Mochileiros Em Misericórdia escrita por Ghefrentte


Capítulo 7
Capítulo 7 - Todo começo é um novo fim.


Notas iniciais do capítulo

No último capítulo, um velho conhecido retorna para assombrar Ghe...



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- Não sabia que havia sobrevivido à explosão da nave da LaddoWare. – Falei.

- E não sobrevivi. – Falou GHE 9000. – Todos aqui estão mortos. Versões alternativas de você, o Ghe original, que, de algum modo, vieram à perecer. Eu, o Ghe Reverso...

- Entendo. – Cortei. – Sabe, ainda dá tempo de se redimir.

- Não tenho do que me redimir. Como eu já disse, tudo o que eu fiz, fiz sem escolha. Em nome da paz e sanidade. – Disse ele.

- Como assim? – Perguntei.

- Vim de um futuro alternativo que você nunca desejaria conhecer. – Murmurou o GHE 9000, triste. – Uma guerra aconteceu, Ghe. Pinguins morreram. Eu estava em minha última regeneração. A única coisa que consegui fazer para prolongar minha vida foi apelar para ciência e tecnologia.

- Você tentou destruir planetas. – Sibilei.

- Consegui contato com ELES, Ghe. Os Senhores do Tempo, de Gallifrey. Eles precisavam de um espaço vago para fazer Gallifrey ressurgir. – Explicou minha versão robótica do futuro.

- E as milhares de vidas que seriam perdidas?! Sabe de uma coisa? Os Senhores do Tempo eram porcos e egoístas, e fico triste em saber que um futuro alternativo meu se tornou como eles. O Doutor foi um dos poucos Senhores do Tempo altruístas que conheci em centenas de anos, e percebi que esse era o caminho certo, então o acompanhei. Se esse é um dos meus possíveis futuros, eu preferiria morrer. – Admiti.

- Eu também pensava assim. – Suspirou GHE 9000. – Sou você, lembra?! Mas coisas aconteceram, Ghe. Coisas que você nunca acreditaria. Nesse tempo de exílio que tive com suas outras versões alternativas dentro de sua mente, tive tempo para refletir, e conclui que me odeio pelo que fiz. Não desejaria esse futuro para você de jeito nenhum. Mas não há mais como voltar, e infelizmente não tenho como me redimir. – Disse ele.

Então percebi que o Doutor estava freneticamente apontando sua chave de fenda sônica para o “céu” de meu cérebro, em busca de sinal.

- Pessoal... acho que é melhor vocês me darem uma ajuda aqui, pois... acho que estamos presos dentro da mente do Ghe. – Disse o Doutor.

- O que? Presos?! – Perguntou Dente Doce. – Mas eu nem conheço vocês direito!

- Todas as versões alternativas suas que morrem vem pra cá, Ghe. – Disse GHE 9000. – E, bem, você é uma versão sua e acabou vindo  pra cá... Isso quer dizer...

- EU MORRI?! – Falei, incrédulo.

- Claro que não! – Disse o Doutor. – Como eu disse, uma rachadura tempo-espacial no seu crânio abriu quando eu retirei a peça do motor. Além do que, o que mais explicaria o fato de eu e os outros, que não somos versões do Ghe, estarmos aqui? – Disse o Doutor.

- Realmente... – Raciocinou o GHE 9000. – E, diferente de mim e das outras versões alternativas, vocês podem sair daqui.

- Como? – Perguntou Rodrigo.

- Oh, eu poderia contar, não é mesmo? Mas antes, desafio minha cara contraparte, Ghe, para uma partida de xadrez.

- Isso é realmente necessário? – Murmurei.

- Oh, sim. Estou revoltado com os resultados de nossa última partida, que aliás, resultou em minha morte. E quero revanche. – Respondeu minha contraparte futurística alternativa.

- Ok, mas... não estou vendo nenhum tabuleiro ou peças por aqui. – Comentei.

