Asas Negras escrita por Carolina Amann


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Le-leitores? O-o que são essas coisas pontiagudas em suas mãos e por que vocês estão com essas expressões assassinas nos rostos...? ~medo~ E-eu sei que demorei para postar um novo capítulo, mas é que eu ando meio sem tempo, sinto muito... Você me perdoam? ~sorriso fofinho e irresistível de desculpas~
Enfim, brincadeiras à parte, caso ainda estejam aí (vivos e acompanhando Asas Negras), me desculpem pela demora para postar um novo capítulo (algo que, infelizmente, já se tornou algo comum). Como sempre ele é curtinho (já devem ter percebido que não curto capítulos longos né?), digitei tudo à noite e, espero do fundo de minha alma, que não haja muitos erros de digitação, mas - se houver - me perdoem mais uma vez. No mais, tentarei escrever e postar o próximo em breve, porém não prometo nada.
Boa leitura >u



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349413/chapter/24

Punk dirigia em silêncio pelas ruas sinuosas, tão devagar que, em determinado momento, fomos ultrapassados por um esquilo. As muletas estavam amarradas na parte de trás da moto e eu me agarrava a ele como um bebê se agarra a mãe. Céus, eu era tão ridiculamente babaca. De repente, senti sua postura enrijecer e entramos um uma pequena estrada de terra batida.

– O que houve? – perguntei com a voz trêmula e levemente esganiçada. Aquilo não era normal, eu nunca havia visto Punk desviar da rodovia principal. Na verdade nunca tinha visto aquela trilha.

– Ei! Calma Princesa, não precisa ficar tão assustada. Eu só me lembrei de ter visto uma blitz mais para frente e decidi pegar outro caminho, por via das dúvidas. Tudo bem?

– Ahun... – concordei relaxando. O único som que existia era o do motor da moto, mas na velocidade em que estávamos, poderíamos conversar facilmente se quiséssemos. Apesar disso, o silêncio predominava. Talvez ele ainda estivesse irritado ou talvez fosse eu que me sentia culpada demais para falar.

– E aí? – perguntou ele – O que aconteceu?

– Como assim? – respondi na defensiva. Droga, ele me conhecia bem demais.

– Não se faça de boba, Princesa, sabe que odeio isso. – cortou ele. Apesar das palavras ele não parecia bravo, apenas cansado – Confia em mim e me conta, o que tá rolando?

Lágrimas escorreram silenciosamente por minhas bochechas. Tentei não fungar, mas era impossível. Eu queria contar tudo para ele, dizer que minha vida tinha se tornado uma loucura desde sexta e que parecia que eu fazia tudo errado. Queria abraçá-lo com força e pedir desculpas por não merecê-lo, por ser uma pilha de erros, um poço de imperfeições. Queria fugir com ele, ir para qualquer lugar onde essa estória de anjos, demônios e trombetas não pudesse nos alcançar. Queria...

No fundo de minha mente eu sabia que não ia adiantar falar nada, era tão surreal que às vezes nem eu acreditava. Não queria acreditar. E talvez, fosse melhor mesmo não envolver Punk nisso, algo me dizia que essa maluquice toda não iria acabar nada bem. Não contar nada era a melhor coisa que poderia fazer para ele.

– Não aconteceu nada Punk, nada. – disse entre soluços – Eu só estou cansada sabe? Quero dizer, tem a minha mãe na clínica psiquiátrica, minha avó no hospital, meu tornozelo estraçalhado... Além disso acho que estou de TPM...

– Só isso? – indagou ele, firme como um pilar. Ele era meu pilar, sempre foi. Não sei como nunca havia notado isso antes.

– Aham... - respondi baixinho e aconcheguei minha cabeça em suas costas. Fechei os olhos e murmurei – Me acorde quando chegarmos...

Ele riu baixinho.

– Pode deixar, Bela Adormecida. – soltei um gemido rabugento e deixei que o sono me conduzisse.

Quando acordei estávamos estacionando em frente à minha casa. Acho que JP sentiu minha mudança de postura, porque logo comentou:

– Acordou é pequena?

– Na verdade, ainda estou dormindo – respondi esfregando os olhos, ainda meio grogue. Ele riu e me ajudou a descer da moto, em seguida pegou minhas muletas e me alcançou-as.

– Obrigada – disse eu, referindo-me à muito mais do que esta simples gentileza. Ele apenas sorriu e acompanhou meu trajeto lento e desajeitado até a sala.

Cida tirava o pó de alguns móveis quando me viu.

– Céus! – exclamou e empregada, surpresa – O que aconteceu com você, menina?

– Caí da escada enquanto ajudava um professor e acabei quebrando o tornozelo em três partes diferentes – disse com um sorriso cansado.

– Jesus! – respondeu ela, levando a mão à boca – Quer que eu faça algo por você, querida?

Eu já ia responder que não, quando Punk me interrompeu.

– Vou levar ela lá pra cima tia Cida, pode fazer um lanchinho pra gente? – pediu ele com uma piscadela, enquanto erguia-me em seu colo.

– Pode deixar, querido!

