Em todas as escolas do Japão está ocorrendo o 3º Concurso Nacional de Doujinshis Shonens, para procurar os próximos talentos da indústria de anime e mangá . Os interessados devem manter contato com a direção da sua escola. Resultados no dia 22 de junho.

Um grande e chamativo cartaz era ostentado no mural da escola Midorikawa, localizada na Ilha Kumejima, em Okinawa. Uma das várias escolas de todo o Japão que aderiram a esse concurso.

- Shonen? Minha vida é um shonen! –exclamava Nekomura ao ver o cartaz chamativo.

Nesse mesmo momento, na megalópole japonesa Tokyo, mais precisamente na escola Sōdoāto, Setsu observava o mesmo cartaz.

- Se eu escrever a minha vida nesse concurso, tenho uma forte chance de ganhar, pelo jeito que as coisas são... –diz Setsu com um tom irônico, se referindo à vida turbulenta.

Os dois retornam a atenção para o cartaz.

O vencedor, como bônus, tem a oportunidade de jantar com Aya Hirano, dubladora da Lucy, de Fairy Tail

- O QUÊÊÊÊÊÊÊÊ?! –os dois gritam uníssonos, apesar da distância entre eles. Foi uma sensação de acertar todos os números da loteria e restar apenas o último para a decisão final. Já se consideravam os ganhadores.

Eles correm como se a vida dependesse disso em direção à sala da direção para acertar a inscrição do concurso. Com todo otaku, Aya Hirano seria considerada uma dubladora incrível, mas também a principal dubladora e mais preferida seiyuu de Setsu e Nekomura.

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A época de férias estava se aproximando, mas os resultados estavam cada vez mais perto.

Setsu descrevera toda a sua vida fora da escola, suas aventuras em AbsoluteFantasy, mais precisamente em Mahouland.

Mahouland é um mundo composto por fadas, anões, duendes, goblins, e principalmente pelas belas elfas de seios GG. É um ambiente medieval, onde a simplicidade e a complexidade da magia se misturam, criando um mundo cheio de mistérios, abeis guerreiros que dominam a arte da espada e poderes ocultos, despertados pelo ódio ou pelo amor. Não disse que era um shonen? Mas Nekomura não é muito diferente, pelo menos nessa ideia de concurso.

Nekomura também havia transcrito toda a sua vida para apostar nesse concurso, quase todos os detalhes sobre sua vida dupla como batman espadachim ainda tentando se adaptar ao modo de vida surreal de Nav. Os dois viviam em mundos alternativos à Terra.

Nav é um mundo muito ligado à mitologia eslava, cultura da região indo-europeia. Povoada por humanos de uma linhagem perdida de Rodjenice (a fase de criação do ser humano), Dolas, Espíritos da Floresta, Kanyas e deuses dispersos por todo o território, exceto pelas raças diversificadas, Nav não se diferencia muito de Mahouland. Os dois mantêm o mesmo estilo medieval, com habitantes de capacidades extraordinárias, lugares curiosos e segredos sobre a sua formação.

A primeira etapa do concurso sorteia a história de Setsu e Nekomura, convidando os dois para a estadia de uma semana em um hotel conhecido de Tokyo, o hotel Izanagi .

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Todos os participantes já estavam se orientando pelo hotel, a procura dos seus quartos. Adolescentes de todos os tipos carregavam as suas malas e desapareciam entre os corredores, com os olhos fixos na numeração dos quartos.

- Onde fica o quarto 14? – Nekomura se perguntava mentalmente. – 11... 12... 13... Já é ali! Quarto 14.

Nekomura entra no quarto e vê o seu colega de quarto dormindo, com um sono parecido a um estado de coma. Tinha um mangá ecchi cobrindo o rosto, o que provocou uma risada discreta de Nekomura.

Todas as coisas do seu colega de quarto estavam empilhadas ao lado da cama e um iPod no criado-mudo. Não foi bem uma “boa” primeira impressão.

- É, né... Só me resta esperar o resultado do concurso.

Ele guarda as suas malas, põe uma gaiola com o rato cinza-claro que trouxera de casa na cômoda e dorme imaginando o que viria amanhã.

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- Não vai tomar café, cara? –dizia o colega de quarto. Nekomura quase tem um ataque quando vê ele muito próximo e com uma forma tão brusca de acordar. Era esperado um “acorda”, “levanta”, mas não dessa forma.

- O que você tem contra um “bom dia” normal? –rebatia Nekomura em sua mente.

- Que horas são? –pergunta Nekomura.

- Dez e quinze da manhã. É melhor ir logo, porque tem um cara lá que está trucidando os bolinhos. –dizia ele, adiantado com um bolinho na mão.

- Eu vi você dormindo ontem e não quis te incomodar, mas qual é o seu nome?

- Setsu, Okami Setsu. E você?

- Natsuyama Nekomura, prazer.

-Prazer. Você trouxe um rato para um o hotel? –apontando para a gaiola.

- É fêmea. O nome dela é Nezumi.

- Nezumi? Não é um nome muito... Criativo, não é? Nezumi, rato, rato em japonês, Nezumi...

- Ah, não fui eu que coloquei esse nome. Tenho que ir lá embaixo tomar meu café da manhã, com licença.

Nekomura desce para o refeitório e resta apenas Setsu no quarto. Bem, Setsu e o rato. Rato fêmea, o termo “rata” pode ofender, pelo menos é o que o autor acha, trocando algo “pejorativo” para ele por algo fora da concordância do nosso idioma. Um erro gramatical como sacrifício.

- E aí, colega roedor... Será que eu ganho esse concurso e consigo o jantar com a Lucy? Não é bem a Lucy, é a dubladora dela, mas seria um sonho! Imagina ela dizendo o meu nome, ou me elogiar na voz da Lucy? Por isso eu me esforcei escrevendo aquela história baseada em toda a minha vida em Mahouland, eu espero que eles-

- Você está conversando com quem? –Nekomura entra inesperadamente no quarto, dando um grande susto em Setsu. – Estava falando sozinho?

- E-eu? Na-na-nada não, haha...

- Ok... Eu cheguei muito tarde, aquele “buraco sem fundo” já comeu todos os bolinhos...

- Que pena...

- Vai ficar a vida toda nesse quarto? Vamos ver o resto do hotel!

- Vai deixar ela aqui sozinha?

- Se quiser, pode levá-la no bolso da camisa, só tome cuidado.

- O cara acha que eu sou o Stuart Little.

- QUEM DISSE ISSO?! –Setsu pergunta desesperado olhando para todos os lados.

- Isso o quê? Não ouvi nada. Você fumou?! –Nekomura transpirava nervosismo e raiva ao olhar para o rato.

- Certo... Vai ver esse é o efeito dos mangás de madrugada. Estamos em Earthland, não há coisas desse tipo por aqui. Isso é saudade de Mahouland.-ele pensava, esboçando as expressões faciais do seu monólogo mental no corredor do hotel enquanto Nekomura continuava andando.

A tarde passa rápido, o tempo era engolido pela curiosidade dos dois ao andar pelo hotel. Acharam outros autores de doujin andando pela recepção, trocaram expectativas sobre suas histórias, foi um ótimo primeiro dia no hotel.

- Ei, vocês dois! A coordenadora está chamando vocês na sala da gerência. –um outro adolescente avisa Setsu e Nekomura. – Melhor ir rápido, ela parece agitada.

Pelo menos até agora.