Shiver escrita por Reky


Capítulo 2
2. Human


Notas iniciais do capítulo

Nota do capítulo anterior: meu Deus! Que lindas as reviews que recebi das meninas, tanto aqui quanto no ff! *-* Muitíssimo obrigada! Mesmo assim, vocês acabaram contrariando minhas expectativas, de certa forma... hahaha. Eu estava com uma impressão insistente de que pelo menos alguém falaria alguma coisa sobre o Rony e a Hermione, mas ninguém disse, haha. Foi divertido e muito bom ver que estava errada, porque o coitado merece ter pelo menos uma chance em minhas fics...! Lá embaixo, uma pequena notinha sobre algo que tem me incomodado ultimamente.
Boa leitura! (:



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wave goodbye, wish me well


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Draco, julho de 1998.

Draco Malfoy tencionou o maxilar enquanto observava os bruxos do Ministério levarem seu pai para longe. Para Azkaban. Ele não sabia quando o veria novamente – essa seria uma liminar que o juiz decidiria depois de julgar o restante dos Comensais da Morte que participaram na Segunda Guerra Bruxa. Graças a sua mãe e ao fato de ser menor de idade quando recebera a Marca Negra, Draco conseguiu sair das grades da prisão, mas isso não revertia a realidade – seu pai olhando por sobre o ombro, os olhos cinzentos tristes e a expressão de esgotamento que trajava há mais de um ano, desde que saíra de sua primeira estadia em Azkaban.

Sentiu as mãos quentes e familiares de sua mãe pressionarem seus braços, virando-o para tirá-lo dali. Agradeceu internamente a ela; precisava urgentemente sair dali, sair de sua realidade. Sair de seu corpo, por Merlin!

Era tudo sua culpa.

Se não tivesse concordado em possuir a Marca Negra e obedecer às ordens do Lord das Trevas, ele provavelmente já estaria morto há muito tempo agora, evitando todo aquele sofrimento, toda aquela decepção. Seria apenas um corpo decomposto, enterrado há sete palmos abaixo da terra, sem arrependimentos ou angústias.

Ah, aquilo parecia a visão do paraíso naquele instante...

Ainda mais considerando a punição que ele e sua mãe receberam. Afinal, não eram de todo inocentes. Sua casa fora o quartel-general dos Comensais durante a Guerra. Pessoas foram mortas ali e eles não fizeram nada para impedir. Porém, o bruxo-juíz dissera, vocês ajudaram o senhor Potter em pelo menos dois momentos. Ele mesmo me pediu para... suavizar suas penas por causa disso.

E assim, Narcisa fora condenada a passar um ano em prisão domiciliar (na casa de sua irmã Andrômeda, já que a Mansão Malfoy havia sido apreendida desde o fim da Guerra) e Draco teria que, obrigatoriamente, concluir seu último ano letivo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, sob a supervisão dos olhos atentos da nova diretora, Minerva McGonagall, e seus companheiros do corpo docente.

Grande merda, Draco pensou, mais fácil dizerem logo que fui sentenciado à morte do que esse eufemismo maldito.

Porque não era segredo nenhum que todos em Hogwarts provavelmente desejariam nada além de sua morte. E tê-lo andando pelos corredores de sua querida escola, quando uma vez ele já havia traído a todos ali, era considerado algo absurdo, intragável.

Andrômeda os esperava no Saguão de Entrada do Ministério, os orbes injetados de cansaço e tristeza percorrendo o ambiente e parando onde antes estivera a grande estátua Magia é Poder. Seus olhos se estreitaram e ela soltou um suspiro ao notar que passava da uma da tarde. Ela tinha que pegar Teddy na casa de Molly Weasley logo; já passara da hora do almoço dele. Por isso, assim que viu os dois louros aproximando-se a passos de tartaruga, logo fez questão de apressá-los, pegando-os pelas vestes quando a alcançaram.

– Venham! – exclamou, apressada. - Aparataremos até em casa e então irei até os Weasley para buscar Teddy. – Andrômeda olhou para a irmã e o sobrinho como se estivesse dando bronca à duas crianças birrentas. – Espero que vocês estejam cientes de sua situação; caso tentem alguma gracinha enquanto estiver fora, imediatamente irei reportar ao Ministério.

Narcisa suspirou, mas assentiu. De certa forma, compreendia a apreensão da irmã em tê-los em sua casa. Foram muitos anos sem terem contato e, de repente, ela e o filho que nunca conhecera teriam de ficar em sua casa por determinação do Governo. E mais, Andrômeda acabara de perder a filha, o genro e o marido na Guerra... Além de ter de cuidar do neto recém-nascido. Mais fantasmas do passado a assombrando era crueldade...!

