Breakaway escrita por ChocolateQuente


Capítulo 50
Capítulo 47


Notas iniciais do capítulo

Boooooooom, estou aqui de novo, porque me empolguei com esse cap que acabei de escrever. Não sei se vocês irão gostar, mas além do que acontece nele, eu gostei mt dele. Espero que sintam o mesmo.
Boa Leitura. *--------*



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Nós dois devemos ter ficado embaixo do chuveiro por muito tempo. Quando saímos, ele me deu uma toalha e pegou outra.

- Me desculpa por isso. – Matteo disse baixinho.

- Tudo bem. – eu disse. Ele andou para fora do banheiro.

- Você pode usar alguma coisa minha enquanto suas roupas estiverem na secadora. E tem um secador dentro do armário... Pra você secar o gesso... Sei lá. – Pela primeira vez em muito tempo Matteo me lembrou um garotinho. Sem a marra, o mistério. Eu sorri.

- Obrigada. – disse antes de vê-lo sair do quarto.

Abri o guarda-roupa dele e fiquei tentando achar algo pra vestir. Optei por uma calça de moletom e uma blusa de mangas compridas. Depois peguei o secador e tentei secar o gesso. Tinha dado graças a Deus por ele não ter derretido.

Enquanto secava o gesso em meu braço, fiquei encarando a escrivaninha. Tinha umas fotos penduradas. Uma com ele e uma garota pequena de cabelos pretos. Outra dele e uma mulher bonita, que supus ser sua mãe.

- Precisa de mais alguma coisa? – Matteo entrou novamente no quarto e eu saltei com o susto.

- De-Desculpa. Não. Er... Está tudo bem. – eu disse e ele assentiu. Ficou parado me olhando, e eu tentei não observar seu corpo sem camisa. Ele sacudiu a cabeça.

- Pode colocar suas roupas na secadora perto da cozinha. – Assenti e saí do quarto com as roupas na mão. Coloquei-as na secadora, e voltei para a sala. Matteo não estava lá. Andei novamente para o quarto e encostei-me a porta.

Ele estava olhando as fotos que antes eu olhava.

- O que houve? – perguntei depois de observá-lo por um tempo. Ele virou-se rápido pra me olhar.

- Não quero falar.

- Tudo bem. – eu assenti, passando meus dedos entre meus cabelos. – O que tem feito? – perguntei e na mesma hora apertei os olhos? O que eu estava tentando fazer?

- O que está tentando fazer? – Matteo externou meus pensamentos.

- A verdade? Não sei. – eu disse encolhendo os ombros. – Não sei por que estou aqui, não sei o que falar, não sei o que fazer... Não sei de nada. – sussurrei me sentando na beirada da cama.

- E quem sabe? – Matteo murmurou. Fiquei encarando meus dedos, pensando em como tudo tinha acontecido. Como eu tinha deixado chegar aquele ponto. Queria que as coisas tivessem sido diferentes.

- Eu sinto muito. Eu sinto tanto. Tanto. – eu sussurrei, sentindo meus olhos embaçarem. Abri a boca tentando impedir-me de chorar. – Eu não queria que isso tivesse acontecido. Sinto muito. Sinto mesmo. Me desculpa... Me desculpa. – eu mordi o lábio e encolhi-me apertando os olhos. O silêncio que se seguiu me fez levantar. Eu não devia estar ali. – Minhas roupas já devem ter secado. Eu... Eu vou embora. – murmurei.

- Espera. – Matteo chamou. Não o olhei. – Eu também sinto muito. Não queria que fosse assim. Eu quero remediar as coisas... Eu... – ele se interrompeu. – Minha mãe me ligou ontem. – ele disse e eu me virei pra olhá-lo. – Ela disse que as garotas contaram aos policiais quem matou a Giu.

- Co-Como? Como assim? – perguntei boquiaberta.

- Não sei. Parece que ele foi pego tentando fazer a mesma coisa com outras garotas, e então elas sentiram-se seguras pra falar. – ele disse entredentes.

