Paradise escrita por Izadora


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoal.
Desculpe o atraso,mas eu estava atolada de trabalhos e estudos para fazer e me concentrar.
Em compensação,esse ficou ENORME 'O'
Mas,espero que gostem...BOA LEITURA



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349545/chapter/27

POV Peeta

Já estávamos na entrada do Maddiest há uns 10 minutos e nada de Katniss e Jason.

Debby estava bonita.Um vestido cor salmão de um ombro só,a maquiagem um pouco carregada demais,o cabelo preso em um coque e sapatos que a deixavam uns 5cm. mais alta que eu –e dessa parte eu não gostei-.

Estava impaciente e reclamava que perderíamos a reserva.

–Hey,relaxa.-Disse eu.-Eles só estão atrasados um pouquinho,não vão demorar muito mais.

Debby fez uma careta.Eu deveria saber que seu bom humor não duraria para sempre.Pedi um pouco mais de paciência e abracei seus ombros,na esperança de não só calar a maldita boca como também acalmar a mim mesmo.

Ouvi o ronco potente de um motor,e um Maserati preto estacionou rente a nós.Muitos dos clientes que estavam na porta do restaurante se viraram para admirar o carro.A porta foi aberta,e o motorista desceu.Jason.Que surpresa.

Ele abriu a porta para o passageiro descer.E que passageiro.

Katniss desceu.Estava muito bonita.Usava um vestido preto,o qual eu não consegui identificar a marca,embora me parecesse levemente familiar.Calçava um sapato vermelho sangue,meia pata,como seus lábios e bolsa,que de imediato eu não reconheci.

Antes que se pergunte se eu sou gay ou afeminado por reconhecer esse tipo de coisa e saber tanto sobre acessórios e roupas de garota,eu me explico: Uma vez,meu pai decidiu investir em acessórios femininos de marcas famosas para uma campanha de sua empresa.E eu ajudei.O que me leva a crer que sou um dos poucos homens no mundo que são héteros e sabem a diferença entre um Scarpin e uma Anabella.

Se bem que eu não estava exatamente interessado na roupa.O conteúdo era mais...atrativo.

Acho que olhei tempo demais,pois Debby bateu a bolsa fortemente contra meu estômago e eu gemi.A mistura de dor e fome revirou meu estômago fraco.

–Debby.Peeta.-Eles cumprimentaram,com um sorriso indecifrável.

Debby respondeu,com o máximo de educação que lhe era possível,mas eu simplesmente acenei com a cabeça.Katniss me encarou durante alguns segundos,e depois desceu o olhar para me examinar.

Se chegou á alguma conclusão,não deixou transparecer.

Jason passou seu braço em volta da cintura dela,e a guiou para a entrada em nossa companhia.O homem vestindo o terno cor de vinho que estava controlando a entrada checou na lista os nomes.
Tinha o cabelo penteado para trás,como se estivesse untado de óleo e um nariz enorme que escondia seu bigodinho.

Quando chamou o outro rapaz,o que nos levaria á nossa mesa,identifiquei um pouco de sotaque de um francês péssimo.

O moço nos guiou,sem uma palavra,para uma das mesas próxima á janela.O burburinho da conversa alheia estava alto e em todo o salão.Á frente,um pequeno palco com músicos de jazz suave.Um dos garçons,um gordinho com cara de buldogue veio perguntar o que pediríamos.

Sugeri um vinho tinto suave,e ninguém sequer contestou.Estávamos em um silêncio constrangedor.Eu deveria saber que Debby não demoraria tanto para quebrar o silêncio:

–E então...Jason e Katniss.-Os dois pares de olhos se concentraram nela.-Como se reencontraram?

Eu também deveria saber que essa seria a pergunta.Ela me fizera a mesma no mínimo umas sete vezes no caminho para cá,mas quem disse que eu sabia responder?E eu não queria saber,de qualquer forma.

