POV Rose

Depois de dias em casa chorando pela morte da minha mãe, eu iria ir para a escola, encontrar com meus amigos de novo, e ser obrigada a ver as caras de pena deles, eu detesto que sintam dó de mim, mesmo que a situação pedisse por isso, ainda sim, podiam fazer um esforço pra não me lembrarem de Janine. Meu pai não me disse muita coisa sobre o assassinato dela, mas falou que minha segurança seria redobrada, eu já sabia disso. Não o culpo, ele só tem a mim, e eu só tenho a ele de família. Abe contratou um tal de Dimitri Belikov, ele era da Rússia e pelo visto um sujeito muito renomado, Abe não contrataria qualquer um para tomar conta de mim.

Mikhail iria me levar para St. Vladimir como sempre, só que agora ele era acompanhado pelo guardião Stan Alto. - minha mãe chamava nossos seguranças de guardiões, e eu meio que acostumei com isso - Alto iria me levar com Tanner apenas por hoje até que Belikov chegasse da Rússia, ao que tudo indicava, seria hoje que eu o conheceria.

Mikhail era um grande amigo, ele me livrava de cada encrenca, eu tinha uma divida bem grande com ele, mas ele nunca me pediu nada, mesmo assim, eu sempre avisava que qualquer coisa, podia contar comigo. Já Alto, ele não gostava nada de mim, chegamos a nos enfrentar várias vezes, ele era muito hipócrita e pensava que podia se meter na minha vida, Janine o escolheu por ele ser muito bom nas artes marciais, ela dizia que ele foi escolhido por uma mulher que dizia ser amiga dela, seu nome era Tatiana Ivashkov, que aliás não ligou pra mim em momento algum desejando os pêsames ou algo do tipo. Outra que não suporto, presunçosa como só ela. Falando assim parece que todos tem defeitos e eu sou a perfeita, mas não era bem isso.

Rebelde sem causa, piadista nata, nunca respeitava os mais velhos, louca e muito atrevida, e isso tudo ainda não fazia jus a minha fama na escola que não era lá das mais boas, mesmo que eu nunca tivesse feito nada do que diziam. Obvio que isso foi espalhado e eu sabia quem era.

O carro estava na frente da escola quando Mikhail falou.

– E Rose, não seja dura com eles. - ele dizia isso pois sabia que ao sinal de qualquer cara de pena, eu iria ser muito ignorante. Eu assenti sorrindo para esconder o motivo de toda a pena que estava prestes a receber de meus colegas.

– Pode deixar.

Dei um beijo suave no rosto de Tanner, vi que Alto olhava para os lados como se procurasse um serial killer.

– Até mais tarde guardião Alto. - eu disse debochando para provoca-lo.

Percebi que ele revirou os olhos, Stan nunca escondeu que não gostava de mim, menos de Abe, é claro, e eu tentava ficar bem com ele na frente de meu pai, apesar de odiá-lo, ele era bom no que fazia, não gostaria de vê-lo sem emprego.

Logo na frente de St. Vladimir, um abraço apertado me pega de surpresa.

– Hey, calma. - eu digo tentando parecer engraçado, quando na verdade minha vontade foi de dar um soco nela. Odiava quando fazia isso comigo. - Eu estou bem, você esta me sufocando.

– Solte ela Natalie. - era Mason falando em tom de brincadeira.

– Ela precisa dos amigos mais do que nunca nessa hora difícil.

Eu revirei os olhos e pedi ajuda para Mason atrás dela que agora sorria tristemente, tentando não parecer que de certa forma Natalie estava certa. Meus amigos me conheciam muito bem para saber como eu era com certos tipos de emoções, e essa era a pior de todas. Eu sorri assim que Natalie me soltou, suspirei de alívio por poder respirar melhor. Eu gostava dela, mas sinceramente, ela não sabia quando era inconveniente na maioria das vezes.

Mason me deu um pequeno abraço, eu até que aceitei vindo dele, ele era muito querido mesmo. Na verdade umas das poucas pessoas que eu conversava abertamente sobre qualquer coisa.

– Tudo bem, Rose? - murmurou ele sem soltar minhas mãos.

– Ah, está, a medida do possível. - eu estava prestes a fazer uma piadinha de mal gosto quando ouço uma voz familiar e tranquilizadora.

– Fiquei com saudades de você, amiga.

– Lissa! - exclamei sorrindo e indo em direção dela, Lissa estava acompanhada de seu namorado Christian que a principio sempre falava alguma coisa idiota, muito parecido comigo aliás, mas naquela hora pelo menos, ele tinha consciência que o que estava acontecendo era realmente sério. Eu a abracei forte enquanto ela fez o mesmo, eu não deveria parecer tão vulnerável como estava, então logo tratei de colocar aquela mascará de Rosemarie Hathaway e falei.

– A ultima vez que vi você e Christian, achei que fossem se casar. - eu sorri, Christian sorriu logo em seguida.

Lembrei que a ultima vez que os vi, não se desgrudavam um instante, pareciam aqueles casais chatos e melosos que eu via nos filmes de romance adolescente, do tipo que dava nojo. Eles tinham passado uma semana juntos na casa da praia de Tasha Ozera, tia de Christian. A escola St. Vladimir tinha estado em reforma durante essa semana passada, e foi o suficiente para ferrar com todo mundo, já que agora seria o mês de provas, uma seguida da outra, poucos minutos de estudo, e finais de semana de cara nos livros.

– Essa é a Rose. - Lisa bateu em seu braço de leve, apenas ela sabia mesmo o que eu estava sentindo por dentro, que minhas piadas eram um modo de esconder toda a dor e angustia que sentia.