Draco, porém, revirou os olhos. Aquele casebre que sua tia morava não poderia ser considerado uma casa – um lar – nunca! Ele sentia-se preso, claustrofóbico, naquele lugar. Três pequenos quartos, sendo que um – o antigo quarto de sua prima Tonks, parecia – havia sido transformado em uma espécie de escritório por seu falecido tio, Ted. Assim, Andrômeda dividia seu quarto com o bebê e ele e sua mãe ficaram com o outro quarto. A cama era aconchegante, apesar de ser de casal... Mas as noites de sono nunca eram suficientes. Ele sempre acordava com o bebê chorando, os sons da natureza lá fora o assustando, com o calor insuportável do verão ou com os terríveis pesadelos que não o abandonavam desde seu sexto ano em Hogwarts.

Assim, para não se sentir tão condenado como estava, criou o hábito de se sentar nos degraus da soleira da casa e observar as figuras que o vento desenhava nas gramas, o formato estranho das nuvens e, à noite, as constelações – principalmente, aquela que lhe vinha o nome. E pensava: como um animal tão ameaçador como um dragão poderia ter se personificado em uma pessoa tão patética como ele?

O garoto não percebeu quando o vulto impotente de sua mãe se aproximou por trás dele, somente notando sua presença quando ela rodeou seu pescoço com seus frágeis braços. A mulher inalou a essência de seus cabelos platinados, sabendo que aquela seria uma das últimas vezes em que faria aquilo pelo próximo ano, enquanto seu filho estivesse em Hogwarts. Draco soltou um grunhido desconfortável – não como se não apreciasse a rara demonstração de afeto de Narcisa, mas aquilo o fazia se sentir mais inútil do que já se sentia, como uma criança que dependia totalmente dos pais para fazer qualquer coisa.

– Eles querem me ver morto – murmurou, acariciando a tez suave da mãe. – Por que não me matam logo?

– Está exagerando, Draco. Eles não lhe querem morto. Apenas... reabilitado à sociedade bruxa.

– Achava que a prisão era uma espécie de reabilitação. A escola sempre foi uma tortura, mas agora já estão levando para o lado literal.

Narcisa soltou um risinho, embora ele não pudesse ver onde a graça estava.

– Tudo ficará bem, Draco. Você verá.

Aquelas palavras tiveram um poder tranquilizante nele, apesar de, no fundo, ele continuar sabendo que nada estava bem.

E daquele momento em diante, com certeza, nada ficaria bem.

.

Primeiro de setembro chegou mais rapidamente do que Hermione poderia imaginar. Naquele dia, ela acordou pontualmente às 8:30 da manhã, terminou de arrumar seu malão, tomou seu desjejum juntamente dos pais, mas, ao contrário dos outros anos em que fora à Kings Cross, ela despediu-se de Helen e Richard em casa e simplesmente aparatou em um beco próximo à estação.

Já na Plataforma 9¾, encontrou-se com Gina, Harry e Rony. Desde a conversa que tiveram pelo telefone, a relação deles desandara um pouco, embora continuassem insistindo em manter contato. Hermione ainda sentia o coração saltar mais rapidamente no peito quando falava com ele, a boca ainda ficava seca e as palmas se suas mãos ainda suavam... Mas tudo isso era acompanhado de uma dolorosa sensação de perda também. E isso a deixava desconfortável, fazendo com que qualquer assunto que eles tivessem se tornasse tenso e cheio de silêncios constrangedores.

Quando o relógio marcava dez minutos para as onze, ela e Gina começaram a se despedir de Harry e Rony. O moreno de olhos verdes se aproximou dela, apertando suavemente suas bochechas com um sorriso triste nos lábios e a abraçou fortemente, sussurrando palavras de conforto. Os olhos de Hermione começaram a lacrimejar, mas ela se afastou do abraço de Harry, correspondendo seu sorriso e virou-se para Rony, que a esperava já com os braços estendidos. Imediatamente, ela se jogou no peito do ruivo, saudosa daquele abraço caloroso, da sensação de pertencer a alguém.

– Eu sinto muito, Mione... – ele murmurou, acariciando os cachos dela e depositando pequenos beijos em todo seu rosto. – Desculpe-me se a magoei com essa história. Meu Deus, eu juro que nunca quis te machucar assim... Eu...

Hermione o calou com um beijo suave nos lábios.

