Mochileiros Em Misericórdia escrita por Ghefrentte


Capítulo 1
Capítulo 1 - Todo fim é um novo começo.


Notas iniciais do capítulo

O Club Penguin é um jogo de propriedades da Walt Disney Company e da Disney Studios. Não sou afiliado de qualquer maneira a Disney ou ao verdadeiro Club Penguin, essa história e todos os seus personagens são ficcionais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/348048/chapter/1

Olá, pessoas. Ghe aqui. Se está lendo isso, sabe dos severos acontecimentos no final de A Sociedade de Investigação dos Pinguins.

Foi uma longa noite dormindo na TARDIS. Quando finalmente acordamos, saímos ao amanhecer, e procuramos outro local para morarmos – não podíamos continuar na TARDIS para sempre. Ainda mais agora que ela havia enguiçado.

- Vamos precisar de um lugar grande. – Disse Rodrigo.

- Porque? – Perguntou o Doutor, arrastando a TARDIS e todo o seu peso.

- Gosto de lugares grandes. – Explicou Rodrigo.

Ficamos horas procurando um bom lugar, mas todas as hospedarias de Misericórdia eram espeluncas de segunda mão. Finalmente, afastada da cidade, achamos uma velha e enorme mansão abandonada.

- Deve servir. – Comentei.

A mansão era toda feita de madeira. Tinha uma estrutura ligeiramente envelhecida, mas não fraca. A pintura vinho descascava em algumas partes.

- Não parece muito boa por fora, mas acho que dá pra ficar, por enquanto. – Disse Moe.

- Você só sabe reclamar. Sabe de alguma moradia melhor? – Perguntei.

- Que tal aquela sombra de baixo do viaduto que passamos meia hora atrás? – Perguntou Moe, ironicamente.

Ignorando os comentários de Moe, entramos na casa. Por dentro, era muito mais luxuosa que por fora. Diversos papéis de parede luxuosos cobriam cada parede do imenso salão de entrada, e o chão era acarpetado. Dois lances de escada levavam à um piso superior, que levava à diversos corredores. Alguns sofás e mesinhas ficavam no centro da sala, e, perto deles, prateleiras com diversos livros. No teto, um lustre de primeira, que, apesar das teias de aranha, parecia muito chique. Aliás, toda a sala estava empoeirada e com teias de aranha, devido ao muito tempo de abandono. Na parede que dava de cara com a porta, um enorme quadro com a pintura de um pinguim conhecido.

- Não... não pode ser ele! – Disse o Doutor.

- Dr. Ivo Robotnik! – Praguejou Justin.

- Ele está um pouco diferente nessa pintura... – Comentou Azul. – Seu bigode está mais bem-cuidado, e ele está vestindo roupas de linho e uma cartola. Será que ele sobreviveu? Não é possível! Nós vimos ele ser sugado pelo vórtex do tempo!

- Deve ser uma contraparte paralela dele. – Deduzi.

- De fato. – Concordou o Doutor.

- Então estamos na casa do Robotnik? – Perguntou Moe.

- Ah, ele não deve morar aqui faz tempo. – Disse Rodrigo. – Parece que foi abandonada faz uns anos.

- Então não tem problema de morarmos aqui? – Perguntou Justin.

- Creio que não. Fica fora da cidade, e ninguém deve vir aqui. Após uma limpeza, isso ficará ótimo. – Comentou o Doutor.

- Cara, essa mansão é imensa. – Falei. – Como vamos conhecer tudo?

- Vamos nos separar e ir cada grupo para um lado. – Disse Rodrigo. – Eu vou com Justin e Azul e você vai com o Doutor e Moe, ok?

- Justo. – Respondi.

Junto com Moe e o Doutor, explorei a fundo o canto direito da casa. Diversos quartos, salas e cozinhas habitavam a casa, moribundos e empoeirados.

- Achei uma espécie de alçapão... – Anunciei, enquanto terminávamos de vasculhar o piso térreo.

Abri com a ajuda de um pé de cabra que tinha ali perto. O alçapão dava pra uma espécie de escadaria, que desembocava num porão. Porém não era um porão convencional. Nele estavam diversos computadores e uma cápsula aberta. Do lado dessa, haviam outras cinco cápsulas, porém, diferente da anterior, essas estavam cheias de água e o que parecia ser formol. Em quatro delas, haviam o que pareciam ser clones do Dr. Ivo Robotnik, porém, dormindo. A última estava vazia, como se um último clone teria sido feito, mas a ideia foi desprezada.

- Wow... – Sussurrou Moe.

