Édipo escrita por LFrinhani


Capítulo 3
Conversa


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer ao pessoal do grupo da Page Otomes no face e pro pessoal do Chat Durarara pelo apoio, muito obrigada
Boa leitura!



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Descemos as escadas para o primeiro andar, já no térreo meu pai foi na frente pelo corredor em direção a cozinha. A proximidade com aquela parte da casa me deixava um pouco aflito, depois do que aconteceu com a minha mãe naquele lugar, a cozinha se tornou uma espécie de assombração para mim, meus piores pesadelos se passavam ali. Mesmo depois de muito tempo eu ainda temia aquele lugar.

Ao chegar mais perto da porta do recinto respire fundo, confesso que tremia um pouco e já começava a transpirar. Parado em frente a porta meu pai também parecia um pouco aflito, porém me olhava com uma expressão encorajadora, retribui seu olhar e indiquei que ele entrasse primeiro, ainda um pouco duvidoso ele finalmente entrou, respirei fundo novamente para ver se conseguia controlar a tremedeira, ergui a cabeça e entrei logo em seguida.

Assim que entrei dei uma rápida olhada ao redor. A cozinha, como o resto da casa, também havia sido preservada do mesmo jeito que antes, menos duas coisas. A mesa e o piso foram trocados. Isso de certa forma me aliviou um pouco, realmente não iria me sentir bem em comer na mesa em que minha mãe havia se ferido mortalmente, muito menos pisar naquele chão, pois em minha cabeça ele ainda estava manchado de sangue.

Fiquei um tempo em pé apenas olhando e relembrando os bom momentos que o local ainda guardava, mesmo que escurecidos pelo fatídico acidente. Estava mais tranquilo agora porém ainda tinha receios por estar naquele lugar, e principalmente sobre o que viria a seguir, afinal estava preste a finalmente iniciar um jantar com a nova mulher do meu pai. O que vai acontecer?

- Venha Yuu, sente-se. - Convidou meu pai já sentado a mesa ao lado de Misaki.

Fui ate a nova mesa e me sentei de frente para os dois. A mesa que não era muito grande, estava um tanto cheia para um simples jantar a três, porém tudo estava com uma ótima aparencia e o cheiro era realmente convidador, se o sabor estivesse igualmente bom seria um ótimo jantar. Com certeza foi Mizaki que tinha o feito, já que meu pai, além de sempre chegar tarde por conta do trabalho, não tinha uma boa mão na cozinha, só eu sei o que sofri tendo que comer a comida dele.

- Eu não sabia ao certo o que você gostava, então eu fiz um pouco de cada coisa, espero que goste Yuu-kun. – Disse Misaki reparando na cara que fiz ao olhar a quantidade de comida sobre a mesa.

- Mas então Yuu, como vai Mei? – Perguntou meu pai já se servindo da comida.

- Ah, vai bem, do jeito dela, você sabe como é. – Respondi ainda indeciso sobre o que pegar primeiro.

Tia Mei era irmã mais nova do meu pai, mas diferente dele ela era super extrovertida, pra falar a verdade nunca a vi em um dia ruim, nem nos sete anos em que morei com ela em Tokio. Ela era bem alta e tinha longos cabelos loiros, seus olhos verdes tinham uma luz diferente e o som de sua risada poderia fazer qualquer um rir mesmo sem querer, ela era realmente especial pra mim. Me lembro do dia em que fui morar com ela, ela me aconlheu de uma forma tão calorosa que de certa forma me ajudou “superar” a perda da minha mãe. Tia Mei era uma pessoa muito legal, mas não era como uma mãe.

- Entendo, estilo Mei de viver. Ela me contou que você estava trabalhando em meio periodo lá em Tokio.

- Pois é, não era nada muito grande, era só pra ajudar em casa e pra não ficar sem fazer nada.

Realmente não era nada de mais mesmo, trabalhava como garçom em um pequeno restaurante proximo a casa da tia Mei, não ganhava muito mas dava pra eu me virar, não gostava muito da ideia de pedir dinheiro e de depender de outras pessoas.

- Então Yuu-kun é do tipo independente? – Perguntou-me Misaki com um semblante interessado.

- Pode se dizer que sim. – Respondi e então finalmente comi o que havia colocando no prato, não vou negar, estava realmente muito bom. – Nossa, isso está ótimo!

- Fico feliz que tenha gostado. – A mulher sorriu, de certa forma isso mexeu comigo, por pouco não esqueci de respirar. Será que é assim que deveria me sentir por ter uma nova mãe? Estranho mas parece que eu já a conheço, só não consigo lembrar de onde. Ela me parece familiar.

- Pena que você não pode vir ao casamento, teria provado ainda mais do poder culinário da Misaki, mas eu entendo que foi muito repentino mesmo. – Comentou meu pai enchendo mais seu prato e sorrindo pra Misaki.

- E ponhe repentino nisso. – Foi sem querer, quando vi já tinha dito. De repente um clima meio tenso se instalou entre nós. – Mas então me contem, como vocês se conheceram mesmo? – Sim, isso foi uma tentativa de me redimir.

- Bem, seu pai frequentemente ia em meu trabalho, fiquei ate surpresa quando ele finalmente me convidou pra sair, achava que eu mesma teria que o convidar. – Disse Misaki com uma expressão um tanto envergonhada

- Pois é, senti que deveria tomar logo uma atitude, senão iria perder a chance.

