Os Secretários escrita por S A Malschitzky


Capítulo 4
Copos dourados e ela não é humana


Notas iniciais do capítulo

kkk títulos sem sentido a partir de agora, ou não também.
espero que gostem.



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Após quase três dias de treinamento o tempo todo, Adisson batendo em minha cabeça com uma prancheta de madeira, eu caindo de cara no chão por conta dos sapatos altos de mais, quase ficando sem respirar em vestidos apertados, finalmente chegou o dia do último teste e da cerimônia.
Adisson encara meus olhos e suspira.
– Já andou a cavalo? - pergunta ela tentando enxergar com óculos vermelhos parecidos com os de Candice.
– Não. - digo sorrindo.
– Não sorria tanto. - diz ela seriamente. - Qual o nome de seus pais?
– Eu não tenho pais.
Ela sorri quase imperceptivelmente.
– Ok. Lembra de todos os sinais?
– Sorrisos exagerados significam que querem me matar, musica clássica no prédio todos vão para a sala de reuniões...
– Ok, ok!- interrompe ela. - Você está pronta.
Suspiro e vejo o balançar da calça amarelada de Adisson quando ela se dirige aos cabides.
– Quer usar cachecóis? - brinca ela.
dou de ombros.
– Talvez.
Ela ri.
– Não. Você vai usar o vestido cinza. Aquele do seu primeiro dia. É especial. - Ela suspira e se senta na poltrona ao lado da minha. - Não importa o que aconteça, não se esqueça que tem câmeras e que qualquer passo em falso, você some.
– Some?
Ela sorri e me alcança o vestido.
– Vai colocar a roupa que eu já volto.
Concordo com a cabeça e vou até a porta branca.
Coloco o vestido e fico me olhando até escutar a maçaneta girar novamente.
Saio correndo para fora da cabine e sorrio.
– Não precisa fingir. - diz ela com uma maleta preta nas mãos. - Pronta para conhecer os outros?
Dizer um não seria leve. Suficiente seria pedir uma caixa de sapato para entrar e nunca mais sair de lá.

Dou de ombros.

– Adisson, - digo. – Você nunca quis ser uma secretária? Quando tinha minha idade?

Ela dá de ombros.

– Eu tinha pensado algumas vezes mas... Não seriamente. Eu soube que os garotos estão lindos. – Ela sorri. – Acredite, se um dos secretários for feio, suponha que o funcionário estava bêbado. Muito bêbado.

Concordo com a cabeça já sabendo que ela quer me distrair.

Logo percebo que as coisas não são tão fáceis neste lugar.

Ela me manda sentar em uma cadeira e fechar os olhos. Sinto várias coisas tocarem meu rosto como pinceis.

– Pronto. – diz ela sorrindo. – Eu sou um máximo mesmo.

Sorrio e pego o espelho de sua mão. O azul dos olhos mais forte e vibrante, uma sombra preta e cílios compridos.

– Mudei um pouco a cor. Acho que ficou melhor assim. – diz ela. – Gostou?

– Tanto faz para mim. Qual sapato que eu vou ter que usar? – digo assustada.

Ela ri e vai até a prateleira.

– Porque está tão assustada? Já andou tanto com esses sapatos, que tem marcas dos seus pés tão profundas que ninguém mais vai conseguir se acostumar.

Ela me mostra o sapato cinza de salto grande do meu primeiro dia. Meus olhos se arregalam instantaneamente.

***

Passamos pelo corredor e vários outros funcionários com roupas iguais ás de Adisson voltam sozinhos por vários outros caminhos e entrando em várias portas coloridas.

Um homem sorridente, com a pele escura e os cabelos raspados vêm até nós.

– Adisson! – diz ele mostrando seus dentes branquíssimos e olhando para mim. – Bom trabalho. Você ficou linda. Tenho que ir.

Adisson sorri com um ar de superioridade.

– Adisson! – grita um homem de cabelos vermelhos e espetados correndo na nossa direção. – Você tem que ver meu garoto!

Ele passa por nós.

– Você é a melhor daqui não é? – pergunto.

Ela dá de ombros e continua andando comigo até uma porta vermelha.

– Estou aqui á mais tempo. – diz ela parando e encarando meus olhos. – Olha, é agora. Terão mais de vinte lá dentro então faça o possível para se destacar. Aliás, está vinte minutos atrasada.