- Dou um jeito nisso. Estenda sua nadadeira, por favor. – Disse ele.

Ainda desconfiado, estendi-a.

Ele apertou minha nadadeira, e, de seu olho robótico, saíram pequenos robozinhos que percorreram o caminho pela minha nadadeira até chegarem à minha cabeça e entrarem dentro do meu cérebro.

Quando vi, eu estava numa grande sala escura com quatro pontos iluminados. Em um deles, estava eu. No segundo, o GHE 9000. No terceiro, uma pequena mesa redonda entre nós, com um tabuleiro de xadrez com peças arrumadas. Eu um quarto ponto, estava uma versão minha que parecia ser uma mistura minha com o GHE 9000. O GHE 9000 tinha um olho mecânico vermelho, barba à fazer e utilizava um terno azul. Já essa versão nova se parecia exatamente comigo, porém com o olho mecânico de GHE 9000. Porém, em GHE 9000, o olho era como um tapa-olho mecânico. Nessa nova versão, era como se o olho estivesse literalmente nascendo da órbita, e a área que rodeava essa órbita era ligeiramente metálica.

- Quem é você? – Perguntei para a versão nova.

- Sou você por fora, nesse exato momento. – Disse o Novo Eu.

- Como assim por fora? – Perguntei.

- Quando apertei sua nadadeira, inseri em você nanorobôs que integraram tanto eu quanto você dentro de seu cérebro. – Explicou o GHE 9000.

- Quem ganhar essa partida de xadrez ficará em posse do seu corpo. Por isso sou você, mas com um pequeno pedaço do GHE 9000. – Explicou o novo eu.

- Mas por que quer meu corpo?! – Perguntei.

- Para poder escapar daqui, oras! – Ralhou o GHE 9000. – Você pode escapar daqui, eu não.

- Faz sentido. – Concordei. – Então estamos dentro do meu cérbero, dentro do meu cérebro?!

- Sim. – Disse o GHE 9000.

- Precisamos ir mais fundo... – Disse o novo eu.

- Perdão, mas... como eu deveria te chamar? – Perguntei ao “Novo eu”.

- Que tal “Sr. Esperto”? – Sugeriu o novo eu.

- Por que “Sr. Esperto”? – Perguntei.

- Sou esperto. Isso realmente importa agora? – Perguntou o Sr. Esperto.

- Ok, vamos começar logo essa partida. – Disse GHE 9000.

Comecei a partida, movendo em duas casas o peão em frente ao rei.

Ele moveu em duas casas o peão que ficava em frente ao bispo que estava ao lado da rainha.

Movi em 3 casas para a esquerda o bispo que estava do lado do rei, fazendo-o ficar de frente com o peão que GHE 9000 tinha movido.

Ele moveu o cavalo, fazendo-o ficar exatamente atrás do peão que o mesmo havia movido em sua jogada anterior.

Movi minha rainha quatro casas para a diagonal direita.

Ele moveu o peão que já estivera em frente ao cavalo que havia se movido, em uma casa para frente.

Com a rainha, comi o peão que ficava em frente ao seu bispo.

- Xeque mate. – Proclamei.

GHE 9000 olhou para o tabuleiro, incrédulo.

- Mas... mas... – gaguejou GHE 9000.

- Venci. – Falei, sorrindo. – Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

- Como me venceu tão rápido?! – Perguntou GHE 9000.

- Sou o mestre do xadrez, cara contraparte futurística. Sempre fui e sempre serei. Agora saia da minha mente e deixe-me ir. – Clamei.

- Você ainda não aprendeu uma coisa, Ghe? – Perguntou o ‘9000.

- O que? – Perguntei.

- Nunca confie nos vilões. – Respondeu ele, com um sorriso maligno.

Acordei deitado no chão, ao lado do Doutor, Moe, Azul, Justin, Rodrigo, Clock e Dente Doce.

- GHE, VEJA ISSO! – Disse Clock, apontando para um lago.