- Você trabalhava em que Misaki? – Perguntei por curiosidade mesmo.

- No comercio, eu tinha meu próprio negocio mas eu resolve vende-lo pra poder me dedicar ao lar e ao seu pai. – Ela olhou para ele que retribuiu o olhar sorrindo meio sem jeito.

- Com tudo isso achei melhor não esperar demais, então resolve pedi-la em casamento.

- E como eu já estava apaixonada não pensei demais e aceitei. – A mulher sorriu mais abertamente o marido. Isso de certa forma me incomodava um pouco. Mas por que? Você poderia parar com isso?

- E então casaram o mais rápido possível. – Conclui com está afirmação. Já havia terminado de comer e realmente não conseguiria comer mais nada.

- E quando começaram as aulas Yuu? – Perguntou meu pai notavelmente querendo mudar de assunto, eu apenas acompanhei.

- Semana que vem.

- Você vai cursar o terceiro né Yuu-kun? – Perguntou agora Misaki, apenas balancei a cabeça afirmativamente. – Você já sabe o que ira fazer na faculdade?

Ok, isso eu não tinha pensado ainda. Estava tão focado em meu trabalho de meio periodo e nos estudo que nem havia parado pra pensar sobre o que eu queria pro futuro. Analisando melhor agora, garçom não é exatamente o que eu queria fazer pelo resto da minha vida.

- Bem, eu não sei ao certo ainda, mas pensarei em algo até o fim do ano. Mas se me permitem, acho que vou me deitar agora, a viagem foi um pouco cansativa. – Disse já me levantado da cadeira, queria sair daquele lugar o mais rápido possível, já havia ultrapassado a minha cota.

- Tudo bem. – Falou Misaki assim que meu pai fez menção de me impedir.

- Yuu. – meu pai me chamou quando já estava na porta, apenas me virei. – Bem vindo de volta filho.

Apenas sorri de volta e continuei meu caminho escada acima, em direção ao quarto. Chegando ao meu destino sentei-me na cama respirando fundo varias vezes, na tentative de dispersar aquela sensação aguniante. Não era primeira vez que havia entrado na cozinha após o acidente, mas já haviam se passado sete anos que não entrava lá, meu psicologico não estava tão bem preparado como tinha pensado.

Por causa de toda a tensão dentro de mim estava tremendo de novo, começava a suar também. Caminhei ate a janela já aberta e fiquei uns segundos a sua frente na esperança de que o vento batesse em meu rosto e aliviasse aquele estresse. Para o meu azar não soprava nem uma leve brisa, resolvi então tirar a camisa pra ver se ajudava um pouco. Quando achava que não dava pra ficar pior o inesperado aconteceu.

- Yuu-kun, aqui estão alguns lençóis caso precise. – Disse Misaki abrindo a porta do quarto.

Que situação constrangedora, estava sem camisa, suado e parado em frente a janela, enquanto ela me olhava da porta com uma cara um tanto cômica. Ela estava com a boca aberta e com as sobrancelhas franzidas, provavelmente estava assustada com a cena que via.

- Desculpe, eu deveria ter batido. Está tudo bem com você? – Falou a mulher já se aproximando.

- Sim sim, está tudo bem não se preocupe. – De certo modo tentei impeder que ela se aproximasse, ainda não me sentia muito confortavel perto dela.

Não deu certo, ela continuava a vir mais perto, como o quarto era pequeno em poucos passos ela já estava parada bem na minha frente. Respirar estava se tornando mais difícil. Ela estava prestes a me tocar, sua proximidade fazia meu coração acelerar, minha respiração, já difícil de controlar, se encontrava descompassada, estava começando a sentir como algo esquentando em mim, a sensação mais estranha que já senti, mas acho que já senti isso antes, não pela minha mãe, por outro alguém.

- Você está quente Yuu-kun, pode estar com febre. – Sim, ela havia me tocado.

Quando sua pequena mão fria entrou em contato com meu peitoral quente foi como se uma corrente elétrica tivesse percorrido todo o corpo, o calor que já sentia pareceu se intencificar de forma assutadora. Sem pensar duas vezes retirei a mão da mulher do meu corpo, confesso que fui um tanto rude de forma que cheguei a ofende-la, não era essa a minha intenção mas queria afasta-la de qualquer jeito.

- Não estou com febre, é só um pouco de calor, só isso! – Me virei e dei alguns passos a frente, só para me certificar de que estava longe o suficiente. – Mais alguma coisa? – Perguntei sem olha-la ainda de costas.

- Não, nada, se precisar de alguma coisa é só pedir. Boa noite Yuu-kun. – Ela disse com um tom um pouco triste se retirando do quarto e fechando a porta logo em seguida.

- Que loucura foi essa? – Perguntei a mim mesmo sentando na cadeira da escrivaninha.

Não tinha entendido nada do que havia acabado de acontecer, meu coração ainda estava acelerado e minha respiração nem tão cedo voltaria ao normal. Deitei-me na cama novamente fitando o teto, minha mente estava tão confusa que chegava a estar um pouco tonto e enjoado, porém era melhor dormir agora e deixar para desenrolar esses nós depois, amanha seria um dia decisivo, finalmente iria ao cemitério depois de sete anos, eu ainda não sabia se teria a devida coragem pra ir, saberia de manha.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido, gostaria de saber o que achou.



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