Stumble Heavenly escrita por Anne Phoeby


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Estou de voltaaa!!
Obrigada os comentários e até lá em baixo!!



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Ao longe, ouvia um ligeiro barulho de queda d’agua. O cheiro de terra húmida impregnava minhas narinas e parecia que eu ouvia tambores, mas eram as batidas do meu coração. Eu, agora, tenho um coração.


Ergui-me de sobressalto e arregalei os olhos. Sem força acabei por ficar com os braços bambos e cair, agora estava com o rosto espremido entre o chão gélido e a gravidade que parecia me puxar com tanta força que chegava a prender minha saída de ar.

Com esforço me viro. No momento em que minhas costas nuas tocaram a superfície irregular e com pedrinhas pontiagudas, eu soltei um gemido até me acostumar e relaxar deitada de forma mais confortável.

A primeira coisa que vi foi o céu, branco com as sombras de nuvens em tom cinza, já me parecia uma vista deprimente o suficiente. Árvores ao meu redor, quase azuis de tão negras, com os poucos galhos fortes e sem folhas, segurando umas camadas de neve, o chão de terra era duro e preto com uma leve camada de pó branco, o provável resto de neve que insiste em ficar, estava numa faixa onde a terra escura aparecia mais, provavelmente uma estrada. A minha direita a floresta densa e mais branca, a minha esquerda o chão estava com ainda mais neve e, um pouco mais a diante, um lago que não estava congelado. Talvez seja dele a queda d’agua.

– Ai. – Eu grunhi tentado me levantar.

Meu corpo não tinha queimaduras pelas asas me protegerem, mas o impacto da queda ainda surtia efeito, com meu corpo dolorido não suportava a brisa fria em minha pele. Eu já nem sentia minhas asas, o pequeno resto queimado que ficou delas já anunciava que nunca mais poderia voar e voltar ao meu mundo.

Agora, eu sentia. Tinha o tato, um sentido humano. Está frio, frio de mais para suportar. Viro-me de lado e fico em uma posição semelhante à de um feto dentro da barriga da mãe, tremendo de frio e de medo.

É tudo tão estranho. Tenho medo, medo de tudo. Eu era humana. Passei a eternidade no céu e agora era mortal, um ser frágil a meus olhos, um ser sentimental, um ser perecível. O que eu faço? Tenho que voltar!

Pela primeira vez senti um aperto forte no coração, um nó na garganta. Lagrimas se formavam em meus olhos. Eu não sei o que fazer. Sei dos humanos por vigia-los de longe, mas não sei ser humana. O pânico me dominava cada vez mais até que...

Eu comecei a sentir leves vibrações vindas da terra, isso junto com um barulho estranho de motor. Sim, devia ser um carro grande com uns poucos defeitos.

Segundos depois um carro grande foi se aproximando de mim. Ele soltou um barulho incômodo, a buzina, e o motorista estendeu a mão para que eu saísse da frente.

– Menina! Levanta e sai daí! – A voz era não muito grossa, mas bem irritada.

Eu mal me aguentava, não dava para mexer um músculo.

O motorista saiu do carro, pude ver que não era O motorista, mas sim, A motorista. Ela se vestia como uma caipira, não tão caipira, mas, de macacão jeans grosso que disfarçava sua aparência cheia e camisa quadriculada.

Ela andava impaciente em minha direção, diminuído os passos a cada segundo que me fitava com mais atenção. Viu como eu estava deplorável, sendo nua, suja e com o olhar assustado. Ela agora corria em minha direção e me erguia com cuidado, ela nem via minhas pobres asas.

– Ei, ei. Você esta bem? – Sua voz aos poucos diminuía o tom. Parecia cada vez mais com uma mulher gentil, diferente de momentos atrás. – Nossa. Passou por um triturador? Hehe. – ela tentava amenizar, mas cada segundo mais era um esforço para minha mente.

Tentei ficar acordada, mas... Minha visão já escurecia. Até eu perder a consciência nos braços dessa estranha.