- O Dr. Robotnik se clonava? Ok, isso é estranho. – Disse o Doutor, observando a cápsula. – Não sabemos o porque, mas, por sorte, esses clones estão presos aqui em baixo.

- Doutor... sabe no que estou pensando? – Perguntei.

Ele olhou para os clones de Robotnik.

- Oh, você não está...

- Yep. – Afirmei. – Será que se eu me clonar, o clone copia a habilidade regenerativa?

- Creio que não. Já me clonei uma vez, e ele não pode se regenerar. – Afirmou o Doutor.

- Hm, não custa tentar. – Afirmei, entrando na cápsula que não continha água. – Veja como se controla essa coisa!

O Doutor fechou a porta da cápsula e fiquei no escuro total. Estava apertado lá dentro.  Do lado de fora, pude ouvir uns barulhos,  o que pareceu ser o som de um teclado, e, por fim, de um compartimento lá dentro, saiu uma pequena seringa, que tirou meu sangue e voltou pra dentro de seu compartimento.

- Ai! – Sussurrei.

Um scanner desceu de outro compartimento e analisou meus olhos antes de se recolher. Depois disso, um líquido começou a encher a cápsula, e eu adormeci. Acordei com o som de uma sirene, e a cabine já estava seca. A porta dela foi aberta pelo Doutor, que me ajudou a sair. Na capsula anteriormente vazia do lado dos clones de Robotnik, agora nascia um pequenino feto de um pinguim azul. O feto foi crescendo e envelhecendo, até ficar, finalmente, na forma de um pinguim adulto, na faixa dos 30 anos, com cabelo e barba castanhos.

- Caramba... – Comentou Moe.

- Bom, parece que você tem um clone agora, Ghe. – Confirmou o Doutor. – Que nome ele deve receber?

- Que tal David? – Sugeri.

- David? – Disse o Doutor. – Em homenagem ao falecido...

- Exato. Nosso amigo de Gallifrey, que morreu em batalha. Claro que seu nome verdadeiro não era esse, mas ele curtia esse apelido. – Falei.

Desplugamos o tubo que ligava a cápsula a um reservatório de água e ele esvaziou. O vidro começou a rachar e por fim quebrou-se, fazendo o clone e uns restos de água e formol caírem no chão.

- Hrm... quem são vocês? – Perguntou “David”.

- Já sabe falar? – Perguntei.

- Dá pra adicionar intelecto baseado em quem ele foi clonado. – Explicou o Doutor.

- Então ele sabe de muita coisa... – Murmurei.

- Hã? Que papo é esse de clonado? – Perguntou David.

- Hm... olá. Você tem uma vasta memória, apesar de não saber de onde ela é, não é mesmo? – Perguntei.

- Realmente. – Afirmou David.

- Sabe sobe clonagem? – Perguntei.

- Afirmativo. – Disse David, coçando a barba.

- Você é um clone de mim. Sou Ghe, esse é o Doutor, e meu puffle Moe. – Expliquei.

- Hm, isso é estranho. – Murmurou David, olhando para si mesmo. – Devo colocar uma roupa?

- Seria bom. – Afirmou Rodrigo, que, junto com Justin e Azul, chegava descendo do porão, empurrando a TARDIS com eles.

- Procuramos vocês pela casa inteira. Pelo visto, já sabemos porque demoraram. – Disse Azul.

Então, entramos na TARDIS.

- Terceiro corredor, à esquerda. Acho que tem umas roupas sobrando lá. – Comentou o Doutor.

- Obrigado. – Disse David, indo na direção indicada. Alguns minutos depois, voltou, com uma roupa cinza e uma faixa cinza escura amarrada na cabeça.

- O que acham? – Perguntou.

- Bom. – Dissemos.

- Apresentável. – Sussurrou Moe.

- Temos de descobrir mais sobre o Dr. Robotnik e esses clones. Vamos ver se achamos uma informação na cidade. – Sugeriu Azul.

Saímos da mansão e fomos até a cidade. O casarão ficava um pouco distante, então tiveram que andar um pouco.

- Com licença, senhor. – Perguntei à um caubói que estava andando pelas ruas desérticas de Misericórdia. – Sabe sobre um homem chamado Robotnik?

- O Conde Gerald Robotnik? Claro, oras! Não moro na lua, sabia? – Respondeu ele. – O cara é o homem mais rico da cidade. Mais até que nosso fundador e prefeito, o Gariwald VIII.

- Gariwald ainda está vivo? – Perguntou Rodrigo. – Achei que ele fosse tataravô do Gary e talz...

- Realidades paralelas, acostume-se com isso. – Sussurrou o Doutor.

- Onde podemos encontrar o... Conde Robotnik? – Perguntei.

