Part. 02: Bella

O silêncio tomou conta da sala naquele momento, não senti ele se mover em minha direção, achei que eu já estivesse morta e que tudo havia acabado. Ouvi o barulho da faca ao cair no chão, não senti dor alguma, abri os meus olhos lentamente. Ele estava ajoelhado e olhando fixamente para o chão, eu não estava ferida. Ele não havia me machucado.

Fiquei observando sua reação, não consegui entender nada do que aconteceu, ele podia ter me matado mais não fez isso.

–Você está bem? -Perguntei.

Ele se levantou olhou em meus olhos, agora o olhar dele estava diferente.

–O que fez comigo? -Ele perguntou assustado enquanto colocava sua mão direita em seu peito.

–Nada. -Sussurrei.

Ele saiu correndo em direção à porta, gritei “Espere. Não me dixe aqui” mais ele estava assustado demais para me ouvir, trancou a porta e desapareceu.

Part. 01: Edward

Não sei o que ela fez comigo. Eu ia mesmo mata-la? Algo muito estranho havia acontecido essa noite, nunca tive coragem de matar ninguém. Cheguei à sala e levei um susto enquanto subia as escadas.

–Edward? -Alguém me chamava.

Meu coração esta a mil por hora, voltei o olhar para sala e fiquei feliz por ver que era Carlisle.

–Ah! Oi pai. -Respondi tão tranquilo que cheguei a suspirar.

–O que foi? Você está pálido.

–Nada, eu só não estou conseguindo dormir. -Respondi rapidamente.

–Quer conversar sobre o que aconteceu hoje? -Ele realmente me pareceu preocupado.

–Pai eu entendi o que fez mais... -Ele me interrompeu.

–Edward foi melhor assim, o pesadelo acabou e nós estamos salvos. -Ele argumentou.

Eu não o respondi, balancei a cabeça positivamente, voltei o olhar para a escada e subi para o meu quarto. Senti meu corpo tão pesado que caí na cama e apaguei.

Acordei às nove da manhã, eu já estava me sentindo bem melhor. Fui em direção à mesa tomar café, tudo estava calmo aqui em casa. Nessie e Esme estavam tomando café, meu pai estava na biblioteca. Dei um beijo em Nessie e me sentei à mesa.

–Edward como está se sentindo? Seu pai me falou que você não estava bem ontem. -Esme me perguntou.

–Só estava cansado ondem. -Respondi

–Bom, eu e Renesmee vamos dar um passeio pela vila hoje, que vir conosco?

–Vocês não acham melhor ir passear amanhã? Hoje as pessoas devem estar assustadas. -Perguntei.

–Assustadas Edward? -Ela usou um tom irônico. -Vá lá fora e vai perceber o quanto as pessoas estão assustadas.

Só entendi o porquê daquela ironia de Esme quando saí de casa. Realmente ela estava certa, não havia nenhum rastro do que aconteceu ontem e as pessoas agiam normalmente, era como se nada tivesse acontecido.

–Edward! -Jasper gritou a me ver.

Ele estava, como sempre, com Seth, Jacob e Emmet. Corri até eles.

–Viram só. As pessoas estão agindo como se nada tivesse acontecido. -Comentei.

–São todos loucos mesmo. -Jacob brincou.

–Edward, digamos que a agora a nossa vila está em paz. Completamente sem perigo, sem medo, é estamos todos felizes. -Jasper falou.

Olhei para Jasper, ele sempre foi o mais supersticioso de todos nós. A família dele, os Hale, era simplesmente a família mais tradicional da vila, só perdeu o titulo da mais antiga da vila para a minha família. Jasper era o tipo de pessoa que leva qualquer coisa a sério, às vezes até demais.

–Soube que hoje vai haver uma festa. -Falou Jacob.

–Festa? -Perguntei surpreso.

–É em comemoração a morte das bruxas. Eu estava pensando em convidar a Leah. -Falou Jacob.

Seth bateu no braço esquerdo de Jacob.

–O que foi? -Jacob sorriu.

–Não se esqueça de que ela é minha irmã. Não vai corteja-la a menos que queira morrer. -Seth brincou.

–E você Edward, vem à festa? -Japer perguntou.

–Não estou muito em clima de festa. -Respondi.

–Ah não! Eu não acredito, que Edward Cullen o homem que nunca perdeu uma diversão, não vai a uma festa. -Jacob ironizou.

Alice se aproximou de mim e os meninos se afastaram nos deixando sozinhos, ela e eu nunca tivemos intimidade, falávamos só o necessário e quando necessário, isso quando tínhamos o irmão dela Emmet de olho em nós.

–Soube que você ajudou aos outros na caça as bruxas ontem. -Ela sorriu.

–Fiz o que podia fazer. -Respondi friamente.

–Você vai à festa hoje?

–Não sei, tenho coisas para fazer hoje. -Por mais que eu tentasse trata-la bem, eu não conseguia, não tínhamos nada em comum.

Eu tinha a vontade de viver uma aventura, já ela era como as outras moças da cidade, chatas e completamente superficiais, só pensavam em uma casamento perfeito e uma vida perfeita. Isso era o que me deixava mais irritado nela, se eu dissesse que não ia à festa, ela também não iria, era como se ela só fizesse o que eu permitia. Era como se já fossemos casados.

–Eu gostaria muito que você me levasse, mais já que não pode ir acho que também não vou.

–Eu vou com você. -Não consegui fugir dela, tive que aceitar, além disso, se ela não me obrigasse, com certeza o meu pai me obrigaria.

