1420 D.C 

Havia uma grande festa no olimpo, não havia um grande motivo para o ter, não precisava, frequentemente os deuses festejavam apenas como uma forma de louvar a existência de tudo, ou apenas para se esquecer do fardo dela.

Todos estavam se divertindo com danças, cânticos e com conversas gritadas (até mesmo deuses como Hipnos e Morfeu), menos Artémis, ela apenas ficava reclusa no seu canto observando a todos enquanto comia e bebia discretamente. Os outros deuses insistiam para que ela se juntasse a diversão.

“Esse não é meu conceito de diversão” - Ela pensava, já estava exigindo muito de si mesma para estar presente em um evento como aquele que não contribuiria em nada para ela.

Seria muito mais útil e prazeroso se aproveitar daquela bela noite para uma caçada, aquele lugar lotado de gente só reforçava mais a falta que ela sentia de estar ao ar livre fazendo isso. O silêncio, a tensão no ar quase palpável quando estava prestes a alcançar a presa, a brisa suave da madrugada, a sensação de conquista quando tudo terminava.

—Vocês querem apostar quantos dracmas que consigo fazer ela se divertir? - Disse Dionísio a Hefesto, Apolo e Hermes.

—Minha irmã? A estraga prazeres? Aposto 200 dracmas. - Apolo retrucou.

—Está apostado então, vocês concordam?

Hermes e Hefesto concordaram entrando na aposta ao lado de Apolo.

Artémis prosseguiu com sua pequena festa particular que incluía ela e seus aperitivos, pegou uma bela taça de suco de uva e colocou-a na boca. Ao fazer isso Dionísio transformou o suco em um vinho de alto valor alcoólico, no entanto ele tinha um gosto doce e suave que agradou a deusa levando-a a tomar mais até ficar embriagada.

 “Será que vai funcionar? Algumas mulheres ficam com sono e outras tristes.” - Dionísio pensou.

Mas sua resposta não tardou a chegar, Artémis estava dançando com todos e tão agitada como ninguém vira há éons:

—Gente! Pra que deixar a festa aqui se podemos leva-la a terra? - Ela disse.

Todos riram, mas não a impediram de ir.

***

Após o efeito do vinho passar Artémis foi retomando a consciência de si, não sentia sonho nem ressaca obviamente, apenas uma ansiedade do que ela havia feito e não se lembrava.

Ela estava em uma cabana rústica, deitada na cama com um homem, deitada na cama...Com um homem? Ela se assustou e a pessoa ao seu lado percebeu seu movimento:

—Nunca vi uma mulher tão apaixonante, linda e esplêndida... Eu sempre fui um tanto quanto cético no poder de Afrodite, mas agora a louvarei todos os dias porque te encontrei.

Artémis sabia que aquilo era obra de Dionísio, nenhum vinho a faria ficar tão fora de si a esse ponto, talvez até houvessem outros deuses nessa piada sádica e imoral...De qualquer forma aquele homem não tinha culpa nisso, era apenas um tolo que se apaixonara em uma noite de festa, mas ainda assim ela sentiu pena dele.

A deusa não se desesperou, não havia quebrado seu voto de castidade, não havia vinho poderoso o suficiente que pudesse fazer um deus fazer algo desse tipo, contudo isso só fez com que ela tivesse ainda mais misericórdia do tolo apaixonado ao seu lado, eles nem haviam feito nada sexual ainda assim ele estava tão perdidamente afogado em amor.

“Um presente, sinto-me misericordiosa hoje.”

Ela resolveu dar ao homem 9 meses de ilusão, ele viveria feliz com sua esposa (com a mesma aparência de Ártemis) por esse tempo, depois desse período ela daria à luz dois filhos e “morreria” no parto. Os filhos, no entanto, não seriam ilusões, seriam algo real.

Um dos animais mais valorosos de se caçar, em homenagem àquele homem que conseguiu passar uma noite com talvez a deusa mais difícil de todas, Artémis pegou dois filhotes de lobos e transformou-os em humanos.

Assim nasceu Alfio Montini e Anatole Montini.