Ao Despertar escrita por Vitória Lautner


Capítulo 3
Estranho Conhecido




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Cheguei na escola. O estacionamento estava lotado denovo. E, para minha grande sorte, havia uma vaga bem na frente do carro onde Stacy e os outros acabaram de estacionar. Dei um sorriso maléfico, coloquei meus óculos escuros e sai do carro.

            O séquito de Stacy junto com a própria que acabara de sair do carro automaticamente arregalaram os olhos ao me ver. Passei reto por eles, eu conseguia ouvir o coração de Elizabeth disparando de medo ou sei lá o que...

            Tessa estava parada me olhando.

- Oi – sorri para ela. 

-Como assim o-oi? – ela me olhou apavorada.

-Tessa, porque...Depois da escola você não passa na minha casa para conversarmos? – propus.

- Eu...Eu não sei – ela abaixou a cabeça.

-Olha eu realmente não queria fazer isso – mumurei. – Tess, não há motivo para ter medo, haja normalmente, depois da escola vá até a minha casa que eu te explico o que aconteceu comigo – sussurrei, me sentindo mal por manipulá-la.

-Claro, claro – Tessa sorriu e de repente ela era a Tessa de sempre.

- Vamos? – propus gesticulando para a porta da escola.

- Claro – ela respirou fundo.

            Enquanto andávamos TODOS no estacionamento olhavam para nós.

-Sarah, tá tooodo mundo olhando – Tessa disse baixinho e abaixou a cabeça.

-Relaxa Tess, está na hora de deixar de ser invisível – murmurei.

-Sabe o que isso me lembra Sarah? Aquela cena do crepúsculo quando o Edward leva a Bella na escola e todo mundo olha ai...

- Tess, mais anologias ao crepúsculo? Sério?

-Ah, você sabe que eles são a minha vida - ela deu de ombros.

            Peguei meu livro de literatura bem na hora em que o sinal tocou. Mais pessoas me encaravam enquanto eu ia para a aula(Tessa tinha aula de química).   

            Quando entrei na sala quase gargalhei ao perceber que todos meus inimigos estavam lá. Elizabeth falava impacientemente com Jessica e Stacy, e ao perceber que eu entrara na sala parou de falar imediatamente. Para minha sorte(ou para o meu azar) o único lugar vazio era atrás de Joey, na frente de Elizabeth e com Stacy e Chris me ladeando.

Sra. Montgomery entrou na sala.

-Bom Dia classe – ela sorriu. Sra. Montgomery era hippie, andava com saia até o joelho, e um dia quando ela apareceu com uma blusa com a insígnia da maconha quase foi demitida. Apesar de tudo eu gostava dela, ela transmitia paz.

- Bom Dia Sra. Montgomery – todos reponderam monotonamente. Ela nos obrigava a responder, como se estivéssemos na 4ª série.

-Antes de começarmos a aula, um saudoso ‘bem vinda de volta’ á nossa querida aluna Sarah – a professora deu um desses sorrisos que parecem que vão romper as bochechas.

            De um sorriso de volta.

-Porque não relata á nós sobre o triste incidente? – ela me olhou com expectativa.

            Suspirei e então dei um sorriso sarcástico.

-Sabe, Sra. Montgomery, foi meio confuso, sabe, eu quase morri – resaltei a palavra ‘morri’ e olhei para Stacy que quase gritou de pânico.

Sra. Montgomery ergueu uma sombrancelha para Stacy.

-Bom, mas está tudo bem agora não é? – ela sorriu. – Agora, abram o livro da página 231...

            Durante a aula inteira um bilhetinho passava de Stacy para Elizabeth. Quando foi para Stacy eu consegui ler o que estava escrito:

Stacy, o que será q acontesseu com a sara?????

Não sei Liz, a gente mato ela! Mas que Oque será qe acontesseu????????????

           

Não pude deixar de gargalhar.

-Stacy, não sei se você sabe, mais ‘acontesseu’ é com C e não com dois SS- sussurrei.

            Stacy pulou a carteira e foi jogar o papel no lixo.

-Algum problema Sta. Sanders? – a professora perguntou desviando a atenção do caderno de um aluno no fim da sala.

