O Homem que Eu Amo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 27
O HOMEM QUE EU AMO PARTE XIX




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Pouco depois que o sol cruzou o meio do céu, Naruto me encontrou na floresta sentada no galho de uma árvore. Ao vê-lo eu pulei de volta para o chão.

Naruto se aproximou sem dizer nada, apenas me olhou em silêncio com os olhos cheios de ternura.

- Oi Naruto – o saudei com um sorriso em meus lábios.

- Eu a estive procurando – me respondeu depois de um longo período de silêncio.

- Eu estive com Tsunadeba-chan.

Eu o abracei e percebi que Naruto se assustou com a minha atitude.

- Quero ficar assim com você em silêncio, não quero mais falar sobre coisas tristes.

Naruto passou os braços por minha cintura, e sentando-se recostado a uma árvore me puxou para baixo. Eu fiquei com as costas apoiadas em seu peito e a cabeça encostada em seu ombro. Eu não perguntei ao Naruto se Tsunade-sama lhe havia contado sobre os riscos de refazer o selo, e tampouco tive vontade de saber; aquela poderia ser a nossa última tarde juntos, e o que eu menos queria é que a passássemos chorando ou tristes por um futuro que se mostrava tão incerto.

Ficamos ali em silêncio apenas escutando o barulho do vento que fazia as folhas balançarem e produzia um som agradável que trazia uma certa tranqüilidade. O arbusto que estava a nossa frente se mexeu, e de lá saiu um coelhinho tão branco com a neve.

- Está com fome, Sakura-chan? – me perguntou Naruto quebrando o silêncio.

Eu virei minha cabeça para trás e vi que o Naruto mantinha seu olhar sobre o coelhinho que comia algumas folhas do arbusto.

- Ah, Naruto, você não teria coragem, não é mesmo? – reclamei com ele.

Naruto fez menção de se levantar e eu joguei o peso do meu corpo para trás.

- Eu não vou deixar você matar o coelhinho!

Mesmo baixo meus protestos Naruto levantou-se e começou a caminhar em direção ao coelhinho, eu agarrei nas pernas dele e o derrubei. O coelhinho se assustou com o tremor provocado pela queda do Naruto e fugiu para dentro do arbusto.

- Hey, Sakura-chan por que fez isso? Ia ser o nosso jantar, dattebayo.

Naruto estava todo estirado no chão e eu engatinhando me posicionei sobre ele.

- Seu sem coração, ia matar o coelhinho para comer! – eu disse rindo.

Naruto sorriu e tomando impulso sentou-se. Eu deslizei por seu tronco e fiquei sentada sobre suas pernas com os joelhos flexionados para trás.

- Na verdade, eu ia pegar o coelhinho para você.

Eu o beijei com todo o amor que tinha em meu coração por ele. Quantas vezes no silêncio do meu quarto eu havia me perguntado como eu podia ter me apaixonado pelo garoto mais bobo de toda Konoha e gostava de tentar adivinhar quando havia sido o momento que eu passara a amá-lo tanto.

Naruto colocou suas mãos sobre minha cintura e retribuiu o beijo da mesma maneira apaixonado como eu o beijava; era eu quem conduzia cada troca de posição de boca.

Eu não sabia como seria viver sem poder tocá-lo, sem poder amar-lo, sem poder escutar a voz dele ressoando em ouvido. Como se pode viver sem a pessoa amada depois de haver experimentando o doce mel de um grande amor; eu tinha medo de imaginar uma vida solitária.

Afastei um pouco a minha boca deixando um espaço para respirar, mas Naruto voltou a prender meus lábios entre os seus; naquele momento eu senti que Naruto também não podia conceber a idéia de nunca mais me ver.

Nossas mãos tão quietas começaram a tocar o corpo um do outro: pescoço, tórax, abdômen, braços... Elas pareciam seguir seu próprio caminho. Naruto me tombou para trás e me fez deitar sobre as folhas secas das árvores.

- Você está sujando meu cabelo! – eu falei fazendo uma cara séria.

Naruto riu e voltou a me beijar, mas dessa vez seu beijo era mais romântico e menos apressado. Ao me beijar daquela maneira, Naruto me fez lembrar de nosso primeiro beijo; estávamos na mesma posição que nos encontrávamos naquele momento.

Nosso primeiro beijo, como essa lembrança ainda hoje é tão vivida em minha mente.

