A Herdeira Do Lado Negro escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 12
Capítulo 12 - Sentimentos são, fáceis de mudar...


Notas iniciais do capítulo

Wooooowwww, mais um capítulo pros melhores leitores do universo!! Go ahead potterheads!



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Niara se virou na direção do diretor e tentou prestar atenção no que dizia, ele parecia apavorado.
– Me responda Senhorita Horn! O que houve por aqui? Eu senti energias malignas, e eu preciso que me diga, alguém entrou aqui? Em Hogwarts? ele sussurrava tentando se controlar, sua barba comprida e branca balançava de um lado para o outro.
– O que? ela chacoalhou a cabeça e fingiu um sorriso Não, senhor! Eu apenas tive que usar magia para concertar a janela, por que ao abri-la, ela se quebrou e acabou me machucando... Niara olhou para o ombro, mãos e pescoço com sangue.
– Oh! Eu vejo... Dumbledore se acalmou, e se preocupou com os ferimentos dela Vamos para a enfermaria e vemos o que podemos fazer com isso.
– Claro, diretor. Niara tentou convencê-lo de que tudo estava bem, e deu o seu melhor sorriso fingido.
Dumbledore aproveitou um momento em que Niara estava distraída, e observou cautelosamente além da janela, depois voltou o olhar interrogativo à garota. Mas se manteve calado, mesmo sabendo que a história da aluna era uma farsa.

Niara passou vários minutos na enfermaria, as enfermeiras não deixaram-na sair antes que todos os cortes e arranhões estivessem devidamente limpos e esterilizados. Dumbledore pediu especificamente para que as enfermeiras aplicassem algum medicamento contra Raiva, e julgou ser só um modo de prevenção. Niara sabia que Dumbledore não acreditara em sua mentira, mas não estava disposta a reforçá-la. Ela passou o tempo todo absorta em seu diálogo com Amon o homem que a visitara naquela manhã -, que na verdade era sua coruja em todos esses anos. Ele a vira em todas suas faces, todos seus assassinatos, e até a ajudara em alguns... Mas o pior de tudo: ele vira todos os seus sentimentos. 