-N-N-N-ada nãao Dona Montgomery – Stacy gaguejou e quando ia se sentar o sinal tocou.

-Buu!- gritei e Elizabeth saiu correndo.

*********************

            O resto do dia foi muito comum, com o passar do tempo eu fui me acostumando a ser alvo de fofocas da escola inteira. Quem me olhava demais eu só falava ‘oi?’ e a pessoa ficava em choque... 

            ***********

Na minha casa eu tinha uma pilha imensa de dever de casa acumulado, mas com minha super rapidez terminei em 15 minutos (me sinto a mulher maravilha).

            De ínicio pensei que Tessa não viria. Mas depois de meia hora ouvi seus passos em direção á porta de minha casa. Em um centésimo eu estava na porta (tia Juliet estava no trabalho. Ela era professora da escola primária).

            Antes de Tessa bater na porta eu a abri surpreendendo-a.

- Hmmm, oi – ela deu um sorriso fraco.

            Eu não respondi, só sai da frente para que ela pudesse passar. Subimos as escadas em silêncio.

- Agora – ela se esparramou na minha cama. – Eu quero saber o que está acontecendo com você.

Suspirei.

- Tess, você me acharia louca se...Eu te dissesse...Que...- eu a analisei. Ela me encarava impaciente. – Tess, isso pode parecer loucura mas... – fechei os olhos e então disparei – eu não sou mais humana.

            Abri os olhos. Ela me olhava, no fundo de seus olhos eu poderia ver o medo.

- O que, exatamente você é?

- Eu já te...Ah – me lembrei que a hipnotizei para não se lembrar da noite em que eu virei um monstro. – Eu...Bom...Eu...Sou uma vampira.

            Tessa começou a rir. Eu não sei muito bem o porque eu fiquei com muita raiva, e de repente ela quase gritou.

- Mas que... – ela começou a recuar como na ultima vez que ela me viu daquele jeito.

            Eu não conseguia mais tomar conta de meu corpo. Eu podia ouvir seu batimento cardíaco, sentir o cheiro do sangue fresco correndo em suas veias.

- Sarah para! – Tessa gritou.

            Quando dei por mim eu estava a centímetros do seu pescoço. Suspirei e consegui voltar ao normal.

-Tess, a meu Deus, me desculpa...Eu não...Mas que droga!!!

            Tessa ainda tentava se acalmar.

- Tudo bem, tudo bem, eu estou louca agora mais tudo bem – ela repetia com os olhos fechados.

- Tess, se acalma, olha me desculpa – eu fechei os olhos também.

- Sarah, você...Brilha??

            Abri os olhos e comecei a tremer de tanto rir.

- O QUE? Você não me viu hoje na escola? Eu não brilho!!!

- Mas que tipo de vampira você é?

- Hello Tess, isso não é um filme nem um livro, é a vida real.

- Ok, posso te perguntar mais coisas?  -ela se animou e começou a se mexer. Suspirei de alivio e sorri. Tessa não resistia á vampiros.

- Fala – me deitei na cama.

- Bom – ela pigarreou e se mexeu outra vez – Você bebe o sangue de animais? Porque você não tem olhos dourados nem vermelhos? Porque no amanhecer, a Bella fica com os olhos vermelhos e...

- Tess. Respira. Eu não bebo o sangue de animais, é muito ruim. E eu não tenho a mínima ideia do porque eu não tenho olhos vermelhos nem dourados. Eles ficam vermelhos, ás vezes, olha eu não sei!

- O que...Você bebe então? – ela estremeceu.

            Eu sai correndo e antes que ela respirasse outra vez eu estava de volta com uma bolsa de sangue na mão.

- Ah- ela pareceu alivida, então deu uma risada – Agora eu sei quem roubou o sangue do hospital.

            Dei de ombros.

- Sarah...Qual é o seu lance com o Sol?

- Ah sei lá, ele me dá muita dor de cabeça. E quando eu estava perdida, quando eu não me “alimentava” eu ficava super fraca.

- Ah...

-Mais perguntas? – olhei para Tessa, que parecia bem mais a vontade.

-Bom, existem mais vampiros na cidade.

- Não. Bom, não que eu saiba.

            Tessa estremeceu.