- Isso é bom, Matteo. Isso é maravilhoso. – eu disse alto. – Espera... Porque voce está assim? Porque ficou tão bravo? – Matteo passou as costas da mão no rosto.

- Porque agora eu tenho que voltar pra Itália. – ele disse e eu engoli em seco.

- O que? Por quê? –perguntei dando um passo em sua direção.

- Porque sim. Eu preciso Sarah. Preciso olhar na cara dele. Preciso ver quem matou minha irmã. Preciso ver o cara que acabou com minha vida. Preciso olhar pras pessoas que me julgaram. Eu preciso. – ele disse entredentes e eu mordi o lábio. – A Isabela... Ela pediu meu número à mia mamma...

- Isabela... Sua ex? – perguntei encolhendo os ombros.

- Sim. Ela quer falar comigo. Sabe o que significa? Todos vão me pedir perdão. Todos vão ver o que fizeram comigo. Vão reconhecer a injúria que cometeram... – Eu o olhei. Seu rosto estava vermelho. Os olhos inchados de tanto chorar. – Não me olhe assim. Não me julgue. Como você se sentiria se fosse com você? Se todos tivessem te arruinado, te julgado, e agora você tivesse a chance de ver suas caras de remorso? Eu me sinto mal por sentir isso... Mas... Eu preciso voltar. Preciso. Preciso. – ele repetia isso.

- Pra sempre? – perguntei e depois de um tempo ele assentiu.

- Sim. Não tenho mais motivos pra fugir. – ele sussurrou. Nem pra ficar. Pensei sentindo meu coração dar pulos.

- Então você vai embora...

- Vou. Segunda. – ele disse e eu o olhei.

- Segunda? Já?

- Pra que demorar mais aqui? Eu não tenho nada aqui. – me encolhi mais sentindo aquelas palavras me machucarem. Dei um passo pra trás assentindo.

- Eu preciso ir. Agora. – eu disse virando-me. Ele veio atrás de mim, puxando-me de volta. – Me solta.

- Não faz isso.

- Não faz o que? Não to fazendo nada.

- Sarah, não quis dizer isso. Você...

- Eu o que, Matteo? Eu o que? Eu não sou nada, nem ninguém pra você. Você vai voltar... Vai pra Itália. Acabou de dizer que nada te prende aqui. Então vai. É melhor assim.

- O que você quer que eu faça? Se não fosse por hoje nem estaríamos aqui. – ele berrou e eu me virei para encará-lo.

- Você ia embora sem me dizer? Você...

- Seria melhor assim. – encarei-o boquiaberta.

- Melhor pra quem?

- Pra nós dois. – ele gritou e eu mordi o lábio antes de assentir.

- Ótimo. Vou embora agora. É melhor pra nós dois. – eu disse indo pra porta.

- Espera Sarah... – mesmo contra tudo eu parei. Involuntariamente. – Eu queria saber o que dizer agora. – ele murmurou.

- Eu queria que você ficasse. – eu murmurei de volta.

- Me entenda. Por favor.

- Isso importa? – sorri forçadamente. – O que te importa se eu vou te entender ou não?

- Você não sabe de nada mesmo. Eu penso em você o dia todo, e pondero sobre o que é certo entre nós. Por mais que me corte ao meio... Precisamos de tempo.

- Tempo, tempo, tempo. Todo mundo precisa de tempo. Pode ter seu tempo aqui. Na Inglaterra. Perto de mim.

- Do que adianta eu estar aqui? Estamos afastados do mesmo jeito. Sarah... – ele me chamou chegando perto. Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Eu... preciso ir. – ele disse.

- Então vai. – eu disse odiando o tom da minha voz. Ele franziu a testa, e eu vi seus olhos encherem de lágrimas.

