– Oi, oi, tchau, tchau. – entrei correndo na lanchonete pela porta da frente, e ignorei os olhares de Chad e Taylor sobre mim. Corri para a sala de funcionários e me troquei.

O dia passou normalmente, tirando o fato de eu repassar a cada minuto, o momento louco com o italiano. Eu sabia que estava me arriscando muito, e sabia que Chad e Taylor pirariam se soubessem que eu o havia convidado para um encontro.

– Porque não te vi na hora de ir embora da Universidade? – Chad perguntou quando saíamos da lanchonete.

– Er... Eu tive que ajeitar umas coisas lá, não avisei porque meu celular pifou. – eu falei rápido e ele assentiu.

– Não foi falar com italiano, né? – Taylor se manifestou dessa vez e eu dei de ombros tentando fingir naturalidade.

– Não. – falei e os dois me encararam. – Parem de me olhar assim. – eu berrei subindo na moto. Taylor beijou minha bochecha e Chad beijou o topo da minha cabeça.

– Se cuida, por favor. – Chad pediu ainda com os lábios perto da minha testa.

– Vou me cuidar. – eu disse e ele sorriu fraco. – Tchau. – eu acenei antes de sair com a moto.

Pilotei costurando na pista. Queria chegar logo em casa pra traçar um plano para o encontro com o Matteo. Quando cheguei ao meu prédio, guardei a moto no estacionamento e dei a volta vindo para a frente do prédio. Antes de subir me lembrei que não tinha nada em casa pra comer, por isso voltei e andei aproximadamente um quarteirão para chegar em um café. Comprei pães e café e voltei.

– Rossa? – o chamado me fez virar subitamente antes de entrar no meu prédio. Apertei os olhos para conseguir enxergar a figura alta na calçada.

– Matteo? – o nome saiu involuntariamente da minha boca, e ao ver seu sorriso de confirmação senti minhas bochechas quase queimarem por me lembrar do episódio mais cedo.

– Você mora aqui? – ele perguntou permanecendo no mesmo lugar. As mãos enfiadas no bolso do casaco preto, e os cabelos jogados no rosto. Pensei se Chad interpretaria aquela, como uma pergunta suspeita. Ignorei meus pensamentos e sorri nervosamente.

– Sim. Quinto andar. – eu disse apontando para cima. Ele assentiu com a cabeça. – O que faz por aqui? – perguntei percebendo que ficamos bastante tempo calados, apenas nos olhando.

– Estava na casa de um colega da faculdade aqui perto. – ele disse e eu assenti.

– Entendi. – falei e encarei meus pés, balançando meu corpo pra trás e pra frente como uma garotinha esperando o pai chamar para sair. Ri de mim mesma.

– O que foi? – ele perguntou me fazendo voltar a olhá-lo.

– Na-Nada. Nadinha. Er... Acho que vou subir, agora. – eu disse e ele assentiu. – Até mais. – eu falei e virei as costas apertando os olhos.

– Ei. – ele me chamou e eu quase sorri, antes de me virar.

– Sim?

– Quando eu posso vir te buscar?

– Me- Me buscar?

– Para o nosso encontro, lembra? – ele sorriu e eu ri nervosamente.

– AH, claro. – eu sorri. – Er...- Fala alguma coisa. Já entrou nessa, agora fala. – Que tal amanhã à noite? – eu disse rapidamente e ele sorriu.

– Amanhã então, às sete. Aqui? – ele perguntou e eu assenti confirmando. – Ok. Até mais, e boa noite. – ele disse antes de me analisar e sorrir balançando a cabeça. Tentei decifrar sua expressão, mas era simplesmente impossível. O que ele estaria pensando? Pensei enquanto o observava seguir a rua escura.

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O dia seguinte foi estranho. Quer dizer, eu me sentia estranha. Como se pela primeira vez eu parasse pra pensar no que estava me metendo. E eu nem tinha contado a Chad e Taylor ainda. Balancei a cabeça enquanto limpava uma das mesas da lanchonete. Eu precisava organizar as coisas, mas desmarcar o encontro com italiano estava fora de questão. Eu o chamei, o que diria agora?

– Chad e Taylor posso falar com vocês? – perguntei enquanto passava por debaixo do balcão. Chad e Taylor me encararam e me seguiram até os fundos.

– O que foi? – Taylor perguntou e eu respirei fundo antes de falar.

– Tenho um encontro hoje. Eu acho que é um encontro. Quer dizer, só vou sair mesmo... E...

– Com quem? – Taylor perguntou e eu vi seu rosto ficar vermelho. Antes que eu pudesse responder, Chad balançou a cabeça descruzando os braços.

– Nem pensar. Não, Sarah. Não vou deixar você sair com esse cara maluco que pode ser um assassino... Estuprador. – Chad falou em um tom decidido e eu suspirei.

– Não estou pedindo, Chad. Eu vou, só estou te informando. – eu disse e ele me encarou. – Quer dizer, preciso fazer isso e prometo que não vou entrar em encrencas.

– Já entrou numa. – Taylor disse e Chad continuou me encarando.

– Olha, eu ligo se acontecer alguma coisa, mas eu juro que não vai acontecer. Eu juro. Confiem em mim.

– Confiamos em você, mas não confiamos nele. – Taylor disse chegando perto de mim. Ele segurou meus braços delicadamente e me encarou como se suplicasse. – Não consegue ver que está se metendo em uma enrascada?

– Talvez. Mas vou sair ilesa. Eu prometo. – eu sorri e ele balançou a cabeça.

– Chad, Taylor, me ajudem a fechar a lanchonete. – Jimmy chamou da cozinha e eles assentiram. Chad foi o primeiro a sair e Taylor me olhou.

– Já vou indo tá. Não posso me atrasar. – eu disse e ele assentiu.

– Se cuida. E me liga quando chegar. – ele pediu antes de se virar pra sair.

Mais uma briga com Chad, esse italiano está me causando problemas. Preciso acabar com isso logo. Pensei enquanto dirigia em direção ao meu prédio.