-E...Aquela hora, porque você criou presas e tal? – ela desviou o olhar, tentando não demonstrar medo.

-Eu não sei Tessa. Isso é muito confuso.Quer dizer, quando me acharam eu quase mordi tia Juliet! –gritei.

            Nesse exato momento pude ouvir passos em direção á porta de casa.

- Tia Juliet Chegou. – anunciei e fui quase voando até o porão colocar a bolsa de sangue no lugar(eu não tinha aberto). Voltei antes de tia Juliet abrir a porta, arrastei Tessa pela escada, pulamos no sofá e quando a porta foi aberta estávamos assistindo “Os Simpsons”.

-Oi garotas – tia Juliet acenou subindo as escadas, com os braços cheios de pastas.

-O que foi isso???-Tessa ofegou e colocou a mão no coração.

-Coisas de vampiros – sussurrei e dei de ombros.

-Uau.

-Ah isso é tão legal! Você é uma vampira!

-Shh...- olhei para trás para ver se tia Juliet havia ouvido alguma coisa.

            O telefone de Tessa tocou.

-Hmmm...É a minha mãe, tenho que ir Sarah, até amanhã! – Tessa se levantou e saiu.

-Até mais Tessa – murmurei, mais ela já havia saído.

**********************

O dia seguinte foi bem comum, eu virei alvo popular das fofoqueiras da escola, Stacy e seus seguidores me encaravam pasmos como no dia anterior...

            Sempre havia alguém mais corajoso na sala que vinha falar comigo e perguntar sobre o “acidente”. Eu repeti “eu estou melhor do que nunca” pelo menos 5 vezes o dia inteiro.

            Era aula de química ( 5ª aula do dia), Joey me olhava de 5 em 5 segundos, eu estava quase falando “OQUE VOCÊ TANTO OLHA?” quando o sinal tocou.

-Er...É, oi Sarah – David gaguejou atravessando a sala e sorrindo.

-Oi Dave – respondi e fomos caminhando até a aula de Educação Fisíca.

-Hmm...Quando você estava...Fora – ele sacudiu a cabeça. David era tão fofo quando ficava nervoso!

-Sim?

-É...Bom, vai, inaugurar outro cinema hoje, você...Quer..Ir...Comigo? - o jeito como David me olhou me fez lembrar um filhote de cachorro.

-Claro – dei um sorriso imenso e peguei seu braço antes que ele entrasse na sala de aula. – Á que horas você vem me buscar?

-Ás 7:00...Ah, droga isso é tão clichê! Sempre ás sete.

-Dave...-eu ri – Ás 7 horas está ótimo – eu disse sobre o ombro.

-Argh, David, você é um idiota – David sussurrou para si mesmo, mais somente eu com minha super audição vampiresca consegui ouvir.

***********

-Tudo bem garotas, hoje vamos jogar dodgeball – Professor Audrey  girou uma bola comum na mão.

            Do lado esquerdo da quadra Stacy roia as unhas rosa-choque e me olhava de olhos arregalados. Talvez porque meu antigo uniforme era largo e agora estava curto exatamente como o dela. Nós nos encarávamos, até que ela deu um sorrisinho que mais a deixou parecida com um cachorro.

-...Se  vocês se lembrarem dessas regras, bom...Ah, se dividam em dois times – ele deu de ombros.

            Eu fui a última a ser escolhida como sempre, estava no time adversário de Stacy. Perfeito. O apito azul e irritante soou.

            Quatro bolas voaram em minha direção. Por reflexo fui me desviando de todas. Dei uma gargalhada pegando uma das bolas e mirando na 1ª garota que tentou me acertar. A bola foi direto em seu estomago. Ela deu uma gritinho de dor, mais eu havia jogado fraco, estava guardando minha força para o alvo principal.

            As garotas do time adversário me deixaram em paz, com medo de acabarem com uma bolada no estomago. Quando me dei conta eu era a única do meu time. As bolas vinham de todos os lados. Me desviei de cada uma, me sentindo no filme “matrix”. Peguei três bolas e acertei 4 garotas do outro time, restando  só Stacy e Claire(uma garota enorme que me bateu na 7ª série, Tessa tem medo dela até hoje, sério, a garota é mais forte que um jogador de futebol).