– Ai! Niara exclamou quando uma das enfermeiras apertou a bandagem em torno de seu pescoço com muita força.
– Me perdoe, mas isso tem que ficar bem preso! a mulher respondeu.
– Isso não é necessário. a menina respondeu friamente, enquanto observava as três enfermeiras trabalhando cada uma em uma área de seu corpo.
– Não se oponha, recebemos ordens do Sr. Dumbledore. E vamos obedecer, mocinha. uma outra enfermeira disse em um tom que não admitia o contrário.
Niara estremeceu diante do contato demasiado e continuou a divagar em seus próprios pensamentos e dúvidas. Ela teria de dar um jeito de descobrir mais sobre aquele homem, mas sem que Dumbledore desconfiasse de que ele fosse perigoso. Isso seria arriscado.
Após ser dispensada da enfermaria, Niara recebeu ordens para se dirigir diretamente para sua próxima aula : Feitiços. Ao chegar na porta da sala, bateu duas vezes na porta suavemente antes de entrar na sala. Filius Flitwick parou sua explicação e se voltou para a aluna recém- chegada, e logo, a sala toda estava com os olhos nela. A menina se viu obrigada a dizer alguma coisa.
– Com licença, Sr. Flitwick. ela disse em tom neutro antes de caminhar até seu lugar, sem esperar por uma resposta.
A sala permaneceu em silêncio. Niara levantou o olhar e se deparou com um par de olhos azuis que a olhavam com desconfiança, reparando em seus curativos. Harry estava sentado à sua frente na ampla sala com as cadeiras dispostas em formato de U. Hermione e Rony, estavam dispostos nos lados do garoto com a cicatriz, como sempre. Niara se permitiu um leve e discreto sorriso para seu observador.
O pequenino professor pigarreou, fazendo a maior parte da sala retornar sua atenção à ele. O anão estava com a expressão carrancuda de sempre, e estava em pé em cima de sua mesa. A aula era sobre alterar a forma de objetos de todos os tipos, como por exemplo fazer uma mesa se transformar em um balde. Niara fazia anotações extras nas páginas de seu livro, e tentava absorver as ideias num contexto geral e pensar em ideias para treinar mais tarde. O professor fez várias perguntas, o que pegou de surpresa alguns alunos despreparados, mas Niara fora poupada. Hermione Granger respondeu muitas das questões de seus colegas, e sempre era parabenizada por seu amplo conhecimento.
Em um experimento onde os alunos se esforçavam para para transformar um livro em uma almofada, Niara sente um objeto arremessado em suas  
costas no momento em que seu livro cinza se transforma em uma almofada redonda e pesada. Sem pensar muito ela faz um movimento com a varinha e arremessa seu mais novo objeto para trás e ouve um ruído seguido de um resmungo.
Um pequeno sorriso cresce no esquerdo de sua boca.
– Sua... Veja só o que você fez! a voz desprezível sussurrou.
– Espero que não fiquemos na mesma sala durante as aulas de Duelo, Malfoy. ela respondeu em tom inexpressivo, mas reforçando o ar de ameaça.
– Você não pode me derrotar, você é só mais uma daquelas garotas idiotas que se julgam inteligentes. Meu pai nem conhece sua família, ela não deve ser nem um pouco importante. Draco sussurrou seu ódio, enquanto se aproximava.
– Acredite, sua família não é nada comparada à minha. ela suspirou cansada, guardou seus livros e se levantou da cadeira.
– Professor Flitwick? uma voz totalmente inesperada se faz audível na porta Posso levar Harry para o campo de quadribol? Temos uma reunião com os times...
– Claro, só um minuto Sr. Diggory. o professor disse e se virou para a turma Alunos, para a próxima aula quero que já estejam dominando essa habilidade, e que leiam os capítulos 2 a 4 no livro de vocês. Estão dispensados.
Niara permaneceu em pé, parada, enquanto todos os alunos esvaziavam a sala com grande barulho. De canto de olho, ela via que Harry ainda não tinha terminado de arrumar suas coisas, e na porta, Cedrico o esperava pacientemente.
– Anda logo, morta de fome. Draco cospe as palavras antes de dar um empurrão em Niara.
O corpo dela se move só alguns centímetros e então, em um piscar de olhos Malfoy está no chão, seu lábio infeiror está sangrando e inchado.
– Nunca mais encoste suas mãos imundas em mim. E isso, é para se lembrar de onde é o seu lugar... Niara sente sua mão arder com o impacto no rosto do garoto, mas não demonstra. No chão.
Hermione se posicionou entre Niara e Draco de forma defensiva.
– Saia daqui Draco! Já não é suficiente todos os socos que ela te deu? Deixe-a em paz. ela não hesita ao confrontá-lo. 

Os dois amigos gordos de Malfoy o ajudam a se levantar, e ele avança na direção de Hermione.
– Para trás, garoto. Não vai querer se machucar... Cedrico barrou o avanço de Draco com um simples movimento de braço. Como ele chegara ali tão rápido?
– Me solte! gritou o louro mimado, arrumando o uniforme bruscamente. Eu vou embora, mas é por que tenho coisas melhores pra fazer do que ficar perto de... sangues ruins como vocês. Todos vocês!
E vai embora, flanqueado de seus dois guarda-costas burros e patéticos.
Hermione abaixa o olhar assim que ele se retira, deixando transparecer algo que talvez estivesse tentando esconder. Rony e Harry colocam as mãos em seus ombros, confortando-a de maneira afetuosa. Niara observou a cena como se nunca tivesse visto algo tão sincero e carinhoso antes, ela se sentiu desconfortável de repente.
– Acho que ele deve ter algo muito sério contra você, para que ele fale com você dessa maneira toda vez que se esbarram... Hermione disse, já recuperada, enquanto alisava uma mecha do cabelo de maneira inquieta.
– Nos odiamos desde o momento em que nos vimos. Niara respondeu piscando os olhos esplendidamente azuis uma vez, memórias nítidas do garotinho louro com seu pai indo comprar uma vassoura nova no beco diagonal, há anos atrás.
– Eu sei bem como é. Granger sorriu simpática, e Niara tentou fazer o mesmo.
– Vocês querem assistir o treino de quadribol? Nós vamos ter uma reunião agora... Cedrico mudou de assunto de repente, enquanto observava o trio de amigos.
– Claro, adoraríamos não é Rony? Hermione pegou no braço do amigo ruivo, que não parecia muito animado.
Niara baixou o olhar, e se preparou para ir para o quarto, pegar o material da próxima aula.
– Espere... Cedrico segurou-a pelo braço sutilmente Eu também estava te convidando.
– Não posso. ela respondeu ainda de costas e se desvencilhou do braço dele com delicadeza, partindo para fora da sala. Seu coração batia em ritmos estranhos e descompassados. 