–Te vejo na festa. -Ela exaltou.

–Claro. -Sorri falsamente.

Ela saí sem ao menos me dar um beijo no rosto. Alice não era uma má pessoa e com toda certeza não seria uma má esposa, mais esse não era o problema entre nós. O verdadeiro problema é que eu sei que ela gosta de mim, mais mesmo assim, e por mais que eu me esforçasse para gostar dela eu não conseguia.

Voltei cedo para casa, Esme, Carlisle e Nessie foram passear pela vila. Eu fui até o porão tentar ao menos conversar com ela.

Part. 02: Bella

Eu estou mal, a cadeira estava me machucando, meus pés formigavam e eu estava com tanta fome que comeria um leitão inteiro. Alguém finalmente conseguiu abrir a porta.

–Ah! É você de novo. -Falei assim que percebi que era o mesmo rapaz de ontem.

–Devia estar feliz em me ver e não outra pessoa nesse momento. -Ele brincou.

–Eu estaria se não estive presa contra a minha vontade. -Falei em tom irônico.

Nós nos olhávamos de uma forma diferente.

–O que você fez comigo ontem? -Ele perguntou enquanto colocava uma cadeira ao meu lado.

–Você me mantém presa, meus braços já estão doendo, meus pés estão formigando, estou com muita fome, me deixa ver se me esqueci de alguma coisa. Ah... Lembrei, você quase me matou duas vezes.

–Para sua informação, primeiro foi você que se jogou do penhasco e segundo você deveria me agradecer já que eu estou tentando te ajudar. -Ele falou apontando pra mim.

–Ajudaria de verdade se me libertasse. -Sorri.

–Eu vou te libertar quando eu achar que você não vai ser uma ameaça para toda a vila. -Ele se levantou da cadeira.

–Vamos fazer um acordo. Você me liberta, eu salvo as minhas tias e eu prometo que sumo da cidade e você nunca mais vai me ver.

–Seria fácil se você não fosse uma bruxa.

–Olha não existe essa história de bruxa. Vocês é que são malucos. -Gritei.

–Shhh. -Ele me pediu silêncio enquanto mexia na minha capa roxa.

–O que está fazendo? -Sussurrei.

–Olha só o que achei na sua roupa. -Ele ergueu o livro de feitiços.

–Isso não é nada é só um livro velho.

–Não é o que parece, a capa diz que é um livro de feitiços. Meu Deus, você é mesmo uma bruxa. -Ele falou enquanto abriu o livro.

–O quê? Você é mesmo um idiota.

–Porque não tem nada escrito no livro? Porque ele está em branco? -Ele me perguntou surpreso.

–Por que você não me deixa em paz?

Nesse momento eu fiquei tonta e ele correu para me ajudar.

–O que foi? -Ele perguntou aflito.

–Estou com fome. Não como nada há mais de dezoito horas.

–Vou te liberar da cadeira, mais nem pense em fugir. Vou amarrar a corda na sua perna, não vai poder usar os seus poderes.

Ele me desamarrou da cadeira, foi um alivio ficar em pé, em seguida amarrou a corda na minha perna esquerda e deu um nó completamente difícil de soltar.

–Vou te trazer comida. Ah e para o seu bem é melhor não fazer barulho. -Ele falou antes de sair.

Assim que ele saiu me esforcei para desarmar a corda da minha perna mais não teve jeito, tive que fazer o que ele me pediu. Alguns minutos depois ele voltou com um prato cheio de comida e colocou na pequena mesa do porão.

–Espero que goste. -Ele falou.

Eu corri para comer, estava tão faminta que até cheguei a sujar o meu rosto com a comida. Ele me observava comer provavelmente procurando algum vestígio de mágico em mim.

–O que está fazendo? -Perguntei com a boca cheia.

–Te olhando comer, posso? -Ele sorriu ironicamente.

–Não. -Respondi friamente.

Depois de ter acabado de comer, voltei à cadeira para ele na tentativa desesperada de conseguir que ele me libertasse. Em seguida ele pegou o guardanapo em cima da mesa e limpou delicadamente os restos de comida no meu rosto. O evitei tocando em sua mão.

–O que aconteceu com as minhas tias? Não sinto mais a presença delas. -Perguntei.

–Consegue sentir a presença das outras pessoas? -Ele estava surpreso.

–Não foi isso que eu perguntei. -Falei nervosa.

Ele fez uma cara estranha ao pensar na minha pergunta, parecia ter ficado chateado com a pergunta.

–Elas estão...estão...foram levadas para outra cidade. -Ele respondeu tão rapidamente que nem olhou nos meus olhos.

–O que vai fazer comigo?

–Eu não sei. -Ele se levantou da cadeira, pegou o prato e saiu.

Part. 01: Edward

Eu não consegui dizer a ela o que realmente havia acontecido com as tias dela, saí do porão tão cheio de pensamentos tortuosos que fui direto para a cozinha sem esconder o prato. Ao chegar na cozinha me deparei com Jasper. Levei um belo susto, que fez o prato cair das minhas mãos.

–Mais que droga Jasper! Olha só o que me fez fazer. -Gritei assustado.

–Calma Edward! -Ele falou enquanto me ajudava a pegar o prato.

–Desculpe é que eu não estou me sentindo muito bem hoje.

–Deu pra perceber. -Ele sorriu. -Para quem era esse prato, Edward?

Olhei em seus olhos, fiquei nervoso não sabia o que responder.