Coelhinho Da Pascoa escrita por Bah_Yuh


Capítulo 1
Coelhinho da Pascoa


Notas iniciais do capítulo

Feliz Pascoa, minna-san!
Essa fanfic é bem bobinha e é dedicada a Akimi_Tsuki!
Obrigada por me hospedar tão bem na sua casa durante esse feriado, sensei!
Espero que goste!

E para todos os leitores eu desejo uma ótima leitura e muitos chocolates neste dia!



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 - Cut, cut, cut. – Era o som que ele fazia ao fazer esforço para transportar de um lado para o outro aqueles potes pesados e quase do seu tamanho.

                Parou e olhou para a sua toca. Ela estava muito bagunçada e isso sempre acontecia naquela época do ano. Fez um biquinho e sentiu a pontinha da orelha grande se eriçar por causa do descontentamento. Com certeza a adulta iria brigar muito com ele depois.

                Mas na verdade não se importava, por isso logo após abriu um sorriso. Deixava tudo desarrumado e um pouco sujo, mas efetuava aquele artesanato de forma muito amorosa, sempre pensando nas risadas e alegrias que seu trabalho proporcionava para os outros seres.

                Um cheiro agradável acompanhou o ponteiro que marcava o horário de desligar o fogo. Tirou a panela de cima do fogão improvisado e a colocou em cima de uma taboa bem grande.

                Observou a textura, tocou um dos dedinhos, o queimando sem querer e sentiu aquele delicioso aroma de chocolate. Tudo aquilo fez com que o rabinho em forma de pompom se mexesse, mostrando o quanto estava satisfeito com aquele resultado.

                Pegou as forminhas e se pôs a terminar de fazer as lembranças. Demorou dias naquele artesanato meticuloso e delicado; não mais dormia ou comia. Sentia-se tão feliz que não precisava fazer mais nada a não ser aquilo.

                Ouviu soar o toque de saída e com isso as orelhas que estavam um pouco caídas se arrebitaram e mexeram freneticamente com sua pelugem cor de palha e seu rabinho também abanou na medida do possível. Os olhinhos azuis, que eram uma raridade para sua espécie, brilharam; tinha chegado a melhor parte de todas.

                Correndo pela toca colocou todos os ovinhos na cesta, tomando bastante cuidado para não quebrar nenhum deles, pois cada um tinha um dono certo. Naquele ano iria dar quatro ovos preparados com muito amor e carinho, cada um de acordo com o gosto do futuro dono.

                Ao olhar para o cesta as orelhas voltaram a se abaixar um pouco, mas agora não por concentração ao trabalho e sim por tristeza. Ali havia três belos ovos; um bastante grande com enfeites delicados e vários bombonzinhos dentro, outro era crocante e tinha recheio de avelã, o ultimo era simples e pequenininho, com o sabor de chocolate ao leite e uma bela fita feita do branco. Porém faltava o quarto e isso que o angustiava tanto.

                Em cima da tabua de preparo tinha muitos e muitos ovos e o coelhinho sentiu os ombros caindo e os olhos azuis ficaram molhados e um biquinho se formou. Tinha demorado mais do que os três dias convencionais por causa daquilo; não sabia o que dar para aquele ser e por isso fizera muitos e muitos ovos, mas nenhum do era de seu agrado.

                Viu mais ao fundo um ovo bem pequenininho, bem preto e redondinho. Ele era incomum pelo seu tamanho e formato, o que fazia caber perfeitamente na palminha da mão daquele coelho.

                Mordeu o lábio inferior que era bem rosado e caminhou lentamente até o pequeno embrulho. O pegou e colocou no bolso.

                Saiu da toca e viu muitos outros coelhos fazendo o mesmo. Tinham pelos caramelos, brancos, cinzas, pretos... A maioria tinha os olhos avermelhados, que brilhavam com a mesma expectativa que os seus, carregando suas cestas regadas a chocolates.

                Tomou ar e começou a correr em direção da onde aquela Gataria-do-mato vivia. Saltava e corria pela floresta de arvores grandes, fores variadas e muitos animais que eram medonhos para si, mas que não precisava temer, pois naquele dia ele fazia parte da espécie mais respeitada daquele habitat.

                Escondeu-se atrás de uma pequena arvore e se pôs a observar a família de gatos que viviam naquela clareira. Todos eram muito parecidos: Tinham a pele bem branca e o pelo dos rabos e orelhas negros. Tinha a mãe, que era bem esguia e tinha um olhar diferente das outras gatas, era tão doce! Para ela era o ovo maior. Ao seu lado estava o senhor gato, ele era bem regido com todos, já que era o chefe da Gataria e receberia o ovo menos trabalhado; olhando uma senhorita borboleta esta o filhote mais velho, que era desinteressado a tudo ao seu redor e para ele era o doce crocante.