Todos os alunos foram em caminhos opostos nos corredores, mas o trio e Cedrico se encontrariam no campo depois de alguns minutos. Niara foi subindo as escadas sozinha, ignorando os olhares que eram dirigidos a ela de vez em quando. As pessoas ainda não tinham se acostumado com sua imagem tão excêntrica. Ela começou a mecher no colar inquieta, sentia uma brisa fria congelando-a por dentro, era quase arrepiante.
Quando chegou ao seu quarto, cerca de 3 minutos depois, ela já estava arfando. Não havia percebido que estava correndo. Um sombra negra se encontrava sentada em sua cama, observando distraidamente um ferimento aberto em sua própria mão. Sangue pingava com um som horroroso em cima da colcha de cama. Niara observou ao redor para ver se suas colegas de quarto não estavam por perto, e assim que viu que estavam a sós ela se aproximou e sentou na cama de Sarah, ficando de frente para seu convidado.
– Podia ser menos dramático em relação as suas frustrações... ela indicou o sangue que escorria em sua mão, certamente um ferimento bem recente.
– Era a única maneira de você vir para cá rápido. Amon disse indiferente, enquanto limpava toda a mão suja na cama de Niara.
Ela franziu a testa, confusa, e inclinou a cabeça suavemente para o lado.
– Toda vez que me machuco... Você sente que tem que me salvar. É uma conexão. ele analisa a mão enquanto ri.
– Não vai me dizer que a sensação ruim que senti vindo para cá, era por que você estava ferido ? Só pode estar brincando... ela revirou os olhos bufando.
– Não faça desdém dos meus sentimentos. Amon fingiu uma expressão chateada que logo se transformou em loucura e gargalhadas Se não fosse por isso, você não estaria viva.
– Não jogue informações aleatórias no ar, por que eu não vou perguntar do que elas se tratam. Não tenho interesse em você, muito menos em suas histórias. ela respondeu de maneira fria, como de costume.
– Mas tem interesse em você. E é disso que se trata, meu amor. ele se aproximou dela e segurou seu queixo com uma força desnecessária, observando o curativo no pescoço dela.
– Digamos que quando você era só um filhote bem frágil, inocente e inútil... ele se acomodou na cama, cruzando os pés de maneira despreocupada Eu tive que te dar um pouquinho do meu precioso  
sangue, para que você não fosse rastreada e acabassem matando o bebêzinho... Amon fez um biquinho irônico.
– O que sabe sobre meu pai? ela perguntou de maneira cética semicerrando os olhos.
– Oh, não, não, não... ele cantarolou de forma infantil Está indo rápido demais... Sei que já é o nosso segundo encontro mas de certa forma, eu mal a conheço! ele abriu a boca em surpresa de modo extremamente falso, ele todo parecia falso.
– Você é bizarro. ela sussurrou balançando a cabeça levemente, como que para se livrar da loucura explícita à sua frente.
– Niara Horn, você não sabe o desprezo que eu sinto por você... ele estreitou os olhos antes de continuar Tudo na minha vida seria muito mais fácil de seu pai não houvesse utilizado Safira como escrava sexual para seus prazeres asquerosos... o homem pareceu estremecer com uma mistura de sentimentos confusos.
– Safira? Niara arregalou os olhos em euforia, prevendo a resposta, e segurou o rosto dele com as mãos Me diga quem ela é!
O olhar de Amon pareceu vacilar, a faixada de loucura desapareceu por alguns segundos, o suficiente para transparecer o tipo de homem que ele era: um homem cheio de lembranças. Ele olhou Niara como se estivesse vendo alguém depois de muitos anos afastados. Mas tão rápido como começou, desapareceu e ele voltou a sua personalidade aloprada.
– Safira? Foi a prostituta de luxo exclusiva de Voldemort! Quem não sabe isso?! ele disse se desvencilhando da garota e arrumando seu tapa-olho de um jeito brusco.
O sorriso de Niara desapareceu, e ela também voltou a seu jeito normal, fria, distante e inalcançável.
– Prostituta é? ela disse controlando a voz.
– É... Bom, em partes. Amon pareceu ter compaixão por ela Ela era um pessoa fácil de manipular, não exercia poder algum. Oferecia indiretamente seus favores sexuais em troca de proteção. Ela não tinha outra coisa de valor para oferecer. ele riu no fim, fazendo a menina desconfiar dele.
– Ele em todo o seu poder precisava desse tipo de coisa? Que decepção... ela virou o rosto rindo de leve.
– Todos chegamos em um momento da vida onde isso é tudo o que faltava. É pra lavar a alma, e alimentar os pecados. Uma forma bem  
gostosa de atentar contra a moral social. ele sorriu de lado, a malícia escorrendo de seus lábios.
– Pecados? Moral? ela ironizou com descrença Você é um Comensal da Morte! O que sabe sobre essas coisas? ela se levantou já entediada.
– Sei que se você quer permanecer viva, fique longe de problemas. E só pra constatar: tudo o que faço são pecados, e tudo o que eu não quero ter é moral. A única pessoa que me controlava morreu há muitos anos, pelos meus punhos.
– Isso é uma ameaça, Amon? ela riu prazerosa se aproximando dele Eu amo ameaças.
– Eu também. ele sorriu de lado, surpreendendo-a, e alisou seus cabelos.
– Tenho que ir, vou para o campo de quadribol. ela caminhou em direção à porta.
– Era sobre isso que eu queria falar... Amon segurou-a pela cintura e puxou-a de volta. Cedrico Diggory, fora de cogitação.
– O quê? ela falou chocada, piscando os olhos mil vezes e corando as bochechas.
– Ele é outro da sua lista de contatos proibidos. Se falar com ele, acaba com a causa. Se acabar com a causa, vai ser torturada até a morte. Estou sendo rude demais? ele perguntou ácido.
– Por que esse controle todo sobre mim? Não sei o que é a causa, não quero saber, e muito menos participar. Eu sou uma peça que se movimenta sozinha, e em qualquer direção. ela cerrou os dentes de raiva, odiava ser controlada.
Antes dela chegar à porta do quarto, uma mão a pára, estendida em cima de seu seio esquerdo. Ela não demonstra reação imediata.
– Se falar com Diggory, eu mato os dois. ele rosnou as palavras, uma ameaça evidente antes de sussurar em seu ouvido E não costumo ser bom com minhas vítimas.
Niara não viu nenhum traço de malícia no rosto dele, apenas ódio, um ódio frio, como aquele que pertence aos psicopatas. E Amon não parecia ter percebido o paradeiro de sua mão, e se percebeu, também não fez diferença. Niara colocou a mão por cima da mão dele.
– Se quiser me dar ordens, precisa me dizer exatamente onde estou me metendo. E quem sabe, eu pense no seu caso. ela disse em uma voz controlada, muito baixa enquanto tirava a mão dele de seu corpo e a  
colocava em seu sobretudo de couro negro, sem olhar para ele em nenhum momento.
Quando saiu do quarto, estava sem palavras. Ninguém nunca a tocara daquela forma, e ela acreditava que quando o fizessem, ela seria capaz de ver as intenções da pessoa por trás disso. E ela não viu nada em Amon, talvez ele fosse apenas um louco. Ou talvez tivesse um plano muito bem tracejado...
Havia se passado uma hora desde que ela saira da aula de Feitiços, havia perdido uma aula de Defesa contra artes das Trevas com o professor Snape. Ela se encontrava parada em um canto isolado da arquibancada semi-vazia do campo de quadribol. O jogo já havia começado, Grifinória X Corvinal.
De longe, era possível ver Diana Powell em seu belo e apertado uniforme de quadribol, em cima de uma vassoura razoável, o cabelo escuro, comprido e liso, preso em um rabo de cavalo alto, que a deixava com uma aparência magnífica. Seu rosto era o mesmo de sempre, a cara de tédio e cansaço. Mas assim que as bolas surgiam ao seu redor, sua expressão se transformava em algo totalmente novo, ela parecia ameaçadoramente disposta a vencer, e sua determinação abalava os jogadores de Grifinória. Diana era uma excelente artilheira, acertava 95% dos lances, mas infelizmente era era uma das poucas jogadoras habilidosas da Corvinal.
– Uau... Niara deixou escapar em relação à colega.
Sarah estava sentada do outro lado do campo, seus cabelos vermelhos estavam mais ondulados e esvoaçantes com o vento, suas bochechas estavam muito rosadas, e ela não parava de gritar incentivos ao time. A arquibancada da Grifinória tinha mais alunos, até por que o time era extremamente bem patrocinado, e era um dos melhores, se não o melhor de Hogwarts, graças ao trabalho que Olivio Wood fizera antes de sair da escola, organizando e escalando só os melhores jogadores.
Harry também participava, tinha muita habilidade voando, era muito veloz, mas não parecia muito coordenado com movimentos mais complexos. Mas ele também era um dos principais.
– Apreciando o jogo , ou só os jogadores bonitos? Cedrico Diggory surgiu ao seu lado, pegando-a desprevinida.
– Homens não dão futuro. ela respondeu contendo um sorriso de felicidade, enquanto rajadas de vento balançavam seus cabelos lisos e negros com ferocidade.
– Nossa, quanto ódio nesse coraçãozinho. Não generalize os homens, há alguns que realmente valem a pena ter por perto. ele fitou o horizonte, talvez se fazendo de desentendido. 