Fui até lá e vi meu reflexo. Eu estava como o “Sr. Esperto” – Metade do meu rosto sendo tomado por nanorobôs de GHE 9000, que só iam tomando cada vez mais o meu rosto.

- Droga! Como me livro disso?! – Perguntei, desesperado.

- Já passei por uma situação parecida! – Disse o Doutor, tirando a Chave de Fenda sônica do bolso e apontando-a para meu rosto. – Mas a entidade que tinha jogado xadrez comigo dentro da minha mente havia cedido após perder! Pelo menos os cybermites eram honestos, diferentes do GHE 9000...

- Acho que só há uma saída... – Lamentei.

- Não está pensando em... – Deduziu o Doutor.

- Sim. – Admiti, triste.

- Mas será que ainda tem algumas? Lembre-se, essa era sua última... – Disse o Doutor, desesperado.

- Tenho que tentar. – Falei, soturno. – Alguém ai tem um facão? – Perguntei.

Dente Doce, inesperadamente, sacou uma machete do bolso.

- Isso serve? – Perguntou ele?

- Como uma luva. – Falei, segurando a machete com firmeza. – Eles já passam do meu rosto? – Perguntei.

- Não. – Respondeu o Doutor.

- Então ainda dá tempo. – Suspirei.

Olhei para o lago, vislumbrando a área do meu rosto tomada pelos nanorobôs. Era quase tudo.

 Com a machete, arranquei a pele de meu rosto fora, junto com os nanorobôs. Pelo lago, conseguia ver meu rosto em carne viva.

Meus amigos, a minha volta, gritaram de horror.

- Oh, como isso dói, - Praguejei. – Pelo menos, estou livre deles.

Subitamente, GHE 9000 apareceu ao meu lado, queimando e gritando de dor.

- NÃÃÃÃO... – Praguejava ele. – CONCENTREI TODA A MINHA FORÇA VITAL NESSES NANOROBÔS, MAS ELES PRECISAM DE UM HOSPEDEIRO! ACHO QUE VOU MORRER... DE NOVO!

- Você já morreu, GHE 9000. – Falei, soturno, meu rosto em carne viva doendo como nunca. – Mas agora será banido até da terra dos mortos.

Com um clarão, GHE 9000 desapareceu, deixando apenas suas roupas (um terno azul de bom corte e um chapéu similar ao meu) jazindo no chão.

- AI! – Gritei. A dor da carne viva já se espalhava por todo meu corpo.

- Ghe... está infeccionando. Ainda sente os nanorobôs? – Perguntou o Doutor.

- Acho que sim... – Murmurei, com o corpo doído.

- Ghe... sinto-lhe informar. Os nanorobôs provavelmente penetraram em duas áreas do seu corpo... o rosto e o coração. E você só conseguiu livrar-se de uma área.

- AWW! – Gritei, caindo de dor. Peguei a machete e cravei no meu peito. – SSSSSS! – Mordi minha língua para não praguejar algo pior.

Retirei a machete, sangrenta, do peito.

- Consegui me livrar deles, eu acho. Mas agora é muito tarde para mim... – Falei.

Olhei para minha nadadeira. Uma luz amarela, algo como uma fumaça que saia de meu corpo, já começava a rodea-la.

- Chegou a hora. – Falei, tentando-me levantar. – AI! – Gritei, caindo de novo. Estava deitado. Não conseguia me levantar. A luz-fumaça amarela já dançava por diversos pontos do meu corpo agora. Estava chegando, era inevitável. Eu precisava me regenerar.

Meus amigos me rodeavam, preocupados.

- Ghe? – Perguntou Clock.

- Ghe?! – Chamou Rodrigo.

- Ghe?! – Disse Justin.

- Ghe?! – Falou Cobra.

- Seu nome é Ghe, né? – Perguntou Dente Doce.

- Ghe? – Chamava Moe, pela primeira vez não parecendo mal-humorado, mas sim preocupado.