Vasilisa era minha melhor amiga, a irmã que nunca tive, a pessoa que me animava, a única que me entendia completamente. A conheci no jardim de infância, onde a defendi de algumas meninas idiotas que queriam importuná-la por causa de um brincadeira que uma delas fez. Infelizmente eu e Lissa ainda a víamos, Mia Rinaldi estudava conosco na mesma escola. Nossa, como eu odiava essa garota.

– Lissa, você soube? - pergunta Natalie do jeito excentrica de sempre. Ela estava querendo dizer do acontecimento com minha mãe. Christian revira os olhos para ela, ele sempre dizia que ela era sonsa demais.

– Logico que sabe. - Mason comentou em tom obvio, Nati agora parecia entristecer por todos agirem daquela maneira com ela, eu tinha que concordar. Será que ela não tinha chá de semancol não?

– Gente, - disse Lissa pegando na mão dela. - Natalie apenas está preocupada, deixem a garota em paz.

Natalie deu um pequeno sorriso, seus olhos azuis sobressaltaram quando Lissa sorriu de volta. - E sim, eu já sei Nati.

Lissa como sempre pensando nos mais fracos, aquela que sempre tentava ajudar a todos em sua volta. Christian se aproximou e pegou em sua cintura aproximando seu corpo com o de Lissa.

– Por isso que amo você. - ele disse em seu ouvido, mas eu pude ouvir pois estava perto deles.

– Ah, vão para um motel vocês dois.

Todos riram, menos Lissa que corou com meu comentário, mesmo assim deu um leve sorriso por me ver fazendo piadas com o estado que eu me encontrava.

Aquele dia a aula se encontrava tranquila, a não ser pela decepção que todos esperavam sobre as provas seguidas este mês, a maioria dos professores deixou hoje para um revisão rápida. Tivemos duas provas apenas, e foram das matérias que eu menos sabia e gostava; matemática e química. A única coisa boa era que eu estava no ultimo ano escolar, e sendo o ultimo bimestre finalmente, logo eu faria dezoito anos e ganharia a viajem que Abe me prometeu, só que iria sozinha, Janine não poderia mais estar me acompanhando. Logo tratei de esconder os sentimentos que vinham a tona.

Eu estava andando em direção ao refeitório, e dei de cara com Adrian Ivashkov, ele era afim de mim desde quando havia entrado para a escola no final do ano letivo. Ele era sobrinho de Tatiana, e se mudou para cá assim que o marido de sua tia morreu em um acidente de carro.

– Olá pequena Rose. - ele era cheio de apelidos, principalmente comigo. - Não te vejo há um tempo.

– É, talvez por causa que a escola estava em reforma, será? - eu disse debochando, ele não era a pessoa que gostaria de ver hoje. Podia até ser um dos caras mais bonitos que já vi na vida, mas ainda sim, seu caráter era dos piores, mulherengo como só ele, todos diziam que dávamos um casal, eu sempre brigava por causa disso. Idiotas.

Ele sorriu cinicamente, e falou com seu tom de voz charmoso.

– Eu poderia lhe desejar meus pêsames, mas você não iria gostar disso.

Cerrei meus lábios e olhei para os lados com seu comentário. Realmente ele era a única pessoa que falara a verdade para mim diretamente.

– Posso me sentar com você? - ele perguntou, pensei "que se dane."

– Pode.

Ele tentou pegar na minha cintura mas o olhei feio, ele levantou as mãos em sinal de derrota e me acompanhou até a mesa perto da janela. Ele não dizia nada, apenas ficava me olhando, me estudando, eu odiava quando Adrian fazia isso. Suspirei aliava quando notei que Lissa, Christian e Mason apareceram.

– Ivashkov - gritou Christian dando tapas em seu ombro - Incomodando uma moça indefesa?

– Bem sua cara. - terminou Mason rindo. Eu me irritei com aquilo e falei.

– Posso me defender melhor do que pensam.

E realmente eu podia, eu havia aprendido alguns golpes de luta desde muito nova, Janine e Abe me obrigavam a aprender pelo menos o minimo, para que qualquer ocasião que estivesse sem os seguranças, eu saberia me defender.

– Ninguém disse que você não pode. - falou Christian.- Me referia mesmo a parte que te chamei de "moça".

Cara, como ele gostava de me provocar. Revirei os olhos e sorri pra ele.

– Se quiser eu luto com você aqui e agora.

– Opa, um desafio? - gritou Adrian.

– Não, me desculpe Hathaway, mas eu não quero lhe machucar.

– Ah, - agora eu estava rindo - Parece que a moça ai está com medo.

Lissa não conseguiu controlar a risada assim como Mason e Adrian.

– Se liga né, Hathaway. - ele parou, eu sabia que podia até não ganhar dele em uma luta, mas sabia também que ele sairia bem machucado.

Eu balancei a cabeça em desaprovação, só então percebi que tinha esquecido meus problemas quando estava com eles. Não foi a primeira vez que faziam me sentir melhor por alguma coisa.

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Eu tinha acabado de chegar em casa, entrando pela porta senti uma corrente elétrica passar por mim, sem entender, caminhei até a sala onde havia ouvido vozes, uma delas era de Abe. Logo na entrada vi ele sentado em frente a uma outra poltrona, ele olhou para cima e sorrindo docemente para mim se levantou, me deu um beijo no rosto, e falou.

– Rosemarie, quero que conheça seu novo e particular segurança. - o homem de costas se levantou e olhou em minha direção. - Dimitri Belikov.