- De que eu tenho que chamar você? - pergunto encarando seus olhos azuis, mesmo sabendo que são castanhos. 

Ele dá de ombros.

- Do que quiser me chamar. De que tenho que chamar você?

- Brianna. - digo rindo. - Não acredito que não descobri.

- Não acredito que eu consegui mentir para você. - Ele olha para minha perna com a cicatriz. - Ela prometeu não tirá-las.

- Ah. Então foi você. - digo cruzando os braços. - Desde quando sabia que seus pais não haviam morrido? 

Ele suspira.

- Um mês depois de começar a morar com vocês. - Ele esfrega a nuca. - Está brava comigo? 

- Porque estaria? - pergunto. - Você fez o que tinha que fazer. Esconder quem você era de verdade.

- É mas eu fiquei perto de você como se eu fosse outra pessoa. - Ele encara meus olhos. - Você gostava do Olly? Quer dizer, você me pareceu com raiva quando achou que ele estava com a sobrinha da Candice.

Dou de ombros.

- Porque se refere ao Olly como se não fosse você?

- Porque você prefere o Caleb. - Ele ri. 

- Brianna. Por favor, compareça a minha sala. 

- É feriado! - grito.

- Não sou eu quem quero falar com a senhorita. Venha aqui agora. Por favor. E sozinha. 

Olho para Olly que sorri e balança a mão na direção da porta.

Ando até a porta e seguro a maçaneta. Sou puxada para perto dele e ele me beija.

- Volte. Ok? 

- Não suma. Ok? 

Concordamos com a cabeça e ando na direção da sala de Candice.

Empurro a porta e vejo-a sozinha com um olhar distante para a porta.

- Quem quer falar comigo? 

Um tecido escuro é colocado sobre meu rosto. 

Solto um grito e sinto alguém me carregar. 

Sinto um cheiro azedo e começo a ficar tonta, até que...

**

Abro os olhos e encaro o teto de pedra avermelhada. A iluminação está fraca. Algumas tochas ao longo de um corredor grande.

Minhas costas doem. Sinto que estou deitada em pedra. A mesma pedra do teto. Isto é uma caverna. 

Levanto-me e vejo que minha única opção é andar por aquele corredor até achar uma saída. 

Meus pés começam á ficar frios em contato com as pedras até que me dou conta e lembro-me do que Olly disse para Diana quando ela estava aqui.

Fique parada. Eles terão que ir até você. 

- Brianna, ande pelo corredor. Antes que forcemos você á andar por ele. - diz uma voz masculina.

Engulo em seco e sei que mesmo a voz sendo grossa, é Candice falando. 

Ando pelo corredor e fico cansada ao ver finalmente uma luz no fim do túnel.

Ando até a luz invadir meus olhos e eu só enxergar branco. 

Esfrego os olhos e a luz fica mais clara. 

Vejo jaulas enfileiradas. As paredes são feitas de uma pedra mais escura, mais parecida com carvão. 

Algumas mesas de metal com utensílios de cirurgia, como os de Adisson. 

Vejo algo se mover a jaula. Uma garota se joga contra a jaula com um vestido branco de secretária, cabelos bagunçados e os olhos amarelos.

É a amiga de Claire. A primeira secretária a sumir.

- Corre! - ela diz com uma voz fraca, assim como aquela mulher no círculo de ferro. - Vá!

Olho confusa para ela e mesmo não confiando nela, sei que já está a quase um ano presa aqui e que não parece ser nada bom. 

Corro na direção de volta para o corredor, mas um homem muito alto, sem face segura meus braços e um círculo de luz azul surge aonde deveria ser o nariz. 

- Olá Brianna. Estávamos esperando por você. - Uma voz feminina e calma diz. - Porque está tentando fugir?

- Porque eu não sei que lugar é este e eu sei que não é nada bom. - Me sacudo até que o homem me solta e consigo correr. Ouço o clique do destravar de uma arma e um estalo que penetra em meu cérebro. Sinto minhas costas doerem e meu coração desacelerar.

Respiro com dificuldade e caio mole no chão.

- Desculpe Olly.

Dou meu último suspiro e sinto minha vida passando por meus olhos.