- Ghe?! – Chamava Azul.

- GHE?! – Gritava Azul.

Todas aquelas vozes dançavam em minha mente.

- Esse é o fim... – Murmurei. – Mas o momento havia sido preparado.

- Ei! – Disse o Doutor. – Isso me soa muito familiar...

De repente, meu corpo irrompeu em uma carga de luzes amareladas, fazendo meu chapéu e minhas botas voarem para longe, e meu corpo se regenerou. É sempre difícil descrever a regeneração de um Senhor do Tempo. É algo triste, mas, ao mesmo tempo, muito bonito. Eu achava que estava em minha última regeneração. E se fosse, eu teria morrido ali mesmo. Mas parece que o destino havia resolvido me dar outra chance, afinal.

A luz foi se dissipando, até que meu corpo já havia sido 100% regenerado.

Levantei calmamente, ainda assustado com o que havia acontecido

Olhei para baixo para ver se estava tudo ok.

- Patas! – Disse, olhando para minhas recém-regeneradas patas de pinguim. – Eu ainda tenho patas! – Me inclinei para beijar uma – Bom.

Comecei a checar as outras partes do corpo para ver se as características pinguinianas ainda estavam lá presentes.

- Braços, nadadeiras, sim. Ouvidos, olhos... dois. Bico? É, já tive piores. Excelente. – Falei, feliz em saber que estava tudo lá.

Toquei minha cabeça e percebi um volume não presente lá anteriormente.

- Cabelo? – Perguntei, surpreso. Afaguei um pouco para confirmar e percebi que ele era um pouco longo demais. – Eu sou uma garota?!

Todos me olharam de modo meio estranho, e fizeram um “não” com a cabeça.

- Não... eu não sou uma garota. – Afirmei após a constatação de meus amigos.

Estiquei alguns fios de cabelo para a frente de meus olhos para checar a cor. Eram longos e... cinzentos. Como os de Beethoven.

- Ainda não sou ruivo! – Lamentei.

- Nós, senhores do tempo, temos uma sorte terrível com cor de cabelo. – Afirmou o Doutor. – Nunca ruivos.

Olhei para o lago para ver meu reflexo. A regeneração não havia mudado muita coisa de meu corpo anterior. Eu continuava azul, e ainda possuía o mesmo tamanho, as mesmas características, o mesmo rosto e as mesmas marcas no corpo. A única coisa que mudara é que agora eu tinha um longo cabelo cinzento.

Dei meia volta e fui andar de volta para meus amigos, quando pisei no pedaço de rosto que eu havia retirado.

- Botas. Eu preciso achar minhas botas. – Lembrei.

Foi então que percebi que o pedaço de rosto arrancado também estava se regenerando. A luz fumaçada amarela começava à rodea-lo. Afastei-me do pedaço de rosto e solicitei que meus amigos fizessem o mesmo.

Feixes de luz amarela irromperam do pedaço de rosto. Quando a regeneração terminou, não havia mais um pedaço de meu rosto anterior, e sim um Ghe novinho e folha.

- Mas o que é isso? – Perguntou Rodrigo, chocado.

- Um Ghe Meta-Crisis. – Respondeu o Doutor.

- Exatamente. – Respondeu o “Ghe Meta-Crisis”. Sou um clone perfeito do Ghe, feito à partir de uma parte arrancada do corpo dele. Compartilhamos dos mesmos sentimentos e memórias, porém... eu não posso me regenerar.

- Isso é triste. – Falei, solidário.

- De fato. – Respondeu o Ghe Meta-Crisis. – Mas não fique triste por mim. Já que estou dentro da sua mente, sou imortal. E aqui, posso levar uma boa vida convivendo com outras versões suas. Mas... estou nu. Preciso de roupas.

Então, caminhou até as roupas de GHE 9000 que jaziam no chão. Não vestiu o terno inteiro – Apenas o paletó do mesmo e o chapéu, que era uma característica minha e de todas as minhas versões.

