Edgar deixou a mesa e foi atrás de sua esposa geniosa. Encontrou Laura no quarto escovando os cabelos com tanta velocidade que parecia fúria. Eles precisavam continuar a conversa em nome do bem estar do bebê. Apenas por isso ele arricou em enfrentar a fera.

Edgar engoliu em seco ao perceber a irritação da amada: Laura...

Laura virou-se de costas pra ele. A conversa não seria fácil.

Edgar insistiu carinhoso, beirando a súplica: Laura, por favor... Vamos conversar...

Laura abriu a guarda para iniciar a conversa: Conversar? Conversar o quê, Edgar? Que só porque  eu engravidei, vou ter que ficar enfurnada dentro de casa e perder tudo que eu conquistei ao longo desses anos? É sobre isso que você quer conversar? - falou acima do seu tom habitual.

Edgar evitou um impasse: Meu amor, não é isso. Se acalma, vai... Você assim vai acabar fazendo mal pro nosso filho.

Laura suspirou profundamente, a foi para frente da tentando controlar seus nervos. Ela só pensava no bebê. Não podia se estressar por causa dele. Por ele tinha que ficar bem.

Edgar tentou prosseguir: Laura, pensa comigo. Você já sofreu um aborto... – ele falou triste e desviou o olhar. Não queria lembrar isso, mas seria necessário para convencê-la.

Laura ainda irritada replicou com ironia: O que você sabe sobre isso? Você não estava comigo. Você não sabe o que eu passei.

Edgar quis defender-se: Você sabe o motivo disso tudo, Laura! Aquela... – ao ver o rumo que a conversa estava tomando, Edgar tentou acalmar-se. Suspirou e prosseguiu – Meu amor, não quero que você sofra tudo aquilo de novo. Eu estou aqui agora.

Laura parecia começar a ceder: E o que você quer que eu faça, Edgar? Largue tudo? Meu trabalho, o que me faz feliz?

Edgar se aproximou da esposa. Ela parecia mais calma: Não, meu amor. Mas você... Nós podemos achar, juntos, um jeito de conciliar as coisas. O que você acha?

Laura cruzou os braços: Como? – disse desafiadora.

Edgar travou. Ainda não tinha pensado numa solução que pudesse agradar a cabeça dura da esposa.

Laura debochou: Estou esperando sua solução.

Edgar: Calma! Tô pensando.

Laura continuou na ironia: Tá, então quando você tiver uma resposta pra minha pergunta, você me procura. Até lá, eu continuo com as minhas atividades normalmente. – ela seguia em direção à porta, saindo do quarto.

Edgar teve um estalo e segurou o braço da amada: Já sei! – falou sorrindo.

Laura contrariada retomou seu posto: Sou toda ouvidos. – desafiou novamente.

Edgar sorriu, pois sabia que Laura teria que concordar: A escola está com poucos alunos ainda. Esse ano letivo não deve aumentar o número de matriculados, certo?

Laura: É... creio que agora não deve entrar mais ninguém...

Edgar sorriu ainda mais empolgado: A Sandra poderia assumir algumas das suas aulas, mas você continuaria a dar aulas, apenas menos dias da semana.

Laura: Mas...

Edgar: Não terminei. Calma! – prosseguiu – No teatro, dá pra fazer a mesma coisa, estabelecendo ensaios mais espaçados. Você mesma disse que já progrediu muito. O Mário pode te auxiliar nos dias que você não for.

Laura descruzara os braços e parecia considerar a proposta muito boa, mas não queria dar o braço a torcer ainda.

Laura: E as matérias no jornal do Guerra?

Edgar: Ué, continua como está. Você já consolidou seu nome como “A Jornalista Laura Vieira” – ele sorriu orgulhoso – E quando você precisar, eu posso te ajudar a levantar os dados para as matérias. – terminou de propor e encarava-a com grande expectativa.

Laura fez certo mistério, mas finalmente aceitou: Tá certo. Aceito... Se for assim, eu concordo.

Edgar se aproximou da esposa envolvendo sua cintura e beijando-a carinhosamente: Já disse que eu adoro quando você concorda comigo? – sorriu.

Laura correspondeu aos beijos do esposo e abraçou-o: Já... E eu já disse que você não deve perder as esperanças...

Após trocarem muitos beijos e carícias, Edgar quis deixar claro que aquilo era uma reconciliação.

Edgar sussurrou no ouvido de Laura: Meu amor, não quero mais brigar, nem discutir. Hoje você me deu o melhor presente que eu podia ganhar na vida.

Laura aninhou-se no abraço do marido: Não quero brigar também. Quero ficar assim, pra sempre.

Edgar sorriu com malícia: Pra sempre?

Laura concordou: Pra sempre.

Edgar foi, delicadamente, deitando a amada na cama: Não seja por isso. – sorriu, olhando apaixonado para o corpo da esposa enquanto abria os botões da sua blusa.

Laura sorria maliciosa. Ela sabia que aquela seria uma tarde inesquecível. Os dois se tocavam num misto de reconciliação e especialmente celebração. A notícia de que em breve o fruto do seu amor chegaria, enchia-os de felicidade. Mais do que nunca, eles eram um só.