A Dama E O Vagabundo escrita por Lasanha4ever


Capítulo 10
Capítulo 10




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  Acordo cedo e acordo a Marina. Ainda são onze da manhã, mas eu preciso buscar seu presente cedo.

  - Acelera, princesa, ou só vai ganhar seu presente de Natal ano que vem.

  Nada como as palavras mágicas para ela acordar. Assim que trocamos de roupa, eu deixo um bilhete aos seus pais e pego um ônibus com a Marina. Fomos até um canil só de Husky Siberiano. Tapo seus olhos e a conduzo até o presente dela.

  - Feliz Natal adiantado, princesa. – sussurro para ela ao mesmo tempo que destampo seus olhos e ela dá de cara com um filhote de Husky Siberiano de olhos azuis, identico ao seu cachorinho de pelúcia. Seu pelo preto deixa seus olhos azuis se destacando, e suas patinhas, a ponta de seu rabo, numa parte mínima do fucinho e uma parte de sua barriga são brancos, e há uma divisão entre o branco e o preto, que possui uma coloração marrom claro. Conclusão, o filhotinho é muiito fofo.

  Ele dá uma lambida da Marina, que não para de sorrir e abraça o filhotinho. Então se vira para mim e me abraça forte, seus olhos me dizendo “obrigada”. Ajeitei com o Luis o pagamento e levo a Marina com o filhotinho para o ônibus. Claro que ela o levou no colo, pois ele só tem três meses de vida, e o ônibus é realmente muito sujo.

  - Já escolheu um nome, princesa?

  Ela está entre dois nomes. Toby e Apolo.

  Eu faço um carinho na barriga do cachorrinho e ele me dá uma lambida na mão.

  - Apolo. Gosta desse nome filhotinho? – ele dá uma lambida em mim, o que faz a Marina sorrir e me cutucar.

  É esse o nome. Apolo. Deus do sol e das artes. Ele combina muito com a Marina.  Voltamos para a casa e mostramos o Apolo para os pais da Marina. O pai deixou que o levássemos para a viagem, mas nenhum dos dois ficou feliz ao ver o mais novo hospede da casa.

  Levamos o Apolo até o quarto da Marina, onde ela ficou brincando com ele por horas.

  - Ei, sabe que horas são? – pergunto pra Marina só de palhaçada, porque eu sei que nós só temos meia hora até o trabalho.

  Assim que ela vê o horário sai correndo para o banheiro, troca de roupa, ajeita o cabelo. Corre pra cozinha, come uma maçã e pica algumas frutas para dar ao Apolo.

  - Até mais, Apolo. – deixo ele no meu quarto com um pote com frutas. Ele já está quase dormindo.

  A Marina, preguiçosa como sempre, pula nas minhas costas e não sai até chegarmos no hotel. Eu corro que nem um condenado, mas relevo. Qualquer coisa para deixá-la feliz.

  Já avisamos ao gerente que não poderemos trabalhar no resto do mês, e ele deu só metade do salário para a gente, o que é muita sacanagem, porque ficamos mais que a metade do mês trabalhando, mas enfim.

  Terminamos o trabalho e paramos em uma pet shop que estava aberta – por um milagre. Compramos uma coleira para o Apolo, a coleira é preta, mas tem no meio, um ossinho de plástico com o nome dela na frente, e o celular da Marina atrás, junto com um outro número que deve ser o do pai dela.

  Voltamos para casa e encontramos o meu quarto totalmente bagunçado. Primeiramente, o filhote conseguiu marcar o território em quase todo o meu quarto, e ainda deixou umas bombas. Pegou uma blusa minha e usou como guardanapo e melecou o chão todo com o resto das frutas que tinham no pote. O pote está perdido por aí.

  - Princesa, eu acho que o seu cachorro vai dar muito trabalho.

  Ficamos quase uma hora arrumando a  bagunça do meu quarto. Claro, eu cuidei do que saiu do Apolo, e ela limpou o resto da bagunça. Ela saiu um pouco antes para tomar banho e eu fiquei no meu quarto por mais um tempo, pra brincar com o Apolo. Nós precisamos dar um banho nele.

  Carrego ele no colo até o quarto da Marina e entro sem segundas intenções. E então a vejo só de roupas íntimas. Um sutiã branco com ricos azuis e uma calcinha azul. Ela está L.I.N.D.A, só digo isso.