– Esqueça isso, Rony. Isso não importa mais... Eu quero que você seja feliz. Se você está satisfeito com a decisão que tomou, então eu estou feliz. – ela sorriu ao que ele lhe levantou para beijar-lhe novamente, os pés dela mal tocando o chão.

– Obrigado, Hermione! – Rony exclamou e girou-a uma, duas vezes e toda a estação parou para observá-los. – Eu... Eu te amo, sabia?

Os olhos de Hermione se arregalaram, o coração saltando com a surpresa. Ela sentia que poderia explodir de felicidade naquele momento. Oh, meu Deus! Ronald Weasley acabara de dizer que a amava!

Mais uma vez ela se lançou aos braços dele, distribuindo beijos por sua face, pescoço e lábios.

– Seu... Incrível... Idiota... Ronald... Weasley...!

E então eles riram, com uma alegria que há muito não sentiam.

.
 

– Vocês viram quem está no trem?

Hermione desviou os olhos do livro que lia, sua atenção imediatamente pega pelo rumo que a conversa de Neville, Simas e Gina tomara. A frente dela, Luna bocejou enquanto folheava mais uma página de seu exemplar de O Pasquim, parecendo mal perceber as vozes animadas que a rodeavam.

– Quem? - Perguntou Neville, sua mão deslizando até encontrar a de Luna. Os dois tinham começado a namorar após a guerra.

– Draco Malfoy - sibilou Simas como se o nome do garoto louro fosse um segredo que ninguém deveria saber. - Parece que ele foi escoltado até o vagão dos Professores. A Profe... Digo, Diretora McGonagall o acompanhava.

Hermione arqueou as sobrancelhas, evidentemente surpresa com o acontecimento. Draco Mafloy, de volta a Hogwarts? Como que McGonagall pudera permitir que isso acontecesse...? Quer dizer, depois de tudo o sonserino havia causado no sexto ano, era de se esperar que ele nunca mais pisasse um pé nos terrenos da escola.

– Você tem certeza, Simas? - Gina perguntou, lançando um olhar cheio de significados para a amiga ao seu lado. Elas tinham conversado sobre o que ocorrera na Mansão Malfoy e tinha pleno conhecimento do terror que Hermione sentia daquele dia até hoje, a marca em seu braço sendo um constante e indelével lembrete daquelas horas de tortura. - Digo, não creio que McGonagall tenha permitido isso...!

– É a mais absoluta certeza, Gina! Eu o vi! Os mesmos olhos cinzas sem emoção, o cabelo louro platinado... Embora ele estivesse um pouco mais cumprido do que de costume e parecesse um pouco mais magro também.

Luna suspirou de seu lugar, descansando sua revista em seu colo enquanto dispensava a mão de Neville.

– É claro que ele está diferente. Passou por muita coisa desde o fim da Guerra... Sinceramente, vocês não leram os jornais esse tempo todo?

De fato, Hermione se lembrava vagamente de passar os olhos sobre uma manchete que mencionava a prisão de Lucius Malfoy e medidas preventivas a sua família. Mas ela não se animara em ler o restante da matéria. Foi só ler o nome Malfoy que ele sentiu um arrepio agonizante subir por suas costas e ela imediatamente jogou o jornal no lixo.

Não.

Por mais que tentasse, por mais que o tempo passasse, aquele dia continuaria eternamente gravado em sua memória.

Ela sentiu um leve aperto em uma de suas mãos e viu o pequeno sorriso de suporte que Gina lhe lançava. Mais uma vez, Luna suspirou.

– Não entendo o porquê desses olhares tristes. De ser justamente você, Hermione, que precisa de apoio. Nós vencemos. Perdemos muitas pessoas importantes, é verdade, mas e quanto a Malfoy? O que será da vida dele agora que todos que o apoiavam se foram? Você não acha que ele merece uma segunda chance, Hermione?

A morena pôde ouvir claramente o momento em que todos da cabine prenderam a respiração com as palavras de Luna. Até Neville, que antes estivera tão empenhado em aproximar-se, afastou-se alguns centímetros da namorada. Gina apertou mais fortemente a mão de Hermione, enquanto Simas lançava olhares desesperados para as duas. Parecia que uma bomba iria explodir a qualquer momento naquela cabine.

Então, Luna soltou um risinho inocente, pegou sua revista e começou a lê-la novamente.

E a porta se abriu com um deslizar suave ao lado de Hermione, mostrando uma Minerva McGonagall com um semblante sério e confuso.

– Senhorita Granger, poderia conversar com você por alguns minutos?