– Mas você disse que era neste horário! – digo olhando para o relógio perolado e dourado á minha frente.

Percebo que tem duas janelas imensas com cortinas brilhantes em tons de dourado.

Ela sorri e abre as portas em um movimento brusco e praticamente me empurra para dentro do salão.

Cortinas douradas e brancas, várias bases prateadas no chão com o nome de cada presidente – vinte e sete no total –, várias bases aéreas e redondas como camarotes.

Logo percebo que todos estão olhando para mim com copos dourados nas mãos. Roupas coloridas que não são chamativas, até porque todos estão chamativos. Ou seja, todos estão normais e a usuária de cachecóis, como sempre, está estranha.

Uma garota de cabelos loiros na altura dos ombros, roupa amarela sem mangas, sapatos dourados e brilhantes levanta um copo com um sorriso malvado na boca.

– Senhoras e senhores, eu lhes apresento a atrasada deste ano. Um brinde.

Todos levantam os copos e começam a rir.

Suspiro e tento não ver uma das gêmeas nesta garota.

Uma garota com cabelos brancos com um tom meio anil e um vestido branco e roxo vem na minha direção e ri.

– Você é a garota da Adisson? – pergunta ela me observando de cima a baixo.

– Sim. – digo. – Brianna. – Estendo a mão e sorrio pouco para não expressar que quero matá-la.

– Claire. – Ela sorri da mesma maneira. – É meio estranho aqui. Não acha? – Dou de ombros. – Aquela garota é a Diana. Dizem que não era tão bonita quando era ela mesma.

– Como sabe? – pergunto um pouco assustada. – Disseram que não se pode compartilhar informações.

Ela dá de ombros.

– Rumores não são proibidos. – Ela pisca. – Quem é sua presidente?

– Candice. – digo. – Quem é a sua?

Seu você quis dizer. Stan. – Ela revira os olhos. – Valeu pai. – Ela tapa a boca e olha em volta e sorri ao ver algo atrás de mim. – Olha ali. – Olho para trás e vejo um grupo de garotos sorridente e bonitos, bem como Adisson disse. – Nossa. Johnny não estava brincando. Eles são lindos.

– É. – Dou de ombros vendo o numero dois em vermelho e dourado piscando. Regra número dois.

Diana ri depois que uma garota de cabelos castanhos fala alguma coisa e vem até mim.

– Você é a atrasadinha não é? – pergunta ela olhando para Claire. Dou de ombros esperando que ela vá embora. – Sabe que ela é um robô, não sabe? – Olho confusa para Claire com a expressão imóvel. Ela some no ar. Diana levanta as sobrancelhas e sorri. – Eu disse. Diana. – Ela estende a mão.

Aperto-a ainda desconfiada.

Ela revira os olhos e mostra o braço com o código de barras.

– Acredita agora que não sou uma robô? – pergunta ela.

Concordo com a cabeça.

– Brianna. – digo. – Mas não são vinte e sete secretários? Como ela sumiu?

– Tinha vinte e oito com você. A verdadeira Claire é aquela ali. – Ela aponta com o dedo indicador com a unha pintada de dourada para uma garota apontando justamente para mim e rindo. Suas roupas iguais as da outra Claire, a não ser pelo cabelo preto com mexas loiras. – Acredite, não vale a pena ter elas como amigas.

– Falando quem me apresentou como a atrasadinha.

– Acho que Adisson disse para você a parte do se destaque. Mas se te ofendeu, desculpe. Não foi minha intenção.

Dou de ombros e enxergo a mesa com toalha branca cheias de bandejas com copos dourados.

Ela olha para trás e estala os dedos se lembrando de alguma coisa. Ela pega um dos copos e coloca em minha mão.

– Beba todos que puder. – sussurra ela olhando para os lados.

– O que é isso? – pergunto.

– Vai te manter acordada. É o primeiro teste. Se conseguir ficar acordada, é o mesmo que dizer que aceita trabalho noturno. Normalmente não tem nada disso e recebemos quatro garrafas de um litro por semana. – Ela ri olhando para Claire se desequilibrando no sapato branco e quase derrubando o copo cheiro em um garoto de cabelos loiros lisos, olhos azuis e terno preto. - Claire vai cair daqui a pouco. Coitado do garoto. Pretende quebrar a regra dois?

