This Sadness Is Unbearable escrita por Lasanha4ever


Capítulo 6
Capítulo 6




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    - Turma, eu quero que vocês esperem aqui sem fazer bagunça senão eu não vou mais trazê-los para a piscina! – escutamos um professor de educação física gritar do outro lado da porta.

   - Coloca a roupa logo, Lu, não demora muito para ele voltar!

  Vestimos nossas roupas secas sobre as molhadas mesmo, e fugimos pela janela. Ele levou as duas mochilas, e ainda segurou a minha mão para eu acelerar o passo. Corremos até ficarmos bem longe do colégio. Sentamos no muro e só então, respiramos fundo e começamos a rir desesperadamente.

  - Essa foi por pouco! – suspiro e sento ao lado dele.

  - Caralho, aquela escola persegue os alunos!

  Ficamos andando um pouco pelas ruas, até que ele para e olha para mim. Seu rosto está vermelho.

  - O que foi?

  - Eu acho que preciso trocar de calça.

  - Você não acha que tá muito velho para mijar nas calças não? – falo um pouco alto e uma mulher de cinquenta e tantos anos olha espantada para a calça do Lucas, que se encontra molhada porque a criatura inteligente pulou na piscina só de cueca e colocou as calças.

  - Puta que pariu, não dá pra falar mais alto não? – ele resmunga fazendo inconscientemente, um biquinho fofo.

  - Tem uma loja ali, você te dinheiro?

  - Só dez pratas. Você?

  - Acho que uns quinze. – ele sorri - Mas eu não falei que te daria. – acabou-se o sorriso.

  Fomos até a loja. Compramos uma bermuda jeans bem feia, de uma cor só, e bem feia. E sem rasgo nem nada. Pelo menos foi barata. Mas ele tá sem cueca. Porque o dinheiro não dava para tanto.  

  Ficamos conversando num banco qualquer, e ele segura minha mão. Como ele consegue me deixar mais alegre com um gesto tão simples?

  - Ei, Lu, você consegue deixar minha bermuda parecida com a sua calça?

  A minha calça é toda desbotada e tem uns rasgos espalhados por ela, de modo que fica bonito e não aparece a cicatriz. Passei um dia inteiro para deixar a calça do jeito que eu gosto, e uma semana lavando todos os dias para desfiar bastante o que eu cortei da calça.

  - Talvez, mas tô com preguiça.

  - Ah, por favor! Prometo que divido com você minhas garrafas de vodca. 

 - Você falou vodca?

  Eu adoro vodca.

  - Claro. De vez em quando vou para minha casa e assalto o bar dos meus pais. Tenho um estoque de bebidas no meu quarto. Mas você só vai conhecê-lo depois de melhorar essa bermuda feia pra caralho.

  - Sabe, você parece um viado resmungando da bermuda feia.

  - Pelo menos não sou eu que vou perder a corrida até o meu quarto! – ele fala enquanto começa a correr. Ah, ele tá me provocando demais. Corro em disparada atrás dele.

  Chegamos ao hospício, ele na frente, e eu a centímetros atrás, ambos esbaforidos e suados, e logo aparecem as freiras preocupadas com o Lucas.

  - Meu querido, não tem escola hoje não?

  - Tenho, mas eu tive que sair antes porque não estou me sentindo muito bem.

  - Mas o que você está fazendo com ela? Já te expliquei que algumas pessoas não são boas influências para você. – outra freira diz enquanto me olha com desgosto.

  Sabe aquela história de que freiras são carinhosas e amam todo mundo? Mentira.

  - Ela é minha amiga. – ele responde meio irritado e abraça minha cintura.

  Por que diabos ele tá me abraçando?

  - Vem, Lu. – ele se vira para as freiras. – Ela não é a pessoa que vocês acham que ela é.

  As freiras ficaram putas com o comentário e ação do Lucas e não pararam de resmungar em frente à porta do quarto dele. Vira e mexe uma entrava para ver o que estávamos fazendo, com uma desculpa de perguntar ao Lucas se ele queria comer. Patético. Trancamos a porta depois que a terceira freira saiu.

  Estamos bebendo desde então.

  - Você ainda não ajeitou a minha bermuda, sua fanática por vodca. – ele resmunga quando escurece e a segunda garrafa de vodca é bebida por mim.

  - Velho, na boa, eu tô com sono e você derramou vodca em mim.

   - Não foi minha intenção. Eu só queria ver se você conseguia beber direto da garrafa, mas a sua boa é tão pequena que mal deu dois goles e já engasgou! – ele ri alto.

  - Aham, sei. Tô indo lá para o meu quarto, amanhã a gente conversa. – resmungo e saio do quarto dele cambaleando.

  Eu já tô bem alterada. Tomo meu banho e coloco uma apenas uma calcinha e um sutiã, e deito na cama, enrolada no lençol. Tá muito quente. Empurro o lençol todo para os pés da cama e volto a dormir, agora fresquinha.

  - Ei, Lu, posso dormir aqui? – o Lucas me cutuca, um tempinho depois.

  - Que horas são? – resmungo, tentando enxergar alguma coisa no escuro, já que ele não ligou a luz.

  - Uma e alguma coisa. Posso dormir aqui? Tô me sentindo sozinho lá no meu quarto. Acho que senti falta dos seus roncos.

  - Eu não ronco.

  Ele ri baixinho.

  - Posso dormir aqui?

  - Argh, você é persistente... – vou para um canto da cama – Deita aí.  Quase posso ver o sorriso dele. Ele deita ao meu lado, e passa a mão pela minha cintura, puxando-me para mais perto dele. E então ele ri.

  - Você tá pelada, Luaninha? – porque a voz dele tem que ser rouca e sexy? Espera, ele disse pelada?

  Puta merda, eu esqueci que não tô com pijama! Como pude me esquecer disso?

  - Caralho, eu me esqueci de colocar o pijama! Sai de perto, pervertido! – posso estar um pouco bêbada e com muito sono, mas não sou tão indecente assim.

  Ele ri baixinho e não me solta.

  - Não, é gostoso assim. Não esquenta, não vou te estuprar.

  - E se ficar de mão boba, vai acordar sem mão. Ou então sem a segunda cabeça.

  - Meu Deus, como você é fofa tentando ser perigosa! Fique tranquila, eu não vou tentar nenhuma safadeza pra cima de você.

  - Não dou fofa, baka.

  - Não sou baka, seja lá o que isso for.

  Dormimos tranquilamente. Na manhã seguinte, o despertador nos dá um susto.

  - Desliga essa merda – ele resmunga com a voz rouca e fofa de sono. Tateio a mesa até encontrar o bendito despertador e taco-o no chão. A pilha sai e o silêncio reina novamente.

  - Hoje tem prova?

  - As ultimas.

  - Merda.

  - Vai se trocar, só temos que aturar mais um dia naquele inferno, não deve ser tão ruim.

  Ele até que estava certo, mas cada minuto parecia uma hora. As provas foram complicadas, até porque nós nos esquecemos de estudar. Eu colei em todas. Ele provavelmente também. Mas e daí? 


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