, é só isso? Você veio aqui só pra se sentir livre, ou tem algo mais?

Eu engoli seco. Eu não sei porque mas não podia mentir pra ele, não conseguia, e olha que desde que comecei a fumar, sempre tive facilidade em esconder as coisas.

- Na verdade... há uma semana atrás aconteceu uma coisa que... me fez sentir que era hora de ir. - Senti minha garganta trancar, e tentei prender as lágrimas. Engoli seco. Bill continou em silêncio, olhando fixamente pra mim, prestando atenção em cada movimento meu e cada palavra que eu dizia.

- Meu irmão - eu continuei - sempre costumava ir em festas a noite, ele sempre ia dirigindo porque sabia que podia controlar a bebida. Mas há uma semana atrás, ele foi em uma festa do outro lado da cidade e resolveu pegar carona com um amigo, já que era muito longe. Eu sempre ficava meio preocupada, muito mais do que minha mãe, e chegava a virar a noite, não descansava enquanto meu irmão não chegasse em casa. Mas eu estava com tanto sono, que acabei dormindo e não pude fazer nada. O amigo idiota dele estava bebado, o carro caiu num barranco e capotou. Meu irmão foi o que mais aguentou, ele sobreviveu até o último segundo, e morreu no outro dia de manhã. Se eu não tivesse pegado no sono, poderia ter tentado evitar... - Eu realmente não consegui mais falar, minha voz começou a falhar e lágrimas começaram a escorrer do meu rosto. A expressão de Bill passou de uma expressão curiosa pra uma expressão triste e constrangida. Logo que ele viu minha primeira lágrima cair, se levantou tão rapidamente, que quando eu vi ele estava ajoelhado ao lado da cama e colocando as mãos em volta da minha cabeça, fazendo ela encostar em seu peito.

- Ei, eu sinto muito, eu realmente não imaginava que era sim. Me desculpe, não queria piorar a situação, me desculpe... - Bill passava a mão em minha cabeça enquanto eu pude sentir seu perfume, ele tinha um cheiro muito bom, que me deixava confortável. Eu parei de chorar, apesar de não querer sair dos braços de Bill nunca mais, eu afastei minha cabeça por estar me achando uma tonta naquele momento. Bill continou ajoelhado ao meu lado, e secou minhas lágrimas, já que eu não podia mexer minhas mãos. O rosto dele estava muito próximo ao meu, muito próximo. Ficamos nos fitando por um tempo, com os nossos rostos a centímetros de distância, quando a porta se abre.

- Oi Anne vim ver como está. - Disse a enfermeira, entrando no quarto. Eles não sabiam bater na porta? Ok, aqui é um hospital. Mas eu detesto invasão de privacidade!

Bill se afastou de mim em um movimento só assim que a enfermeira entrou no quarto, ficando de pé. Ela mediu minha pressão e fez uns negócios lá que eu não sei o que era.

- Vejo que está melhorando, muito bem! Continue assim, logo você poderá sair daqui.

Eu sorri, meio forçado.

- É bom que seu namorado venha te visitar, assim você se sentirá melhor.
- Meu namorado? - Eu perguntei, enrugando a testa.
- É...ele não é seu namorado? - Ela perguntou, apontando para o Bill.
- Er, não... - Eu engoli seco.
- Ah, então, que seja, seu namorado, amigo. É bom que tenha visitas. - Ela riu pelo nariz. - Mas... tenho uma má notícia.

Ai Jesus, o que foi dessa vez? Eu fiquei em silêncio, esperando ela falar.

- Não consiguimos falar com sua mãe, ligamos para todos os telefones possíveis, tentamos todos os DDDs possíveis e não funcionou. Os médicos me afirmaram que você poderá receber alta amanhã, mas antes terá que arranjar um lugar pra ficar, algum hotel, não sei.

O pior de tudo é que eu perdi TUDO, minhas roupas, meus documentos, eu deixei na praça, quando sai correndo atrás do Bill. Não que tivesse muita coisa importante, ainda bem que eu costumava guardar o dinheiro nos tênis, havia 200 euros no meu sapato. Em compensação, minhas roupas, meus CDs e meus documentos estavam na minha mochila, alguém já deve ter roubado. Eu realmente não estava preocupada com aquilo, nunca fui de me preocupar com bens materiais. Sorte que eu não perdi os tênis quando o carro passou por cima de mim.

- Eu não tenho pra onde ir, e não tenho condições de voltar para casa agora. E nem quero... - Eu disse essa última frase baixinho.

Bill parecia pensativo, foi quando ele se aproximou de nós e interrompeu:

- Ei, ela pode vir comigo.

Meu coração ia sair pela boca. Eu? Passar um tempo na casa dos Kaulitz?!
- Não sei, ela é menor de idade... - A enfermeira disse, em dúvida.
- Ah, mas só até vocês conseguirem contato com a família da menina. Eu sou maior de idade, e tenho um irmão também que pode ajudar. Ela não deve ser tão dependente assim, já que fica andando em outro país sozinha.

Bill tentava convencer de todas as maneiras.

- Hmm, não sei não... Mas enfim, de qualquer forma pode ser uma alternativa, vou falar com os médicos pra eles analisarem essa situação. Se tudo ocorrer bem, amanhã Anne já estará fora do hospital.
- Ah, que bom! - Bill parecia feliz com isso.
- Bem, eu vou atender outro paciente, o horário de visitas acaba daqui a pouco, por tanto, não demore muito... qualquer coisa é só chamar. - A enfermeira disse, sorrindo, e depois saiu e fechou a porta.

Eu me remexi devagar na cama, minhas costas ainda doíam.

- Bill, eu não quero que você se incomode...
- Ei, ei. - Ele interrompeu - Não se preocupe. Se eu consigo aguentar meu irmão, certamente vou te aguentar também.
Nós dois rimos.
- E também, é só por um tempo, não tem problema.
- É... só por um tempo... - Eu falei, meio que pensando alto.
- Eu tenho que ir, tenho que passar no supermecado porque certamente meu irmão deve tá por aí com alguma rapariga nova.
- Ah, tudo bem - Eu ri - Entendo como é esse negócio de irmãos.
- É, eu não sei o que faria sem o Tom. Eu admiro você e sua força.
- Obrigada - Eu fiquei vermelha, não sabia o que dizer.
- Até amanhã. - Bill deu um sorriso gigantesco fazendo meu coração acelerar. Logo saiu pela porta.
- Até... - Eu falei, atrasada.


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Notas finais do capítulo

É, eu já tava com esses primeiros capítulos prontos, por isso que postei rápido aqui xD Logo logo eu posto mais, espero que estejam gostando.