  Eu assumo, uma parte de mim só queria ficar admirando a vista, mas a outra – a parte  educada – me fez ter o bom senso de me virar.

  Escuto os passos frenéticos dela e sinto um tapa ardido em meu braço.

  Se ela pudesse falar, juro que falaria: E da próxima vez, bata na porta antes de entrar!

  - Desculpa, princesa. Não sabia que você já tinha acabado o banho.

  Ela revira os olhos e tranca a porta do quarto. Agora ela está vestindo uma blusa meio transparente e bem larga com um short no meio da coxa, daquele tecido semelhante aqueles que as mulheres usam quando vão à academia, não sei o nome.

  - Er... Nós precisamos dar um banho nele.

  Vamos até o seu banheiro e o colocamos no box gigante da Marina. Mas então ela avisa que não pode ajudar dessa vez porque já tomou banho. Fico apenas de cueca e entro no box. Ela fica de fora, só olhando – agora, olhando a minha cueca ou o Apolo? Ela está vermelha, acho que sei para onde ela ficou olhando, nem que tivesse sido por alguns instantes...

  Acabo de dar banho no Apolo. Agora ele está com o cheirinho de laranja do shampoo da Marina. Enrolo ele na toalha e pego outra para me secar. Sorte minha que estou com uma cueca preta, porque se fosse branca já estaria transparente.

  - Vai secando ele enquanto eu vou colocar uma roupa seca.

  Assim que ela sai do banheiro eu tiro a cueca molhada e enrolo a toalha em minha cintura. Deixo a cueca secando no box e vou para o meu quarto na ponta dos pés, para os pais da Marina não me escutarem e principalmente, não me pegarem pelado saindo do quarto da filha deles. Vou para o meu quarto e coloco roupas limpas e secas. Volto para o quarto da Marina e a encontro afagando a cabeça do Apolo.

  - Ele já dormiu, né?

  Ela pula de susto ao perceber que já estou atrás dela, com o rosto próximo ao dela. Quando vejo seu rosto, ele está totalmente vermelho.

  - Sabe, você fica muito fofa com vergonha. – ela revira os olhos e tenta me bater, mas eu paro seu braço a tempo. – Foi só um comentário, princesa.

  Eu fico apenas de cueca e a Marina fica muito, muito envergonhada. É muita fofura para uma garota só. Ela se deita ao meu lado e se aconchega. Passo meu braço por seu ombro e pouso minha mão em sua cintura – sem segundas intençoes, era apenas a melhos posição. Ela deita sua cabeça em meu peito e passa seu braço livre pela minha barriga, em um meio abraço. O Apolo está dormindo do outro lado da cama, onde tem um grande espaço para um pequeno cachorro.

  Acordamos no dia seguinte, exaustos e com um cachorrinho lambendo os nossos rostos.

  - Ei, os dois. Coloquem logo uma roupa decente, nós vamos entrar na estrada em uma hora. -  o pai reamunga, olhando abismado à minha falta de roupa. Sim, eu sei. Eu deveria ter mais vergonha na cara e não dormir seminu com uma garota incente com os seus pais sabendo que eu durmo com ela – e pior, sabendo que eu durmo com ela sem calças. Mas o que eu posso fazer? Sinto mais conforto só de cueca, ela não se preocupa, não me importo com a oponião de seus pais...

  - Princesa, vai trocando de roupa, vou separar alguma coisa pro Apolo comer.

  Na cozinha, corto uma maça e dou de pedaço em pedaço para o filhote, que parece que tem um buraco negro no lugar do estômago. A Marina chega à cozinha e eu vou para o quarto dela. Visto a roupa de ontem e pego as malas. Coloco tudo no carro e volto para a cozinha.

  A Marina está sentada na cadeira com a cabeça apoiada na mesa, cheia de sono. O Apolo está sentado no chão, balançando o rabinho.

  - Vem princesa, vai dar tempo para dormir no carro. – pego ela no colo e coloco a coleia no Apolo. Vou até o carro e deixo os dois. Volto apenas para pegar saco plástico, já que o Apolo vai precisar fazer suas necessidades, e não vai ser a Marina quem vai catar.

  - Já podemos ir? – sua mãe pergunta um pouco impaciente demais.

  - Claro.

