Esfregava a bucha de banho antes macia com uma força brutal sobre minha pele, isto já estava me causando marcas avermelhadas, mas continuei a esfregar-me de forma cada vez mais bruta. O pescoço era alvo de todo tipo de sabonetes e já estava mais do que vermelho de tanto repetir aquele processo de escovação anormal, mas não me importava. Se pudesse, esfregar-me-ia até arrancar minha pele fora. Nunca senti tanto asco de mim mesma, é repugnante.

Como se não bastasse, Kushina-San, minha atual governanta relatou tudo aos meus pais, desde o celular descarregado ao assédio e Himawari-San, agora eles cismaram de que eu não posso mais andar por aí sem ter seguranças me acompanhando. Isso mesmo, eu, Maisuu Haruna, futura herdeira dos Maisuu terei de ir acompanhada por dois brutamontes geneticamente modificados – por que eles têm músculos enormes! -, e isto inclui a escola. Já não me basta ser conhecida por qualquer um que bata o olho sobre mim, agora chamarei mais ainda a atenção por conta disso. Chichiue (modo formal e respeitoso de dizer pai/papai) disse que ligaria amanhã bem cedo para a diretoria comunicando que serei escoltada diariamente até dentro do prédio. Para piorar a minha situação, a mãe do diretor do colégio já foi operada por ele, então eu não duvide muito que ele consiga permissão para isso...

-Maisuu-Sama, já passou de hora de dormir – Kushina-San bateu na porta do banheiro avisando-me – Não se esqueça de que tens aula amanhã

-Hai – Suspirei e levantei-me da banheira sentindo certa ardência em meu corpo devido as esfregadas brutais, mas não me importei

-Miyuki-Sama está no telefone querendo falar com a Senhorita – Kushina-San avisou-me e em seguida provavelmente saiu de meu quarto, pois sua voz havia cessado. Pera, Miyu-Chan no telefone? Só me falta a Haha (modo formal e respeitoso de dizer mãe/mamãe) ter ligado para ela....

Enrolei-me em um roupão qualquer e sai do banheiro secando meus cabelos com uma toalha branca, assim que percebi o telefone móvel em cima de minha cama tratei logo de atender a ligação

-Miyu-Chan? – Tentei soar normal

-Haru-Chan, por Kami, o que aconteceu? Você tá bem? Machucaram-te? O baka foi preso? Como você está? – Lançou-me um turbilhão de perguntas sem dó nem piedade ao outro lado da linha, e percebi por seu timbre vocal que estava um bocado alterada.

-Miyu-Chan, se acalme – Suspirei e sentei-me a cama, iniciando assim uma sessão relatório, contando o que aconteceu á loira

-Haru-Chan... – Disse preocupada após encerrar os fatos antes ocorridos

-Calma, eu estou bem e preciso dormir, nós... Falamo-nos amanhã na escola? – Tentei encerrar a conversa gentilmente, estava morta de cansaço e o sono já me fazia sua vítima.

-Ok... – Concordou e pude notar que ainda estava preocupada

-Miyu-Chan, se você continuar preocupada comigo eu vou te morder – Ameacei e fiz um biquinho.

-E-eeh?

 -Isso que ouviu Senhorita Miyuki Que Amanhã Eu Vou Deixar Vermelha De Tanto Morder – Continha um crise de risos

-Nããão! – Soltou um pouco desesperada – Até Haru-Chan! – E desligou o telefone.

Tudo o que fiz foi cair de costas na cama e ter uma crise aguda de risos.

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Estava terminando de pentear meus cabelos negros e longuinhos enquanto tentava ignorar os gritos que Kushina-San lançava-me lá de baixo dizendo que estava quase atrasada. Não sei por que tanto desespero se quase não é estar.

Prendi-os em um rabo lateral com uma fita rosada e encarei-me no espelho por alguns segundos antes de segurar meu material e rumar a  cozinha onde deveria realizar o meu desjejum.

Encarava os pratos repletos de comida postos exageradamente em uma mesa, cujos empregados vinham a todo o momento arranjar lugares para mais pratos e mais comida.

-Kushina-San, eu sou magra de ruim, mas... Não vou aguentar comer tudo isso, ainda mais de manhã – Respondi educadamente enquanto fitava uma tijela exagerada de arroz a minha frente – Agradeço-vos pela preocupação atual de todos, mas encontro-me em um estado de saúde perfeita e não necessito de carga extra de energia no momento – Sorri para os ali presentes

-Mas Haruna-Sama... – Kushina-San tentou contradizer

-Agradeço-vos, mas agora tenho que ir ou irei atrasar-me para o primeiro período de aulas – Levantei-me e fiz uma reverência, peguei o meu material e uma maçã que iria degustar no caminho.

