Olho novamente para o espelho, não sei como será lá, como será a arena? Esta é a primeira edição dos Jogos Vorazes, e parece que vão existir muitas mais. Não sei se vou aguentar muito naquele lugar.

Meu nome é Aminea Lust, sou do distrito 4, tenho 16 anos, e fui sorteada para ser tributo feminino do me distrito na primeira edição dos Jogos Vorazes. A colheita foi a mais ou menos uma hora, o tributo masculino do meu distrito é Carter Silver, um garoto de 17 anos, não sei bem, mas acho que ele tem boa mira, minha mãe era amiga da dele. Meu pai morreu lutando por liberdade durante os Dias Escuros, foi morto por um Pacificador, cujo nome não me lembro.

Tenho 2 irmãos menores, gêmeos, Felipe e Henrique, eles tem 5 anos, espero poder voltar para vê-los novamente. Estou deitada na cama do trem que me levará a Capital, de repente escuto uma batida na porta, e devagar Carter entra no meu quarto provisório. Olho em seus olhos azuis, ele deve ter chorado, seus cabelos loiros estão meio desorganizados.

-Então, Ami, como você acha que vai ser quando chegarmos lá? – ele me pergunta.

-Sinceramente? – não consigo parar de olhar em seus olhos, que coisa. - Não sei Carter. – Ele passa a mão em meu pescoço, abaixo os olhos e encaro meu pé. Ele suavemente põe o dedo em meu queixo e levanta meu rosto, estou olhando dentro dos seus olhos e ele nos meus. Então alguém abre a porta do quarto.

-Desculpe interromper vocês. – Aquela mulher enfeitada da Capital disse, e então começa a falar que devemos nos esforçar para ganhar patrocinadores, que temos que nos orgulhar de estar representando nosso distrito na primeira edição dos jogos. Enquanto ela fala olho para sua pele, tingida de turquesa, sério? O que essas pessoas da Capital têm na cabeça? Ela usava uma peruca loira, e um vestido branco com detalhes avermelhados. – Quando chegarmos na Capital, vocês serão enviados para sua equipe de preparação para deixar vocês incríveis para o desfile. – A voz daquela mulher me enojava, era uma voz fina e alegre, como se achasse alguma graça em nos levar a caminho da morte certa.

-Ok, já entendi, será que posso ir dormir agora? – Eu disse irritada, não aguentava mais aquela mulher.

- Ai, que garota estressada. – E assim ela sai do quarto me deixando sozinha com Carter. Ele olha pra mim, encaro novamente aqueles olhos, lembrete mental: esqueça aqueles olhos.

- Boa noite Ami. – E ele também sai.

Tenho dificuldade pra dormir, lembro da minha família, lembro da tristeza de minha mãe quando anunciaram meu nome na colheita.

- Promete voltar viva pra mim, pequena sereia? – Nunca vou esquecer essas palavras, a última coisa que ouvi da minha mãe.

- Vou tentar mãe. – Abraço Felipe enquanto ele chora, provavelmente sem saber o que estava acontecendo, olhei para Henrique no outro canto daquela salinha, brincando com os pés. – Vem aqui, peixinho. – Ele anda devagar até onde eu estava e me diz três palavras antes de ir embora:

- Eu te amo.