Lá está meu pai, mas como poderia ser ele? Ele morreu durante os Dias Escuros, então percebo, estou sonhando. Estou em casa cuidando dos meus irmãos, minha melhor amiga, Andie Moose, está ajudando minha mãe a lavar a louça, pela janela vejo meu pai jogar suas redes no mar, e puxa-la de volta cheia de peixes, minha família é uma das mais ricas do distrito 4, pois meu pai trabalha vendendo os peixes de melhor qualidade,as pessoas dizem que ele tem um dom. Quando eu era menos pegava lanças com ele e atirava nos peixes, pode-se dizer que tenho uma habilidade com lanças.

As pessoas pensavam que por minha família ser rica éramos felizes todo o tempo, mas não era nada disso, nós nunca fomos muito felizes, podíamos ter um prato farto de comida todos os dias, mas não somos felizes. Eu tinha uma irmã mais velha, seu nome era Rebecca, mas ela morreu quando tinha oito anos, morreu afogada, pois seu urso de pelúcia havia caído no mar e ela pulou para busca-lo sem saber nadar. Eu tinha seis anos e vi na hora que ela pulou no mar em direção a morte, mas não disse nada a ninguém, fiquei olhando, só avisei quando já era tarde demais. Ainda me sinto mal por isso.

De repente meu pai joga a rede e busca um corpo, reconheço o corpo, era minha irmã. Então acordo, não tenho mais esperanças em dormir novamente, o pesadelo foi muito forte para mim, estou toda suada, olho para os lados e não vejo Carter. Ele deve ter ido embora enquanto eu dormia. Devagar me levanto e vou ao banheiro, jogo água no rosto e me olho no espelho.

-Você não deve matar ninguém Aminea Lust – digo a mim mesma. – Você sabe que não irá conseguir viver com sangue de outra pessoa nas mãos.

Encaro o espelho, meu rosto está pálido, como se eu fosse um fantasma, como se não existisse, isso era tudo que eu queria agora, não existir, e isso é tudo que queria agora, queria que minha irmã estivesse aqui, viva, e não eu.  Saio do quarto devagar, me segurando nas paredes, tentando não cair. Abro a porta do quarto de Carter, ele está acordado, sentando em sua cama com algo na mão.

Chego mais perto dele, sento ao seu lado, era um relicário, com uma foto minha e uma da família dele, eu o abraço. Ele sentia o mesmo que eu no momento, ele olha pra mim e me entrega o relicário.

-Toma . – ele diz. – você vai voltar pra casa e vai levar isso pra nunca me esquecer.

-Não, não vou viver sem você. Estamos juntos nessa. – Pego sua mão, ele olha dentro dos meus olhos, vemos o primeiro nascer do sol, atravessar a cortina, e junto a ele vem uma batida na porta, era Carmine e a moça da Capital.

- Levantem, jovens tributos, chegamos a esplendorosa Capital.