– Ih, aí tem coisa... - Simas deixou escapar.

McGonagall lançou um olhar aborrecido ao garoto, mas virou-se novamente para Hermione.

– Ah, é claro, Diretora.

As duas então se dirigiram até uma cabine vazia. A mulher mais velha sussurrou um breve abaffiato e sentou-se em um dos acentos, indicando para que a garota sentasse a sua frente. Hermione não estava apreciando nada daquilo e a expressão da diretora somente indicava que boas notícias não estavam por vir. Um mal pressentimento a assolou.

– Senhorita Granger... Espero que você não tenha ficado incomodada com o fato de não tê-la dado o cargo de Monitora Chefe este ano - McGonagall suspirou, mas evidentemente estava evitando o máximo possível chegar ao assunto principal. Sua sorte era que Hermione estava mesmo interessada em discutir aquilo com a diretora. Em uma das cartas que trocara com Gina durante as férias, a ruiva lhe contara que havia sido nomeada Monitora Chefe e Capitã do time de Quadribol da Grifinória. Hermione não se importava nem um pouco com o Quadribol, mas ser Monitora Chefe... Aquilo era algo que sempre almejara, desde que havia entrado em Hogwarts. McGonagall continuou. - Quero que compreenda, senhorita Granger... Você foi a primeira aluna que me passou pela cabeça quando o corpo docente estava discutindo sobre quem iria tomar o cargo de Monitores Chefe este ano, mas o Professor Flitwick me lembrou que, de fato, vocês do suposto oitavo ano não deveriam estar mais na escola. Principalmente a senhorita, que por... motivos maiores não compareceu à escola no ano passado.

Hermione suspirou, não tendo argumentos para contrariar a diretora. Realmente, ela não deveria estar naquele trem. Nem Neville e Simas, para falar a verdade, mas os dois diziam que retornariam à Hogwarts para o oitavo ano, pois o ano anterior não lhes havia acrescentado nenhum conhecimento. E, para Neville, que estava sendo cotado como sucessor da Professora Sprout, concluir a escola era essencial. Simas... Bom, Simas queria trabalhar em uma indústria de explosivos mágicos e também precisava de um diploma para isso, embora Hermione acreditasse que todo seu histórico de explosões acidentais já seria currículo suficiente.

– Estou só dando uma chance, uma oportunidade, aos alunos do sétimo ano. Afinal, apesar de tudo, este é o ano deles. Seria injusto se eu desse o cargo para alguém que não deveria mais pertencer à escola...

– Eu compreendo totalmente, diretora.

– E, bom... - McGonagall parecia que nem ouvira as palavras de Hermione, seu rosto estava ficando corado de nervosismo e o mal pressentimento a assolou novamente. - Para falar a verdade, eu preciso da ajuda da senhorita em outra coisa. Algo que você não poderia fazer se fosse Monitora Chefe... Um cargo... especial, já que é a única pessoa a quem eu confiaria algo tão importante, senhorita Granger.

Oh, não... Foi o pensamento que imediatamente perpassou a cabeça de Hermione e ela fechou os olhos, não querendo ouvir as próximas palavras que sairiam da boca da diretora de Hogwarts. Por favor, que eu esteja errada.

– Quero que a senhorita cuide de Draco Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse no capítulo anterior, bem menor, não? (: Espero que tenham gostado mesmo assim!

Bom, agora vamos à parte tensa da história: fico muito feliz com as reviews que as meninas me deixaram, mas ver que a fic teve cerca de 30 leitores e que eles não me comentaram me deixa um tanto incomodada. Não sei se vocês sabem, pessoal, mas reviews são como energéticos para ficwritters - os comentários nos mantêm motivados para continuar escrevendo. Quando vejo que esse tanto de pessoas leu a fic, porém não comentou, eu não tenho esse feedback, essa motivação. Eu sei que têm pessoas lendo, mas saber o que elas acham disso é algo totalmente diferente - o que a pessoa achou do capítulo? O que chamou a atenção dela? E até mesmo o que ela não gostou! Qualquer opinião, crítica, serve para que eu siga um caminho certo e que agrade a quem mais importa: quem está lendo.

Afinal, se fosse para ser uma relação unilateral, eu não teria postado a história, não é?

Vejam bem, teve gente que leu 10 páginas no capítulo anterior e não teve tempo de comentar? Não cola, sinto muito. Desculpem-se caso esteja sendo desagradável, mas isso é apenas um desabafo. Espero que entendam meu lado...

Bom, acho que é isso. (:

Beijinhos a todas!

Reky
twitter.com/_reeveiga