Acordei com a os feixes de luz do sol, passando pela frestinha da janela. Fui abrindo meus olhos devagar. Olhei em volta. Ai merda! Havia mesmo acontecido. Para mim, não passava de um sonho meu, nada mais que isso. Mas olhando para as minhas roupas jogadas, uma em cada canto do quarto, eu completamente nua, apenas com um fino lençol me cobrindo e deitada ao lado de Matt Dixon, na mesma cama. Sim, minha cara Cass Bowen. Você transou com o Matt, disse meu inconsciente a mim. Merda, sou idiota demais mesmo, puta que pariu. 

Saí da cama, sem fazer movimentos bruscos para acordá-lo. Fui pegando minhas roupas pelo chão. Saí do quarto nas pontos dos pés para não fazer barulho. Olhei para os lados no corredor e nada. Sorte minha que não tem ninguém ali. Descalça mesmo, fui descendo as escadas. Já do lado de fora da casa dele, liguei para Calli, que caiu na caixa postal. Droga! Liguei para Nate e foi a mesma coisa. Eles devem estarem juntos, cara, só pode. Bufei baixo. 

Fui andando até um ponto de táxi mais perto. Para minha sorte achei um. Passei meu endereço para ele. Cheguei em casa em dez minutos. Subi até meu quarto e joguei meus sapatos em qualquer canto ali. Me joguei na cama, e só aí que caiu a ficha do que eu tinha feito. Não estava bêbada, muito menos ele. Fiz porque quis. Fiz uma merda das grandes, pensei. Derrepente brota um sorriso nos meus lábios. Fui tirada do meu devaneio pela porta do meu quarto sendo escancarada pelo meu irmão, que entrava com tudo ali.

- Caralho! Cass, tu não sabe da maior. - falou com um enorme sorriso no rosto

Logo de primeira pensei que ele tinha voltado com a tal de Kristen.

- Voltou com a tal Kristen, foi? - perguntei

Ele apenas me olhou e riu alto. Me fazendo entender nada.

- Tu acha que eu iria tá assim, mega feliz por ter voltado a namorar? - assenti - Ih, pelo jeito não me conhece mesmo, né maninha? Mas não é isso. Adivinha!! Papai e mamãe vão doa nadar passagens para ir para o Rio de Janeiro, ver o Rock in Rio desse ano. Massa né? E mais, temos direito de levar alguns pessoas, no máximo, quatro convidados para cada um... Isso, papai e mamãe ganharam uma promoção. Sortudos demais, puta que pariu!

Ow! Sempre quis conhecer o Brasil. Vejo algo sobre esse país na tv e me parece um lugar muito bonito. Inclusiva o Rio. Fiquei feliz na hora. Peguei meu celular e liguei imediatamente para Calli e contar a novidade. No telefone, contei e dava para escutar os gritos dela. 

- Você vai me levar hein? - disse ao gritos - Caramba! Brasil, Cass. Brasil!! - gritou

Depois de Calli sossegar e se acalmar. Ficamos conversando sobre algumas coisas. Ela me disse que na festa ontem, ficou com o Nate e tals e que eles tinham quase transado. Foi aí que eu lembrei do que havia acontecido comigo. Contar ou não contar? Eis a questão. 

- E como foi a festa pra ti? Fiquei sabendo que você dançou com o Kevin e que do nada ele apareceu sozinho na festa. Deu perdido nele só pra sair com o Matt?  

Ok, como ela sabia? Fiquei em silêncio.

- E antes que você me pergunte algo, eu estava perto da porta da saída com o Nate, quando vimos você puxando o Matt pelo mão. Tava querendo hein, amiga... - falou rindo

- Vai se fuder, Calli Moore. - falei séria

- Pelo jeito não fui eu que fudeu ontem. - falou ainda rindo

- Calli, que horror! - falei com tom de indignação

Ela apenas ria.

- Agora é sério, transou com ele ontem? - perguntou Calli

- O que acha? - revidei

- Que sim.

- Então...

Ela apenas gritou mais uma vez.

- Cassie Bowen. Como foi, me conta...

- Uma palavra: arrependimento

- Como? Foi tão ruim assim?

- Não, muito pelo contrário. É que, sei lá. Não era para ter acontecido. Matt Dixon é um grande filho da mãe. Aposto que ele vai ficar comentando com os amigos dele. 

- Ah, entendo agora. Mas relaxa. Vamos focar nessa viagem aí.

No dia seguinte, fui acordada ao som de Foo Fighters. Pelo jeito meu irmão estava já com o espírito do Rock in Rio. Só faltava ele começar a escutar aquelas músicas brasileiras e pronto, eu diria que ele estaria louco ou foi abduzido.

