O Homem que Eu Amo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 26
PARTE XVIII




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Naquela noite eu fui para o apartamento de Naruto a pedido do próprio que queria ficar ao meu lado.

- Naruto eu posso andar, sabia?

Naruto me carregava em suas costas até o apartamento.

- É melhor você não se cansar.

Eu recostei minha cabeça em seu ombro.

- Não precisa ficar me carregando só porque eu estou grávida.

- Eu vou de cuidar de você e de nossos filhos – disse Naruto de maneira séria.

Ao chegarmos ao apartamento, eu sentei na cama e Naruto ficou me olhando pensativo. Ele havia ficado tão fascinado em saber que eu estava grávida que não parava de olhar para a minha barriga.

- Quanto tempo demora a nascerem? – perguntou-me Naruto enquanto me olhava sentada em sua cama.

Eu fiz uma cara pensativa e logo respondi.

- Uns sete meses...

- Tudo isso?! Dattebayo! – ele gritou.

Eu ri. Ele estava feliz por minha gravidez e eu não imaginava que seria diferente. Vendo assim tão sorridente, com os olhos tão brilhantes, eu arrependi-me um pouco de não ter dito antes que eu estava grávida.

Eu fiquei em pé e o encarei com um meio sorriso nos lábios.

- Em breve nossos filhos – eu coloquei minha mão em meu ventre – estarão conosco.

Naruto colocou a mão dele sobre a minha e senti que a mão dele estava trêmula. Ele abriu um enorme sorriso e a mão livre colocou-a atrás da nuca, eu percebi que ele estava um pouco sem jeito.

- Essa é a nossa família Naruto. Você precisa viver por eles e por mim.

O sorriso desapareceu do rosto de Naruto e sua mão que estava atrás da nuca, caiu na lateral de seu corpo.

- Eu não vou te deixar sozinha, Sakura.

Eu dei um passo para trás e a mão de Naruto que estava em meu ventre soltou-se.

- Sozinha... Por que foi na missão? – eu comecei a ficar irritada – Por que me deixou sozinha?

Naruto caminhou rápido até mim e nossos corpos se chocaram.

Minha panturrilha bateu na madeira da cama e eu me desequilibrei, Naruto amparou minha coluna e me deitou na cama com suavidade. Fechei meus olhos, e só voltei a abri-los quando senti a mão dele tocando minha face.

- Desculpe, Sakura-chan.

Seus olhos azuis mostravam que ele estava mesmo arrependido.

Eu fiz um biquinho.

- Espero que agora que vai ser pai, você seja um pouco mais responsável!

Naruto virou a cabeça para a frente, impedindo-me de ver sua expressão facial de maneira clara.

- Eu vou ser pai... – havia uma certa insegurança na voz dele.

Acho que aquela era a primeira vez que ele sentia o real peso da responsabilidade da paternidade.

- É você vai ser pai – confirmei.

Eu sentei-me na cama e toquei em seu ombro. Quando ele me olhou, vi que seus olhos tinham um brilho especial.

Eu o beijei, e ele retribuiu meu beijo de maneira intensa e doce; nossas línguas exploravam a boca um do outro, e não havia espaço para respirar, também não queríamos que houvesse. Na verdade, depois de um tempo eu quis respirar e por isso me afastei de Naruto rindo.

- Eu estou sem ar.

Eu precisava de uma quantidade maior de oxigênio desde que engravidei, afinal eu tinha que fornecer oxigênio para meus bebês também.

Naruto me deu um selinho. Eu deitei-me na cama e Naruto deitou-se a meu lado, ficamos olhando um para o outro; coloquei minha mão sobre a mão de Naruto que repousava sobre a travesseira.

- Fiquei com medo que alguma coisa acontecesse.

O rosto dele se aproximou de minha mão e seus olhos se fecharam ao tocarem a minha pele.

- Você se preocupa demais, Sakura-chan.

- Eu estou com medo – eu disse num sussurro.

Meu coração estava apertado em meu peito. Os meus sentimentos por Naruto haviam se tornado tão fortes e profundos que doíam em minha alma.
Os olhos de Naruto se abriram.

- Eu vou estar sempre com você... É uma promessa.

- Me faz acreditar que isso é possível – eu lhe roguei.

Naruto sentou-se na cama e puxou para cima também. Eu ergui minha cabeça e vi um olhar confiante em seus olhos.

