Dark Paradise escrita por liina


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

olá, olá, to postando um dia antes mesmo e não me perguntem o motivo que nem eu sei kkk.
enfim, só queria gradecer por quem anda mandando review, brigadão suas lindas, isso me dá confiança demais, tirando que eu morro de rir de uns trens que vocês falam ne hahahaha ♥
enfim, é isso, espero que gostem, o cap ta meio diferente, vcs vão ver kkk



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Learn from yesterday

Live for today

Hope for tomorrow

(anônimo)


EMILY’S P.O.V.

“tô te esperando no banheiro interditado do terceiro andar, não demora, eu sei que você é loira, mas é só subir a escada!”

Era o que a mensagem que recebi de Lucas no meio da aula de literatura dizia.

Revirei os olhos e fui até a mesa do professor, cochichando que tinha “problemas de garotas” e precisava sair da sala. Pode ser a desculpa mais esfarrapada do mundo, mas ainda me impressiono com como funciona todas as vezes.

Ele fez uma careta discreta e disse que podia demorar o tempo que precisasse (desde que tinha sido a única da sala a ler o livro que ele tinha mandado, ele puxava meu saco)

Subi a escada que levava ao terceiro andar e vaguei pelo corredor por algum tempo, até achar uma porta branca com uma enorme placa amarela que dizia, em letras caixa alta pretas, “banheiro interditado, não entre”. O que parecia um convite perfeito para Lucas entrar, e pior, ainda me chamar pra ir também.

Abri a porta cautelosamente e vi que, apesar de interditado, o lugar estava apresentável. Já tinha perdido as portas dos banheiros e tinha algumas pichações em um dos boxes, mas nada comparado ao que eu imaginava ao ler a placa – um lugar escuro, fedorento e com alguma espécie de água nojenta que eu não seria obrigada a pisar – para falar a verdade, era até bem iluminado, devido à uma janela estreita próxima ao teto.

Lucas estava sentado na bancada que algum dia tinha sido uma pia. Ele bufou.

– achei que não fosse chegar nunca!

– Lucas, você me mandou a mensagem tem uns três minutos! – disse nervosa, mas percebi um sorriso no canto de seus lábios. Estava apenas me irritando, seu esporte favorito ultimamente, pude perceber. Revirei os olhos – porque me chamou, encosto?

– só posso falar dependendo da desculpa que você deu... – levantou as sobrancelhas.

– sou a aluna preferida do professor de literatura, posso ficar o tempo que quiser – disse com um sorriso presunçoso e ele revirou os olhos – qual desculpa você deu?

– não dei... – deu de ombros – eu matei aula – disse descendo da pia e andando até a mochila no chão – eu fiquei pensando no que nós descobrimos segunda-feira, então...

Tirou uma pasta parda de arquivos de dentro da mochila e pude ver que carregava algumas míseras folhas brancas dentro de sua abertura. Estendeu em minha direção e eu a encarei por alguns segundos antes de pegá-la, sentindo algo familiar sobre ela.

Lucas!- disse de repente entendendo tudo e ele arregalou os olhos, segurando um sorriso – você não... – parei a frase e dei um passo para trás – isso aí é da polícia?!

Ele soltou algumas metades de palavras tentando achar uma desculpa, mas por fim apenas encolheu os ombros.

– desculpa – disse naquele tom entre afirmação e dúvida.

– você é imbecil? – perguntei e ele abriu a boca – não precisa responder, foi um pergunta retórica, eu já sei que você é! – disse daquele jeito, quando a pessoa sussurra um grito – a gente não rouba a polícia, Lucas! – disse nervosa.

– eu não roubei... eu peguei emprestado – hesitou por um segundo – sem pedir – segurou outro sorriso e eu dei mais um passo para trás, quase encostando na porta.

– só porque seu pai é policial, não quer dizer que você tem esses privilégios, menino de ouro – eu disse e ele começou a sorrir, acho que estava se divertindo com meu nervosismo.

– não vai nem querer saber o que eu achei? – perguntou balançando a pasta no ar e eu o olhei boquiaberta.

– mas é claro que não, idiota – disse e comecei a andar de um lado para o outro – eu não vou mexer nos arquivos da polícia. Eu não quero problemas. Sou muito nova para apodrecer na cadeia! – disse e ele riu – você sabe que isso dá cadeia, não sabe? – disse parando de andar e ele concordou com a cabeça – eu... eu não vou... não vou olhar isso, não sei nem porque me chamou... – joguei os braços para o ar e ele sorriu.

– tudo bem, então – abaixou-se para guardar o arquivo na mochila e eu me aproximei rapidamente.

– tudo bem, só uma olhadinha – disse fazendo careta e ele sorriu vitorioso, me entregando o arquivo – tem certeza que ninguém vai nos pegar aqui, não é?

– ninguém usa esse banheiro há anos, Emily... – disse e nos sentamos na pia.

Suspirei e abri uma brechinha da pasta, mas fechei-a rapidamente logo depois, jogando meu olhar para Lucas, que estava sentado logo ao meu lado.

