Através Do Olhar escrita por marinalcd


Capítulo 8
Capítulo 8




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Edward recusou que eu o pegasse no sábado, alegando ter várias coisas pra fazer. Quando me ofereci para levá-lo em casa, ele simplesmente beijou meus lábios e disse-me que ele poderia ir sozinho.

Alice já estava de pé quando eu acordei as 10. Ela pulou em mim e me deu um grande abraço. "Feliz aniversário! Fiz muffins pra você!"

E assim eu vi meu "presente". Uma cesta de vime e os muffins de banana e nozes arrumados dentro dela. Além disso, uma caneca de café já pronto esperava por mim. Eu abracei-a de volta antes agarrar o meu café-da-manhã.

"Então, quais são seus planos para hoje?"

"Bem, na verdade ..." Eu não sabia como dizer isso sem ofender seus sentimentos. "Eu vou preparar um jantar para mim e o Edward, e pensei se você poderia..."

"Se eu posso fugir essa noite? Já tinha planejado isso. Eu e o Jazzy vamos pra um hotel essa noite. Não tínhamos certeza em qual dos dormitórios vocês ficariam hoje, então preferimos assegurar onde nós iríamos dormir." Ela deu ombros, um pequeno sorriso espalhado pelo seu rosto

"O que você quer dizer, quando disse qual dos dormitórios?" Perguntei meio confusa.

"Faz um tempinho que vocês estão namorando. Então você não gostaria de um aniversário... prazeroso?" - ela piscou seus olhos castanhos, fazendo-me rir.

"Eu havia pensado nisso." - disse-lhe honestamente enquanto esmigalhava uns dos meus murffins e levava os pedacinhos a minha boca. "Eu nunca fiz algo desse tipo, e nem ele também."

"Mais razões para que fiquem sozinhos! Afinal você gosta do Edward, não é? " Ela levantou uma sobrancelha para mim.

"Muito." Sorri. Pensar nele já me fazia feliz.

"Então, deixe as coisas rolarem. Enfim, eu tenho algo pra você hoje à noite." Alice agarrou alguma caixa que estava escondida. E eu gemi.

"Você não precisava fazer isso. Sério mesmo." Peguei o pacote rosa parecendo muito suspeito. "O que é isso?"

"Abra, boba!" Alice comandou, empurrando o pacote mais ainda.

Retirei o conteúdo da caixa lentamente. Era vestido curto e preto de cetim, e algo que normalmente nunca usaria: Sapatos pretos de salto. Olhei bestificada para os presentes durante um tempinho, um tanto surpreendida.

"Vestido tamanho 38 e sapatos 37 não é?" O sorriso de Alice aumentou com uma expressão única na face. Com certeza ela estava orgulhosa de si mesma por ter acertado as medidas.

"Alice, eu não vou usar isso. É muito sabe..." Eu choraminguei.

"Use para o Edward, aceite como se fosse um presente meu pra ele." Ela brincou. "Que horas ele chega?"

"5:30." Respondi desejando que ele chegasse 7 horas mais cedo.

"Bem, isso me dá tempo suficiente para arrumá-la antes de sair!" Alice disse alegremente. Meu coração caiu para o meu estômago, ao pensar nas torturas que ela estava prestes a me fazer passar.

EPOV

Chamei um táxi e peguei a pulseira e o buquê de rosas. Eu ia chegar um pouco mais cedo na casa de Bella. Não lhe avisei sobre a mudança de horário, e esperei que ela não se incomodasse. Paguei o taxista, deixando-lhe antes uma boa gorjeta, e fui seguindo pelo trajeto que já tinha me acostumando. Ainda eram 5 horas, mas eu estava ansioso para ficar perto dela.

Eu bati na porta, e um súbito medo que me invadiu. A porta abriu devagar, soprando ar frio em minha direção.