Jason olhou para Katniss,e eu identifiquei algo no seu olhar.Embaraço?Medo?Ironia?Não saberia dizer.Katniss olhou para ele da mesma forma e abriu a boca,aparentemente sem palavras,e depois a fechou rapidamente.

–Hum...Foi... na madrugada de terça-feira.-Ela gaguejou.Seus olhos rodaram a mesa,em busca de auxílio.Ela não mencionou nossa briga.

–Katniss ligou para mim,um pouco chateada.-Jason continuou,mas eu não queria ouvir.-E eu fui correndo para seu apartamento...Então,meio que rolou um clima e tudo o mais.

Katniss assentiu,veemente.Debby estreitou os olhos,como se procurasse algo se suspeito.Mas,por fim,riu suavemente e pegou minha mão,que estava repousada sobre a mesa.Durante um milésimo de segundo,pensei ter visto olhos pousarem em nossas mãos unidas.

–Para nós foi uma surpresa também.-Debby começou.-Ainda bem cedo,Peeta apareceu lá em casa...Me pediu em casamento,disse que ainda era louco por mim e me beijou,como nunca havia beijado antes.-Ela suspirou.-Foi perfeito.

Mentirosa.Foi a palavra que encheu minha mente.Mentirosa.Mentirosa.Mentirosa.

Isso nunca aconteceu.Isso nunca aconteceria.Mas Debby sabia que eu não iria desmentir.Não na frente deles.

Evitei o olhar de Katniss enquanto o garçom trazia o vinho e nos servia.Sorvi um gole generoso e esperei o calor do álcool amenizar o clima frio que pairava no ar.

–Mas vocês obviamente estão convidados para o nosso casamento.-Ela continuou.

–E quando vai ser?-Perguntou Jason.Eu tornei o olhar para Debby,pois eu mesmo –o próprio noivo,imagine- não sabia a data.

–Estávamos pensando em dia 20.Dia 22 partimos para o Hawaii.-Foi a resposta.

Eu engasguei com o vinho,e,pelo som rascante do lado oposto da mesa,Katniss também.

–Dois dias depois do casamento de Finn?-Perguntei,limpando os cantos da boca com o guardanapo de linho e tossindo feito um cachorro.

–No Hawaii?-Ela engrolou.Algumas mesas ao redor da nossa lançaram olhares reprovadores.

–É...Afinal,existe lugar melhor para um casal apaixonado?-Dizendo isso,Debby me deu um estalado beijo na bochecha.-E vocês?Pretendem se casar?

Katniss e Jason se entreolharam mais uma vez.

–Ah...Casamento é um longo compromisso.Estamos tentando nos conhecer um pouco mais,porque amar somente as qualidades é fácil.Mas,se apaixonar pelos defeitos...não é qualquer um que consegue.-Katniss respondeu.

–Eu que o diga.-Murmurei.Mas eu não estava falando de Katniss.Eu estava falando de Debby.

Debby soltou uma risadinha pelo nariz,como se nunca houvesse escutado nada tão ridículo.

–Mas eu sei que vocês se conhecem de outros tempos.Vamos,me digam: o que amam um no outro?

Eles se embaraçaram mais uma vez.Mas o que raios estava acontecendo?Jason abriu e fechou a boca repetidamente.

–Fala aí...querido.-Ela pontuou a palavra “querido” com um golpe de bolsa no braço dele,que soltou um gemido abafado.Mulheres não têm a menor noção do quanto isso dói.

–As damas primeiro.-Ele ofegou,esfregando o braço.Eu achei que ela fosse engolir ele vivo.

–Eu...hum...gosto do jeito como ele tem...er...dois...Olhos.Isso.Lindos olhos.Jason tem lindos olhos.-Ela enrolou.-Sua vez.

Devo admitir que eu quase ri dela.Olhos lindos?Meu Deus,que criativo.Mas Debby pareceu satisfeita,e apoiou o rosto nas mãos.

