Édipo escrita por LFrinhani


Capítulo 7
Constatação


Notas iniciais do capítulo

Altas revelações esse capitulo XD



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Já haviam se passado dois meses que tinha voltado para Chiba, tudo ia relativamente bem. Era muito elogiado em meu trabalho e Akira era muito flexível em relação ao horário, segundo ele a prioridade de um estudante é estudar, então ele sempre me liberava mais cedo. Já na escola mesmo apos ter se passado dois meses eu ainda me sentia deslocado, afinal a maioria dos alunos já se conheciam desde o primeiro ano, eu era como um corpo estranho dentro de um organismo, cujo qual é isolado e repelido pelas outras células, mas tudo bem, não sentia a necessidade de me socializar com as outras pessoas, talvez assim passasse mais rápido.

O trabalho e a escola me faziam ficar muito tempo fora de casa, consequentemente ficava muito afastado do meu pai e da Misaki, porém mesmo assim eu acabava os vendo frequentemente na cozinha de manha, ou esbarrando com eles pelo corredor. Eu não conseguia evitar, toda vez que eu me encontrava com Misaki eu sentia aquele maldito calor, parece que ele piorou muito depois que descobri quem ela era. Tentava manter uma certa convivencia mas falar normalmente com ela era quase impossível, eu não conseguia juntar as palavras e formar frases com o minimo nexo, então reduzia a fala o máximo possível para evitar constrangimentos.

A umas semanas atras comecei a ter sonhos estranhos com Misaki, onde estávamos em um campo de margaridas e ela sempre sorria pra mim daquele mesmo jeito que costumava fazer, mas sempre que eu tentava me aproximar era como se eu não saísse do lugar, ela continuava a mesma distancia de mim, sendo que estávamos relativamente perto, quando eu estendia a mão para toca-lá tinha a sensação de cair e então acordava. Noite após noite era sempre o mesmo sonho, sempre acordava no meio da madrugada e custava a dormir novamente, isso quando não sonhava duas vezes na mesma noite. Comecei a ficar com medo e passei a dormir cada vez menos. Bem, dormir menos em casa, pois eu recompensava um pouco dando rapidos cochilos na escola, além de manter uma certa distancia de Misaki. Então passava o maior tempo possível fora de casa, porém isso me fazia ficar mais longe do meu pai e eu me sentia mal por isso, afinal era para me aproximar dele que estava ali.

Como sempre não havia dormido direito e minha cabeça doía levemente nesse dia, mas deveria ir pra escola, então me levantei lentamente e fui tomar um banho pra ver se melhorava. Incrivelmente sem notar acabei cochilando debaixo do chuveiro, quando eu me dei conta já tinha perdido a hora. Desci as escadas correndo ainda colocando a mochila sobre os ombros, minhas necessidade por café era maior que a vontade de chegar na hora, rapido e objetivo cruzei o corredor em direção a cozinha, foi quando cheguei na porta do recinto que meus olhos visualizaram aquela cena.

Não, por favor, denovo não, aquilo não poderia estar acontecendo novamente. Misaki estava deitada de bruços, imóvel no chão da cozinha. De repente as imagens se embaralharam na minha mente, tudo estava acontecendo denovo, agora o que via não era mais Misaki e sim minha mãe, ela estava lá novamente, no chão, sangrando, mas dessa vez eu poderia salva-la, eu não era mais um menino fraco. Em cerca de milésimos de segundos uma descarga de adrenalina já estava correndo em minhas veias, eu tinha que fazer alguma coisa, eu precisava salva-la.

– MISAKI! – Com esse grito deixei que a mochila escorregasse de meus ombros e corri até a mulher e a levantei do chão.

A segurei pelos ombros por um instante diante dos meus olhos para me certificar de que ela estava bem, aparentemente não estava ferida, não havia sinal de sangue algum, isso de certa forma me aliviou, foi como se um grande peso havia saído das minha costas. A mulher me olhava com cara de assustada, seus grande olhos castanhos transmitiam um certo medo. Foi então que sem pensar a envolvi em meus braços e a abracei forte, apertando seu pequeno corpo contra o meu, nem me importei se ela iria ouvir as batidas aceleradas do meu coração, já que ela era mais baixa e sua cabeça batia em meu peito, eu só queria ter certeza de que estava tudo bem mesmo.

– Yuu-kun, não consigo respirar. – Foi o som que saiu de sob os meus braços.

Rapidamente soltei Misaki que já estava começando a ficar vermelha, não notei mas devo ter feito força demais no meu abraço. A mulher, assim como eu, estava arfando, ela me olhava ainda espantada com o que havia acabado de acontecer. Vê-la arfando e corada daquele jeito fez com que eu sentisse aquele incomodo calor de sempre, provavelmente estava corando também, apenas abaixei meu olhar, não queria que ela percebesse aquilo.

– Desculpa, está tudo bem com você? – Foram as únicas palavras que consegui proferir.

– Sim, eu estou bem. – Ela respondeu ainda parecendo atordoada.

– Se você está bem por que estava deitada no chão da cozinha? – Perguntei agora com um tom de raiva na voz.

– Eu só estava procurando algo que tinha caído debaixo do armário. Desculpe se eu te assustei. – Completou a mulher em tom de culpa.

Só isso? Então era só isso? Agora estava me sentindo realmente envergonhado por ter agido daquele jeito impulsivo, mas eu também não sei ao certo o que aconteceu, quando vi Misaki ali no chão eu não consegui pensar em mais nada, apenas em protege-lá. Droga, meu coração não desacelerava por nada, mesmo depois de saber o que realmente tinha acontecido, minha respiração também estava difícil de controlar, minhas pernas estavam bambas, não sabia quanto tempo mais conseguiria ficar em pé. Puxei uma cadeira e me sentei, apoiei meus cotovelos na mesa e coloquei meu rosto entre as mãos, como se assim fizesse minha cabeça parar de rodar. Misaki colocou um pouco de água num copo e o botou na minha frente, virei o conteúdo do copo com um gole só.

– Yuu-kun, me perdoe, eu não tive a intenção. – Disse a mulher tocando em meu ombro.

Seu toque só fez piorar a minha situação já alterada, meu coração acelerou ainda mais, mesmo achando que isso não era possível, esqueci de como faz pra respirar, o calor já incomodo se intensificou, mas eu sabia que estava assim não por causa do susto, no fundo eu sabia por que, só não queria admitir isso, droga, não tinha mais como mentir.

De forma bastante rude tirei a mão da mulher de mim, sem dizer uma palavra recolhi a mochila do chão e sai da casa sem olhar pra trás. Já do lado de fora não consegui andar mais do que alguns metros, sentindo uma leve tontura me sentei na calçada, novamente levei as mãos a cabeça, não dava mais pra fugir da verdade, no fundo eu já tinha me dado conta disso, mas eu ainda tinha esperança de invalida-la, agora não havia mais esperança já era fato consumado. Eu estava apaixonado, pela mulher do meu pai.


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