Despedi-me de todos os empregados que encontrava durante a saída da mansão e após prender minha bolsa adequadamente ao meu corpo, comecei uma corrida. Precisava passar em um local antes de ir ao colégio.

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Passava dentre os corredores do local com os olhos a procura de determinado livro, quando pousei minha vista em uma cabeleira um pouco conhecida

-Winry-San – Sorri tímida ao aproximar-me da jovem mais velha – Ou deveria te tratar por Senpai?

-N-não...! Só Winry está bom – Sorriu e pude notar que também estava com o rosto um pouco rubro

-Sabe que horas abre aquela seção da livraria? – Apontei para uma porta dupla que estava devidamente trancada

-Só após o término das aulas Haruna-San – Continuou sorrindo com o rosto ainda rubro

-Aah, você é mais velha, só Haru está bom – Pedi um pouco atordoada.

-... H... Haru-Chan? – Tentou não corar ainda mais ao pronúnciar meu apelido

-Sim – Sorri com o rosto teimando em estar vermelho

-P-pode me chamar só de Winry se quiser... – Olhou para o lado claramente envergonhada

-... Win-Chan? – Disse o primeiro apelido que me veio á mente e a garota olhou-me surpresa, com os olhos arregalados – Ah, perdão, eu não...

-Pode ser – Sorriu e segurou minhas mãos – Espero que possamos nos dar bem Haru-Chan – Sorriu com o rosto rubro

-Sim! – Sorri de volta e percebi então que perdemos mais tempo do que deveríamos – Win-Chan estamos atrasadas...

A jovem me olhou e nós saímos as pressas da livraria, não seria muito bom se chegássemos tarde ao colégio.

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-Haru-Chan! – Miyuki praticamente pulou em cima de mim quanto pus os pés dentro da sala de aula, atraindo muita atenção

-M-Miyu-Chan... Eu estou bem e... As pessoas estão olhando... – Corei e escondi o rosto na blusa de minha amiga

Segurou-me pela mão e me arrastou para os nossos devidos lugares, e assim que me sentei lá, Shindou-Kun e Kirino-Kun vieram como um raio em nossa direção

-Haruna-Chan, você está bem? – Kirino-Kun perguntou e eu só fiz assentir com a cabeça

-Miyu-Chan...- Enviei um olhar reprovador a garota, mas antes que pudéssemos fazer ou falar qualquer coisa, uma professora até então desconhecida entrou na sala

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-Foi o que aconteceu – Terminei de repetir os fatos ocorridos ontem á noite

-Quer dizer que o Endou-kantokku tem uma filha? E que joga futebol? – Shindou-Kun perguntou surpreso

Estávamos no intervalo do primeiro período, mas diferente do dia anterior, decidimos nos afastar do pessoal do clube, já que os três estavam preocupados e curiosos por conta do que houve na noite passada, e não seria bom se todos do clube descobrissem isso.

-Será que há problema se for procurá-la? Ela disse que nunca havia me visto no intervalo... – Perguntei um tanto indecisa

-Seria legal se ela também entrasse para o clube – Miyu-Chan começou a se animar com a possibilidade

-Mas se ela é filha do kantokku, por que ele não a colocou no time antes? – Kirino-Kun

-Realmente é estranho... – Shindou-Kun apoiou a mão no queixo, pensativo

-Bom, eu irei perguntar á ela futuramente... Espero que possamos virar amigas ou algo no gênero, pois eu não faço a mínima ideia de como agradece-la por ontem – Levantei-me da cadeira com um caixa pequena de suco natural em mãos – Irei procurá-la, nos vemos mais tarde?

-Não quer que eu vá contigo? – Miyu-Chan perguntou e eu fiz que não com a cabeça

-Vá falar com o Hakuryuu, ontem ele estava doido atrás de você

-C-certo! – Levantou-se apressada e com o rosto vermelho – Até depois – E começou a correr para um local desconhecido

-Que bicho a mordeu? – Kirino-Kun perguntou

-Acho que a flechinha do Cupido... – Pisquei travessa para os garotos e comecei a andar por aí atrás de Himawari-San

Continuei andando pelo resto do intervalo e nada da garota. Será que ela veio ao colégio hoje?

Após jogar a caixa de suco devidamente no lixo, por obra do destino acabei esbarrando na pessoa que tanto almejava encontrar

-Himawari-San! – Pronunciei o nome dela com os olhos brilhando e o rosto um pouco rubro

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-Então... Vejo você depois das aulas! – Despedi-me de Himawari-San e comecei a andar rumo a minha sala acompanhada de outra garota que acabara de conhecer

-Haruna-Chan, obrigada pelo favor – Nyary-Chan sorriu para mim

-Por nada, a partir de hoje vamos nos esforçar juntas, certo?

