-O...bri...ga...do.- gaguejei. Por que eu gaguejei?- O que você fez com eles?-indaguei torcendo para que ele não tenha percebido o quanto eu havia ficado mais nervosa ainda com a presença dele.

-Eu dei um jeito neles. Não se preocupe, eu não os matei.- ele disse percebendo a minha expressão quando ele começou a falar.

Minhas pernas inda tremiam com o susto.

-Eu tenho que ir para casa.-eu disse sem olhar nos olhos de Liu.

-Vem eu te levo.-ele disse me puxando até a esquina até chegarmos a uma moto grande e preta.

-É...é melhor eu ir a pé. –disse já imaginando o que minha mãe faria se descobrisse que eu estava andando de moto. Ela me mataria. Minha mãe não era de ter muitas regras. Na verdade ela só tinha duas: fique longe de bad boys e de motos. Nesse caso, o Liu se encaixava nas duas regras que minha mãe havia estabelecido.

-Você vai mesmo ficar ai sozinha?-ele indagou.

Olhei novamente para o beco solitário. Resolvi ir com Liu. Eu não conhecia ele direito, ele poderia muito bem ser um assassino em série que salvava garotas para depois matá-las. Tá, eu exagerei agora. Subi na garupa, ele acelerou fazendo com que eu me segurasse em volta de seu abdômen. Dava para sentir as linhas de seu corpo definido. Exatamente como no meu sonho, pensei. Chegamos rapidamente na minha casa. Ela era um casarão de três andares, um pouco isolado da cidade.

-Obrigado mais uma vez e desculpe o incômodo.-eu disse estendendo a mão para que ele apertasse.

Ele me olhou com o rosto sério e depois riu e paertou minha mão. Fui me dirigindo a porta de casa.

-Eu não sei o seu nome.-ouvi Liu falar.

-Emily.-respondi tentando fazer uma cara de misteriosa. Deve ter saido estranha porque Liu sorriu e colocou seu capacete. Entendam, Liu me deixava nervosa porque, literalmente, ele era o garoto dos meus sonhos. Quando me virei novamente dei de cara com a porta. Tomara que ninguém tenha visto isso, pensei.

Entrei em casa e como sempre, nem minha mãe, nem meu pai estavam. Apenas minha babá Mika. Subi as escadas direto para meu quarto, não queria falar sobre o que tinha acontecido para ninguém. “LANNA!”, pensei notando que havia esquecido totalmente de ir visitá-la. Liguei na discagem rápida e ela logo atendeu.

-Nossa que amiga você é! Se eu com uma simples virose, você não me visita, quem dirá se eu estivesse a beira da morte.-disse Lanna!

-Desculpa, mas por favor não seja dramática. Se você soubesse pelo que passei nesse instante, ainda bem que o Liu...

-Pera ai! Liu? O garoto novo? O que aconteceu? Vocês estão ficando? Ai não amiga, eu vi ele primeiro. Se bem que como você tá na seca eu cedo ele pra você-disse ela sem nem ao menos respirar.

-O que? Não é isso sua maluca.-eu disse. Contei a ela o ocorrido. Obiviamente só contei a ela a parte que ele me salva, omiti o fato de que tenho sonhado com Liu toda minha vida sem nunca ter conhecido ele até agora.

-Ele o que?-ela disse- Que fofo! Que lindo! Eu quero! Você se importa amiga?

-Ele é todo seu-respondi rindo. Desliguei o telefone. Deitei em minha cama tentando convencer a mim mesma que o garoto do meu sonho não era Liu. Era racionalmente impossível mas algo me diz que Liu é muito mais do que aparenta.