Nós havíamos caído de um precipício direto para dentro de um rio de águas caudalosas; durante a queda Naruto havia se agarrado a meu corpo e trocando de posição se colocou entre mim e as águas do rio, tal feito fez com que o corpo de Naruto absorvesse todo o impacto da queda.

Não demorou a que Naruto se agarrasse em uma pedra e subindo nela comigo em suas costas pulasse para as margens do rio; nos deitamos sobre as folhas secas das árvores que cobriam o chão que ladeava o rio.

Eu tinha um corte profundo no meu ombro esquerdo resultado da batalha que havíamos enfrentado, o corte sangrava muito e já tingia boa parte de minha blusa. Eu sentia muita dor por conta de todo o esforço físico feito para me manter flutuando no rio, ainda que Naruto tenha feito muito em me ajudar a sair daquelas águas.

Mesmo cansado, Naruto levantou-se e se aproximou de meu rosto; lembro-me de suas palavras tão cálidas e cheias de preocupação.

- Sakura-chan, você está bem?

- Sim... E quanto... a... você? – minha voz saia cortado por conta do cansaço.

- Eu não me machuquei – replicou Naruto orgulhoso por ter saído ileso, mais ou menos.

- Seu mentiroso... Você amorteceu a minha queda...

Comecei a tossir e virando minha cabeça para a lateral expeli um pouco de água que havia entrado em meu pulmão.

- Sakura-chan, eu vou levá-la para a aldeia.

Virei minha cabeça para a posição inicial e vi quão próximo o rosto de Naruto estava do meu. Eu percebi que inconscientemente ele começou a abaixar ainda mais sua cabeça, e nossos lábios foram se aproximando; de repente, como se recuperasse a razão, Naruto voltou a levantar a cabeça. Nesse momento eu segurei sua cabeça com minha mão direita, e Naruto se assustou; eu ergui um pouco a minha cabeça e nossos lábios roçaram um no outro levemente, depois daquele toque tão suave nossos lábios se unir, aquele foi o nosso primeiro beijo.

Foi um beijo simples, afinal ainda estávamos receosos pelo o que estava acontecendo e nossa insegurança não nos permitiu nos beijarmos apaixonadamente; contudo, aquele foi o melhor beijo que eu e o Naruto trocamos.

O que se seguiu ao nosso primeiro beijo foi uma troca de olhares tímidos e rostos corados. Não começamos a namorar naquele dia, e tampouco dissemos um ao outro “te amo”, tudo levou um tempo para acontecer, mas sem dúvida foi ali que nos aproximamos mais.

Enquanto Naruto me beijava essa lembrança passou vividamente por minha cabeça. E quando nossos lábios se separaram, Naruto beijou meu ombro esquerdo, pelo visto, eu não havia sido a única a ter me lembrado do nosso primeiro beijo.

Naruto se deitou a meu lado, e eu me sentei para olhá-lo.

- O que foi? Cansou de me beijar?

- Acho que nunca me cansaria disso.

Naruto colocou sua cabeça sobre minhas pernas e encostou sua orelha em meu ventre.

- Eu quase não consigo escutar as batidas dos corações deles...

Meu coração ficou tão apertado dentro do meu peito ao escutar Naruto falar aquilo que parecia que alguém o estava esmagando com as mãos.

- Eles ainda são bem pequenos, quando estiverem maiores você vai poder escutar baterem bem forte.

Naruto procurou minha mão, e ao encontrá-la apertou bem forte entre a sua.

- Eu vou poder escutar o coração deles bater, dattebayo.

Lágrimas surgiram em meus olhos e escorreram por minha face, uma dessas lágrimas pingou sobre o rosto do Naruto que ao senti-la pôs-se de pé rapidamente.

- Escute, Sakura-chan, eu não vou morrer – Naruto agachou-se na minha frente e limpou as lágrimas que escorriam por meu rosto – Então, não chora, tá!

Eu me levantei sendo seguida por Naruto, e ao erguer minha cabeça eu vi os olhos de Naruto rasos de lágrimas, e não consegui me conter, acabei chorando mais.

- Não é justo... Por que você tem me deixar? – eu o questionava.

- Pára de chorar! – ele me pedia

Naruto se agarrou a meu corpo, prendendo meus braços.