- Eu não volto atrás em minha palavra, porque esse é o meu caminho ninja.

Senti a esperança crescer em meu coração e fiquei mais tranquila.

Eu coloquei meu dedo indicador sobre os lábios de Naruto.

- Eu preciso de você – eu disse com toda a confiança que havia nascido em mim – e nossos filhos também vão precisar muito de você... Não deixa eles crescerem sem um pai.

Naruto me puxou mais ainda para junto dele e começou a acariciar meus cabelos.

- Eu vou ensinar eles a subir em árvores, vou treiná-los para serem grandes shinobis e também vou ensinar muitos jutsus...

Percebi que Naruto começava a falar de coisas que ele gostaria que o pai dele tivesse ensinado a ele.

- Acho que terei que supervisionar o tempo que você passa com nossos filhos

Eu o incentivei a continuar falando do futuro com nossa família.

- Eu não vou ensinar nada que ele não possam aprender depois.

- Nem seus jutsus pervertidos? – eu o questionei.

Naruto riu bobamente.

- Não se preocupe Sakura-chan, eu não vou ensinar o sexy no justu...

Fingi respirar aliviada.

- Eu vou levar nossos filhos para comer ramen

- Eu não vou deixar que eles comam só ramen...

- E por que não? – questionou-me

- Oras Naruto, isso não é nada saudável...

A nossa conversa sobre como seria quando nossos filhos viessem ao mundo seguiu noite adentro. E eu gostei de ficar escutando Naruto falar sobre o futuro, isso me deu a certeza de que ele não desistiria de lutar por sua vida e que no fim sobreviveria para nós.

Em meio a nossa conversa percebi que Naruto começava a se empolgar cada vez falando dos lugares que levaria nos filhos e tudo o que ensinaria a eles. Lembrei-me que Naruto havia crescido sem pai e nem família, acreditei que ele seria um ótimo pai para nossos filhos, porque ele sabia como era crescer sem ter ninguém ao seu lado.

Os relatos futurísticos sobre a vida de nossos filhos de acordo com as concepções de Naruto me fascinavam e em muitos momentos me faziam rir, no entanto, uma frase dita ao final desses relatos prendeu a minha atenção e me fez ficar acordada por toda a noite.

- Sakura-chan, acima de tudo eu vou fazer meus filhos terem orgulho de mim, assim como meu pai!

Que os filhos sentissem orgulho dele, era tudo o que Naruto mais desejava. Eu sentei-me na cama e segurando em seu rosto falei com uma expressão séria estampada no rosto.

- Escute Naruto. Se nossos filhos nascessem nesse instante, eu tenho certeza que eles teriam muitos motivos para orgulhar-se de você.

Naruto sorriu, e vi quando suas bochechas ficaram rosadas.

- Você acha mesmo, Sakura-chan?

- Sim... afinal um pateta desajeitado se tornando um shinobi capaz de derrotar inimigos muito poderosos, e o mais importante, não morrendo no meio do caminho, já é um grande motivo para se ter orgulho!

Naruto me olhou desconfiado.

- Hey, Sakura-chan. Isso foi um elogio?

- Claro Naruto! – respondi abrindo um sorriso travesso.

Naruto ficou um tempo olhando com desconfiança.

Eu joguei meu corpo contra o dele fazendo-o cair deitado no colchão; posicionei-me sentada sobre tronco.

- Seu bobo, eu estou brincando – disse rindo – Pode ter ser certeza que seus filhos vão se orgulhar de você por outros motivos.

Naruto sentou-se na cama e eu escorrei por seu tronco indo cair sentada sobre suas pernas.

- E você, Sakura-chan, também tem orgulho de mim?


- Por que está me perguntando uma coisa dessas? Sabe o quanto eu tenho orgulho de você por tudo o que fez por Konoha e por mim. Naruto, você sempre esteve ao meu lado, e fez coisas por mim pelas quais eu nunca tive a chance de retribuir; você salvou a minha vida e me amou mais do que uma pessoa pode desejar ser amada. E acho que eu posso fazer é te agradecer

Naruto encostou sua cabeça sobre meu peito.

- Sou eu quem tem que te agradecer, Sakura-chan. Você mudou a minha vida.