  Assim que o carro começa a andar, a Marina deita no banco traseiro com a cabeça em minha perna e o Apolo em seus braços. O Apolo dorme rapidamente. A Marina fica um pouco mais acordada, mas com eu fazendo cafuné, não há ninguém que não durma.

  E assim foi a viagem inteira. Paramos duas vezes para o Apolo fazer as necessidades e chegamos à Angra dos Reis uma e meia da tarde. A casa de praia é enorme, tem um quintal gigante, e o jardim dos fundos na verdade, já é uma parte da praia, pois não tem muro, só areia da praia, e se andar mais um pouco, chega à agua.

  Eu e a Marina escolhemos um quarto para nós dois. É um quarto no segundo andar com duas camas de solteiro, suíte e uma varanda de frente para o mar, de modo que dá até para pular para a praia.

  O Apolo vai ficar no mesmo quarto que a gente.

  - Vamos lá pra praia, princesa. Coloca um biquini aí.

  Ela nega, pega o celular e começa a digitar.

  “Não posso, Igor. Ninguém pode ver os cortes.”

  - Por favor, princesa. Fica de biquini e short.

  Por fim, ela fica de biquini branco e canga vermelha. Assim que a vejo, fico parado de boca aberta – feito um debilmental – admirando a Marina. Ela fica absurdamente linda de biquini. Deixamos o Apolo na coleira e fomos brincar na areia. O meu castelo ficou uma merda, mas o da Marina estava muito bom. E o Apolo destruiu ambos. Certa princesa ficou fazendo bico até eu abraçá-la e falar que o castelo dela estava muito bom. Carência a gente vê por aqui.

  - Ei, bora entrar na água.

  Ela nega e então aponta para o Apolo.

  - A gente deixa eles com seus pais. É só por uns minutinhos, só pra molharmos um pouco o corpo. Você já está virando um pimentão, daqui a pouco sua pele vai começar a arder.

  E então ela topa. Seus pais não ficaram muito felizes, mas concordaram. A praia esta um poco lotada, então ela não poderia tirar a canga antes de entrar na água. Então, assim que a água chegou em seus joelhos, e pego a canga dela e pus em meu ombro.

Vai molhar? Claro. Mas nem tanto quanto se estivesse nela.

  Ela fica boiando na água, fica totalmente submersa e me cutuca para depois submergir com um sorriso sapeca no rosto.

  - Sobe no meu ombro, princesa. – peço, puxando-a pelo braço. Ela não reluta. Assim que seu peso pena fica em meus ombros, eu caminho para o fundo, até que a água está batendo em meu queixo. E então a jogo na água.

  Ela submerge com um olhar furioso para cima de mim e eu rio alto. Ela tenta me perseguir, mas eu nado para longe dela. E então, quando já está fundo  o suficiente para ela não coneguir olhar a água, eu me afundo completamente, nadando para perto dela sem que ela me perceba. E então a abraço forte e fico em pé. Sinto seu tapa em meu braço e então ela me abraça.

  Ficamos brincando na água por horas, mas o sol estava sumindo e a água esfriou a ponto da Marina começar a tremer de frio, então saimos. Entreguei a canga totalmente molhada para ela, que a Marina vestiu e entrou na casa. Pego o Apolo, que ainda estava com os pais da Marina, mas os mesmos já estavam dentro da casa, assistindo televisão, e o levo até o meu quarto. Na real, o meu quarto é o mesmo que o da Marina. Seus pais nos ignoraram completamente, mas sei que, no fundo, eles não gostam muito disso.

  Ela foi a primeira a tomar banho, mas isso não significa que ela tomou banho rápido. O banho dela durou uma hora. E então, quando ela finalmente sai do banho, sua cara não é nem um pouco boa.

  - O que houve?

  Preocupado, deixo o Apolo brincando com o tapete e finalmente vejo o sangue descendo de sua perna.

  - Puta merda, onde você se machucou? – coloco-a deitada na nossa cama e tento descobrir de onde o sangue está saindo, mas não posso tirar a toalha dela porque senão ela ficaria pelada, não que eu não gostaria de vê-la sem roupa, mas sou educado.