- Oh, é mesmo! – Lembrei. – Além das botas, preciso pegar meu chapéu.

Recolhi as botas no chão, e, após calça-las, peguei meu chapéu e pus o mesmo sobre minha cabeça e minha nova cabeleira.

- E agora, como sairemos daqui? – Perguntei.

- Enquanto você estava dentro de sua mente jogando xadrez com o GHE 9000, consegui criar um buraco de minhoca com minha chave de fenda sônica. Se tudo der certo, conseguiremos sair daqui.

Todos já haviam passado pela saliência no ar que representava o buraco de minhoca. Eu seria o último a passar, pois pedi alguns minutos a mais ali para me despedir do Ghe Meta-Crisis.

- Adeus, caro Ghe. – Falei para o Meta-Crisis.

- Adeus. – Disse o mesmo.

Quando eu já havia dado meia volta para entrar num buraco de minhoca, uma voz alertou-me:

- Ghe! Espere!

Virei-me e vi que agora, ao lado do Ghe Meta-Crisis, estava uma nova versão minha. Era um Ghe comum, porém com metade do rosto tomado por nanorobôs. O Sr. Esperto.

- Mesmo sendo a que viveu por menos tempo, ainda sou uma versão alternativa sua. – Disse o Sr. Esperto. – Como o GHE 9000 morreu, essa parte robótica não significa nada, e, bom, de acordo com as entrelinhas, sou “do bem”.

- Isso é muito bom, Sr. Esperto. – Falei, sorrindo. – É bacana ver que as coisas ficarão em ordem por aqui.

- Realmente, Ghe. Agora adeus. Seus amigos estão esperando. – Despediu-se o Sr. Esperto.

- Adeus. – Falei, sorrindo, e entrei no buraco de minhoca, torcendo que me leva-se para o caminho certo. Porém, diferente de minhas experiências anteriores com buracos de minhoca, eu não entrei em uma ponta e sai por outra. Após eu ter percorrido cerca de metade do caminho, apaguei,  e acordei deitado numa velha maca no porão da mansão, (que já fora de Robotnik, mas, como já disse anteriormente, pararei de chama-la assim) rodeado por meus amigos.

- Conseguimos. – Disse o Doutor, sorridente.

- Sinto pena por não poder mais conversar com minha versão Meta-Crisis. Ele parecia tão gente boa.

- Também tenho uma versão Meta-Crisis, Ghe. – Disse o Doutor. – Só a vi uma vez, mas sei que está em um bom lugar.

Levantei-me da maca e vislumbrei a caixa de ferramentas médicas ao lado da mesma.

- Doutor, sei que é uma pergunta estranha, mas... por acaso tem um barbeador nessa caixa? – Perguntei.

O Doutor vasculhou, e, para minha surpresa, tirou de lá um barbeador elétrico.

- Aqui está. Mas... por que? – Perguntou ele.

- Esse cabelo pinica. – Falei, tirando o chapéu e ligando o barbeador e raspando-o. Após terminar, eu estava exatamente igual eu fora antes de minha regeneração. – Pronto! Bem melhor.

- É uma pena, Ghe. Você ficava bem de cabelo grande. – Disse Azul, irônico, com uma risadinha.

- Ah, vá pentear o Raxacoricofallapatoriano. – Praguejei.

Quando vi, para a minha surpresa e a do Doutor, Dente Doce estava entrando na TARDIS, que, como havia parado de funcionar, estava juntando poeira no porão desde que havíamos chegado em Misericórdia.

- Fascinante! – Gritava ele. – É maior por dentro!

- Sim, ela é. E viaja pelo tempo e espaço. Mas infelizmente enguiçou quando chegamos aqui. – Disse o Doutor, triste.

- Posso dar uma olhada? – Perguntou Dente Doce.

-  O que? – Disse o Doutor, pego de surpresa.

