Meu Querido Assistente escrita por Laura Penha


Capítulo 7
Bom sinal


Notas iniciais do capítulo

Demorei e não tem como me perdoarem. Snif. D;
Um capítulo depois de alguns séculos deve fazer bem.
Boa leitura, minna. E me desculpem não ter respondido aos comentários, mas é que o tempo é realmente apertado. Saibam que eles me inspiram e me fazem feliz. Obrigada.
;*



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Me controlei. Sasuke batia na porta desesperado chamando por mim enquanto eu só tentava assimilar o que estava acontecendo. Eu nunca agi assim, não é? Quero dizer, sei que sou um pouco maluca, bipolar, mandona e afins, mas isso ultrapassava todas as barreiras.

- Sakura? Sakura, você tá bem?

Respirei fundo uma outra vez e abri a porta. – Tô bem, é que eu tinha esquecido... o... – pensa caramba – meu antialérgico. – Foi muito idiota isso saindo da minha boca, mas Sasuke, como também é idiota, aceitou tudo sem questionar. Às vezes me pergunto se ele é burro ou só sonso, é óbvio que eu tenho escondido coisas dele. – Vamos? – Perguntei meio incerta se deveria ir ou não já que a vaca de leite azedo (e tetas minúsculas) da Shizune estará lá.

O elevador estava fechando quando nos viramos.

- Me leva? – Pedi como uma criança carente por amor, carinho, atenção e um copo de nescau. Eu detestava admitir, mas se pra ficar perto dele eu tivesse que usar desses artifícios eu usaria sem dó nem piedade.

Ele sorriu, deu as costas para mim e se abaixou. Quando me levantou tudo começou a se tornear, a se responder, como numa espécie de... aquela palavra difícil... epifania. Eu queria, mais que tudo, o corpo de Sasuke Uchiha na minha cama. Por qual outro motivo eu me sentiria assim perto de alguém?

Sasuke descia os degraus depressa, como se meus 52 quilos de gostosura fossem insignificantes. Talvez o destino dele seja esse mesmo, me carregar nas costas. – Você... – Comecei – vai mesmo me proteger?

- Sim, eu ganho pra isso. – Por um instante tinha me esquecido que o contratei como segurança, então perguntei outra coisa.

- Se quisessem me matar, você me ajudaria?

Não podia ver seu rosto, mas imaginei um sorriso pequeno surgir em seus lábios. Devo ter me enganado, pois senti suas costas enrijecerem de repente e ele parou de andar. Devíamos estar entre o térreo e o primeiro andar.

- Desça. – Seu tom de voz era duro. Em outro momento pensaria em retrucar, mas me senti assustada demais. Pulei de suas costas e pousei com as pernas bambas no degrau anterior.

Ele virou para mim. Estávamos quase da mesma altura, ele um pouco mais alto, e ficamos olhando fixamente um para o outro, até que desviei o olhar. Não queria que ele continuasse tentando me ler, ou mesmo que ele soubesse de minhas mentiras. Eu me sentia mal de ser como era e ele... não sei.

- Eu tentaria te ajudar de todas as formas possíveis.

Levantei minha cabeça impressionada. – Tem certeza? Eu sou uma pessoa ruim, você sabe.

- Nem você se conhece direito.

Eu sorri – E você acha que sabe mais de mim do que eu mesma?

Ele não respondeu, mas me pegou pela mão e descemos juntos as escadas até o térreo e fomos subindo a rua até a lanchonete que ele tinha falado.

- Do que você gosta?

- Não sei. – Respondi sinceramente. Eu não sabia do que eu gostava.

- Tá certo. – Ele apontou para uma banquinha repleta de rosas. – Você gosta?

- Não sei.

- E livros? – Eu nem lembrava a última vez que tinha lido um livro, então dei de ombros. – e do mar?

- Eu...  nunca fui a praia.

Sasuke parecia estar assistindo um filme de horror. Era como se ele suspeitasse que na verdade sou uma máquina de fazer dinheiro e... Pera, eu sou mesmo.

- Você tem amigos?

Rapidamente me lembrei de Itachi e sorri. – Só um.

- Ao menos isso.