                Por ultimo vinha o gatinho caçula e o mais arisco. Ele era bem quieto e não gostava que os seus parentes ou outras espécies se aproximassem dele. O gatinho não gostava de nada e detestava chocolate e isso fazia o coração do pequeno coelho doer.

                Tinha observado por muito tempo àquela Gataria, quando lhe foi designado presenteá-la, para saber quais seriam os chocolates ideais para cada membro, mas não foi bem sucedido na sua missão, pois não tinha descoberto o que adoçar aquele gatinho tão solitário.

                Tomou um susto quando outro coelhinho passou por si. Este tinha uma pelagem meio avermelhada e seus olhos também eram incomuns, pois tinham um belo tom de verde claro. Era seu vizinho e estava bastante atrapalhado naquele ano, pois tinha que dar chocolate para um coelho muito energético e seu discípulo, sendo que ambos usavam os cabelos da cabeça de forma estanha e tinha sobrancelhas gigantes, além de que o presenteador e o presenteado mais novo terem uma amizade meio... Estranha.

                O coelho loiro voltou a olhar para os gatos e a pensar se estava mais nervoso ou menos do que o vizinho, pois não queria de modo algum decepcionar aquele gato. Olhou para os três ovos definitivos e resolveu que era hora de armar a brincadeira.

                Pegou o ovo da senhora gata e escondeu no meio de um amontoado de margaridas coloridas que existia perto da clareira; sabia que a fêmea amava aquelas flores. Para o gato mais velho colocou o ovo de chocolate ao leite perto do lugar onde ele costumava colocar os filhotes quando estes ainda eram recém-nascidos; sabia que toda noite ele ia lá e dava um miado de satisfação pelas crias. Para o filhote mais velho, e que tinha os pelos mais longos, colocou perto do lago, pois este gostava de passar os dias com um pássaro muito bonito a ver as águas cristalinas.

                O problema era o ultimo, sempre o fora. Não sabia onde colocar aquele ovo minúsculo e muito menos se realmente deveria realmente colocar, sabendo que o seu dono nem mesmo o procuraria. Ficou triste e baixou as orelhas, fazendo as pontas ficarem apontando para o chão, ficando encolhidinho ao pé de uma arvore um pouco mais longe da Gataria.

                Ficou olhando tristemente para o ovinho escuro, já sentindo seus olhinhos molhados e os lábios tremendo no biquinho. Era tão triste não poder deixar alguém feliz! Não ver o sorriso verdadeiro naquela data tão querida!

                Para a sua espécie, aquela data do ano era muito especial. Era a época em que os coelhinhos presenteavam todos os bichos das florestas com seus chocolates, era um momento em que até mesmo as maiores guerras eram pausadas para que todos pudessem comemorar aquele ato que começaram a chamar de pascoa.

                Naquele dia uma onça e uma zebra poderiam sentar muito bem lado a lado e aproveitar seus chocolates enquanto olham para uma cachoeira, pois essa era a magia daquele alimento que somente os coelhos sabiam produzir e que trazia a tona toda a fraternidade existente no coração de cada ser vivo.

                Não conseguir fazer com que um animal sentisse essa unidade em que todos se tornavam era a maior tristeza para os coelhinhos da pascoa e por isso aquele que tinha os incomuns olhos cor da água, chorava.

                - Você não deveria chorar!

                O coelho levantou o olha de maneira surpresa e esta só aumentou ao ver a pele leitosa que contornava pequenos músculos no peitoral desnudo e braços, o pelo negro e brilhante da cauda e orelhas, assim como os cabelos em cima da cabeça.

                - Fi... Filhote mais novo. – Murmurou.

                O gato o olhou de maneira curiosa e viu um minúsculo ovo entre suas mãos. Somente naquele momento percebeu que aquele ser não era uma lebre. O animal, que era somente um pouco menor que si tinha a pele meio dourada, os olhos bem azuis e os pelos das grandes orelhas e do rabinho fofo eram cor de palha e os cabelos eram bem adoradados. Definitivamente aquilo não era uma lebre e sim um...

                - Coelhinho da pascoa!

                O ser de pelos claros afirmou com a cabeça, com medo da reação do outro. O gatinho olhou para onde ficava a Gataria e viu os ovos escondidos para a sua família. Um, dois, três... Não tinha um quarto ovo escondido. Voltou o olhar ônix para o coelhinho e viu o pequeno ovo em suas mãos e a tristeza nos olhos claros.

                Aquela cena lhe fez sentir diferente. Já tinha ouvido falar que os coelhinhos da pascoa, que são os coelhos na idade infantil, passavam meses por ano observando a família para quem dariam os ovos e com certeza aquele loirinho era o coelhinho da sua família... E aquele chocolate em suas mãos era o seu... Era o do gato que não gostava de chocolate.

