O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 1
Capítulo 1 - PILOTO


Notas iniciais do capítulo

Não há mal que não possa ser combatido... Será?



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A viagem parecia tranquila, os dias que formaram um mês inteiro em Fortaleza foram proveitosos. Apesar de o objetivo principal ser o estudo, ele pode aproveitar as belezas naturais que essa maravilhosa cidade o oferecia, foi realmente uma guinada. O envergonhado e introspectivo passou a ser mais comunicativo. Estava feliz, esperava chegar em Manaus logo e poder compartilhar a experiência com a família, mas havia uma preocupação que o rodeava.

As notícias chegavam aos poucos, mas não eram animadoras, o que se sabia era que uma nova doença havia chegado ao Brasil, o Norte mais vulnerável havia sido a região brasileira mais afetada. Este vírus provavelmente chegou ao nosso país pelas fronteiras. O caso era abafado, o governo tentava amenizar a situação, a maior parte dos voos para os estados nortistas haviam sido canceladas, a opção era a estrada.

No começo era apenas apreensão, mas no decorrer da viagem uma gota de medo se prostrou sobre sua cabeça, com o que via agora já se somavam três acidentes de carro na estrada, mas diferente do habitual, não havia aglomeração e nem equipe de socorristas, apenas corpos estirados. Sentado em sua poltrona, um rapaz magro, branco com a cabeça raspada e uma barbicha preta fina e de aproximadamente sete centímetros bebia uma garrafa de água mineral, sua expressão era séria.

Vestia uma camisa preta de mangas longas, seu rosto entregava sua idade, tinha dezenove anos. Ao seu lado uma garota morena, vinte anos, cabelos negros e pele suave, os olhos castanhos e amendoados realçavam sua beleza, lábios grossos e corpo sem exageros, sua beleza era notável. Usava um vestido azul, que deixavam suas coxas a mostra, sensual sem ser vulgar. Os dois voltavam do Ceará para Manaus após um mês realizando uma especialização por lá.

Os dedos do rapaz batiam sobre o braço do acento inquietamente, a moça olhou para ele e indagou:

–- Daniel, calma!

Olhou para ele e deu um breve sorriso.

–- Você sabe que eu sou inquieto, só quero chegar logo, você viu a dificuldade que nós tivemos para conseguir os tickets para a viagem, tão dizendo por lá que o norte tá condenado!

–- Besteira! Todo mundo fala mal do norte, preconceito idiota!

Daniel ri e continua:

–- Verdade... Angélica me diz uma coisa, você já viu a sua conexão 3G? Não to conseguindo acessar a internet.

Angélica puxa o celular que estava a seu lado e verifica sua conexão.

–- Não, to sem rede também. Deve a região, ou melhor, deve ser a estrada e o tempo também, tá bem feio.

–- Deve ser...

Daniel se volta para a janela e observa o céu. O azul que costumava ver no céu de Fortaleza passava a ser um acinzentado. Uma forte chuva se anunciava.

Passado o tempo, um burburinho corria pelo ônibus, notícias desconcentradas e desconexas rondavam e o medo se propagava. Ninguém sabia exatamente o que estava ocorrendo, mas era um mal que todos temiam. A comunicação havia se perdido, ninguém mais tinha acesso a internet e nem conseguiam realizar ligações. Os boatos eram de que o novo vírus que chegara a terras tupiniquins havia alcançado o nível mais alto, talvez se tornado uma epidemia.

O ônibus vinha de Campo Grande, no caminho pelas diversas cidades pelas quais andavam, mais acidentes de carro eram avistados. Casas abandonadas e uma correria sem precedentes. Um rapaz negro e forte, de cabelo enrolado chega até as poltronas onde se encontram Angélica e Daniel e indaga:

–- Olá! Desculpe o incômodo...

O rapaz é brevemente interrompido pelo comprimento dos dois.

–- Olá!

O rapaz volta a dizer.

–- Oi... é que eu estou com a minha família, nós somos de Cuiabá e ficamos sem comunicação com nossos parentes, a última vez que consegui uma chamada foi a dois dias...

