POV Megan

Desci as escadas absorta, vasculhamos a casa toda, cada cômodo. Liam não estava em casa, ele deve ter saído pela janela, pois ninguém o viu sair pela porta da frente. Troquei de roupa incrivelmente rápido, coloquei uma regata preta com um short rasgado e meu vans branco, peguei minha bolsa e a chave do carro, vou procurar Liam nem que eu tenha que rodar a cidade toda.

Eram por volta das sete da noite, entrei no carro e listei mentalmente os possíveis lugares onde Liam poderia estar, passei no bar, na quadra da escola, na casa do Tim, no restaurante favorito dele, no shopping, e em nenhum desses lugares, vi meu namorado loiro. Parei o carro em um estacionamento vazio e escorei minha cabeça no volante em sinal de impotência, me sentia fraca por não conseguir achá-lo. Ergui a cabeça, respirei fundo e tentei me recompor. Decidi ir a casa dele, tentar falar com irmão dele, vai que rola né.

Estacionei o carro na frente da casa azulada, a porta estava escancarada e um som de rock pesado exalava. Desci do carro correndo, deixando minha bolsa dentro do mesmo. Entrei na casa e não sabia se sentia alegria por tê-lo encontrado ou raiva pelo estado em que ele estava.

Liam tava jogado no chão, escorando-se no sofá vermelho, ele estava claramente drogado. Logo Liam que nunca gostou de drogas e julgava o irmão mais velho por ser drogado. Cheguei perto dele, sentei do seu lado e ele olhou pra mim com os olhos levemente marejados

- Porque você saiu de casa?! – perguntei já sabendo que ele não iria me responder direito

- O Tony me mandou mensagem falando que foi preso – ele disse levemente feliz, efeito causado pelas drogas que ele ingeriu, Tony é seu irmão mais velho.

- Mas porque você não em acordou? Eu poderia ter te lavado até a delegacia pra ver o Tony!

- Gosto de resolver as coisas do meu jeito, mulher – ele disse grosso, nem parecia o Liam calmo e amoroso. Um turbilhão de raiva tomou conta de mim, mas que grosseria!

- Vamos embora, Liam – disse me levantando e puxando seu braço

- Não! – ele dizia relutante – Não vou! Não quero ter que fingir pro povo que ta na sua casa que ta tudo bem, que to feliz e que minha vida ta tranqüila. PORQUE NÃO ESTÁ! – ele gritava, completamente alterado

- Você não precisa fingir que tá tudo bem, não tem problema estar mal – disse com a pouca calma que me restava, tentei levantá-lo, mas ele é muito mais pesado do que eu calculei

- Megan, desiste, vou ficar bem aqui. Prostrado nesse chão, drogado, bêbado e infeliz. Não te mereço nesse estado, então por favor, vá embora – ele dizia enquanto pegava dois comprimidos, êxtase possivelmente, e pondo na palma de sua mão

- Não vou deixar você acabar com a sua vida assim – disse batendo em sua mão, atirando os comprimidos no chão e os chutando pra longe, Liam olhou pra mim incrédulo, se levantou do chão em um solavanco, olhou sério pra mim

- Vai embora, Megan – ele dizia bravo.

- Não, eu não vou. – me mantive firme. Ele fez uma careta de raiva

- Vai embora – ele dizia meio exaltado

- Não. – continuei firme

- VAI. EMBORA. – agora ele gritava

- Não – terminei de falar e senti sua mão acertando meu rosto. Não acredito que ele me bateu. Doeu pra caralho, Liam não tem noção de sua força, o local ficou vermelho. Depois percebendo o que fez, ele olhou pra mim sem entender, ele não tinha noção do que tinha feito.

- Megan – ele começou calmo

- Você não é o Liam – falei saindo da casa e fechando a porta da frente.

