O jantar de hoje era filé de salmão grelhado acompanhado por arroz a grega. Mastiguei tudo bem devagar, em partes por querer apreciar melhor o sabor, em partes por querer adiar ficar sozinha com Punk antes de por a cabeça no lugar. O que havia sido aquilo? Quero dizer. Nós quase havíamos nos beijado, isso é fato, mas podia ter sido coisa de momento. Talvez ele só estivesse com vontade de experimentar uma boca diferente, não que ele gostasse de mim. E eu? Eu gostava dele? Como amigo sim, sem sombras de dúvidas, mas... Eu queria algo mais? Pensar em tudo isso estava começando a me dar tonturas, decidi esperar para descobrir o que aconteceria a seguir.

Após comermos a sobremesa, um delicioso pavê de limão, subi as escadas, com JP logo atrás. Essa situação já estava me dando calafrios, mas o que eu poderia fazer? Querendo ou não ele era meu melhor amigo, talvez o único realmente verdadeiro. Entramos no quarto e fechei a porta, olhei para ele. Nos encaramos por um algum tempo, não sei dizer se foram segundos ou horas, sem saber o que fazer ou falar. Ele respirou fundo, deu dois passos longos em minha direção, segurou minha nuca e me beijou. Um beijo quente, carregado de uma urgência que só o desejo traz. Enrosquei minha mão direita em seu cabelo curto e a outra em suas costas, ele desceu uma das mãos da minha cintura para minha bunda. Foi e voltou duas vezes, na terceira apertou com vontade. Estávamos completamente colados, eu podia sentir o tesão dele e isso estava me excitando também. A mão dele subiu outra vez, agora parando em meus seios. Ele fez a mesma coisa e, em seguida, colocou a mão por dentro de minha blusa. Suspirei, meu deus, como eu o queria! Desejava-o de todas as maneiras possíveis, ser dele era tudo o que eu precisava. Um sopro de razão surgiu em minha mente, eu estava quase transando com meu melhor amigo, o que ia acontecer depois? Íamos continuar como antes, viraríamos namorados ou... Talvez eu o perdesse, talvez nunca mais fossemos os mesmos um com o outro. Foi esse pensamento que me fez parar, eu não podia suportar a ideia de ficar longe dele, porque de certa forma eu o amava.

Empurrei-o com toda força que tinha. Ele deu alguns passos para trás e me olhou assustado.

- O que foi? Fiz alguma coisa?

- Não, mas nesse ritmo íamos acabar fazendo e depois disso nada seria como antes. Você é meu amigo, eu só... Eu não posso te perder por uma coisa tão boba quanto... Eu... é só que... Sabe?

O silêncio pairou no quarto por um longo instante. Eu olhava para o chão ele para a janela, sem saber o dizer um ao outro. Parte de mim dizia que eu havia feito a coisa certa, outra parte gritava que eu era uma idiota. Finalmente ele puxou um assunto.

- Ah. Você nem me contou como foi hoje lá com sua mãe... – Sentamos em minha cama e ficamos jogando papo fora até tarde.