–- Estamos na mesma cara! Responde Daniel.

–- Vocês viram que loucura... Eu estou com medo de voltar pra casa, ouvi dizer que começaram uma evacuação – Diz o rapaz.

–- Evacuação? Mas essa doença não era tipo aquela febre do porco, febre não, gripe do porco, não foi o que o presidente disse em pronunciamento? – Pergunta Angélica com um ar de preocupação.

–- Parece que não, viu essa última cidade? Uma correria, o medo tá espalhado.

–- Desculpa cara, mas eu sou meio incrédulo com essas coisas. Um país como o nosso, evacuar cidades por conta de uma doença? Parece ficção demais pra mim. Um mero vírus ia ser dizimado logo... – Rebate Daniel.

–- É mais parece que não é um ‘mero vírus’ não brother! O efeito é tipo aquela droga que apareceu há um tempo atrás, uma tal de “sais de banho”, acho que era esse o nome... Lembra que um cara comeu a cara do outro no meio da rua?

–- Lembro sim... Bom, vamos torcer para que seja mais um boato! – Responde Daniel.

–- Até mais então, vou voltar pro meu lugar, to doido pra chegar em casa.

–- Até!

Angélica passou a os dedos suavemente sobre os lábios de forma repetida, pela primeira vez parecia preocupada, o ar otimista ia deixando-a pouco a pouco.

A viagem até Cuiabá foi conturbada, o trânsito no sentido contrário era imenso, e mais acidentes eram vistos nos quilômetros percorridos, a forte chuva que caía deixava tudo pior, não se via muita coisa pelas janelas, mas o que se percebia ficava cada vez mais claro, estava acontecendo uma fuga em massa, o veículo onde Daniel e Angélica estavam seguia o caminho contrário, indo para o olho do furacão.

A chegada à capital mato-grossense foi um alívio para alguns, o motorista anunciou que a parada seria rápida, quem não fosse descer ali que fosse rápido, pois ele só esperaria dez minutos. Daniel levantou e perguntou a Angélica.

–- Quer alguma coisa? Vou comprar um lanche – Angélica responde negativamente com a cabeça, Daniel levanta e se dirige a porta do ônibus. Ao descer, observa o caos, os lanches que nunca fechavam nas rodoviárias, não estavam funcionando, uma multidão se prostrava nos guichês tentando comprar um bilhete, havia uma confusão generalizada. Assustado Daniel volta ao ônibus e se dirige a seu acento quando houve uma exclamação:

–- MEU DEUS! QUE PORRA É ESSA!

Todos se dirigem até as janelas do lado direito e veem um homem deitado no chão, ele está deitado porque sobre ele há uma mulher dilacerando seu abdome com os dentes, a cena é aterrorizante, todos exclamam assustados. No meio da multidão que tentava comprar um bilhete também se ouvem gritos, a mesma imagem se repete, só que desta vez três pessoas atacam uma senhora e começam a comer sua carne.

O motorista fecha as portas às pressas e começa a sair, as pessoas gritam no ônibus, algumas choram. Uma multidão, numa tentativa de se salvar, corre em direção ao ônibus batendo em sua lateral e implorando para que o motorista abrisse a porta, o veículo arranca, as pessoas são deixadas para trás.

Ninguém no ônibus acreditava no que havia visto, nem nos piores pesadelos imaginavam ver uma cena tão chocante. Daniel e Angélica estão abraçados, ela chora e ele meio que em estado de choque, com o olhar para o nada, apenas passa a mão nos cabelos da amiga. O próximo destino era Porto Velho.


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Notas finais do capítulo

Fico na expectativa dos possíveis comentários para continuar postando, esse é só o piloto, um embrião para se compreender um pouco o que virá.
Para o próximo capítulo, se alguém quiser ajudar, envie um personagem que esteja no ônibus, de qualquer estado, mas que tenha ligação com Manaus ou Porto Velho. Enviem também personagens para aparecerem no decorrer dos outros capítulos. Descrevam a aparência desses personagens.

Desde já agradeço as possíveis sugestões!




Säteily



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