Cante para eu dormir

Cante para eu dormir

Eu estou cansado e eu

Eu quero ir para a cama

Cante para eu dormir

Cante para eu dormir

E então me deixe sozinho

Não tente me acordar de manhã

Porque eu terei desaparecido

Não se sinta mal por mim

Eu quero que você saiba

Lá dentro do meu coração

Eu me sinto tão feliz em ir

Cante para eu dormir

Cante para eu dormir

Eu não quero mais acordar

Chega a ser engraçado quando as letras das músicas tomam conta de mim. Nos meus piores momentos, nos melhores também - ou sempre que elas quiserem. Posso não me lembrar do nome da melodia, do cantor, mas a letra... ah, essa eu sempre me lembro.

Desde que o Fim começou, as músicas se tornaram ainda mais minhas companheiras. Porque elas, gravadas imperialmente dentro da minha mente, não me abandonavam jamais.

Esse era o trecho da música que tocava dentro da minha cabeça enquanto eles tentavam me acordar.

-Shiro, Shiro! - era Nagisa? Ou será Yuri? As vozes das duas se pareciam muito naquele momento.

Meu corpo inteiro se quebrou de dor quando me abriguei a abrir os olhos.

-Seu idiota - Kobashi me saldou, me encarando tremendamente sério pelo retrovisor do carro. Desde quando ele sabia dirigir e nem sequer havia me falado?! - Temos sorte de que o carro não estragou, mas quase fomos alcançados pelos zumbis, Shiro. Você deveria prestar mais atenção nesse mundo, mesmo que quem você queira não esteja mais aqui.

Palavras lindas ditas pelo meu amigo. Na fúria e desesperança que eu via em seus olhos, eu percebi o quanto ele havia crescido.

Me levantei do fundo do Amarok e coloquei minhas mãos apoiadas no banco de trás, minha vista confusa não enxergando o que se passava em minha volta.

-Já passamos do posto de gasolina. - Yuri disse, encarando a mim antes de fitar pensativa um ponto cego pela janela.

-Você perdeu a matança de zumbis - zombou Nagisa, séria.

-Espero que tenham se divertido. - tentei rir, e todos os músculos do meu corpo doeram.

Me encostando nos sacos de dormir que estavam em volta de mim, coloquei a mão na cabeça, que doía terrivelmente.

-Quanto tempo eu dormi? Estão todos bem?

Mas dessa vez, para minha surpresa, ninguém me respondeu, cada um surpreendentemente desviando o olhar para um lugar diferente.

Eu havia machucado eles, quase tinha os matado. Não precisei de palavras para perceber isso.

Quis perguntar para onde estávamos indo, o que tinha acontecido enquanto fiquei desmaiado, só que eu estava cansado demais até mesmo para pensar em tudo isso. Então, eu simplesmente fechei os olhos, abraçando às cegas aquele mesmo pesadelo que eu sabia que viria a seguir.

(...)E você vai se perguntar:

Onde está minha mente?