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Que quentinho.

Eu me tinha de olhos fechados, mas sentia um cobertor. Um pouco pesado e fofinho que me envolvia por completo, agora percebi o quão pequeno é o meu corpo. Sob essa coberta, também sentia uma camada mais fina que só cobria do meu colo até um pouco abaixo do que seria minha intimidade, provavelmente uma blusa de tamanho grande a qual as mangas eram largas de mais.

Lentamente abri os olhos para me acostumar com a claridade.

O lugar era iluminado por um fraco abajur de luz amarelada. O quarto era pequeno e só conseguia ver a cômoda e o criado mudo que tinha o próprio abajur, mas também uma silhueta de alguém sentado num banquinho. Esse mesmo ser percebeu meu olhar e se inclinou para me ver melhor.

– Oi! Nossa, você finalmente acordou. Sabe, achei que nunca fosse acordar. Já pensou se você morresse na minha cama. Nem imagina a agonia que eu senti. Você tem nome? É que me cansei de me referir a você de você, entende? – Era uma menina, não sei sua idade, mas com certeza é hiperativa. Ela se voltou para uma extremidade do quarto, ascendeu a luz e abriu a porta. – Mãe! Ela acordou! Vem logo!

Eu já tinha me sentado na cama um pouco fofinha, abraçava meus joelhos com medo do largo sorriso que a menina me dirigia.

Ouvi passos pesados e apressados, era a mesma motorista que me segurou enquanto desmaiava.

– Ufa! Você está bem. – Ela se aproximou devagar, já sabia que podia me abalar facilmente e também hesitou quando me viu encolhida. – Escute, não quero eu se sinta ameaçada nem nada. Mas preciso que me diga quem você é. – Ela disse pausadamente.

– E-eu, eu. Eu? – Eu não sou ninguém. Não tenho nome e minha existência não era esperada, em resumo, sou um erro, acidente. – Eu não sei.

– Olha não vai acontecer nada com você, mas me diga ao menos seu nome, sua idade ou de onde veio antes daquela estrada.

– Eu não sei. Não tenho nome nem terra natal.

A mulher bufa.

– Tenho certeza de que tem um nome. Fala pra gente. – A menina falou menos animada e mais carinhosa.

– Desculpe. Mas realmente não tenho nome. Estou sendo sincera com vocês.

– Tudo bem. – A mulher ainda bufava. – Mas essa historia não acabou. Por hora tome uma sopa e durma mais um pouco, amanhã, vamos a policia.

Concordei com a cabeça em um aceno positivo. A mulher já ia saindo.

– Espere! – A interrompi. – E qual o nome de vocês?

– Eu sou Martha e essa é minha filha Roxanne.

– Prazer. – Eu me acomodava melhor na cama, ainda sentada. E agora a menina me encarava com o olhar divertido, eu estava esperando mais um amontoado de falas rápidas.

– Posso te chamar de Sky? É que, quando olho pra você, penso em um céu azul calmo. Eu gosto disso. – Me surpreendeu ela falar algo assim. Ela estava com um brilho nos olhos que reconheci de cara, era uma criança pura e crente, alguém que, se pudesse ver minhas asas, me acharia um anjo, o que eu realmente sou.

– C-claro. – Bastou dizer isso e, não só seus olhos, mas seu rosto inteiro se iluminou. Essa menininha é interessante e desde que cheguei ao Mundo Mortal, senti conforto e um pouco de alivio.

Como o Arcanjo Michael disse para mim uma vez: “sentimentos humanos são complexos e alguns até ruins, mas aqueles sentimentos que dão conforto ao coração são a alegria que nós anjos não podemos experimentar”.

Experimentei esse sentimento e concordo plenamente com você, meu querido guardador. E que me dê forças para voltar para o céu.




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Notas finais do capítulo

Sim, foi meio corridinho, mas vou trabalhar mais nas continuações!!
Até mais, espero que tenham gostado^^



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