–Azul.-Jason disse.Parecia ser muito mais fácil para ele.-Nós dois temos a mesma cor favorita: o azul.

Nesse momento,uma risada escapou de mim.Sem querer.Sem humor.Uma risada nasal e sarcástica.

–Que foi?-Ele perguntou,com os olhos estreitos.Na verdade,os três pares de olhos estavam concentrados em mim.

–A cor favorita dela é verde.Não azul.Ela acha azul muito calmo,e ela é turbulenta demais.-Foi um erro terrível.Isso me renderia tanta discussão mais tarde,que se eu soubesse,teria passado todo esse maldito jantar calado.Mas,não,eu tinha que abrir minha boca de caçapa.

Jason ergueu uma sobrancelha,inquisidor.Debby estreitou os olhos como se estivesse pensando qual a melhor maneira de me punir pelo inocente comentário.Katniss me encarava,com as duas sobrancelhas tão erguidas que temi que ela as perdesse sobre os cabelos.Não era um olhar irônico,malvado ou cruel como os que ela andava me dando ultimamente.Era docemente surpreso.Era um olhar bondoso,um olhar carinhoso e eu o sustentei até o garçom vir anotar os pedidos.

Jason fez o pedido para ele e Katniss,e eu deixei Debby fazer o nosso.Não sentia mais fome,de qualquer forma.

Debby pediu um prato em um francês complicado,que acompanhava calda de nozes.Antes sequer que eu abrisse a boca para contestar,Katniss interrompeu,olhando diretamente para o garçom:

–Sim,mas sem a calda,por favor.O cavalheiro é alérgico.-E o garçom se foi.

Debby a observou,desconfiada,para depois ignorar o fato,tomando-o por nada demais.Jason nem ao menos se importou,mas eu entendi.

Com uma simples frase,dita em pouco tempo depois do meu furo,ela deixou claro que conhecia a mim tão bem quanto eu a ela.Em cada detalhe bobo,como cor favorita ou alergias,em cada falha da personalidade.

Cheguei á conclusão de que a vida tem uma maneira estranha de mostrar quem realmente é importante.Quem vem pra ficar.

POV Madge

Pensei durante todo o dia onde exatamente Gale estava tentando chegar com suas atitudes.

Estava gentil demais.Cavalheiro demais.Brincalhão demais.

Gale não era assim.Gale nunca foi assim,desde os 12 anos,quando ele amadureceu de um dia para o outro e se tornou “o sério” “o sensato”.
As únicas vezes que Gale ria –e era uma risada curta e nasal- ou esboçava um sorriso era com Katniss.E eu morria de ciúmes disso,mesmo ela me alegando com todas as forças que ele não gostava dela.

Sei lá.Minha paixonite pelo arrogante Gale Hawthorne vem dos tempos de criança.Antes de Annie,ou Clove.Quando éramos apenas eu,ele e Kat.
Não lembro quando começou e tenho medo de saber como vai terminar.

Nessa noite ele me tirara de casa mais cedo.Quando Peeta estava com Debby e Katniss se arrumando,e desceu até a portaria,onde ficou combinado que esperaríamos Clove e Cato.

Um arrepio percorreu meu corpo ao descer o olhar e constatar que seus dedos estavam entrelaçados nos meus.Gale apenas sorria para o nada.Não me olhou durante tempo algum em que ficamos esperando,mas não soltava minha mão.

–Nossa,como Clove está demorando.-Reclamei,depois de passar o peso de um pé para o outro pela milésima vez,cansada.

–Estão procurando os senhores do 4213?-O porteiro perguntou.Nós olhamos para ele.

Ela um velhote baixinho e sorridente,com um bigode farto e a cabeça calva.

–Estamos sim...-Nós dois dissemos,em uníssono.

–Já saíram há quase meia hora.-O velho respondeu.