- Pára de chorar! – ele voltou a pedir inutilmente.

Nesse momento eu percebi que Naruto também estava chorando.

- Não chora, Sakura-chan...

Eu me agarrei a sua jaqueta e não queria mais soltar dela, queria poder detê-lo com minhas mãos, e impedir que alguém o tirasse de mim.

Lágrimas e lamentações não foram suficientes para mudar o nosso destino, e quando as primeiras estrelas surgiram no céu, a nossa despedida aconteceu.

Naruto e eu nos levantamos e ficamos frente a frente.

- É melhor que você vá para a sua casa Sakura-chan.

- Ontem me pediu para ficar com você, e hoje me pede para ir para a minha casa – eu falei tentando esboçar um sorriso.

Naruto me olhou de soslaio, ele evitava me olhar de frente.

- Se estiver lá amanhã, eu não conseguirei ir.

Eu coloquei minha mão espalmada sobre seu peito.

- Então, vou ficar na sua casa a vida inteira, assim você nunca irá embora.

Naruto me beijou. Esse beijo foi o mais triste de todos os beijos que eu havia trocado com ele, porque esse beijo teve um gosto de despedida.

Ficamos um bom tempo nos beijando, nossos lábios pareciam não querer desgrudar mais; nosso corpo reagia a nossas emoções e sentimentos.

Forçosamente nossos lábios se desgrudaram e Naruto me olhou com ternura.

- Sakura-chan, se eu morrer amanhã...

- Depois de amanhã vai ser o meu enterro – disse cortando Naruto

Naruto segurou no meu braço e me repreendeu.

- Não diga uma besteira dessas...

Eu não havia dito aquilo por dizer, era o que eu sentia naquele momento. Eu sentia que não saberia viver sem tê-lo a meu lado, pode parecer um tanto shakesperiano, mas é o que se sente quando se ama demais alguém.

- Sakura-chan, você vai ter que cuidar dos nossos filhos...

- Vai me abandonar grávida, é? – novamente o cortava com meu sarcasmo.

Eu não era de usar sarcasmo com Naruto, contudo naquele dia eles me vinham facilmente à boca.

Naruto ficou sério e segurou firme no meu braço.

- Sakura-chan, me escute – disse num tom firme de voz.

- E se eu não quiser escutar – gritei – eu não quero saber o que eu tenho que fazer se você morrer!

Naruto me olhou com espanto, e naquele momento eu senti algo explodir dentro de mim, e deixei que toda a minha frustração saísse na forma de palavras pela minha boca.

- Seu idiota! Mentiroso! Disse que viveria por mim e por nossos filhos! Disse que cumpria suas promessas! Então, por que você não para de falar como se fosse morrer!

Senti uma forte pontada em meu ventre que me fez perder o ar dos pulmões. Eu me agarrei a jaqueta de Naruto e me curvei.

- Sakura-chan, você está bem?

- Não me deixa... Não faz isso comigo, por favor.

Novamente uma forte pontada, e, eu voltei a agarrar mais firmemente na jaqueta de Naruto. Tanta preocupação e dor voltavam a me fazer mal novamente.

- Sakura-chan...

Buscando as forças que eu não tinha voltei a ficar a endireitar-me e larguei a jaqueta de Naruto.

- Eu vou acompanhá-la até em casa.

- É melhor não prolongarmos isso.

Naruto se aproximou de mim, notei quão coradas estavam suas bochechas.

- Será que poderia a beijar pela última vez? – perguntou com receio.

- Não... – disse de maneira direta – nunca o deixarei me beijar pela última vez

Naruto ficou surpreso com minhas palavras e podia ver a tristeza que transbordava de seus olhos, era quase insuportável olhar para ele. Girei os calcanhares e antes de partir lhe disse.

- Se quiser me beijar mais uma vez, então, me encontre amanhã, aqui...

- Sakura-chan... – foram as últimas palavras que eu escutei dos lábios de Naruto.

Não voltei a me virar para olhá-lo pela última vez, naquele dia essa ideia de “última vez” me pareceu um pouco mórbida demais. Eu não queria ter uma “última vez” com Naruto, eu queria ter “muitas vezes”.

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Notas finais do capítulo

nota da autora: Um momento triste entre Naruto e Sakura.

Os dois se despedem, pois não sabem se poderão se encontrar de novo.

Muita emoção pela frente...



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