Asas Negras escrita por Carolina Amann


Capítulo 2
Capítulo 2




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Fechei a porta com delicadeza por dois motivos simples:

a) Eu era incapaz de ser grosseira com minha avó;

b) Eu sabia que estava errada. Apesar disso, sentia vontade de bater em alguém.

Tic-tac. Pedrinhas batiam na janela. Virei os olhos, só havia uma pessoa que fazia isso. Abri-a e vi meu melhor amigo no quintal, com o mesmo sorriso besta de sempre na cara. Embaixo de minhas janelas, dentro de meu quarto haviam dois pequenos ganchos pelos quais eu pendurava uma escada de corda trançada para quando desejava sair ou entrar sorrateiramente. Atirei meu “equipamento secreto” pela janela e aguardei enquanto Punk escalava-o com agilidade. Ele pulou para dentro do quarto e me deu um abraço. Seus ombros largos e corpo forte e sarado me envolviam por inteira, eu ouvia as batidas de seu coração e sentia o calor de sua pele. Em seguida, beijou-me na testa e abriu um largo sorriso, exibindo os perfeitos dentes brancos que existiam atrás dos lábios finos.

- Como vai, princesa?

- Indo. O que quer? – respondi irritada. Estava descontando minha raiva nele, mesmo sabendo que ele não tinha culpa alguma. Ou será que tinha? Se não fosse o Punk, eu não faria metade das loucuras que faço.

- Ei, calma! O que aconteceu?

Decidi soltar a bomba de uma vez só – Se minhas notas continuarem baixas ou eu me atrasar novamente, meus avós me colocarão num internato para garotas. Dessa vez é sério, o vô Orlando concorda.

Os enormes olhos castanhos, envoltos por grandes cílios negros, encararam-me. As sobrancelhas grossas refletiam a confusão expressa em seu olhar.

- E agora? – ele respondeu melancólico.

- E agora? Bom, agora vou estudar, com licença. – passei por ele com a intenção de pegar meus materiais que estavam na cama. Ele segurou meu braço.

- É sexta-feira treze! Vamos sair, nos divertir um pouco. Depois você estuda!

- Não dá! Olha, é sério, eu tenho que...

- Por favooor! – aqueles olhos... Droga, eu não conseguia dizer não, sendo mais sincera, eu não queria dizer.

- Para onde vamos? – cedi. Não havia sentido em teimar, sabendo que ele me convenceria cedo ou tarde.

Ele sorriu com o canto dos lábios – É a inauguração de uma balada, Apocalipse. Não estão pedindo identidade e até as 23 horas não precisa pagar a entrada.

- Onde fica?

- Perto da Praça da Sereia, atrás da Hope – Minha livraria preferida, não era longe – Se arruma logo, te espero lá embaixo – Ele desceu a escada e passou pela cerejeira do quintal. Estava indo buscar sua moto, com toda certeza.

Peguei um short, uma meia-arrastão preta, meu coturno, uma camiseta do Guns e minha jaqueta de couro. Vesti-me e me maquiei no banheiro, sem demorar mais de dez minutos. Eu odiava deixar os outros esperando. Ajeitei o repicado em um arrumado rebelde e fui.


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