Ao escutar o agradecimento de Naruto por meu amor por ele, eu me perguntei se seria certo agradecer alguém por essa pessoa o amar; afinal não é o amor um sentimento involuntário que não podemos controlar? Se houvesse alguém a agradecer, acho que seria ao destino que fez com que nossos caminhos se cruzassem um dia, ainda que no começo parecessem caminhos opostos que trilhávamos. Acho que também deveríamos agradecer a nós mesmos por permitirmos que o nosso sentimento se tornasse algo concreto.


Naruto me tombou na cama sempre tomando cuidado de amparar minhas costas, nós nos ajeitamos na cama e ficamos deitados lado a lado com nossas mãos atadas.

Eu voltei a sentar-me na cama.

- Eu preciso voltar para a minha casa.

Naruto não soltou minha mão.

- Fica aqui – me pediu um pouco constrangido.

- Naruto, eu tenho que voltar para a minha casa... Não posso passar mais uma noite aqui.

Eu fiquei com medo de novamente ter uma hemorragia e Naruto ficar sabendo que meu excesso de preocupação com a situação dele estava provocando um quase aborto. Isso era algo que eu jamais contaria a ele.

Naruto sentou-se a meu lado.

- Sakura quando vamos nos casar? – ele me perguntou de maneira séria.

Eu senti meu coração pulsar forte em meu peito.

- Eu não sei...

- Amanhã? – ele sugeriu sorrindo.

- Como assim amanhã! – eu repliquei com espanto.

- Eu quero dormir sempre com você.

Eu peguei a travesseira e joguei contra ele.

- Pode dormir essa noite agarrado a travesseira – eu disse briosa e em seguida me levantei.

Calcei minhas botas e fui para a varanda, Naruto logo veio atrás de mim.

- Sakura-chan...

Eu o interrompi e girando meu corpo na direção dele falei:

- Teremos muito tempo, agora é melhor que você descanse e eu também.

Naruto balançou a cabeça num sinal positivo.

Eu voltei a me virar e num salto pisei na grade de madeira que havia na varanda, senti uma forte dor em meu ventre e vendo que ia me desequilibrar voltei a pular para dentro da varanda.

- Sakura-chan, você está bem? – perguntou-me Naruto preocupado.

A minha expressão de dor havia sido inevitável, e Naruto acabou vendo.

Eu fingi sorrir.

- Acho que eu vou preferir ir andando.

Passando por Naruto, me pus a caminhar em direção a porta da sala e ele seguiu meus passos em silêncio. Sem me virar apenas lhe ordenei.

- Não me siga! Eu posso ir muito bem sozinha para casa.

- Mas, e se acontecer alguma coisa? – me perguntou preocupado.

- Eu sei me cuidar muito bem sozinha.

Naruto fez menção de retrucar, mas eu me virei e o olhei com séria.

Mesmo que eu soubesse do profundo desejo do Naruto me seguir, ele não o fez. E assim eu voltei para a minha casa.

Deitada em minha cama novamente comecei a pensar na minha conversa com o Naruto. Todavia ainda não lhes contei porque a frase de Naruto sobre os filhos terem orgulho dele me deixou a noite inteira. Eu conhecia o passado de Naruto, e sabia o quanto toda a história dele de crescer órfão e sem pai, e ainda mais sendo rejeitado por todos na aldeia havia influenciado na vida dele. Pois bem, ao pensar que Naruto iria querer reparar essa falta com os filhos me preocupei por ele não conseguir fazer o que desejava. Tive medo que Naruto morresse levando a culpa por não ter podido fazer pelos filhos o que ele sempre desejou que o pai tivesse feito por ele. E mais uma vez avaliei a questão de ter mantido por mais um tempo o segredo sobre minha gravidez, já não achei mais que deveria ter contado tão cedo a ele que eu estava grávida.

Decidi ir procurar Tsunade-sama no dia seguinte e perguntar-lhe a respeito do selo, se seria mesmo possível refazê-lo. Não podia permitir que Naruto se frustrasse daquela maneira, ainda que eu desejasse que ele realmente pudesse viver por nossos filhos.

Sakura ainda está muito preocupada por Naruto, e isso não a deixa sossegada mesmo sabendo que o selo poderá ser refeito.
O futuro dos dois é colorido em palavras, no entanto, na realidade se mostra negro e escuro como os céus que antecedem uma tempestade. Será que o sol surgirá depois da chuva fazendo brotar a vida?

PARTE XVIII
Assim que o sol surgiu no horizonte eu saí de casa e me dirigi ao escritório de Tsunade-sama, não agüentava esperar nem mais um minuto para falar com ela, eu precisava saber até que a ponto ela iria poder refazer o selo de Naruto.