Fui caminhando até o colégio. Com o Ipop ligado, tocando Say (All I Need), do OneRepublic. Fui dando passos distraidamente, até esbarrar em alguém que estava de costas para mim.

- Foi mal! - disse para a pessoa

- Foi ótimo... - falou Matt se virando para mim - O que eu não entendi, foi o porque de você ter saído daquele jeito sem falar nada ou se despedir de mim. - me encarava diretamente nos olhos

Fiquei muda. As palavras estavam ali, mas meu cérebro não conseguia mandá-las para a minha boca para eu dizê-las. 

- Tinha que ir para casa. - falei

Ele apenas me encarou e sorriu de lado. Dando um passo para frente. Eu logo, deu um passo para trás.

- Melhor irmos, temos aula e eu não quero chegar atrasada. - falei passando ao sua frente 

Chegando na escola, vejo de longe Calli e Nate ao beijos. Agora que seguro vela mesmo, pensei baixo.

- Segura porque quer, Cass. - falou Matt perto do meu ouvido

Aquele ato dele, me fez dá um pulo para frente de susto e me virar para ele.

- Porque falar tão perto do meu ouvido hein? Não sou surda. - falei entredentes

Ele apenas dá um passo para frente, deixando sua boca, a centímetros da minha.

- Ontem você parecia gostar quando eu falava no seu ouvido. Até gemia com isso. - falou maliciosamente

A raiva me subiu a cabeça naquela hora. Sabia que ele jogaria isso na minha cara. Cafajeste de quinta!

- Só para você saber, aquilo foi um erro e não deveria acontecer. Por sorte minha e sua, não vai acontecer mais. - falei o encarando com o tom de voz sério e seco

Ele apenas sorriu de lado. Puta merda! Para que sorrir desse jeito? Se inclina mais.

- Pode ter sido um erro, mas convenhamos que foi o erro mais certo que eu já fiz na minha vida. - falou e saiu em seguida

O resto do dia naquela escola foi assim: Calli e Nate trocando olhares durante as aulas. No intervalo, eles ficavam nos amassos. Já eu ficava lá, segurando vela. Feito uma tonta. Toda vez que olhava ao meu redor no refeitório, via Kevin me olhando descaradamente, o que me deixava um pouco incomodada. Já Matt olhava discretamente, o que não me deixava incomodada, mais um pouco retraída, digamos assim. 

Na hora de sair, me despedi de Calli e Nate. Preferi ir sozinha, já que eles estavam ficando, não iria segurar vela o tempo todo. Já bastava na escola. Liguei meu Ipop. Blow Me, da Pink tocava. Foi aí que fui agarrada pelo braço e puxada com força para trás. Dei um grito de medo, pavor e susto na hora.

- Ei, calma. Sou, Cass. - falou Kevin

- Seu filho da mãe, quer me matar do coração é? - perguntei com o tom de voz bravo

Ele sorriu.

- Tá no mundo da lua é? Te chamei e você nem me escutou. - mostrei para ele o fono de ouvido e o Ipop - Ah sim. Entendi agora. - sorri - Vem, vou contigo até sua casa.

No meio do caminho, Kevin puxava conversa comigo. Eu respondia um ''aham'', ''hm, legal'' ou ''ah''. Não estava muito afim de falar com ele depois do jeito que ele me olhava no intervalo. 

- Pronta. Entregue. Tchau, Cass. 

Ele veio me dá um selinho, mas eu virei o rosto e ele beijou minha bochecha. Ele sorriu meio sem graça, mas deu de ombros e saiu. Quando estava colocando a chave na fechadura, levo mais outro susto.

- Pelo jeito, entendo o porque de você dizer que ontem a noite foi um erro. Se fosse com ele não seria, não é? - falou Matt encostado no portão com os braços cruzados na altura do peito

- Que? Do que tá falando? - perguntei 

- Vai me dizer que não preferia o Kevin transando com você ontem, do que a mim? Percebi isso agora a pouco. - falou seco - Ok, Cass. Já entendi. Pode deixar que eu não vou te atormentar mais.  - disse se virando e saindo dali

Fiquei sem reação no momento. Foi quando a porta de casa abriu e eu caí com tudo de bunda no chão. Ai!

- Mas é muito lerda mesmo. Não se apoia na porta, Cass. - disse Alex rindo de mim, mas me ajudando - Ei, aquele ali não é o Matt? - assenti - O que ele fazia aqui?

- Não sei. - falei com a voz baixa e subi as escadas rumo ao meu quarto

Chegando lá, me joguei na cama. O que foi aquilo? Olhei para o teto e só assim lembrei das palavras de Matt para mim. ''[...]Pode deixar que eu não vou te atormentar mais [...]'' Lembrando daquilo me fez sentir um aperto. O que ele queria dizer com ''não vou te atormentar mais?'' Respirei fundo, e fechei os olhos.