-Certo! – Sorriu confiante e foi para o seu devido lugar, já que havíamos chego a sala de aula

-Quem é ela? – Miyu-Chan perguntou assim que me sentei – É a Himawari-San?

-Matsumoto Nyary – Shindou-Kun esclareceu – Está conosco desde o início do ano

-O que ela queria? – Miyu-Chan voltou sua atenção a mim

-Entrar no time como maneger – Sorri e infelizmente tivemos que encerrar a conversa pois aquele professor de história havia entrado na sala

-Estarei adiantando minhas duas últimas aulas, a professora de biologia está indisposta e não veio hoje – Anunciou e em seguida a sala começou a comemorar

O que tem de bom nisso? Ele vai adiantar sua aula chata e eu vou perder duas aulas de biologia, que é uma das matérias que mais tenho agrado! Bom, pelo menos iremos ser liberados mais cedo...

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Despedi-me do pessoal assim que recebemos a ordem de liberação, teríamos duas aulas antes do início do treino.

Miyu-Chan, Kirino-Kun e Shindou-Kun decidiram que iriam jogar um pouco de bola antes de o treino começar, mas eu tinha um assunto pendente a resolver.

Em passos medianos, iniciei o rumo em direção  á diretoria, caso Chichiue já tenha conversado com o diretos em relação aos seguranças – ou brutamontes -, eu preciso tomar algumas providências para impedir tal absurdo. Se a sorte estiver do meu lado, Chichiue estará ocupado com o trabalho e não teria comunicado o diretor de sua decisão repentina. Caso ele ainda não tenha entrado em contato com a diretoria da escola, eu poderei conversar com o diretor e tentar convence-lo de dizer a minha família que a Raimon é segura o bastante para não necessitar de escolta diária.

O material havia deixado na sala do clube, já que iria para o treino quando terminasse de resolver aquele assunto, e continuei a caminhada em direção á secretaria do colégio.

Assim como da outra vez, a moça que trabalhava ali na recepção disse que me anunciaria ao diretor assim que encerrasse uma ligação importante, e pediu que aguardasse na sala de espera.

Adentrei o local sem muito ânimo, na verdade, estava tentando escolher devidamente as palavras que seriam usadas quando estivesse frente á frente com a autoridade máxima daquele colégio. Eu não posso usar frases imperativas ou gírias, muito menos ficar vermelha e tímida. Precisava parecer confiante e ao mesmo tempo educada, explicar minuciosamente a situação atual e tentar convencê-lo do atual absurdo a qual estava me expondo. Afirmar que a mídia acabaria descobrindo sobre a escolta poderia ser um ponto, dizer que as pessoas pensariam que a Raimon não é um colégio seguro e que isto poderia diminuir a fama do local poderia me ajudar trazê-lo para o meu lado nessa confusão.

Sentei-me em um dos sofás sem prestar muita atenção na outra presença que havia ali, apenas tentei concentrar-me na escolha de palavras e seleção de frases para responder possíveis perguntas.

-Ora, o que a estudante exemplar está fazendo aqui? – Uma voz um pouco conhecida soou e ergui meu olhar em direção á voz

-Kariya-Kun... – Exclamei um pouco surpresa e o kouhai se aproximou de mim, sentando-me ao meu lado.

Arqueei uma sobrancelha desconfiada, se ele realmente tem a tal da personalidade de criança arteira eu devo tomar cuidado com os seus movimentos ou acabarei passando por oura situação desagradável.

-Desde que chegou ao colégio, só fez ficar andando para cima e para baixo com sua amiga e aqueles dois – Comentou com um certo tom de desdém

-Se refere ao Shindou-Kun e Kirino-Kun não é? – Suspirei pesadamente – Dentre todos do time, eles são o que mais tem tentado nos juntar ao grupo e os que mais passam tempo comigo, que mal há?

-Não deveria se apegar tanto a eles Maisuu-Senpai

-Claro que deveria, já os considero meus amigos – Suspirei mais uma vez, aquela conversa incômoda e sem sentido não estava sendo muito agradável

-Não acha que anda suspirando demais não?

-Não. – Respondi simplesmente e de olhos fechados

-Tsc. – Kariya-Kun se levantou e começou a caminhar pela sala.

Não vou mentir, estava curiosa em saber o por quê do garoto mais novo estar ali, mas a vergonha e o clima pesado não permitiam que perguntasse.

-Maisuu Haruna-San, o diretor irá lhe receber agora – A moça entrou sorrindo gentilmente no recinto – Kariya Masaki-Kun, o senhor diretor irá resolver o seu problema assim que a atender

-Até o treino – Sorri corada, tentando soar meiga e gentil para amenizar o clima. O importante agora era me concentrar em convencer o diretor a impedir um certo absurdo.