Tsunade-sama não estava lá, mas encontrei Shizune lendo um grosso livro de medicina.

- Sakura-chan o que faz aqui tão cedo?

- Shizune, Naruto me contou que Tsunade-sama e Kakashi-sensei irão refazer o selo.

Shizune não sorriu, ao contrário do que eu achei que ela faria numa situação dessas.

- Tsunade-sama sentou-se em sua mesa e juntas reviramos cada página dos antigos livros de Konoha. Técnicas, ninjutusus, taijutsus, genjutsus... Tudo o que tínhamos do mundo shinobi nós lemos em busca de uma solução... – Shizune tinha certo pesar na voz ao me contar aquilo – Até que Tsunade-sama resolveu buscar a resposta no pergaminho sagrado, e encontrou a técnica de Hakke no Fuuin Shiki (Estilo de Selo das Oito Divindades)

- Hakke no Fuuin Shiki… - repeti sem entender muito bem o que aquilo significava.

- Foi com essa técnica que o Yondaime conseguiu fazer a fusão entre o chackra da kyuubi e o chackra de Naruto.

- Shizune, por que está me contando essas coisas?

Shizune sorriu, mas era nítida a sua expressão de tristeza.

- Oras, Sakura-chan. Não foi por isso que veio procurar a Tsunade-sama? Queria que ela lhe explicasse tudo isso, não mesmo?

- Sim... – eu concordei.

- Pois bem, agora a Tsunade-sama e o Kakashi vão tentar refazer essa técnica, e assim fundir novamente ambos os chackras para que um não supere o outro e fiquem ambos em equilíbrio.

As palavras de Shizune soavam estranhas em meus ouvidos, e ainda que estivesse relatando tudo isso com um imenso sorriso nos lábios, era tristeza e medo que eu via em seu olhar.

- Shizune...

- Por que não vai para a casa Sakura-chan? –Shizune me cortou com sua sugestão – aproveite para passar o dia com o Naruto, não se preocupe com o hospital que eu posso cuidar sozinha. Temos poucos pacientes, então pode descansar.

Eu estava atônica, não sabia o que dizer e nem o que pensar; eu apenas sentia que algo não estava bem.

- Obrigada, Shizune.

Por não saber mais como me manter ali, eu decidi ir embora. Shizune me acenou de perto da mesa e quando estendi minha mão para alcançar a maçaneta vi que a rodinha se moveu sem que eu a tocasse.

Tsunade-sama entrou no escritório, fisicamente ela parecia bem cansada.

- Ah! Oi, Sakura – me saudou e se dirigiu a sua cadeira onde deixou seu corpo cair.

- A Sakura-chan já estava de saída – disse Shizune para Tsunade-sama e em seguida olhou para mim.

- Não vou lhe perguntar o que veio fazer aqui tão cedo porque já imagino – disse Tsunade-sama olhando atentamente para mim.

- Eu já expliquei tudo a Sakura-chan – disse Shizune para Tsunade-sama exibindo um falso sorriso.

O olhar que Tsunade-sama dirigia a mim era sério e frio.

- Então ela já sabe dos riscos da técnica...

- Riscos?! – eu repeti aquela palavra sem querer.

Em nenhum momento Shizune havia me falado sobre haver riscos na execução da técnica, e foi nesse momento que me dei conta que era isso que a todo custo Shizune vinha tentando esconder.

Tsunade-sama virou-se para Shizune.

- Não contou a ela dos riscos? – perguntou brava a Shizune.

- Na verdade, achei desnecessário – respondeu Shizune sem jeito.

- É perigoso para você e o Kakashi-sensei realizarem essa técnica? – eu questionei preocupada

- Usando o Hakke no Fuuin Shiki, o único que corre risco de morrer é o próprio Naruto – disse Tsunade-sama com uma honestidade e frieza própria dela.

Senti meu coração pulsar forte no peito e novamente voltava a ter uma forte contração, consegui agüentar a dor e não deixar isso transparecer nem para Shizune e nem para minha sensei.

- Não diga isso, Tsunade-sama – suplicou Shizune – Não esqueça que a Sakura-chan está grávida.

Tsunade-sama voltou seu olhar novamente para a minha direção.

- Por isso mesmo é melhor que ela não fique com muitas esperanças de que tudo vai sair bem. Escute Sakura...