Ele me levou para o meu quarto no colo, mesmo com os meus protestos. Em seguida foi buscar minhas muletas. Pensei em aproveitar esse tempo e ir escovar os dentes escondida, mas JP me conhecia bem de mais. Sabia que sempre que eu beijava um cara, escova os dentes quase imediatamente. E, no momento, eu sentia vontade de fazer bochecho com álcool 70. Então fiquei sentada na cama, remoendo o nojo que sentia de mim mesma, o gosto de Daniel estava impregnado em minha língua, se fechasse os olhos poderia senti-lo me tocando. Lembrei-me do que ele disse, sobre só ser visto quando quisesse e estremeci. Automaticamente empurrei o ar que estava a minha volta, só para o caso de ele estar ali.

Punk entrou no quarto com as muletas em uma mão e uma bandeja com bolinhos de limão e chá de preto em outra. O cheiro era reconfortante. Ele encostou a porta e andou cuidadosamente em minha direção, apoiou as muletas na cabeceira da cama e depositou o lanche no meu colo, tudo isso sem desviar seus doces olhos castanhos dos meus. Parecia irônico que João Paulo, com toda sua infinidade de tatuagens, piercings e alargadores, com seu jeito louco e irreverente de menino rebelde que fechou os olhos para o que o mundo esperava dele, pudesse ser tão gentil. Mesmo quebrando valores comuns - às vezes até leis - Punk era o melhor cara que eu conhecia. E era meu, de certa forma. Meu Punk. Esse pensamento me fez sorrir, pelo que talvez fosse puro egoísmo.

– O professor de história passou um trabalho. Individual. Eu anotei tudo no meu caderno, te passo depois. – disse ele, como se isso fosse algo corriqueiro.

– O quê? – perguntei surpresa – Você anotou alguma coisa? Oi? – apoiei minha mão em sua testa e fingi examiná-lo – É... Não tem febre... Quem é você e o que fez com meu Punk? – o pronome possessivo escapou de meus lábios sem permissão. Ele soltou um riso grave.

– Tudo pela minha Princesa, não pretendo deixar você ir para longe, confinada num internato qualquer. – suas palavras penetraram com força em meu coração. Cada uma delas, uma estaca, ao invés de sangue, senti transbordar a culpa. Mastiguei um pedaço de um dos bolinhos devagar, tentar disfarçar minha pequena batalha interna. Mentalmente, xinguei Daniel pelo que deveria ser a centésima vez no dia.

– Sabe que eu te amo né? – disse por fim, não era mentira afinal. Ele ergueu suas sobrancelhas grossas e me devolveu um sorriso torto.

– Sim, eu sei. – respondeu com um tom convencido.

Pensei em retrucá-lo como sempre, mas dessa vez apenas corei e sorri, abaixando a cabeça. Era impossível não se deixar levar por aqueles enormes olhos cor de terra. Ele pegou um guardanapo e limpou alguns grãos de bolo que ficaram ao redor de meus lábios cheios. Fez isso sem nenhuma pressa e com delicadeza, como se eu pudesse quebrar caso pressionasse com mais força.

– Você sempre se lambuza – comentou ele com sua voz rouca e grave, o olhar fixo em minha boca.

– Desculpe por isso – respondi prendendo a respiração, enquanto ele aproximava seu rosto do meu.

– Não tem problema – eu podia sentir seu hálito quente tocando meus lábios - Assim eu posso me divertir limpando sua bagunça – a cada sílaba que ele pronunciava meu corpo era magicamente atraído para junto do dele, numa espécie de magnetismo louco que sempre existira entre nós dois, mas que só tivemos coragem de assumir há pouco tempo.

Segundos antes de ele me beijar, as lembranças voltaram em pancadas ao meu cérebro. Todo o dia de hoje: a fuga, as revelações de Ethan, o modo como eu havia me agarrado com Daniel no vagão e, depois, ligado e mentido para Punk como se não tivesse acontecido nada, como se eu não fosse magoá-lo em breve. Fechei os olhos. Será que era mesmo certo beijá-lo agora? Colocar, mais uma vez, nossa amizade em risco? Talvez até a vida dele estivesse em perigo, não é mesmo? O correto não seria me afastar?
Ele me beijou. Oh, foda-se. Eu não iria me afastar de Punk nem que minha vida dependesse disso, mesmo porquê, viver sem ele não fazia sentido, não chegava nem a ser uma opção, estava totalmente fora de cogitação. Eu correspondi seu beijo.

Ouvi ao longe o grasnado indignado de um corvo. “Me deixe em paz, demônio maldito”, foi tudo o que consegui pensar. Mal sabia eu que viver num inferno já não dependia mais de minhas escolhas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso aí galera, gostaram? Espero que sim >u< Aqui não aconteceu nada de "muito extraordinário", mas garanto à vocês que a decisão de Aurora de ficar com Punk, nesse capítulo, terá uma repercussão enorme nos que virão, o resto deixo em segredo para ver se a curiosidade lhes motiva a favoritar a estória e esperar minhas tão raras atualizações. Obrigada por lerem até o aqui, críticas e reviews são sempre bem vindos :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Asas Negras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.