Niara virou a cabeça lentamente para encará-lo, sorriu ao ver o sorriso torto dele, e ignorou a dor que o movimento proporcionava ao corte em seu pescoço.
– Você é muito convencido, Diggory. ela deu de ombros. Certamente você não é um desses homens.
– Como pode ter certeza? ele perguntou, desafiando-a. Seus cabelos louro acobreados também chacoalhavam com o vento.
Niara permaneceu encarando-o, impassível. Diggory sustentou seu olhar azul cristalino sem ao menos vacilar: corajoso.
– Você pode ser mais velho que eu, mas não é mais experiente... Niara se aproximou um pouco, deixando transparecer parte de sua felicidade ao saber que Cedrico estava por perto.
– E o que me diz sobre suas experiências? ele disse em um tom baixo, quase sendo totalmente encoberto pela ventania.
– Elas foram... a voz dela se tornou morna, uma voz que ela nunca usara antes, mas que naquele momento era a única que conseguiu achar. Assustadoramente prazerosas.
O olhar de Cedrico cintilou com um brilho incomum ao ouvir sua frase, e por um tempo observou os lábios entreabertos da garota com um desejo recém-descoberto. Ambos foram se aproximando cada vez mais.
– Você é tão bonita quanto o inverno. ele sussurrou, seu hálito quente fazendo cócegas no queixo dela.
– Estamos no outono. ela disse com um sorriso zombeteiro, sentindo algo quente aquecer o seu interior de forma muito aconchegante. Então ela se aproximou e o beijou. O seu primeiro beijo.
Um beijo sutil, e carinhoso. Cedrico passou seu cachecol sobre o corpo dela para que ela não sentisse frio, mas esse movimento acabou os desiquilibrando fazendo ambos caírem deitados no banco de madeira. O beijo não foi interrompido, naquele momento, mas pararam abruptamente assim que ouviram um estrondo, como uma explosão bem acima da cabeça deles. Niara ergueu seu corpo de cima de Cedrico e arregalou os grandes olhos azuis para o grande buraco que havia se formado no banco acima. Uma bola grande estava enfincada entre os pedaços de madeira quebrados. Cedrico ergueu o corpo se apoiando nos antebraços e observou o grupo de jogadores suspensos no ar em suas vassouras, com uma expressão mista de confusão e acusação. 