– antes de fazermos isso tem uma coisa que preciso saber – disse séria e dei uma pausa de alguns segundos, durante os quais seus grandes olhos caramelados ficaram me olhando atentamente – tem mais alguma coisa ilícita que você costuma praticar no seu tempo livre? – ele abriu um sorriso brincalhão, mas o contraiu em poucos segundos, ao ver meu olhar sério.

– bom, eu sei mexer com celulares – deu de ombros e eu franzi a testa. Ele logo percebeu que eu queria uma explicação mais clara e suspirou – eu consigo entrar neles pelo computador e ver todas as ligações, mensagens, fotos, vídeos, paginas acessadas na internet.... Essas coisas. Dependendo do aparelho consigo até mesmo ver as coisas que a pessoa apagou, ou ouvir algumas ligações – percebeu finalmente minha cara de espanto e continuou em um tom lento, como se fosse um menino indefeso contando à mãe alguma coisa de errado que tinha feito – mas eu não faço isso, só estou contando que sei como fazer...

– eu não acredito que sou sua amiga – disse ainda um pouco espantada e com a adrenalina ainda correndo por minhas veias por estar segurando aquele arquivo policial nas mãos. Ele deu um risinho seco – quer dizer, com tanta gente nesse colégio e eu escolho logo o menino que rouba da polícia e sabe hakear celulares.... – ele riu – querido diário, não tenho certeza, mas a próxima vez que eu escrever pode ser de trás das barras da cadeia. Agradeço desde já a meu novo amigo fora da lei, Lucas Skylar... – disse e ele deu outra risada.

– querido diário, minha nova amiga é dentro da lei demais – disse e eu arregalei levemente os olhos.

– desculpe se não quero estar envolvida em um roubo da própria polícia! – disse e ele rolou os olhos.

– você vai ler a merda do arquivo ou vai ficar discutindo as leis britânicas comigo?

– estou começando a achar que eu não vou pro céu – fiz uma careta enquanto abria o arquivo e ele deixou uma risadinha escapar pelo nariz.

A primeira folha branca estava coberta por letra Arial preta que julguei ser tamanho sete, de tão pequena, e eu levantei a página, repetindo o ato sucessivamente com as próximas folhas, em uma tentativa de dar uma olhada rápida em tudo e pescar só os fatos importantes.

Pude escutar Lucas falando enquanto eu fazia isso, explicando resumidamente o que se encontrava naquelas paginas.

– o dono do bar que nós fomos faleceu há dois anos e deixou o lugar para os dois filhos: Gabriel e Nick Kovalsk.

– Kovalsk? – perguntei desviando a atenção das páginas para seu rosto durante alguns instantes.

Ele tinha um meio sorriso misterioso no rosto.

– isso mesmo, o garoto da sua aula de Inglês. Mas espera, fica melhor – apontou para uma parte da folha que eu achava ser aleatória, mas que agora podia perceber que estava com a letra levemente maior – imaginei que, depois de ver seja lá o que no bar aquela noite, Sarah fosse querer uma cópia dos vídeos do local, e resolvi dar uma olhada – meus olhos correram a parte que ele apontava ao mesmo que o ouvia falar – Nick deu queixa, naquela mesma semana, sobre o furto de alguns vídeos de segurança do bar. Eles tinham instalado as câmeras pouco tempo depois de herdarem do pai, por não ficarem tanto tempo no bar e quererem garantir tanto a segurança quanto a opção de ver se não tinham nenhum garçom mão-leve por lá...

– mas como Sarah teve acesso a esses vídeos? Eles devem ficar em algum computador.

– exatamente – seu sorriso cresceu e eu imaginei se não estava se sentindo tão policial quanto seu pai, um dos detetives mais importantes da cidade – Nick era colega de laboratório de Sarah, e eu lembro de uma vez que escutei ela insistindo que fossem fazer um trabalho na casa dele por algum motivo idiota de não poder ser na sua. O notebook daquele garoto é tipo a vida dele, ele carrega para todo lugar, e carrega tudo importante dentro dele. Imagino que Sarah tenha dado um jeito de ficar sozinha com o computador durante tempo o necessário para pegar o que queria e passar para um pendrive ou alguma coisa assim...

– mas ele não teria uma senha ou alguma coisa assim para proteger esses vídeos de segurança? Até onde sei Sarah não era tão fã de tecnologia assim para hakear alguma coisa...

– foi o que pensei, mas em seu depoimento da queixa, Nick deixa claro que descobriu o roubo dos vídeos exatamente por isso. Quem os pegou usou um CD que consegue hakear a senha da parte do computador que você quiser. É fácil de encontrar, vários nerds de computadores aqui do colégio mesmo vendem às escondidas, mas tem um pequeno problema: esse programa de criptografia do CD deixa rastros, rastros sutis que olhos leigos não perceberiam, mas que parecem pular aos olhos de outros nerds em computação que nem Nick...

– então você acha que Sarah comprou esse CD, hakeou o computador de Nick, e usou os vídeos contra o agressor dela? – perguntei tendo certa dificuldade em imaginar minha amiga tão lerda fazendo tudo aquilo sozinha.