Começo a rir.

– Não! – digo. – Não quero ser morta.

Um sinal estridente não mencionado por Adisson nestes quatro dias. O parlamentar de Greeneland está na base aérea do meio com um copo dourado nas mãos e um olhar sério para nós. Principalmente para mim.

– Ativados. – diz ele. Sua voz grossa ecoa pelo salão. – Dirijam-se para as bases prateadas com os respectivos nomes de seus presidentes.

Todos correm na direção de suas bases e ficam em cima delas. Ando devagar até a base com o nome de Candice gravado em letras finas e fico ao lado.

Todos olham para mim e Diana sorri querendo fazer um comentário.

Luzes azuis se acendem pelas bases.

– Desçam daí! – grita o parlamentar.

Todos pulam para o lado da base e vemos os hologramas dos presidentes. Alguns tocam o ar tentando tocar em seus rostos.

O paramentar revira os olhos e bate palmas.

– Eu lhes apresento os presidentes. Candice. – Ele se curva e some pelas cortinas.

– Bem vindos ao Green palace. – diz ela sorrindo. As mesmas roupas cinzas, o mesmo cabelo, as mesmas rugas, os mesmos óculos. – Espero que todos fiquem até o final do trabalho.

– O que acontece depois? – Uma garota de vestido azul levanta a mão.

A expressão amigável de Candice começa a ficar séria e raivosa.

Sem perguntas. Amanhã teremos a primeira reunião em grupo. Mas aproveitem a noite de festa hoje. Não quero ver ninguém cair.

Os outros presidentes assentem com a cabeça no mesmo segundo e as luzes se desligam.

Diana puxa meu braço me levando na direção de uma fila de garotas indo na direção de uma escada que leva até um camarote imenso igual ao o do andar de baixo. Cinco garotas caem ao mesmo tempo, moles no chão. me abaixo para ajudar uma delas.

– Não ousem tocar nelas. – ouvimos a voz do parlamentar atrás de nós. – Continuem subindo as escadas.

Olho um pouco assustada para Diane que me olha do mesmo jeito.

A cada dois anos, o mesmo parlamentar comanda a cerimônia e sempre ele me dá arrepios.

Muitas das vezes que tem a escolha e ele tem que selecionar alguém aleatoriamente, desde que fiz dezesseis anos, ele encara meus olhos e achei que ele iria me escolher.

Ficamos quase duas horas tendo que tomar o liquido dos copos dourados até que eles acabaram tivemos que ficar por nós mesmos.

Claire caiu de cara no chão e foi levada para o quarto. o parlamentar trás várias bandejas de mais copos dourados e todos comemoram.

– Tomem mais um copo e vão todos para os quartos. Candice vai falar com vocês.

As luzes se apagam e a imagem de Candice aparece na parede.

– Olá! – diz ela animada, mas logo entrega seu sono com um bocejo. – Bem, hoje foi o primeiro teste. Muitos de vocês estão alertas, outros nem tanto. Mas este não era um teste... digamos que decisivo. Amanhã veremos quem está disposto aos trabalhos. Boa noite.

As luzes se acendem e todos bocejam em comemoração. O garoto em que Claire quase vomitou levanta o copo para mim no andar de baixo.

Olho estranhamente para este gesto.

Adisson não me disse nada sobre isso.

Descemos as escadas e vamos para os dormitórios. Por sorte fico com Diane.

Ela boceja e segura meu braço.

– Por pouco você não ficava com a Claire.

Secretários! - um sinal de aviso estridente. – Fiquem parados, nossos funcionários irão buscá-los.

Diane acena para mim quando o homem de pele escura que nos cumprimentou segura seu braço.

Adisson vem na minha direção e puxa meu braço rapidamente.

– Você viu o garoto do Matt? – pergunta ela.

– Quem é Matt? – pergunto. – Aquele cara que falou com você dizendo que era para ver o garoto dele?

Ela concorda com a cabeça.

– Não sei quem é. – digo. Adisson para e vira meu corpo para trás e mostra o garoto loiro indo com Matt para o dormitório. – Ah. Claire quase vomitou nele.

– Agradeça a Diane. – sussurra Adisson. – Você teria sido morta se ela não houvesse chegado.


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