Depois de saber que o Naruto poderia morrer em meio a execução dessa técnica de selamento a última coisa que eu desejava era escutar o que Tsunade-sama diria. No entanto, ela continuou e eu não protestei.

- ... Hakke no Fuuin Shiki foi realizada em Konoha apenas pelo Yondaime, por isso desconhecemos detalhes dessa técnica. Iremos tentar fundir os chakras e contamos com o Naruto para isso. Porém há o risco do chakra do Naruto e da kyuubi não mais se fundirem, e um se superar o outro... Se o chakra de Naruto superar o da kyuubi teremos feito o selo de maneira correta, porém se o chakra da kyuubi se sobressair...

- Vocês vão matá-lo – me intrometi no relato de Tsunade-sama e continuei a frase.

- Não será necessário, porque o corpo dele não vai aguentar o chakra liberado da kyuubi.

Senti uma descarga elétrica percorrer cada nervo do meu corpo, e depois que essa corrente elétrica atingiu cada célula, eu não fui mais capaz de sentir nada.

- Eu entendo – respondi com a voz embargada em tristeza – Obrigada por me contar Tsunade-sama.

Eu estava a ponto de chorar, mas tentando me manter firme não deixei que as lágrimas escapassem por meus olhos.

- Naruto sabe disso? – eu perguntei de repente.

- Sim, mas ele parece não ligar muito para isso – respondeu Tsunade-sama

- Sakura-chan, não precisa ficar preocupada, tenho certeza que tudo vai acabar bem – Shizune tentava me animar.

- Obrigada Shizune, mas Tsunade-sama está certa, eu tenho que estar preparada, se o Naruto...

Era difícil pronunciar qualquer palavra “morte” quando o assunto era o destino de Naruto.

- Isso não vai acontecer! – Shizune tentava mostrar convicção em suas palavras – Por favor, Sakura-chan, não pode fique nervosa, lembre dos seus bebês.

Tsunade-sama virou-se para Shizune.

- Ela vai estar bem – depois Tsunade-sama voltou seu olhar em minha direção – Sakura sei que você é mais forte do que essa situação.

- Tsunade-sama, isso não é certo.

Shizune continuava insistindo que não era bom Tsunade-sama ficar me contando a verdade sobre a situação de Naruto.

- Shizune, agradeço a sua preocupação.

- Shizune, a Sakura tem que ser forte por ela e pelos filhos. Não é bom que ela fique criando expectativas sobre a volta do Naruto quando é certo que isso pode não acontecer.

- Por favor, não fale dessa maneira – implorava Shizune a Tsunade-sama.

- Eu serei forte, Shizune – eu tentava convencer Shizune de algo que eu não acreditava.

Shizune permaneceu em silencio por um tempo e depois olhou para mim.

- Sakura-chan, eu não a acho fraca, mas sabe que seu excesso de preocupação com a situação do Naruto foi a causa do inicio das hemorragias.

- Shizune, o que está dizendo?! – perguntou Tsunade-sama espalmando a mão na mesa e se levantando da cadeira.

- Tsunade-sama, não é nada para se preocupar – eu tentei disfarçar.

- Você teve hemorragias? – me questionou minha sensei.

- Sakura-chan teve hemorragia depois de uma briga com o Naruto – contou Shizune – E teve outra há dois dias.

Tsunade-sama ficou bem preocupada em saber disso, e acredito que naquele momento ela se deu conta do porque Shizune insistia tanto sobre me ocultar a real situação acerca do Naruto.

- Sakura, sabe que ter hemorragias é sério. Se uma mulher aborta um bebê, há uma chance de sobreviver, mas no seu caso, abortar três bebês... Seu corpo não agüentaria a perda de sangue, e você acabaria morrendo – Tsunade-sama começou a ficar preocupada também.

- Não vai mais acontecer – retruquei, meus olhos começaram a ficar úmidos – Eu não vou perder meus filhos também.

- Não se trata de perder seus filhos... – gritou Tsunade - Você vai morrer se abortar essas crianças!

Mais lágrimas vieram aos meus olhos fazendo minha visão ficar embaçada.

- Sakura-chan, não pode ficar se alterando dessa maneira – Shizune percebeu que aquela conversa me estava fazendo muito mal.

Tsunade-sama também se arrependeu do que dissera.

- Não deveria ter lhe contado sobre o Naruto.