Gemi de frustração,e Gale suspirou.

Ele me lançou um olhar significativo e sorriu logo depois.Ok,quem era aquele cara e onde estava o verdadeiro Gale Hawthorne?

–O que quer fazer?Ir ao restaurante caro ou ficar em casa se enchendo de frango frito?-Ele perguntou.

–Seria estranho se eu dissesse que prefiro ficar em casa me enchendo de frango frito?-Tornei.Gale riu baixo.Espera,quê?Gale riu? Sem ironia?Alguém chama uma ambulância que o moreno está doente.

–Não me surpreenderia nem um pouco.-Concluiu.

Dali á minutos estávamos estirados sobre o tapete felpudo,rodeados de comida e doces,bebidas alcoólicas ou não,rindo feito dois retardados.
Um CD antigo tocava uma música animada,mas estávamos cansados ou com preguiça demais para dançar.Ele se encontrava deitado,com os pés no encosto do sofá e a cabeça pendendo para fora do assento e eu ao lado,jogada em um puffe enorme que arrastamos do quarto de Peeta.
Gale não precisava ser palhaço para arrancar um sorriso meu.

–Me dá um pedaço desse chocolate.-Ele pediu,apontando a barra desembrulhada em minha mão.

–Eu vou colocar na boca,aí você pega.-Brinquei.

–Eu vou morder.-Avisou.

–O chocolate?-Perguntei.

–A tua boca.-Foi a resposta.Fingi que não me embaracei e desviei os olhos.

–Vamos brincar de “eu nunca”?-Sugeri,para amenizar o clima.-Vai,levanta os dedos.

Gale ergueu as duas mãos e eu fiz o mesmo.Minhas unhas estavam um desastre,e eu nem me dera ao trabalho de trocar o vestido.

–Pode começar.-Disse eu.

–Eu nunca nadei nu.-Ele disse,me fazendo rir e abaixar um dos dedos.

–Madge Undersee,você é uma pervertida nata.-Ele gargalhou.Ok,Hawthorne,chega de bebida para você.

–Você que é um santinho nato.-Argumentei,fingindo ofensa.Gale ficou sério de repente.

–Ás vezes eu queria não ser,sabe,o sério.Ás vezes eu queria ser assim,do jeito que estou sendo agora,com todo mundo.Me desculpe por ter sido tão ríspido com você todas essas vezes,me desculpa mesmo,Madge.

–Eu nunca guardei rancor de nada do que você disse para mim.-Respondi,aproveitando o jogo.-Meu defeito,e maldição,é que perdôo muito rápido coisas as quais deveria guardar mágoa para sempre.

–Isso é bom para mim,que sou tão babaca com as pessoas.-Ele murmurou.-Eu nunca me apaixonei por nenhuma das garotas as quais eu fiquei.Nunca sequer gostei de alguma.

Eu não abaixei nenhum dedo,pois eu também nunca me apaixonei por ninguém a não ser esse imbecil bem na minha frente.Ele me quebrou tantas vezes,mas era ver um sorrisinho trançar seus lábios que a idiota aqui caía em tentação de novo...e de novo...e de novo...

–Eu nunca usei freio de burro.-Brinquei,tentando disfarçar o nervosismo.Gale abaixou um dos dedos.

–Madge,assim não,isso foi pura armação sua...Sacanagem,eu nem ficava tão mal assim.Vem,vamos fazer outra coisa.-Ele se levantou e foi até a pilha de filmes,os quais já devemos ter visto um milhão de vezes,e escolheu qualquer um de ação.Acho que era The Avengers.

Depois,se adiantou até o puffe e pediu um espaço ao meu lado,que cedi de boa vontade e quebrou um quadradinho do meu chocolate.O filme começou nos trailers,como sempre,mas Gale esticou o braço por cima de meus ombros e me abraçou.

