A Longa Vida De Serena Cullen escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 5
Capítulo 5




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Haviam se passado uma semana... Haviamos experimentado todas as roupas que Alice me dera, mas pude aceitar apenas ¼ delas (só as mais compridas), pois eu ainda não conseguia controlar meu poder, que poderia gerar uma catástrofe à menor recaída. Durante o tempo em que estive lá, me aproximei muito de Alice e Edward... Passava a noite toda com ele e quando ele saia, eu ficava com ela. Eu dormia a metade do tempo de um humano normal, cerca de 4 horas por noite. Edward me acompanhava até a porta do quarto, e me desejava boa noite todos os dias. Ele era agradável, gentil, e eu me esforçava ao máximo para não encará-lo diretamente. Em tão pouco tempo eles já se tornaram meus grandes amigos. Com o coração partido em milhões de pedaços e em uma época de trevas em minha vida, eles se tornaram um ponto estável, seguro, mas eu não poderia ficar dependente deles.

Não tinha achado um bom lugar para morar, não sabia onde ir, mas tinha certeza de uma coisa: queria achar Os Volturi. Na verdade, era Jane que eu queria... Ela destruiu minha última felicidade, meu último sonho.

As lembranças horrorosas dela aniquilando o meu Max, nunca deixavam a minha mente, com excessão de quendo Edward estava por perto. Eu jurei à mim mesma que nunca mais esqueceria aquela cena, assim eu lembraria o motivo de eu ainda estar viva, e esclarecer o meu objetivo. Na noite em que ela nos achou, ela me proucurava, chamava meu nome. Mas Max se intrometeu, é claro, e não suportou... Eu matei o parceiro dela também, mas apenas isso não me satisfez. Eu queria que ela sofresse igual à mim, que ela sentisse na pele o que era perder a última esperança de uma vida melhor, perder alguém que você ama.

Era um fim de tarde, e a maioria dos Cullen haviam saído para caçar. Eu estava sentada em uma pedra, no jardim, junto com a Alice cintilante sob os úlrimos raios de sol.

- Sabe, você é muito solitária... – começou ela. – Não que você não tenha motivos suficientes mas... Você é tão linda e tão jovem... Aliás quantos anos você tem?

- Eu não sei. – dei de ombros. – Acho que tenho 15 ou 16...

- Como assim, você não sabe sua prória idade? – perguntou ela preocupada.

- Não sei. Sei apenas que nasci no dia 18 de setembro. – respirei o ar gélido da floresta pensativa. – Max costumava me dar flores nesta data.

Alice sorriu levemente, e observou os pinheiros à nossa frente.

- Jasper me dá flores escondido... – ela voltou a olhar para mim. – Max devia ser um amigo muito gentil.

- Gentil... – sussurrei – Jamais teria encontrado um amigo mais... Gentil.

Ficamos refletindo, sentindo a suave brisa gelada, e eu observando a pele de Alice refletindo cada raio de sol em várias direções. Me sentia bem ao seu lado. Podíamos escutar a nova melodia melancólica do piano dentro da casa, sinal de que Edward chegara da escola. Nós duas fomos ao seu encontro. Alice começou a conversar com ele isoladamente, ambos pareciam frustrados e nervosos, ele passava as mãos nos cabelos como se fosse arrancá-los. Eu fiquei na minha, e subi para o meu quarto, tentando me ocupar com algo. Estava me olhando no espelho quando Alice entrou confusa e se sentou em minha cama.

- Alice? Está tudo bem? – perguntei devagar.

- Oh, meu Deus! – ela me olhou triste com as mãos cobrindo a boca. – O quanto mais ele terá de suportar?

Rapidamente me sentei a seu lado e passei um braço em seu redor, confortando-a.

- É Edward, não é? – perguntei comovida. – O que ele tem?

- Amor... É o que ele tem. – ela soluçava, sem nenhuma lágrima cair.

- Amor? Mas... –fiquei surpresa. – Ele está envolvido com alguém! Minha nossa!

- Não é alguém... – ela disse sufocada. – É uma humana. E já faz mais de um ano... Isso está acabando com ele.

- Humana? – travei no lugar. – Mas como ele consegue ... – comecei a imaginar Edward beijando uma humana, o cheiro, a pele quente... Como ele resistia a tentação? E imediatamente, minha mente me conduziu à Rubi, que mantinha relações afetivas com aquela humana... O pensamento me fez tremer.

- Não me pergunte. Ele a ama, e o pior é que ela nem é uma mera humana! Pelo contrário, Isabella Swan está longe disso. – indagou ela, revoltada. – Essa garota está acabando com o meu irmão. Eu a amo tanto, mas ela não consegue se decidir entre Edward ou o outro...

- Outro? – fiquei perplexa, não consegui imaginar Edward em uma situação dessas, ele era tão formal e cético. – Como assim outro?