            Claire grunhiu e jogou a bola com toda a força em direção á minha cabeça. Talvez fosse instinto ou sei lá, mais quando eu percebi a bola em minha direção dei uma mortal para trás e atirei a bola de volta em Claire, tudo isso no ar.

            Stacy deu cinco passos para trás e, com as duas bolas que ela tinha na mão, tentou me acertar, fracassando. As 1ª bola eu acertei no peito esquerdo dela, e a 2ª bola no estomago.

-AAAAAAAAAAAAIII!!! – ela gritou caindo no chão.

-Stacy, me desculpe – eu ofereci a mão dando risada.

-AAAAAAA- ela se levantou e saiu correndo de perto de mim

-Sta. Sanders, chega de drama por favor – professor Audrey balançou a cabeça dando risada. – Meus parabéns Sta. Colleman – ele deu um sorriso falso e virou de costas.

*******************************

-Sarah, eu quero você em casa ás 22:30 tá ouvindo? – Tia Juliet grunhiu.

-Claro tia! – gritei do quarto.

            O que vestir? Eu vasculhei o closet inteiro atrás de algo não muito chamativo, atrás de algo familiar. Para a minha sorte, eu tinha 3 blusas antigas que ainda serviam em mim, e 2 saias que eram largas demais, e que agora eram curtas, mais eram discretas, nada muito “Stacy”.

Já eram 7 horas e eu estava dentro do closet procurando uma roupa ( já que gastara meia hora conversando e surtando no telefone com Tessa). Misturei tudo oque via pela frente, impaciente.

-Não fique nervosa – murmurei para mim mesma quando a campainha tocou.

-Sarah! David está aqui – Tia Juliet chamou a sala.

            Desci as escadas tremendo, finalmente me sentindo uma humana outra vez.

-Oh meu Deus, você está linda – ela sorriu – Vou...Subir, quero você ás 22:30

-Tá bom tia, você já falou isso umas 5 vezes.

-Okay, nada de entrar na floresta e....- A campainha tocou novamente. –Desculpe, boa noite, não esqueça, ás 22:30 – tia Juliet cantarolou subindo as escadas.

            Respirei fundo e abri a porta.

-Oi Dave – dei um sorriso ao perceber que ele também havia se produzido todo para o encontro.

-Oi, você tá... – ele ergueu os braços – linda.

-Você também não está nada mau – dei uma risadinha apontando para sua blusa xadrez que ele usava só em ocasiões especiais. Ah,e ele também estava de cinto(ultima vez que eu o vi assim foi na formatura do 9º ano).

-Vamos?

-Claro – sorri fechando a porta.

            Como quase tudo na cidade, o cinema era na avenida principal, era perto de casa, e fomos andando.

-Então, você sobreviveu! – David jogou as mãos para o alto. – Me diz ai, o que realmente aconteceu?.

-Ah, David, eu já disse, eu me perdi – dei de ombros.

            Ele não pareceu se convencer.

-Okay, sabe o que eu acho? Bom, vai parecer uma tremenda loucura mais...Eu acho que você estava com alguém.

-Por que acha isso? – perguntei meio carrancuda.

-Hm...É, é-s-só um palpite – ele deu de ombros. Esqueci de mencionar que David era gago, mais depois de um tratamento ele só gagueja quando mente ou quando está nervoso.

-Me fala – eu o encorajei com um sorriso.

-B-bom, eu ia...Te convidar para sair aquela noite, ai eu ia passando e-e, meio que vi você entrando no carro da Stacy.

-Ah, porque não foi lá atrás de mim?

-Não sei , porque, deveria?

“Sim, deveria, talvez á essas horas eu ainda fosse uma humana” gritei mentalmente.

-Não.

-Ei, ei ,ei, calma Sah, não chora, tá? – David pegou meu rosto entre as mãos.

-Ah, mais que droga – gritei ao perceber que estava chorando.

            David me abraçou.

-Own, que fofos! – Christopher gritou, eu nem percebera a presença dele.       

            Á essa altura estávamos na porta do cinema.

-Chris, cala a boca – Elizabeth sussurrou.