                Mordeu os lábios e olhou de esgueira. O coelhinho era muito belo e não combinava de modo algum com aquela expressão de tristeza e o gato caçula odiou saber que era ele mesmo o causador de tal coisa.

                - Sasuke... – Sussurrou, sentindo as bochechas brancas ficarem rosadinhas.

                - Hn?

                - É meu nome. – Sussurrou acanhado.

                - Sasuke!!! – Arregalou os olhos azuis que estavam cheios de expressão de felicidade. O coelhinho largou o chocolate e pegou as mãos brancas e pequenininhas entre as suas as apertando de leve.

                Naquele meio falar o próprio nome para outro animal era algo extremamente difícil. Somente seres que tinham bastante ligação que o faziam, pois tinham medo de se envolver muito com outras pessoas e se machucarem.

                Fora aquela Gataria, aquele coelho era o primeiro para quem dissera seu nome e na verdade não sabia muito bem o porquê. Somente se sentiu bem com a preocupação que o outro demonstrara gratuitamente por si.

                - Naruto. – Falou rápido e virou o rosto, também acanhado.

                - Hn...

                O gatinho olhou de lado, vendo o loirinho mexer desengonçadamente na barra dos shorts. Ele era realmente muito lindo! Pensou. De vez em quando ele também o olhava e logo voltava a olhar para outro lugar.

                - Neh, Sasu-chan... Sei que você não gosta de chocolate, mas... Aceite esse ovo, por favor! – Esticou o ovinho para o gatinho, enquanto olhava para o chão, com o corpinho todo tremendo.

                - A... Aceito. – Respondeu envergonhado e pegou o chocolate daquelas mãos macias.

                Naruto levantou o olhar por um momento e viu o gato mais novo apertar o presente em frente ao coração e depois se aproximar mais de si. Sasuke estava com as bochechas bem coradas e o coração batia bem acelerado.

                Com toda a timidez e receio do mundo o gatinho lambeu a bochecha que tinha três marquinhas, parecendo bigodes, vendo o coelhinho rir um pouco e logo se afastou achando que tinha feito algo de errado. Não gostando da distancia Naruto passou o narizinho no pescoço do outro, como forma de afeto.

                O gato se enroscou manhoso ao corpinho do coelho e sem ter coragem de encara-lo, pegou o presente e o desembrulhou da folha verde muito bem preservada, vendo o chocolate mais escuro dentre todos. Mesmo não gostando da guloseima a mordeu, levando a boca metade dele, e arregalou os olhos com aquele sabor.

                Não era doce e sim amargo e se diluía na boca, com uma leveza inexplicável, sentia um toque de avelã bem ao fundo e o aroma era impar.

                Aquilo era ótimo! A melhor coisa que já tinha experimentado!

                Mordeu mais um pedaço se maravilhando com ele. Mordeu os lábios apreensivamente e respirando fundo tomou coragem. Levou o um quarto que ainda estava entre os seus dedos até os lábios bem rosados e carnudos do outro, forçando o chocolate a entrar na boquinha.

                - Un... A tradição fala que temos que dar um pedaço do nosso chocolate para alguém importante para nós, não é?

                - É sim! – Respondeu o outro com um sorriso esplendido.

                O coelhinho pulou em cima do gato de pelugem negra, o abraçando bem forte, vendo o rabo abanar graciosamente. Apertava bem o corpinho do moreno. Estava tão feliz! Tinha feito aquele animal a quem tanto tinha se afeiçoado durante o período de observação sorrir.

                - Neh, Naruto... Promete que sempre vai me trazer um ovo de pascoa, mesmo não sendo mais minha Gataria para quem você esteja destinado a dar os chocolates? – Perguntou encarando profundamente os olhos azuis.

                - Eu prometo Sasu-chan! – Sorriu docemente. – Porque o Sasu-chan é a pessoa especial que eu devo zelar, para sempre.

                - Naru-chan...

                -Para sempre! – Sorriu.

                Aproximou-se mais do gatinho, e fechando os olhos bem fortes comprimiu os lábios carnudos contra os finos do gatinhos, ficando assim por um bom tempo sentindo o coração dar pulos no peito e uma sensação estranho na barriga.

                - Porque você é o meu Sasu-chan.

                - Si... Sim. Seu Sasu-chan.

                E pela primeira vez aquele gatinho arisco tinha sorrido, e lambido e brincado com outro animal... Com o coelhinho que tinha virado o ser mais importante para si, enquanto sentia na boca o sabor do seu chocolate especial... E o gosto do seu loirinho especial.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Me deem um review no lugar de ovos de chocolates? *---*
Boa pascoa à todos!