- Sou mecânico. – Falou Dente Doce. – O melhor dessas bandar. Se é um veículo, posso concertar.

- Boa sorte. – Disse o Doutor, irônico, indicando a parte do motor enguiçada para Dente Doce. – Se eu não consigo, ninguém cons...

- Ah, isso? É fácil. – Disse Dente Doce.

- Ow, ow, ow, vai com calma aí! – Falou o Doutor, apressado. - Isso não é só uma máquina, está viva! Ela tem sentimentos e...

- Nossa, quanta sujeira. A quanto tempo você não limpa esse motor? – Perguntou Dente Doce.

O Doutor ficou quieto por 10 segundos.

- Uns 50 anos. – Admitiu o Doutor, envergonhado.

- Não me admira que tenha parado de funcionar. Aqui tem tanta poeira que dava pra fazer um planeta! Preciso de desinfetante, uma pinça, uma flanela, óleo de motor e Jelly Babies. – Disse Dente Doce.

- Por que os Jelly Babies? – Perguntou o Doutor.

- São os melhores doces que tem! – Justificou Dente Doce.

- E são mesmo. – Disse o Doutor, tirando uma embalagem de papel cheia de Jelly Babies do bolso e oferecendo à Dente Doce.

Após ter todo o material solicitado, Dente Doce conseguiu limpar e consertar o motor da TARDIS.

- Você é fantástico! Absolutamente fantástico! – Agradeceu o Doutor. – Como posso lhe pagar?

- Deixe essa embalagem de Jelly Babies comigo, que já é o suficiente. – Disse Dente Doce.

Triste, o Doutor cedeu seus Jelly Babies à Dente Doce.

- Vamos, pessoal! – Disse ele, entrando e ligando os motores. – Já passamos tempo demais nessa cidade, estou ficando enferrujado! Quero sair daqui, ver o espaço e tempo de novo!

- Tudo bem, Doutor. Vocês vão, mas eu fico. – Disse, inesperadamente, Justin.

- Justin? – Perguntamos todos juntos, estranhando.

- Por que? – Perguntou Rodrigo.

- Sabe, não fui muito participativo em nossas últimas aventuras, mas me afeiçoei muito à essa cidade. Sinto-me no dever de honrar nosso grupo e protege-la.

- Sabe de uma coisa? Estou contigo. Eu também fico. – Disse Cobra.

- Tem certeza? – Perguntei.

- Absoluta. – Afirmaram, juntos Justin e Cobra.

- Então é isso. Alguém mais? – Perguntou o Doutor.

Eu, Moe, Rodrigo e Clock e Azul permanecemos quietos e entramos na TARDIS.

- Então é isso. Cobra, Justin e Dente Doce... até mais. – Despediu-se o Doutor.

- Até mais. – Disseram eles.

O Doutor fechou as portas da TARDIS e foi mexendo nos botões e alavancas.

- Enfim... aonde estamos indo? – Perguntou Azul.

- Sabe que eu não sei? Vamos deixar a TARDIS nos levar. ALLONS-Y! – Disse, e puxou uma alavanca que fez o ambiente balançar.

E assim saímos sem rumo definido, vagando freneticamente pelo espaço-tempo.

FIM.


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Notas finais do capítulo

É isso mesmo, pessoal. A fanfic acabou, espero que tenham gostado. Não tenho projetos para uma próxima, por enquanto, mas tudo pode acontecer, não é mesmo?

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Referências usadas no texto:
— A partida de xadrez no cérebro, a menção do Doutor aos "Cybermites" e o "Sr. Esperto" são referências à "Nightmare in Silver", um episódio de Doctor Who.

— As últimas palavras de Ghe antes de se regenerar são referência às últimas palavras do 4º Doutor, (Por isso o Doutor disse que isso era familiar) e suas primeiras palavras pós-regeneração, baseadas nas primeiras do 11º Doutor.

— O Ghe Meta-Crisis é baseado na versão Meta-Crisis do 10º Doutor.