Entrei no carro e me contorci do melhor jeito que pude pra não chorar. Bebida e cigarro é uma coisa, mas maconha, crack, êxtase e ópio é outra coisa. Dirigi o mais rápido que pude até em casa, abri a porta da frente e todos os seres da sala – Dylan, Dexter, Danny e Mandy – me encaravam

- O que foi no seu rosto – Mandy falava e reparava no inchado da minha bochecha esquerda

- Nada – falei grossa e ríspida, segui reto até a cozinha, me escorei no balcão. Não falaria que foi Liam que me bateu, afinal, ele não estava consciente

- Então você quer dizer que você caiu e ficou assim?! – Mandy forçava a barra

- Já disse que não é nada – falei grossa passando por eles e me jogando no sofá com uma cerveja em mãos

- Megs – Danny dizia se sentando ao meu lado – achou Liam?

- Ele ta em casa, o irmão precisou dele – menti na cara dura. Acho que eles aceitaram, Mandy se sentou ao meu lado, ainda não acreditando na minha desculpa esfarrapada de como eu consegui o inchado

- Vou pegar um pouco de gelo pra você – Dexter disse indo até a cozinha, Dylan se sentou na poltrona e me analisava

Dexter voltou com uma compressa de gelo e se juntou no sofá conosco. Ficamos assistindo televisão em silencio. Passou muitas e muitas horas, já deviam ser umas onze horas quando Mandy quebrou o silencio

- Vou fazer alguma coisa pra gente comer – ela dizia se levantando

- Te ajudo – falei, não iria agüentar os olhos inquietos dos meninos me encarando. Enfrentar o Furacão Mandy seria mais “fácil”

Entramos na cozinha e ela tirou congelados do congelador, acho que era escondidinho, nem percebi. Colocou três formas no forno e se escorou e me olhou

- Não engoli sua desculpa sobre o inchado – Mandy persistia – Vou querer saber, e você sabe que eu sou determinada

- Mandy, por favor – supliquei

- Megs, sinto muito. – ela dizia fitando meus olhos – Eu me importo contigo demais pra aceitar a desculpa do “eu caí”. Pode me contar o que aconteceu. – ela cruzou os braços. Respirei fundo, teria de contar pra ela, de qualquer jeito

- Fui na casa do Liam, procurar por seu irmão Tony, pra ver se Tony sabia do paradeiro de Liam. Mas quando eu chego lá, vejo Liam caído no chão todo drogado, nós discutimos e eu insisti pra ele vir embora, ele ficou meio revoltado e – nem terminei de falar e Mandy completou

- Te bateu – ela completou, nem perguntando, mas sim afirmando. Não respondi nada, Danny entrou na cozinha e o assunto morreu.

- Já ta pronto? – ele perguntava encostado na porta, no mesmo momento o marcador de tempo apitou

- Sim – Mandy respondeu pegando as luva e tirando as formas do forno e pondo na mesa, eu fui pegar os pratos e talheres. Danny chegou perto de mim com algo em mãos, ele me entregou a caixinha preta que segurava e olhou em meus olhos

- Parabéns, Megs, já passou da meia noite então, já é seu aniversário – ele disse me abraçando, que lindo gente! Abri a caixinha e vi a pulseira, a coisa mais fofa desse mundo

- Obrigada Danny – disse dando um beijinho em sua bochecha. Todo mundo já tava na cozinha, e Mandy tirou um bolo da geladeira, Dexter pegou garrafas de cerveja e tequila e colocou tudo na mesa.

Eles cantaram parabéns pra mim e chegou a hora de eu soprar a vela de 1 e de 8 fazendo um pedido. Derramei uma lágrima ao soprar a vela e fazer meu pedido, sequei-a rapidamente, e respirei fundo, suprimindo as próximas que estavam por vir. Sorri fingindo que estava tudo bem. Liam tava certo, é uma droga fingir que tudo tá bem quando não está.

Comemos, bebemos, abri o resto dos meus presentes e subi, tava morta de cansada e já eram três da manhã, ainda bem que era sábado. Me joguei na cama e Mandy se jogou ao meu lado, todo mundo ia dormir aqui em casa. Danny no quarto dele com Dylan, Dexter no quarto de Ellen e a Mandy comigo no meu quarto.

- Não vou contar pros meninos – ela disse sem olhar pra mim, e se virou ficando de costas pra mim – Mas acho que você tem que se resolver com ele. – depois disso, o silencio reinou.

O foda é que Mandy tava certa.