Logo chegamos a lanchonete da esquina e parecia que toda a frota dos meus escravos estava lá e logo começaram a encarar. Eu lembrava vagamente das pessoas que queriam me fuzilar só com o olhar. Na mesa perto do balcão uma mulher que caiu da escada do prédio no período de reformas e não foi indenizada. E o cara das caixas (o faz-tudo) que eu humilhei semana passada. E a mulher que estava grávida e queria ter o filho no horário de trabalho só por que a bolsa tinha estourado.

- Eu não me sinto bem aqui. - Comentei com medo de começar a sentir agulhadas por um boneco vudu de alguém que me odiava com razão.

- Tem certeza que não quer ficar?

- Vou voltar pra casa.

Eu podia ver Shizune bem na nossa frente, com aquela postura cinza e sem graça de sempre.

- Espera. – Ele me disse e foi até Shizune, falou alguma coisa e a beijou no rosto. Naquele momento eu diria que não podia piorar, mas eu sei que sempre que alguém fala isso nos filmes e séries norte-americanas, começa a chover e um cachorro aparece do nada e faz xixi em você.  Me calei. Sasuke se voltou para mim. – Vou com você.

- Pode ficar, eu não me importo. – Queria adicionar um “preciso ficar sozinha”, mas ser mais solitária é impossível. Caramba, como eu sobrevivi todo esse tempo?

- Você me contratou e eu mesmo reparei que não estou fazendo meu trabalho. – Ele sorriu. – A partir de agora sou todo seu. - “Todo meu”.

Sorri de orelha a orelha e olhei de rabo de olho para Shizune que via a cena com os olhos fulminantes. Saímos do estabelecimento e pegamos meu carro. Sai estava dirigindo, é claro, e Sasuke estava sentado comigo no banco de trás.

Peguei meu talão de cheque e comecei a preencher alguns cheques em quantias razoavelmente elevadas.

- O que você está fazendo?

- Consertando coisas. – Arranquei cinco cheques e lhe dei. Em seguida peguei outro pedaço de papel e escrevi outros cinco nomes. – Tudo pra eles. Diga que é um pedido de desculpas e que eu não tenho culpa de ser como eu sou. – E pelo resto da viagem fui olhando pela janela as pessoas que passavam por situações horríveis por pessoas como eu existirem.

Quem eu sou?

****

- E foi isso. – Terminei meu relato do dia de ontem sobre as pessoas que queriam me matar na lanchonete. Itachi só ria abertamente, estava bem mais feliz que da última vez.

- Então você gosta tanto dele, - Deu ênfase no “dele” – que até se transformou em alguém melhor.

- E você ri? Essa é uma situação complicada que meros mortais chamam de crise existencial.

Itachi me encarou sério por algum tempo e depois voltou a sorrir. – Sasuke vai ficar com você por vinte e quatro horas todos os dias, conhecendo ele como eu conheço, você vai descobrir quem você é de verdade em pouco tempo.

Eu não entendi a analogia dele, mas quis deixar por isso mesmo, talvez mais tarde eu entendesse. – Estão te tratando bem aqui? - Ele arregalou os olhos surpresos. – O que?

- Preocupação com outras pessoas é um bom sinal.

- Sabe... – Comecei – Ele perguntou se eu tinha amigos, não entendi bem o porquê da pergunta. Eu sempre fui tão independente, devia ter dito que não tinha, né?

- O que você respondeu?

- Disse que tinha um. – Eu devia estar com uma cara desesperada por que ele me olhou quase com pena. – Eu pensei em você, mesmo essa sendo nossa segunda conversa. – Suspirei com o coração doendo, o que é uma grande surpresa. O que é feito de pedra não dói. – Eu sou tão solitária assim? – Encarei o chão. Me sentia cada vez mais fraca toda vez que quebrava um pouco do muro que me isolava das pessoas a minha volta.

Pessoas que trabalham para mim, que eu poderia estar ajudando de algum jeito... Só pioro tudo.

- Eu quero ser seu amigo. – Itachi pegou minhas mãos e olhou fixamente em meus olhos. – Mesmo você se achando a rainha da cocada preta, eu quero ser seu amigo. - Senti meus olhos encherem de lágrimas. – Não! Se você também quer ser minha amiga tem que sorrir toda hora, nada de choro.

Eu podia nunca ter ido à praia, ou não saber o que eu gosto ou não gosto, mas ao menos tinha um amigo, alguém com quem eu podia contar. Quanto a Sasuke, não sei se ser sua amiga resolveria tudo, mas seria o começo.


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