-Por que Liz, nada mudou, ora ora Sarah, você sobreviveu. Oh...Que legal! – Stacy começou a dar um escândalo de garota mimada e puxou Elizabeth para dentro do cinema. Jessica e Joey não estavam junto com os outros. Estranho.

-Vadia – sibilei andando com David até a bilheteria.

-Vadias – corrigiu David depois de pegar os ingressos.

******************

            Eu não sabia até quando poderia aguentar. A sala do cinema estava super lotada de humanos, cada um com o cheiro mais atraente que o outro, e para piorar a situação, os idiotas & as débeis mentais( Stacy, Elizabeth, Christopher e Mitchell) estavam bem atrás de nós. Stacy fazia piadinhas constantes sobre mim e David, que a  ignorava mantendo as mãos dele com as minhas.

-Finalmente! –Mitchell gritou quando os créditos do filme começaram a aparecer – e ai  gente, vamo logo que eu quero comer na lanchonete do meu pai! – ele começou a puxar todos das poltronas.

-Espera eles saírem – David sussurrou em meu ouvido.

-Ei, Hellooo, o filme já acabou!  Stacy empurrou meu ombro.

            Contei mentalmente até 10.

-Deixe eles em paz Stey – Mitchell puxou Stacy pelo pulso.

            Quando eles finalmente saíram David me ajudou a sair do cinema(que estava o maior tumulto).

-E ai, vamos tomar um sorvete?-ele sorriu gentilmente para mim.

-Claro.

            David pegou minha mão, me guiando até a sorveteria.

-Cara, está escuro demais não é?

-Muito – menti. É claro que não estava escuro para mim, já que no kit “seja uma vampira” incluía visão noturna.

-Não liga para a Stacy, ela é uma idiota – David puxou assunto depois de um minuto.

-Eu sei, mais ela não se toca e continua a implicar comigo – murmurei.

-Sabe o que eu acho? – ele pegou 3 pedrinhas do chão.

- O que você acha? – dei uma risadinha.

-Que ela tem inveja de você – ele tacou a 1ª pedra na rua.

-Ah claro, muita inveja, porque só quatro pessoas na escola falam comigo, eu sou péssima em quase tudo que faço e meus pais morreram.

-Não, sua boba, agora, no cinema, ela estava com inveja. Stacy é muito previsível.

-Inveja?

-Claro, porque...

-Porque...?

-AH CARA, esquece – ele tacou a 2ª pedrinha.

-Fala agora David Marshall Adams – eu o olhei nos olhos, fazendo meu abacadabra.

            David deixou a 3ª pedrinha cair no chão.

-No vestiário, os caras estavam falando que você tá muito gata, eles estavam quase brigando entre si, porque eles querem te levar ao baile, Joey estava lá, e acho que Stacy ficou com inveja sei lá...

-Que “caras”?

-Ah, o time de futebol.

Revirei os olhos. – Bom, tudo o que eles vão conseguir vai ser um belo “não”, e talvez Michael e o cara novo vão ganhar um chute na virilha – sorri.

-Você me assusta ás vezes Sarah – David começou a rir abrindo a porta da sorveteria para mim.

            David  foi comigo até uma das mesas.

-Oi, e ai Dave – Michael, do time de futebol cumprimentou David. – Oi Sarah – ele deu um sorriso malicioso ao perceber que estávamos de mãos dadas.

-Oi – respondi sem graça.

-E ai - David deu de ombros.

-O que vocês vão querer? Sarah?

-Sei lá...O mesmo que o David

            Michael olhou com espectativa para David.

-Dois sorvetes de flocos – ele deu de ombros outra vez.

            Michael foi saindo devagar com um sorrisinho no rosto. Ele era garoto, mais fofocava mais que uma velha.

-Qual é a do Michael ? –perguntei franzindo o cenho.

-Ah, nada de mais, só que, amanhã, a escola inteira vai saber do nosso...E-encontro – ele deu um sorrisinho e ficou vermelho.

            Tudo ficou silencioso por um instante, a não ser pela música de fundo. Então, para estragar a noite, Stacy e Elizabeth entraram na sorveteria.

-Ora ora, olha Liz, quem está aqui – ela deu uma risadinha estridente e foi até o balcão onde ficou empinada feito uma galinha.

