- Ei, você aí! –escutei alguém chamando. – Porque está dormindo no meu templo? –voltou a chamar e abri os olhos. Havia dormido enquanto chorava no quanto... –constatei em pensamento.

 - Desculpa, eu... –comecei a me desculpar mas paro ao ver um deus grego em minha frente, literalmente. Ele tinha os olhos em um incrível dourado, o corpo muito bem definido, era alto, e tinha os cabelos loiros cacheados como o de um anjo, mas sua expressão tirava qualquer que seja a impressão de anjo. Nos seus lábios um sorriso brincalhão e malicioso surgiu assim que parei de falar para apreciá-lo. Era tão bonito que se parecia com Alec... Espera... Apolo!

  - D-desculpa... –murmurei novamente e me encolhi na parede desviando o olhar para o chão. Como eu não havia reparado que entrará no templo de Apolo?! Tudo que eu menos quero é encontrar com Alec, e alguém muito parecido não ajuda em nada.

  - Sem problemas, mas já está na hora de sair daí, não...? –indagou e estendeu a mão para mim. A rejeitei e levantei sozinha no chão, fazendo ele rir.

  - É a Melanie, não é? Agora entendi porque Zeus reclama tanto de você... Vocês são iguais! –zombou e sem que eu percebesse, invoquei um raio e o apontei para Apolo. Hehe, meus poderes voltaram.

  - Não diga o nome desse idiota! –gritei.

 - O.K., O.K., pode abaixar isso daí, não toco mais no nome dele... –Apolo disse ainda rindo um pouco. Gente carismática de mais me irrita.

  - Olha, realmente peço desculpas por ter dormido aqui, eu... Eu... Ah, enfim, não irei mais te importunar. –eu disse guardando o raio e voltando a ficar triste.

  - Calma, não precisa sair assim também... –Apolo alega e pega no meu braço. Assim que sua pele toca na minha começo a ficar zonza, e o ar começa a faltar.

  - O que... –começo a perguntar, mas caio no chão antes de conseguir disser qualquer coisa.

  “Estou novamente no acampamento, e desta vez meu chalé não está vazio. Emanuel está arrumando suas coisas quando entro batendo portas sem ter ideia de que ele iria estar ali.

  - Mas o que...? –ele começa a perguntar, mas antes de terminar a frase me vê e se cala.

  - Você só pode estar de brincadeira! –exclamei completamente irritada. – Porque sempre eu?! –grito e saio pisando duro para fora do chalé”.

  “- O que pensa que está fazendo? –perguntei alterada. Estava no caça bandeira, mas precisamente no punho de Zeus, tentando pegar a bandeira vermelha quando Mark, que era do meu time, impede.

  - Te protegendo, mal-agradecida. –ele responde e sai correndo com a bandeira em mãos me deixando lá, plantada no chão (ou melhor, nas pedras) com um sorriso bobo”.

  “- Melanie! –minha mãe fala assustada. Estávamos em N.Y. e eu havia ido visitá-la, mas, ao abrir a porta encontro ela sentado no sofá e Alec de pé, como se eles estivem discutindo a poucos minutos.

  - Alec?! –questionei completamente irritada. – Depois de tudo que você fez ainda vem na minha casa conversar com a minha mãe?!

  - Mel... –ele sussurra e fica com uma expressão triste, como se estivesse arrependido de ter ido até ali.

  - Vai me dizer que vai agarrar minha mãe também, e estragar o namoro dela como fez com o meu? –quase gritei. Minha mãe fez uma cara brava, que eu não estava acostumada a ver e me calei assim com Alec”.

  - Melanie... Melanie? ... Melanie! –alguém gritava enquanto me sacudia.

  - Shssdsaajdn... –murmurei algo incompreensível. Abri os olhos e vejo um Apolo totalmente desesperado.

  - Graças aos deuses! Você me assustou! –ele diz já sorrindo e me levantando do chão.

  - O que aconteceu? –perguntei.

  - Ah, você me usou para ver seu futuro. Isso não é nada legal sabia? Poderia ter me perguntado em vez de acessar minha mente.

  - O que?! Então... Aquelas coisas... Eu... –comecei a dizer com total desespero. Eu não queria ter visto o meu futuro! E acessar mentes? Eu nem sei fazer isso!

  - Sim, sim. É seu futuro. Afrodite não foi nada legal com você, não é? –ele pergunta e arregalo os olhos. Não, não e não. Apolo deve ter caducado e eu caduquei junto. Será que isso é algum tipo de vírus?

  - Mas porque eu fiz isso? Eu não sei ler mentes! E quando o Mark lê, ele não desmaia! –protestei.  Estava completamente confusa. E porque eu vi justo coisas sobre Mark, Emanuel e Alec?

 - Você é bastante sensibilizada... Poderia ter o dom da clarividência, mas acho que não é o mais indicado para você. –Apolo disse dando de ombros.

  - Eu... –comecei mais parei. Já basta as confusões que estão na minha cabeça, deixo isso para depois. – Aquele que não se deve ser nomeado avisou alguma coisa sobre eu voltar para o acampamento? –perguntei.

  - Co-como você sabe sobre Voldemort?! –Apolo quase gritou.

 - Voldemort? Quem é esse? Estou falando do nosso pai... –esclareci erguendo uma sobrancelha.

  - Ah... –Apolo suspirou aliviado. Nossa, que discreto! – Acho que sim, já que seu castigo foi suspenso... Quer uma carona? –perguntou e assenti sem dizer mais nada. Não estava nem aí para as coisas que ficaram lá no Brasil, quero esquecer minha curta vida de lá (o que será impossível), e tudo que eu preciso de verdade está aqui comigo: Traiçoeira, e meus óculos (Que é? dá trabalho ficar fazendo óculos, além de ser caro).

  Saímos do templo, e fomos até seu carro. Ele estava como uma Ferrari vermelha, que era tão reducente que tive que colocar a mão na frente dos olhos para não ficar cega. Entramos no carro em silêncio, e o caminho até o acampamento também foi silencioso. Ele nem insistiu para eu dirigir, o que achei estranho, já que isso sempre foi um costume dele. Acho que ficou triste, ou bravo, sei lá. Tanto faz.

  - Está entregue. –ele disse estacionando perto do campo de morangos. Assim que senti aquele cheiro fiquei um pouco menos tensa, morango sempre me acalma.

  - Muito obrigada, e desculpa de novo... –falei descendo. – Não vai dar uma passadinha no seu chalé? –perguntei.

  - Ah, não. Daqui a pouco tenho que dar espaço para Ártemis, não posso me atrasar... Tchau Melanie! –ele disse sorrindo e logo depois foi embora. Suspirei cansada. Estava de volta ao acampamento.