–Se incomoda?-Perguntou.Eu neguei com a cabeça,mas no momento em que ele me apertou e me puxou para perto,eu não agüentei e explodi:

–Ok,Gale,que palhaçada é essa?-Perguntei,me afastando.Ele me olhou,divertido.

–Que palhaçada?

–Você.-Respondi.-O dia inteiro sendo gentil,carinhoso e atencioso comigo...Sem ofensas,mas você não é assim.Se for uma pegadinha ou alguma brincadeira,já estou avisando que não tem graça nenhuma.

–Como é?

–Você me ouviu.-Respondi.Sua expressão se anuviou.

–Você ainda me ama?-Ele perguntou,baixo,sério como o habitual.-Mesmo comigo sendo assim?

Algo queimou na parte de trás do meu peito e se expandiu.Era a última coisa que eu esperava que ele perguntasse.

–Poxa,Gale...-Engasguei.-Se eu gosto,gosto como você é,mesmo que você seja um bosta de vez em quando...Se eu quero,quero mesmo,ainda que todos digam para não querer.

Gale não disse nada.Ele simplesmente deu um sorrisinho fraco e indecifrável.Depois,estirou a mão ao bolso e tirou de lá um envelope meio amassadinho.

–Katniss me disse para dar alguma coisa pra você.Eu pensei em dar o que você gosta: sapatos,bolsas e outras coisas caras que eu teria de vender o fígado para comprar.Mas aí eu achei isso aqui e pensei que talvez pudesse ser uma coisa melhor.

Ele me entregou o envelopinho e pediu que eu abrisse.Não consegui reprimir o sorriso nos meus lábios quando vi a foto que estava ali dentro.
Gale se aproximou de mim,com o rosto ao lado do meu,me fazendo sentir seu hálito que cheirava á canela.

–Você lembra dessa foto?-Ele perguntou.

–A gente tinha...-Comecei.

–4 anos.-Ele emendou.-Você estava com medo de começar na escola nova,e então eu te dei a mão para te encorajar e levei sua mochila.Eu não soube na época,e fui muito tonto para perceber durante todos esses anos,que desde aquele dia eu estava completa e perdidamente apaixonado por você.

A sensação quente se espalhou para braços,pernas e cérebro me deixando entorpecida.

–Como é?-Perguntei,com a garganta seca.

–Você me ouviu.

POV Katniss

Estávamos eu,Peeta e Debby no carro de Peeta.

Eu relutei até o último segundo para não ir no carro dele,acompanhada de Jason que alegou não ser nenhum incômodo me levar,e Debby,dizendo que era melhor eu ir com Jason.Mas Peeta mostrou-se um belo teimoso e disse que não iria sem mim,o que sem dúvidas deixou Debby puta [n/a: mais do que ela já é] da vida.

Tão embora eu achasse que isso tudo era só por causa do que disse no restaurante,finalmente concordei em ir com ele,sobre olhares desaprovadores de Debby.

Somente quando a porta do carro se fechou eu tive a certeza de que havia caído direitinho em sua armadilha.

Simples: indo com Peeta,eu poderia ver o quanto ele e Debby estavam felizes juntos,ao mesmo tempo que estava impedida de “melhorar” minha relação com Jason,se é que vocês me entendem.Que cachorro...

O caminho até o apartamento foi silencioso.Ou pelo menos,eu e Peeta ficamos em silêncio.Francamente,Debby falava tanto que eu temi que ela engasgasse com a própria língua.Pelo espelho retrovisor eu via sua expressão cansada e os dedos tamborilando no volante.

Por sorte –ou destino- o prédio era relativamente próximo ao restaurante,logo,não demoramos nem 10 min. para chegar.Me perguntava constantemente como Peeta suportaria aquilo durante toda a vida.

Assim que chegamos até o elevador,Debby se calou um pouco.Eu me sentia uma completa intrusa ali.Desejei ter voltado com Jason.