  Pego seu celular e entrego para ela. Enquanto ela digita, eu procuro algum vestido para ela colocar e eu por fim, conseguir ver onde está o machucado. Pego o primeiro que vejo pela frente. É um vestido azul claro, meio curto e de alça. Ela coloca e então eu tiro a toalha. Levanto a barra do vestido apenas um pouco e ela fica vermelha de vergonha. Esqueci da calcinha dela. Pego seu biquine molhado mesmo e ela veste – enquanto eu me viro, claro. E então eu levanto um pouco a barra do vestido. Todos os cortes mais recentes dela que estavam com aquela “casquinha” estão sangrando. E não sou poucos. Devem ter uns dez cortes, sendo que seis são bem grossos.

  - Espera um pouco, princesa. Pressiona a toalha nos machucados para estancar o sangramento que eu já volto.

  Procuro em todos os cantos da casa até encontrar Band-Aid e um spray para cortes e arranhões. Volto para o quarto, meu coração quase saindo pela boca. Com algodão que eu encontrei no banheiro no nosso quarto, eu coloco o spray para cortes e passo por cima dos machucados. A Marina segura em meu braço e quase me faz sangrar, porque suas unhas são bem grandinhas.

  Coloco por fim, vários curativos por cima dos cortes e ela tenta tirar a cara de dor do rosto.

  - Vou pegar seu remédio, princesa. Quer algum analgésico?

  Ela quis. Ou a dor é muito, ou ela é muito frágil. Pego sua pílula de sulfato de ferro e um analgésico normal.

  Dez minutos depois, ela já está cheia de cansaço. Acabo meu banho e me deito ao seu lado. Fico brincando com o Apolo e a pele da Marina fica cada vez mais vermelha. E não é o rubor, se bem que eu acho que uma parte seja. Mas além do rubor, ela está completamente queimada. Tenho certeza que conseguirei ver a marca do biquine. Claro, vai ficar tudo branco na pele vermelha-pimentão.

  Ela me cutuca e me mostra o celular.

  “Tô com fome, bora comer alguma coisa. Tô com vontade de comer picanha, bora? E sair dessa cama senão eu durmo.”

  - Ah, claro. Vou ali fazer uma picaha na brasa e já volto. – falo ironicamente.

  Ela revira os olhos e se levanta da cama, puxando-me junto. Relutante, coloco uma coleira no Apolo e a acompanho para  onde diabos ela quer ir.

  Paramos, finalmente, em uma pizzaria. Até porque, quando se tem vontade de comer picanha na beira da praia, você normalmente vai à pizzaria. Total sentido, princesa.

  Pedimos uma pizza de calabresa da qual eu comi quase toda, a Marina ficou cheia com apenas dois e o Apolo comeu um pedaço. Sim, eu sei que é meio ruim para ele, mas qual é, ele está faminto e ninguém resiste a uma pizza de calabresa.

  E então pedimos uma pizza de chocolate. Ela comeu mais dois pedaços e eu o resto da pizza. Ela me contou que sempre tem espaço no estômago dela para chocolate. Dessa vez eu concordei com ela, porque comigo é assim também.

  Voltamos para a casa e seus pais dão um sermão em nós dois, avisando que não é para sairmos sem avisar e blá, blá, blá...

  Levo o Apolo até a cozinha e dou mais um pouco de fruta para ele e separo um pote com água.

  Já no quarto, certa garota já está quase dormindo. Deixo o Apolo bebendo água e guio a Marina até o banheiro, onde ela faz tudo o que precisa fazer e volta para a cama.

  Não demora nem cinco minutos e ela já está dormindo abraçada ao Apolo. Não sei como ela consegue, porque as queimaduras em mim, que sou mais resistente que ela, já estão doendo pra caralho e mal consigo dormir.

  Assim que o segundo filme acaba, lá para as duas da manhã, eu finalmente fecho os olhos para dormir.

  Aí, só nesse momento, a Marina acorda e me cutuca. Escreve alguma coisa no celular e me mostra.

  “Não consigo dormir, tá ardendo muito. O que eu faço?”

  - Sei lá. Eu não sou especialista em queimaduras, princesa.

  “Mas você vai virar um médico! Tem que saber disso!”

  - Er... Uh... Ah... É... Você já... Não, isso não adianta... Ei, tem hidratante aqui?

  Depois de passarmos hidratante em todas as queimaduras, tivemos que dormir com menos roupas, porque senão ficaria tudo melecado. Eu dormi de cueca, como sempre, e a Marina só de roupas íntimas e um mini short caso seus pais apareçam, para não verem os cortes. E então dormimos de costas um para o outro, ambos meio envergonhados – pra caralho. 


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