- Jacob Black, o petulante! Um empecilho, se quiser saber... Bella vive atrás dele, diz que o ama como da família, mas ele é perigoso e imprevisível! Agora Bella foi obrigada a escolher um lado, e está arrazada, Edward não sabe o que fazer mesmo sendo o escolhido.

- Nossa... – refleti por um momento e lembrei que ela já havia falado desse Jacob, o lobisomem! – Ele quem devia estar arrazado. Por que ele quis continuar com isso? Ele não pode fazer isso com ele mesmo...

- Eu concordo com você, mas ambos se amam muito. – ela parou ao ouvir um barulho de carro na entrada da casa. – Ela está aqui! Oh, não... Serena, preciso que você fique aqui, e não saia do quarto por nada! Por favor...

- Eu... Ok, tudo bem. – respondi assustada. Que raios de mulher seria essa afinal?

Alice voou para fora do quarto, batendo a porta. Deitei na cama olhando fixamente para o teto. Edward namorava uma Isabella Swan, que tinha um caso com o lobisomem Jacob Black. Isabella não se decidia e quando se decidiu ficou mal. Edward não sabe o que fazer e agora ela está aqui em casa. E eu... eu não tenho nada a ver com isso, e não faço a mínima ideia do que eu estou fazendo aqui. Me senti totalmente deslocada, no meio de uma história que não era a minha. Começei a cantarolar a música dos Forlooe, meu bando, minha... família. Lembrei de Shadow meu melhor amigo, Leonard o revoltado, e Max macho alfa e líder. “Era macho alfa e líder.– me corrigi em pensamento. Deviam estar sentindo muito a minha falta... Como será que estão as coisas por lá? Deveria voltar e cuidar deles como a alfa que sou... mas não posso. Queria vê-los novamente, tocá-los... Parece que minha vida inteira foi apenas um sonho e eu tinha acabado de acordar.

Ouvi sussurros na escada, passos lentos se arrastavam e entravam no quarto ao lado, o quarto de Edward.

- Edward, estou me sentindo péssima... – disse uma voz desconhecida.

- Eu sei. Mas é melhor não tocar mais no assunto, Bella. – respondeu ele. – Charlie nos deu permissão, nós vamos mesmo casar!

Ouvi eles rindo, pareciam felizes. Diferentemente de como estavas à minutos atrás. Eles iam... se  CASAR? Caramba... a vida deles pareciam com uma vida normal. Eles iriam se casar. Tão diferente da vida que eu levava na Amazônia, com conflitos e guerras, mas era tudo bem divertido. Tudo ficou em silêncio por um tempo e ouvi passos descendo as escadas. Graças a Deus, eu queria descer e caçar algum animal pois estava faminta.

Abri a porta lentamente e chequei se havia alguém olhando. Ninguém. Andei devagarinho com cuidado para que a nova integrante não me escutasse, mas quando passei pela porta do quarto de Edward ouvi um grito. A mulher bonita e esbelta que imaginei, não estava ali. E no lugar dela estava uma menina, vestida com calças jeans, camiseta e all star! Ela me encarou assustada e eu não pude evitar rir em choque. Edward subiu as escadas correndo e em menos de um segundo estava do nosso lado.

- Q-quem é você? – ela perguntou, agarrando a maçaneta da porta.

- Eu sinto muito, Edward... – me virei para ele, mal sabendo me explicar. – Sou Serena e...

- Bella me perdoe. Serena está ficando aqui em casa por um tempo, eu esqueci de lhe avisar, com tudo o que está acontecendo... Ela está resolvendo uns problemas com Carlisle. – esclareceu ele e apenas eu notei que ele parecia nervoso.

- Oh, tudo bem... Eu apenas me assustei. – ela esticou uma mão trêmula para apertar a minha. – Prazer, sou Bella Swan.

- O prazer é todo meu... – disse incerta ao apertar sua mão de volta, seu coração estava pulando para fora.

Ela fitou meus olhos nervosa, quando gaguejou.

- S-seus olhos... Estavam verdes e agora... Estão negros.

- Me desculpe... Não tenho me alimentado há uma semana. A cor deles é instável... Não posso controlar. – disse despreocupada e me virei para Edward. – Vou sair tudo bem? Preciso muito caçar.

- Serena, por favor leve Alice ou Emmet junto. Só para prevenir... – respondeu ele.

- Eu posso me virar sozinha.

-Serena, por favor. – suplicou ele, e eu não pude dizer não.