Ela subiu do térreo até seu andar com Peeta colado em seu corpo,as mãos entrelaçadas e abraçados.E eu ali.Do lado.Sobrando completamente.Eu era uma espécie de brócolis no prato de rosbife deles.

Quando chegamos ao apartamento de Debby,ela se despediu de Peeta com um longo beijo e acenou com simpatia para mim.Quando fui responder ao aceno,notei as mãos vazias.Droga,a bolsa.

–Me dá as chaves do carro.-Pedi a Peeta,enquanto as portas se fechavam.

–Pra quê?-Ele perguntou.

–Eu esqueci minha bolsa lá.-Respondi.Ele se virou para o painel e pressionou o botão da Garagem.

–Não precisa vir comigo.-Murmurei.Ele sorriu,afetado.

–Claro que precisa.

–Na verdade...-Comecei.Mas ele me interrompeu:

–Eu vou com você.-E deu o assunto por encerrado.

Passamos boa parte do caminho em silêncio,com ele de um lado e eu de outro,reprimindo a pergunta que não queria calar.O elevador nunca me pareceu tão grande.

Desde quando havíamos ficado tão frios um com o outro?As portas do elevador se abriram para o vasto escuro da garagem.Ouvi o som de algo pingando.

Peeta saiu comigo em seu encalço,o coração batendo dolorosamente contra o peito.Ele estirou a mão para acender a luz,e eu ouvi o interruptor sendo pressionado,mas nada aconteceu.

–Queimado.-Ele sussurrou.

–Vamos voltar,eu pego ela amanhã.-Eu disse,pedindo pelo amor de Deus que minhas mãos parassem de tremer.Peeta se virou para mim,e mesmo que no escuro eu não pudesse vê-lo,senti o movimento e um sorrisinho fraco sair de sua boca.

–Está com medo do escuro?-Perguntou.

–Não.-Eu disse,um pouco alto demais e minha voz vibrou no escuro,me fazendo estremecer.

–Katniss...

–Um pouquinho.-Sussurrei.

–Vem,meu carro não está longe...A gente pega e sai rapidinho.-Ele garantiu,e tirou do bolso o celular,com o qual iluminou fracamente o caminho.Segurei a barra de sua camisa para não me perder,enquanto avançávamos parcialmente cegos.

–Mas achei que soubesse disso,-Provoquei.-já que me conhece tão bem.Que merda foi aquela lá no restaurante?-A pergunta escapou de meus lábios antes que eu a contivesse.

Ouvi Peeta rir baixinho.

–Eu é que te pergunto.Como sabe que eu tinha alergia á nozes?-Ele sussurrou.

–Você só sabe me por em saia justa?

–Mais justa que essa?Impossível.

–Está me chamando de gorda?-Perguntei.

–Não foi isso que eu disse.-Ele respondeu,simplesmente.Depois estacou de repente,e eu quase me choquei contra seu corpo.Sua voz era puro pavor quando gritou:

–AH MEU DEUS!

Eu soltei um gritinho agudo –que definitivamente não parecia ser meu- e me lancei contra seu braço,cravando as unhas ali e com os batimentos cardíacos aceleradíssimos.

O próximo som que ouvi foi um grito abafado de dor e gargalhadas.

–Filho da...-Comecei.

–Olha o palavrão.-Ele advertiu,ainda rindo.Dei um forte tapa em seu ombro,enquanto ele abria a porta do carro e apanhava a minha bolsa.Olhei em volta nervosamente.Se tinha algo que me apavorava era o escuro.[Caso não entenda meu medo,veja o segundo episódio da segunda temporada de Supernatural.]

–Você vive pra me provocar.-Argumentei,ainda agarrada a seu braço musculoso.

–Você pede para ser provocada.-Ele respondeu,enquanto chamava o elevador.

Nós entramos e o alívio me invadiu em ondas ao dar com a claridade,finalmente.