– Desculpa! Uma rajada de vento guiou a bola para a direção contrária! Um jogador da grifinória gritou bem alto um pedido de desculpas sinceras. A bola tinha acertado a arquibancada com força demais para que tenha sido jogada por uma pessoa.
Niara pôde notar a expressão perplexa e curiosa dos jogadores em campo, principalmente Harry Potter e Diana, que tinham a boca aberta em um O perfeito. Assim, ela se desvencilhou do garoto com habilidade, e o ajudou a se levantar. Os jogadores retornaram ao jogo, um pouco envergonhados por serem pegos espionando, assim que Cedrico arremessou a bola de volta para as mãos de Harry.
– Eu... começou ele, arrumando o uniforme amassado.
– Está tudo bem. Niara fez o mesmo, e voltou ao clima sombrio habitual enquanto passava a mão de leve em seu machucado.
Cedrico suspirou e lhe abraçou com sutileza, evitando tocar em seus curativos. Mas não perguntou quais foram os motivos das bandagens.
– Espero que isso não mude nada entre nós... Quero dizer... ele começou.
– Não existe nada entre nós. Niara respondeu e se virou, caminhando de volta para a escola.
Ao longe, empoleirado em uma árvore apenas observando estava Strix, ou melhor... Amon. E ele não parecia nada feliz.


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