- Ora, ele tá lá no Saloon, jogando. Geralmente sempre ganha as apostas, ficando ainda mais rico. O Saloon é logo ali. – Disse o caubói, apontando para um grande salão de madeira no final da rua.

- Obrigado, meu bom homem. – Agradeci, e seguimos até o Saloon.

Quando entramos, não havia jogo nenhum, muito pelo contrário. Um pinguim, que parecia ser um velho e malandro caubói, estava encurralado num canto do Saloon, com um saco de dinheiro numa nadadeira e uma pistola, aparentemente descarregada, na outra. Estava com medo. Entre os cidadãos que o encurralavam, o que parecia estar “liderando” era um pinguim que parecia ser um juiz, que dizia:

- James Edwards Kenway! Esse já é o seu 200º crime!

- Perdão, senhor... estou afundado em dívids. Preciso de dinheiro, ou vou apodrecer na cadeia! – Justificou o chamado James.

- E é lá que devia estar. – Rogou o pinguim juiz, cuspindo na cara do pinguim criminoso. – Mas você merece um destino muito pior. – E sacou um canivete. A maioria dos outros à sua volta fizeram o mesmo. – Você está sentenciado à morte lenta e dolorosa, de ser apunhalado e desfigurado até a morte! Alguma última palavra? – Perguntou o juiz, se aproximando.

- Não pode aliviar minha pena? – Debochou James, desperdiçando suas últimas palavras com ironia.

O juiz e os outros pinguins se juntaram em cima de James, com canivetes e adagas em mãos. Não deu pra ver direito o que estava acontecendo, mas pude ver pedaços de pele, bico e sangue voando entre a multidão. Quando o grupo se dissipou e voltou a beber, jogar e conversar, como se nada tivesse acontecido, pudemos ver o corpo horrivelmente desfigurado.

O Conde Gerald Robotnik, ex-Dr. Ivo Robotnik, saiu das sombras, e, furtivamente, arrastou o corpo até a saída do Saloon.

- Melhor seguirmos ele. – Sugeriu Justin.

E foi o que fizemos. Vimos Robotnik entrando com o corpo numa carruagem e gritando para o cocheiro, que, mexendo nas rédeas dos cavalos, acelerou a velocidade.

Eu, Rodrigo, o Doutor, Justin, David e Moe tivemos que correr bastante para não perder a carruagem.

Ela parou em frente à uma pequena cabine malfeita de madeira, que parecia ser um banheiro. Robotnik desceu dela, arrastando o corpo, e então entrando e sumindo na cabine.

- Pelo menos, não acho ser uma TARDIS. – Murmurou o Doutor.

- Vamos entrar. – Sugeri.

- Calma aí! Melhor esperarmos alguns segundos. Se entrarmos agora, ele pode ver que está sendo seguido, seus burros. – Reclamou Moe.

Esperaram cerca de um minuto.

- Agora vamos! – Disse Azul.

Silenciosamente, Rodrigo abriu a porta da cabine. Dentro dela, um buraco no chão, que descia numa escadaria que, vendo dali, parecia infinita.

O Doutor desceu na frente, com sua chave de fenda sônica empunhada. Nós o seguimos. A escadaria terminava numa porta. Abrindo silenciosamente uma frestinha, o suficiente para todos espiarmos, observamos em silêncio.

O corpo do tal James estava deitado numa maca, e Robotnik estava esfregando um desfibrilador.

- Tomara que ainda dê tempo... – murmurou Robotnik.

- Desfibriladores no velho oeste? – Sussurrou Justin.

- Novo oeste. – Corrigiu o Doutor. – Aqui era o mundo moderno, como o que vocês vivam, mas o sol se expandiu e tudo ficou desértico, então assumiram o clima retrô do Velho Oeste. Mas eles ainda tem tecnologia.

Após esfregar bastante o desfibrilador, Robotnik o colocou as duas partes, uma de cada lado da cabeça do corpo de John, que, com um pulo, voltou à vida. Assim que a vida retornou ao cadáver do pistoleiro desfigurado, o Conde Gerald pôs uma máscara em seu bico, máscara essa conectada a um tubo, conectado ao que parecia ser um aparelho para ajudar na respiração.

- C-conde Robotnik? – Perguntou James.

- Eu mesmo. – Afirmou o dito-cujo. – Não foi fácil, mas consegui impedir sua morte. Ainda bem que fui rápido. Mais alguns minutos, e acho que isso não teria sido possível. – Robotnik passou a nadadeira em uma das pontas do fino bigode. – Então, como se sente.

- A dor... – Murmurou James.