"Ah Edward... Ei, você não tinha que me comprar nada. Eu te disse isso." Bella se queixou, e tive a impressão que ela estava batendo seu pé descalço rapidamente na cerâmica.

"É o aniversário da minha namorada, e sim eu tinha que comprar." Eu fiz beicinho e a ouvi suspirar.

"Bem, vamos lá dentro." Ela pegou as flores das minhas mãos. Ouvi um suspiro profundo então minha mão foi tomada novamente. "Elas tem um cheiro maravilhoso."

Eu andava atrás dela quando minha mão sutilmente encostou sua cintura. Eu fui agraciado com um leve toque de cetim e instantaneamente o desejo de tomá-la foi esmagador. Pus meus braços ao redor de Bella e puxei-a para mim, beijando seus lábios muito próximos. Ela gemeu na minha boca, levando seus braços ao meu pescoço. Gostaria de saber o que ela tinha feito com as flores.

Após alguns minutos ela se afastou de mim ofegante e suspirou. "Deixe-me colocar as flores na água."

"Bem, enquanto isso eu posso começar a fazer as batatas para o jantar." Eu disse, colocando o meu presente cuidadosamente em cima do balcão.

"Do que você vai precisar?" Ela pediu, desajeitada com alguma coisa, bem atrás de mim.

"Das batatas, uma tigela com água e um garfo."

"O-kay." Ela parecia confusa, mas assentiu e colocou tudo que eu pedi na minha frente.

Trabalhei rapidamente lavando e preparando as batatas, fazendo furos ao longo delas. Coloquei-as na tigela de água, em seguida, no microondas. "Ajuste para 30 minutos, por favor."
Ouvi o dígito dos números quando ela pressionou o teclado, em seguida, o zumbido começou. "Bem, isso não é coisa de um mestre-cuca." Ela brincou envolvendo seus braços em volta da minha cintura.

Dei ombros e ela riu outra vez. "Você sabia que..." Eu decidi colocá-la em cima do balcão. Ela riu mais alto, quando eu a levantei e envolvi suas pernas na minha cintura. "...você é má." Me inclinei para frente e beijei seu ombro, que percebi, estavam descobertos.

"Edward, eu preciso fazer a carne." Ela disse distraidamente, suas pernas puxando-me mais para perto.

"Num minuto. Antes você tem que abrir o seu presente." Eu peguei a caixa que estava logo ao lado, colocando-o o pequeno objeto em suas mãos.

"Edward... você não deveria." Ela rosnou outra vez.

"Pode parar. Eu não posso devolver. Então, abra e, por favor, me diga se você gostou." Eu a beijei sentindo o doce cheiro de seu pescoço.

Ouvi o papel sendo rasgado e o click da abertura da caixa. Um pequeno suspiro escapou de seus lábios. "Ah..."

"É feia?" Perguntei, preocupado pela falta de resposta.

"É tão linda." Ela parecia à beira das lágrimas.

Tomei a pulseira de seus dedos e corri o meu dedo nas duas mensagens gravadas. Uma era o nome de Bella e a outra era uma mensagem em Braille. Peguei seu pulso esquerdo e coloquei a pulseira. Eu trouxe sua mão para os meus lábios, beijando seu pulso lentamente. "Você gostou?"

"Eu adorei." Ela sussurrou. Levei a minha mão até seu rosto, sentindo a umidade lá. Pressionei meus lábios pela sua pele, beijando as lágrimas e afastando-as. Deixei seu rosto entre as minhas mãos e beijei sua testa.

"O que diz a mensagem?"

Maldosamente eu ri comigo mesmo. "É sobre o que eu penso. Sei que logo você descobrir. Agora, quanto aos bifes?"

BPOV

O jantar foi ótimo, assim como a sobremesa, que foi ainda melhor, porque fiquei sentada no colo de Edward o tempo todo.

"Este foi o melhor aniversário que eu já tive." Eu disse a ele honestamente, beijando o restinho de chocolate que estava no cantinho da boca dele.