            Michael chegou com os sorvetes (ele só veio trazer porque o movimento estava baixo).

            Eu e David comemos em silêncio, já que só haviam 4 pessoas na sorveteria  e tudo o que disséssemos Stacy iria ouvir.

-Vamos? – David perguntou depois de engolir rápido demais o sorvete.

-Claro – respondi pegando as duas taças.

-Hmm...Pode deixar ai – Michael apareceu do nada.

            Enquanto isso Elizabeth e Stacy pareciam demorar um século em deus dois Sundays.

            David pagou pelos os sorvetes e quase saímos correndo.

-Ah, finalmente – ele suspirou ao abrir a porta.

-Com certeza...Você viu como elas nos olhavam?

-Ai, Stacy já está me dando nos nervos, desde que..

-Do quê???-perguntei com os olhos arregalados, já imaginando a resposta.

-Nada, deixe...

-Dave...

-Argh...Quando você estava desaparecida ela me chamou para sair durante uma semana, e eu estava meio de luto por sua causa – ele abaixou a cabeça. – Eu disse “não” para ela várias vezes e na última vez eu disse que era por sua causa.

-Ah...- fui pega de surpresa.

-Hmm...Mais não importa, nunca na minha vida eu vou sair com ela. Stacy até que é bonita, mais a voz dela me dá nos nervos – ele estremeceu.

-Bem vindo ao clube – eu ri e atravessamos a rua.

-Oii genteee – Stacy passou rindo por mim e David. Ela e Elizabeth estavam andando, achei estranho os seus dois guarda-costas não estarem por perto. Estava na cara que Stacy estava bêbada.

-Some daqui Stacy – eu disse entredentes. Ela conseguira esgotar minha paciência.

-Olhaaa, Sarah está com raiva... –Ela cutucou Elizabeth.

-Stey para...- Elizabeth puxou Stacy, que a empurrou e continuou com as provocações.

-Stacy para com isso, eu não estou a fim de te deixar paraplégica – murmurei. David riu, mais eu estava falando sério.

-Não fique brava swety– ela sorriu para mim.

            Aquela foi a gota d’água. “swety” era como meu pai me chamava.

            Dei um grunhido e explodi, voltando a ser o monstro com presas. Stacy começou a correr, mais eu fui mais rápida, puxei o seu  cabelo comprido e loiro pelo chão.

            Stacy deu um berro. Suas costas ficaram cheias de hematomas por causa do asfalto. Quando Stacy estava no chão, pisei com força em sua perna esquerda, quebrando-a.

            Ela começou a chorar. Eu me agachei, e, como se fosse abraçá-la eu pressionei minhas mãos em seu pescoço.

            Foi ai que uma mão masculina me deteve. Ele era alto e incrivelmente bonito, seu rosto me acalmava.

-Chega. Sarah – ele me olhou nos olhos. O garoto devia ser um ano mais velho que eu,no máximo, e, pelo tom aveludado de sua voz, e sua temperatura, deduzi que era um vampiro.

            Me levantei. David estava ao lado de Elizabeth em choque. O desconhecido se agachou, olhou nos olhos de Stacy e disse:

-Esqueça isso que acaba de presenciar, você escorregou de um barranco enquanto voltava para casa com Elizabeth.

            Stacy ficou parada uns instantes e então gritou:

-Elizabeth! Ah que droga, me ajude!


            Antes que Elizabeth pudesse se aproximar, o vampiro a hipnotizou também, dando a desculpa que Stacy caíra de um barranco.

            Elizabeth e Stacy sumiram na estrada, Elizabeth carregando Stacy. Ao meu lado David estava em choque, sem conseguir se mexer.

-David, esqueça o que acabou de ver, só leve Sarah para casa. E...-ele franziu o cenho e riu. – Não a beije.

            O vampiro sumiu. David balançou a cabeça algumas vezes.

-Vem, vamos – ele sorriu, e eu percebi que o episódio fora apagado de sua mente.

*************

Eu não consegui dormir naquela noite. Quem era ele? Como ele sabia meu nome?

            Fiquei a noite inteira olhando pela janela, imaginando quem era ele e porque havia alguma coisa familiar em seu rosto. 


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