Fui com Alice para a floresta em busca de algum alce ou animal maior. Detectei uma manada próxima e emboscamos um casal de alces enormes. Finquei meus dentes no macho que se agitava tentando escapar, e o segurei firme com os braços imóveis. Logo os pelos do animal já não incomodavam tanto, e a sensação do líquido quente passando pela garganta era uma das melhores. Um ato tão comum como fazer amor, que proporcionava uma emoção semelhante: desejo. Em nosso abraço mortal, os alces pararam de se mecher, anunciando que a morte veio. Alice largou a fêmea seca no chão da floresta e se encostou em uma árvore arfando, suas roupas intáctas e sem manchas de sangue. Eu ainda sugava os últimos goles, quando outra vontade enlouquecida tomou conta de mim. Arranquei um pedaço da carne do pescoço do animal, e mastiguei até engolir. Alice ficou perplexa, mas se manteve no lugar esperando eu terminar. Dei mais algumas mordidas, arrancando a pele e me deliciando com a carne. Meu lado lobisomem vindo à tona, fazendo eu me satisfazer por completo. Me levantei do chão, largando a carcaça dilacerada na grama. Alice fez o mesmo e depois pegou minhas mãos.

- Meu Deus. Você não pôde se controlar?

- É assim que eu faço a fome passar... Preciso beber o sangue e comer a carne.

- Mas eu achei que você bebia sangue e comia comida humana... – disse ela nervosa. – Eu também não posso prever seu futuro de vez em quando...

- Que curioso... Bem, eu preciso comer comida humana, assim como carne, assim como sangue... Não há um meio termo para mim. – meu tom de voz caiu uma oitava.

- Você precisa me contar mais de você... Você é uma criatura muito estranha!

- Vou procurar não me ofender com isso. – disse rindo.

Após tudo isso, voltamos para a casa. Edward me explicou toda a situação com sua amada, e eu começei e me sentir ofendida, Emmet ria sem parar.

- Edward... Você não precisa me dar satisfação... – eu começei.

- Sim, você é quase da família agora. – repreendeu ele sério.

- Entrar nessa família é assim, é obrigado a saber tudo de todos. – disse Emmet sádico.

- Ok vou para o quarto... Boa noite, estou ficando com sono. – me despedi grossa.

Edward se levantou do sofá, e me acompanhou até a porta como sempre. E u me deitei embaixo do edredon rosa bebê e ele se sentou ao meu lado.

-Você ficou surpresa... – ele sussurrou.

- E quem não ficaria... – murmurei. – Você quer mesmo ter uma vida normal com uma mortal?

- E porque não teria? Eu a amo...

- Como pode tocá-la? Beijá-la? – fiquei pensativa. – Como pode fazer amor com ela? Isso vai ser um enorme sacrifício.

- Eu não fiz nada com ela. – respondeu ele ofendido. – E nem pretendo até o casamento. Ela quer que eu a transforme... Estava tentando negociar isso.

- Ah, eu sabia que não tentaria nada com ela enquanto estivesse humana. Você não sabe como é difícil se controlar.

- Você está insinuando que sabe algo sobre isso? – ele aumentou o tom de voz. – Quanto tempo você já viveu?

- Vivi tempo suficiente... – virei o rosto para o armário. – Mais de 200 anos, eu acho... Eu não fico contando.

Ele me fitou no escuro, inexpressivo, com os lábios entreabertos. Ele não sabia o que responder.

- Sim eu sei, aparento ter apenas 15, ou menos. Eu não sei o motivo. Apenas fui crescendo e parei por aqui. Você não sabe como é frustrante ser chamada de criança, quando na verdade já viveu mais de 3 vidas humanas.

- Eu não sei o que pensar sobre isso. – respondeu ele. – Você quer me dizer que já viveu todas as experiências humanas?

- Quase todas. – dei de ombros. – Eu ainda não morri.

Seu rosto ficou uma máscara de espanto e surpresa, tentou falar alguma coisa mais desistiu, alguns minutos se passaram.

- Max... – disse ele por fim.

- Sim, Max era meu namorado. – respondi fria. – Macho alfa do meu bando, filho do melhor amigo de meu pai. Um lobisomem. Meu melhor amigo e a única pessoa que me mantia presa à essa vida. Ele era o motivo de eu querer acordar todos os dias, eu sabia que ele estaria lá em qualquer situação... Ele completava o resto do meu coração, junto com meu pai... – lágrimas escorreram dos meus olhos inexpressivos.

Edward me abraçou com força, imitando minha expressão desolada. Ele via as imagens da minha mente como se fizesse parte da vida dele. Viu que diferentemente dele, eu podia chorar.

- Eu entendo... Sinto tanto... – sussurou ele. – Gostaria de te ajudar de alguma forma...

- Pode trazer eles de volta? – sussurrei com falsa expectativa.

Ele apenas me fitou respirando pesadamente, e me deu um longo beijo na testa. Depois deu um último olhar em minha direção, antes de sussurrar algo que não pude compreender e sair do quarto fechando a porta atrás dele.

E mais uma noite, eu chorei, e chorei, até adormecer em minha própria dor e frustração. Sonhando com Max, em nossa floresta observando junto à mim, as noites estrelas da noite de primavera, ouvindo os sons das corujas nas copas das árvores, querendo beijar aquela boca que não parava de sorrir, nunca. 


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