"Bem, não foi o meu aniversário, mas estou muito feliz." Ele brincou.

Suas mãos alisavam o comprimento do meu braço nu, deslizando para o meu pulso. Eu dei uma olhadinha no objeto prata que estava ali agora. Era lindo. Eu odiava não saber o significado, mas logo que tivesse a oportunidade iria saber o que diziam aquelas linhas.

Andei com Edward até o sofá, sentado em seu colo quando ele ficou confortável. "O que você gostaria de fazer?"

"Eu já estou fazendo." Ele respondeu seriamente. Suas mãos foram ao meu quadril, trazendo-me para perto dele. Nossos lábios colidiram pela terceira vez na noite. Entretanto foi forte desta vez, mais quente.

Saí de seus lábios e olhei pra ele. Seu cabelo estava uma bagunça e sua pele corada, seus lábios ligeiramente brilhantes devido a umidade de nossos beijos. As palavras de Alice voltaram pra minha mente. Eu queria ter um aniversario prazeroso? Ao vê-lo eu soube instantaneamente a resposta.

Inclinei-me, pegando o lóbulo de sua orelha, entre os meus dentes. Ele respirou fundo, uma de suas mãos agarrando mais forte um de meus lados. "Edward, eu quero te mostrar uma coisa."

Ele suspirou, e depois pressionou os lábios deles em minha mandíbula. "Acho que eu não vou conseguir ver..."

Eu ignorei sua resposta sarcástica e coloquei as minhas mãos sobre a dele. Enquanto ele continuava a beijar meu pescoço eu deslizei nossas mãos do meu quadril, passando pela minha barriga e parando nos meus seios. A sua reação não foi nada do que eu esperava ou desejava.

Ele se afastou, tanto com sua boca quanto com as mãos. Sua boca formou uma linha dura. A confusão se apoderava de mim. Ele me queria, não? Ele fazia tantas insinuações. Eu só tinha tomado a iniciativa. Isso era algo errado?

"Sinto muito, mas não posso fazer isso." Ele disse suavemente. Ele me tirou delicadamente de seu colo e me colocou ao seu lado.

"Porque não?" Lágrimas já estavam caindo das minhas bochechas.

"Você merece coisa melhor Bella." Ele se levantou, mas não andou.

"Eu quero você." Eu resmunguei enquanto as lágrimas caiam pesadamente.

"Você merece um homem que pode dizer a todos qual é a cor dos seus olhos, sem ter que te perguntar antes. Merece um homem que pode te deixar em casa. Você merece um homem que te olhe e veja como você está linda no momento." Sua voz era dura e baixa. Como ele pode dizer essas coisas? Edward começou a ir em direção à porta.

Levantei-me, correndo em sua direção. "Quero um homem que me faça rir e sorrir. Eu quero um homem que me faça feliz. Edward. E ele é você. "Eu puxei sua camisa, tentando deixá-lo parado pra me escutar.

"Você merece um homem completo." Ele rosnou furioso.

"Você é um homem completo." Eu gritei pra ele, confusa com tudo isso. Várias sensações estavam correndo loucamente pelo meu corpo. A volúpia de antes, o desejo, dor, raiva, confusão, tristeza e tantas outras.

"Não, eu não sou!" Ele gritou de volta, e bateu a porta para abrir e fechou-a quando saiu.

Eu chorei muito. Corri para o meu quarto, a dor fluindo facilmente pelo meu corpo. Tirei a pulseira e joguei em cima do criado-mudo. Eu esfreguei as palmas da mão contra meus olhos, tentando limpar as lágrimas. Eu precisava falar com alguém. Eu só não sabia com quem. Eu peguei meu celular e procurei lentamente pelos contatos. Eu escolhi o único que podia imaginar.

"Alice, oi, você pode me fazer um favor?"

"Oi, o que aconteceu? Você está chorando?" Alice disse freneticamente.