–Peço?-Perguntei,com as sobrancelhas erguidas.

–Em 75% das vezes,sim.-Respondeu Peeta,dando de ombros.

–A culpa não é minha se você é um menino insuportável.-Disse eu.

–Do tipo que arruína seu dia?-Ele me olhou,curioso.

–Do tipo que me deixa sem saída.-Respondi,sustentando seu olhar.

Percebi que ainda segurava seu braço e o soltei rapidamente.Peeta esfregou o braço e arregaçou as mangas,mostrando as marcas vermelhas que eu deixara.

–Meu Deus,da próxima tente deixar meu braço inteiro.-Ele disse.

–Debby não vai ficar muito feliz ao saber que você desceu aqui comigo.-Comento,baixo,tentando parecer casual.Senti seu olhar em mim com tal intensidade que não duvidei que pudesse me corroer.

–Debby é uma pessoa legal.-Ele disse,indiferente.Não parecia acreditar nas próprias palavras.-Não acho que vá se importar muito.

–Ah,qual é...-Resmunguei,fazendo pouco caso.-Ela me olhava como se estivesse decidindo qual a melhor maneira de me torturar.

–Ela só sabe qual é um dos meus maiores pontos fracos.-O sorriso foi sumindo de seu rosto.

–E qual seria?

–Eu não sei dar pontos finais.Eu não sei acabar com algo,e eu não sei excluir alguém da minha vida.Eu não consigo esquecer você.

–Não?-Perguntei,sentindo algo apertar na região do estômago.

–Nunca.

Ele me segurou com força e me jogou contra a parede do elevador.Eu arquejei,mas antes que pudesse fazer qualquer objeção,Peeta colou seu corpo no meu.Uma de suas mãos se prendeu fervorosamente á minha cintura,enquanto a outra escorregou para minha coxa,erguendo-a.
Estávamos ali,com as testas coladas,meu nariz junto ao dele e os olhos em uma intensa e inquebrável conexão.Eu ouvi sua respiração pesada e descompassada.Ou seria a minha?Meu peito subia e descia em um ritmo elétrico,enquanto meus olhos só reconheciam uma razão: os potentes azuis á minha frente.
A força que ele empreendia em me puxar para mais perto,sendo que não havia quase nada mais que nos separasse com exceção das roupas era grande,e eu estava sendo pressionada contra a parede.Minha mão esquerda se ocupava em fazer um comprido arranhão em suas costas e a outra se enroscava em seus cabelos.A única coisa que nos separava naquele momento era a resistência orgulhosa para um beijo quente que nos negávamos a proporcionar um ao outro.
Ele baixou os lábios para meu pescoço,arrastando-os levemente por ali,e depois mordiscando com sutileza,me arrancando um suspiro.

–Me solta.-Digo finalmente,em um sussurro baixo e rouco.Você não tem ideia da força de vontade que foi necessária.

–É isso que você quer?-Ele perguntou,ainda mais próximo.

–Não.Mas é o que eu preciso se quiser manter a sanidade mental.-Respondi.


Mas antes que ele pensasse em contestar,as portas do elevador se abrem e nos soltamos por conta própria.Meus olhos se arregalaram,e algo borbulhante subiu de me estômago.

–Eu não acredito.–Murmurei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que será que a Kat viu? [ok,tá bem óbvio]
PEETA PULANDO A CERCA,NADA LEGAL U-U Ou será que é?
uhuehh Medo do escuro...essa ainda vai render.
Gale,decidiu ser fofo agora?Hum... *3*
Mereço Reviews?

ATENÇÃO: Poxa galera,Paradise já está entrando na reta final.
Quem diria?Essa vai ser a primeira fanfic que eu termino oficialmente,e eu não sei se fico feliz ou triste com isso.
Bem,anyway,estaremos de volta em breve com Cantarella,não percam,quero todos os meus cupcakes,lirou frends e xuxus lá,ok?Ok.