Lucas concordou com a cabeça.

– e fica ainda mais interessante – levantou as sobrancelhas e passou mais uma pagina, apontado para o final da folha – Nick retirou as acusações três dias depois, afirmando ter sido um mal entendido, alguma coisa a ver com seu irmão ter pegado os vídeos sem falar para ele.

– e o que tem de interessante nisso? Talvez Sarah tenha explicado a ele o que tinha feito e ele tenha compreendido – dei de ombros mal acreditando em minhas próprias palavras.

– ah, claro – sua voz transbordava ironia – e ela também deu uma surra nele depois disso, né, porque o garoto apareceu com um olho roxo bem chamativo nessa mesma semana... – fez uma cara engraçada e continuou – minha teoria é: Nick prestou queixa sobre os vídeos, a pessoa que estava neles, por algum motivo ainda não claro o bastante, queria deixar essa história toda por baixo dos panos e falou para ele retirar a queixa. Nick disse que não ia retirar nada e levou uma surra desse alguém, que é possivelmente o assassino de Sarah.

Processei tudo durante alguns instantes.

– tudo bem, mas o que fazemos com toda essa informação?

– não é obvio? – perguntou com um sorriso – nós vamos direto à fonte. Vamos perguntar à Nick... – abriu ainda mais o sorriso.

– ah é mesmo? E como você pretende fazer isso sem mencionar o arquivo que você roubou da polícia? - levantei as sobrancelhas, irônica, e ele desceu da pia.

– sabe, você devia me dar um pouquinho mais de crédito, Loirinha, eu cresci com um policial que trabalhava disfarçado em operações – deu um sorriso galanteador (coisa que eu odiava admitir) e saiu do banheiro.

****

– ei, Nick! – Lucas gritou no corredor na saída da escola.

O garoto se aproximou relutantemente de nós com seus cabelos pretos escorridos e bem penteados, ombros ossudos visíveis por baixo de sua camisa social branca e óculos grossos demais, que se confundiam com suas sobrancelhas e escondiam seus olhos sem brilho.

– exatamente o cara que precisávamos – Lucas disse com um sorriso, colocando a mão no ombro do garoto e eu abri um sorriso amarelo – a gente precisa da sua ajuda.

– tudo bem – Nick disse baixinho.

– é que a Emily tá achando que hakearam o computador dela, e eu queria alguém pra ver se hakearam mesmo – deu de ombros e Nick enfiou as mãos no fundo do bolço da calça – na verdade, eu pedi primeiro pro Keny, ele tá na minha aula de matemática 2, mas ele disse que você tinha mais experiências com essas coisas – deu de ombros mais uma vez.

– e-eu não sei p-porque ele disse isso – Nick disse embolando mais as palavras do que o normal – eu nu-nunca fui hakeado pra saber i-isso... – coçou a nuca e Lucas fez uma cara confusa.

– tá, cara. Eu não disse que você já foi hakeado, é só que você é um gênio da informática, eu achei que você pudesse ver isso pra ela – Lucas manteve a cara confusa e o garoto à nossa frente parecia cada vez mais nervoso.

– é, mas eu n-não posso ajudar, ok? Não sei nada sobre hakear, minha área da informática é outra... a-acho esse negocio de há-hakear uma perda de tem-tempo –passou sua mão perto do olho direito e fez um movimento com a cabeça antes de sair.

Observei Nick sair apressadamente pela porta da frente do colégio e Lucas começou a andar na direção contrária, indo para o treino.

Tive de apertar um pouco o passo para conseguir chegar até ele.

– ele está mentindo. Ele sabe que alguém hakeou seu computador e está escondendo isso – disse simplesmente.

– e como é que você tem certeza disso? Vai ver ele é só bem tímido – dei de ombros, mas Lucas discordou com a cabeça.

– mãos atoladas no bolso, fala entrecortada e embolada, coçando a nunca enquanto fala, passou a mão perto do olho que eu te disse que tinha ficado roxo... Ele está mentindo – disse confiante e eu o olhei boquiaberta – tudo bem, talvez eu tenha passado alguns verões ajudando meu pai e meu padrinho na delegacia – encolheu os ombros e deu um sorriso amarelo.

– e talvez eu tenha acabado de perceber que nunca devo mentir para você – disse e ele riu – e agora? – perguntei quando já estávamos quase no corredor que levava à piscina.

– agora eu tenho treino – me olhou confuso.

– não, idiota – rolei os olhos – e agora, o que a gente faz? A gente sabe que ela viu alguma coisa importante no bar, roubou os vídeos e que alguém deu uma surra em Nick para retirar a queixa... Mas ainda assim não temos nada – olhei-o triste e ele hesitou antes de continuar.

– bom, temos que descobrir o que ela viu. Eu tenho que ir pro treino, mas porque você não lê mais algumas paginas e me liga se achar alguma coisa?

Concordei com a cabeça e ele sumiu ao meio do cheiro de cloro que dominava o corredor.



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Notas finais do capítulo

entaaaaaaaao, espero que tenham curtido hahaha
me contem o que acharam que eu fico feliz demais haha :)
beijos