"Eu. .. eu... eu só ... Eu realmente preciso de uma amiga agora." Eu gaguejei ao telefone.

"Você ainda está no apartamento?" Ela esperou por uma resposta. "Eu vou estar aí em dez minutos."

"Obrigada." Eu nem sequer disse que não precisava vir. Eu era muito egoísta. Eu realmente precisava de alguém para me acalmar agora e me dizer que tudo iria ficar bem.

A pulseira brilhava sobre o móvel. Eu fui até ela e coloquei-a no pulso novamente. Eu examinei-a atentamente. A frustração me dominava. Eu liguei o computador e procurei pelo alfabeto braille.

Eu analisei cuidadosamente, cada uma das letras escritas na mensagem. Levei cerca de 10 minutos para completar. As lágrimas voltaram fortemente quando descobri o significado.

Ver você e como ver o paraíso.

EPOV

Eu não fui muito longe. Eu estava quase em casa quando parei e me sentei na calçada. Puxei os óculos do meu rosto e para enxugar as lágrimas.

Eu sabia o que ela estava fazendo. Eu sabia que minha mão ia aos seus seios. Eu queria possuí-la. Queria tocar cada parte dela. Mas então, as dúvidas começaram a surgir. Se eu seria o bastante pra ela. Por certo eu não seria capaz de fazê-la tão feliz como ela me fazia. Era injusto manter Bella presa comigo. Eu a deixaria seguir e ela teria uma vida normal. Ela merece coisa melhor.

Porque eu agi desse jeito em pleno seu aniversário? Eu era um grande imbecil. Eu a fiz chorar e me odiei por isso. Ela era muito boa para chorar.

Eu gostava muito de Bella. Queria estar com ela. Ela disse que queria a mim, mesmo assim, eu não poderia machucá-la.

"Que diabos você fez?" Alice gritou com sua voz estridente no meu ouvido. Eu vacilei, colocando meus óculos novamente.

"Eu fui um idiota." Eu sussurrei, minha cara indo para minhas mãos.

"Eu sei! Ela ligou pra mim. Chorando. Você tem sorte por eu não te bater." Ela rosnou.

"Eu mereço isso." Era minha resposta mais sincera.

"O que aconteceu, Edward?" Ela suspirou sentado ao meu lado.

"Nós... íamos ... Ela queria aprofundar nosso relacionamento, mas eu... eu fiquei com medo. Não há outra palavra que descreva melhor. Eu quero. Eu realmente quero ir mais longe. Mas também desejo que ela tenha uma vida normal, sem ter lidar com a minha deficiência. Ela merece ser feliz." Eu fungava, a minha mão limpando a última lágrima.

Uma pequena mão bateu na parte de trás da minha cabeça. "Você é um idiota. Ela adora você! Ela não pára de sorrir quando ela está falando, pensando, ou quando fica com você. Porra, ela ainda sonha com você. Eu ouvi ela chamando seu nome numa noite dessas. Então, se você ama sua vida é melhor você levantar essa sua bunda daí e resolver essa confusão ou eu então vou te bater de verdade!" Ela disse ainda furiosa.

"Agora, eu vou voltar para o meu carro e eu não quero mais nenhum telefonema dela. Você me entendeu?"

"Alice, eu não sei se posso."

"Ela gosta de você, muito. Caramba, ela te ama. Ela vai te perdoar. Isso se você voltar para lá." Ela levantou do meu lado, puxando-me para ficar de pé.

Eu fiz o que ela me disse, pisando firme de volta até a casa. Não me incomodei em bater. Eu sabia que ela não iria estar na sala, mas sim, no seu quarto. Sabia que tentaria se esconder do seu embaraço, tal como eu. Éramos parecidos até nisso.

Eu sabia o caminho, felizmente. Havia poucos obstáculos. Achei a porta e bati levemente sobre ela.

A porta abriu lentamente e eu ouvi um suspiro. Eu não esperava aquela reação.


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