- Logo a dor será recompensada, meu bom sujeito. – Afirmou o Conde. – Hm, você está muito mal. Eles te apunhalaram de jeito. O desfiguraram de tal jeito que acho que nem o melhor cirurgião plástico do Oeste conseguiria consertar.

- D-deixe-me... ver... – Murmurou o pinguim desfigurado.

Remexendo uma gaveta, Robotnik encontrou um pequeno espelho, que deu para James, que acabou chorando após olhar para si mesmo por alguns segundos.

- P-porque você me resgatou?! Porque me deixou viver?! – Perguntou James, entre soluços.

- Pois temos um inimigo em comum: Os cidadãos dessa pocilga. – Respondeu o Conde.

- Hã? Mas você... é o homem mais bem sucedido da cidade! – Disse o pinguim desfigurado, confuso.

- Sou apenas um homem bem sucedido, jovem – Afirmou Robotnik. – Esses homens, eles bebem meu vinho, cuidam dos meus estábulos, das minhas finanças. Mas nenhum deles realmente gosta de mim. Sei o que muitos falam de mim pelas costas. Eles me odeiam. Muitos querem me matar e assumir meu local. E quando o mundo vira as costas pra você...

- Você vira as costas pro mundo? – Completou James.

- Não. Você revida! – Disse Robotnik. E é por isso que estou procurando por pinguins como você, inimigos da sociedade. Estou querendo fundar uma liga. Um grupo de agentes especiais, com um objetivo em comum: acabar com essa cidade.

- Conde Robotnik... sinto-me... honrado. – Respondeu James.

- A honra é minha, rapaz. Agora, terá de usar um disfarce. Se te pegarem cometendo um crime de novo... – O Conde fez um gesto sugestivo passando a nadadeira pela garganta. Remexeu a mesma gaveta de onde pegou o espelho e puxou de lá um saco de batatas. Com um canivete tirado do bolso, fez dois furos no saco: Um para os olhos e outro para a boca, e jogou-o para James, que, após tirar com cuidado o aparelho respiratório, colocou o saco na cabeça.

- Coube bem. – Admitiu ele.

- Vista também esse camisão vermelho para cobrir as cicatrizes do corpo. – Disse Robotnik, dando uma velha e grande blusa vermelha à James, que a vestiu, e, após isso, colocou um chapéu marrom sob a cabeça ensacada, também à sugestão de Robotnik.

- Enfim, você precisará de armas. O que pretende fazer? – Perguntou o Conde.

- Gostaria de amedrontar essa escória, antes de mata-la com um ataque surpresa! – Rosnou o pinguim desfigurado, sem hesitar.

- Tenho algo perfeito, espere um minuto. – Disse Robotnik, vasculhando um armário e tirando algo que parecia ser uma mochila com um extintor cinza.

- O Gás do Medo. – Explicou. – Fará os inimigos vê-lo muito mais assustador do que realmente é. Um experimento meu. Desenvolvi enquanto estava tentando produzir o Elixir Robotnítico, que prolonga minha vida por muitos anos, como pode ver. Nunca testei, mas acho que dá certo.

James colocou a mochila.

- E para o ataque final... – Anunciou Robotnik, tirando do armário um grande baú, que abriu, revelando um bracelete de couro com uma lâmina escondida. – A lâmina oculta! Achei esse baú numa escavação perto das minhas terras. Será bem mais útil para você do que foi para mim.

O pinguim desfigurado colocou a lâmina oculta em sua nadadeira direita.

- Só tenho mais um pedido a fazer, Conde... – Disse James.

- Diga. – Respondeu Robotnik.

- Posso assumir uma alcunha?

- Como quiser.

- O que acha de “O Espantalho”?

- É até boa, mas... só assim, fica muito sem sal. Que tal... “Jack, o Espantalho”?

- Boa! – Respondeu o recém-nomeado “Jack”.

- Ótimo! Agora que temos sete membros, estamos prontos para começar. Vamos reunir nosso grupo.

- Er... Conde Robotnik... Qual será o nome do nosso grupo? – Perguntou O Espantalho.

- A Liga de Malfeitores de Misericórdia. – Respondeu Robotnik, sombrio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Referências usadas no texto
— Misericórdia é baseada em A Town Called Mercy, de Doctor Who.
— O Personagem de David é baseado em Solid Snake, da franquia Metal Gear Solid.
— O Personagem de Jack, o Espantalho, é baseado em diversas coisas: Desde Freddy Krueger até o Espantalho, de Batman, e tanto seu nome (James Edwards Kenway) quanto a lâmina oculta, são baseados na franquia de games Assassin's Creed.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mochileiros Em Misericórdia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.