- Não, Tsunade-sama. Agradeço por ter me dito a verdade, eu não ia ficar tranqüila sabendo que a minha volta as pessoas escondem as coisas de mim – eu abri um meio sorriso - Eu vou mostrar que posso ser forte por meus filhos e por Naruto também.

Minha sensei me olhou com admiração e pude notar melhor isso quando ela me sorriu de volta. Eu limpei as lágrimas de meus olhos com a ponta dos dedos.

- Não exagere, Sakura. E fique esses dias no hospital, procure ficar perto de mim ou da Shizune... Caso aconteça alguma coisa.

Eu assenti com a cabeça e me despedindo delas saí do escritório.

Enquanto caminhava pelas ruas de Konoha encontrei Iruka-sensei próximo a ponte. Fazia um bom tempo que não conversávamos.

- Olá Iruka sensei.

- Oi Sakura. Parabéns pela gravidez.

Eu enrubesci na hora.

- Co... Como... – interrompi minha pergunta, para que eu perguntaria como ele sabia se eu já sabia a resposta - Naruto contou sobre os nossos filhos.

Achei que eu devesse tê-lo advertido a não ficar espalhando sobre a minha gravidez para toda Konoha.

- Sim – disse Iruka-sensei sem jeito – Ele veio me procurar essa manhã e contou que você estava grávida de três bebês – ele colocou a mão atrás da nuca – Três crianças de uma vez... E vocês são tão jovens... Bom, acho que é por isso que o Naruto está tão preocupado.

- Naruto está preocupado?

Estranhei que Naruto estivesse preocupado, pois na noite passada enquanto falávamos do futuro com nossos filhos, em momento algum eu senti que ele estivesse preocupado por eu estar grávida.

Iruka-sensei ficou sério e eu contei a minha falsa teoria para a razão da preocupação de Naruto.

- Acho que é insegurança... Ele tem medo de não ser um bom pai para as crianças.

Pensei: “ou talvez Naruto esteja preocupado em não estar aqui para seus filhos”.

- E é até normal que ele pense isso, afinal Naruto sempre foi muito impulsivo e não costuma a pensar muito antes de agir... – Iruka-sensei olhou para mim e sorriu – Mas acho que com você ao lado dele, não há com o que se preocupar... Vocês dois juntos e prestes a terem filhos, quando foi que eu perdi essas mudanças?

Eu sorri.

- Eu também não sei quando tudo mudou... E não sei se as mudanças terminaram.

- Sakura, você está preocupada por estar grávida?

- Eu estou mais preocupada com o Naruto – eu acabei confessando – Ele contou sobre o selo?

- Claro. Naruto disse que Tsunade, Kakashi e Yamato iriam resolver esse problema em breve. Fiquei aliviado em saber disso, eu também estava preocupado que alguma coisa pudesse acontecer, ainda mais com você esperando os filhos dele...

Iruka-sensei sempre foi o mais próximo de figura paterna que Naruto teve dele, e fiquei pensando porque ele fora procurá-lo tão cedo pela manhã. Logo entendi, que assim como eu, Naruto foi buscar algum consolo nas pessoas mais velhas em quem confiava, mas da mesma forma que aconteceu comigo, ele não encontrou nada que aliviasse seu coração.

Naruto não foi capaz de contar a Iruka-sensei que se o selo não funcionasse, ele podia morrer deixando seus filhos para trás. Ele não falou nada porque sabia que Iruka-sensei sofreria tanto quanto eu se soubesse que ele pode morrer.

Era sempre desse jeito, Naruto terminava por carregar seu fardo sozinho, ele não via que eu estava ao seu lado porque tudo o que fazia por ele era pequeno e insignificante demais.

Resolvi me afastar um pouco de Konoha, eu precisava colocar a minha cabeça no lugar antes de me encontrar com Naruto novamente. Eu não sabia como o encararia depois de saber que todas as nossas esperanças na execução da técnica do selo desapareciam com a possibilidade de um futuro marcado pela dor e pelas saudades.

Ninguém carregaria esse peso por nós, e apenas unidos poderíamos dividir essa carga; só restava saber como se poderia dividir quando não queríamos compartilhar.

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Notas finais do capítulo

nota da autora: Gente, eu tive que ir longe para arrumar uma boa maneira de refazer o selo, se a técnica não funcionar na realidade, vocês fazem de conta que isso funciona, tá!
Naruto e Sakura não conseguem ver a luz em meio a tanta escuridão.



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