- Não assim. – ele sussurrou puxando-me para si. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa ele me beijou. Um beijo rápido e urgente. Do tipo que te falta o ar. Eu segurei em seu braço e o empurrei. Ele me olhou desnorteado e eu mordi o lábio, tentando esconder minha fraqueza. Não sabia como tinha conseguido não me render.

- Estou indo embora. – eu disse firmemente, saindo do quarto. Fui em direção à cozinha, e tirei as roupas da secadora.

Voltar pra Itália. Voltar pra Itália. Ele não me convenceria que era por causa do assassino. Ou por orgulho ferido. Era por ela. Isabela. Ela estava atrás dele agora. E ele gostava dela. Quem era eu? Ninguém. Uma grande idiota, achando que é alguém. Ele... Ele... Interrompi meus pensamentos ao olhar para uma tela no canto da sala. Uma pintura inacabada. Uma garota... Oh meu Deus. Era eu. Matteo tinha me pintado. Uma garota ruiva com as bochechas levemente coradas. Parecia muito mais bonita do que eu realmente era, mas era eu. Até as sardas ele tinha conseguido fazer sem exageros. Era perfeito. Perfeito. Mesmo inacabada... Encarei de perto a pintura e suspirei.

Será que eu não estava sendo egoísta? Encontraram o assassino da irmã dele. O cara que tinha sido responsável por tudo que ele tinha sofrido. Ele perdeu a irmã e as pessoas o acusaram por isso. Ele sofreu. Parei em frente ao quadro e olhei para o desenho. Que droga eu estava fazendo?

Voltei correndo para o quarto e encontrei Matteo no mesmo lugar que eu o havia deixado. Parei respirando fundo.

- Eu vou sentir sua falta. – eu disse só para vê-lo virar-se assustado para mim. Seus olhos estavam vermelhos. – Acho que vou morrer de saudade. – mordi o lábio reprimindo o choro.

- Eu também. – ele sussurrou e eu corri pra ele. Beijei-o com toda a vontade que tinha e senti meu coração pular ao vê-lo corresponder.

Deslizei a mão do seu pescoço para seu peito, sentindo sua pele quente sob meus dedos. Uma lágrima caiu dos meus olhos, e eu senti as lágrimas dele, molhar meu rosto. Puxei-o pra mais perto e ele subiu uma das mãos para meu pescoço, entrelaçando seus dedos em meus cabelos. Toquei seu rosto, acariciando-o. Matteo afastou seus lábios dos meus por um breve momento para sussurrar.

- A gente vai se ver de novo... Eu pro...

- Shii... – interrompi-o, colocando dois dedos em sua boca. – Sem promessas. É melhor... – eu sussurrei mordendo meu próprio lábio antes de voltar a beijá-lo.

Como em um filme... Como se tivéssemos ouvindo uma música... Parecia que algo nos movia em passos sincronizados. Vagarosamente, senti suas mãos acariciarem minha cintura, levantando devagar a blusa que eu vestia. Seu beijo era calmo e doce. Carinhoso. Com gosto de despedida.

Sem saber se chorávamos ou sorríamos, deitamos devagar, e sentindo seu corpo cuidadosamente posto sobre o meu, abri os olhos para observar os seus. Matteo passou os dedos em meus cabelos e beijou minha testa.

- Nunca vou esquecer isso... Nunca vou esquecer você, mia rossa. – ele sussurrou fazendo-me chorar ainda mais. Lágrimas escorriam sob meus olhos. Ele enxugou meu rosto com as costas de suas mãos e eu fiz o mesmo, passando meus dedos delicadamente sob seu rosto molhado.

- Meu italiano. – sorri entre lágrimas voltando a beijá-lo.

Sentindo nossos corações baterem erraticamente sob nossas peles aquecidas, entre abraços e beijos, entreguei-me a ele, de um jeito puro e carinhoso. Com um aperto no peito, de felicidade e tristeza, sentindo que aquilo significava um adeus.


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Notas finais do capítulo

E então????? O que acharam? Leitores que estão ai escondidinhos comentem também... Preciso de suas opiniões.