Estranged escrita por Venom


Capítulo 20
Epílogo - O Portal do Destino.


Notas iniciais do capítulo

Falas feitas em formato de SCRIPT.
Todas as "falas" entre ## são pensamentos do personagem.



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Dave acorda, em meio ao barulho do despertador, quebrando o silêncio daquela manhã de Segunda Feira. Ele se levanta e vai ao seu banheiro, e se arruma para sair. Desce correndo para o café da manhã.

Dave- bom dia.

Ele notara que não havia ninguém ali. À mesa, ainda, estava decorada com frutas, queijos e alguns poucos doces caseiros, e um adocicado aroma, mas nenhuma cadeira ocupada. Por um momento, se perguntara aonde foram seus pais, sua irmã e os empregados. Ele começa a comer.

Aquele silêncio lhe parecia corroer a alma.

Finalmente, terminara. Pela janela, podia ver que parecia estar frio do lado de fora. Era Outono, e estaria ventando. Sem demoras, ele sobe até seu quarto e pega um acessório extra: uma jaqueta de couro muito bonita, com o símbolo “N7” no peito, presente de alguém que era querido. De súbito, uma voz pareceu ecoar por todo o quarto.

Você possui algum segredo do qual teme que saibam?

Ele fica em silêncio. Decide de uma vez ir para a escola. Ao sair, é pego por uma suave brisa de outono. Havia acertado.

Ele caminhava, enquanto se distraía com as dançantes folhas secas ao vento. Lembrava-se dos tempos de infância, chorava certas vezes, sozinho, em seu quarto, e era sempre acolhido por uma pessoa especial, cujo rosto não era muito preciso. Finalmente, chega até a escola.

As aulas já estavam começando. Dave chega até sua sala, e se senta em seu lugar.

Dave- #mais um dia rotineiro e comum...#

Não havia ninguém ali. Tampouco vira alguém durante o caminho até a escola. Era um lugar melancólico, envolto em solidão da qual jamais sentira antes. Novamente, outra voz ecoa.

E aí, sr. Heterocromia?

Seu coração disparava. Ali não tinha ninguém. Nem no pátio, nem nos corredores, nem nas salas.

Ele estava só.

Ficara ali até o horário de fim da aula. Decidira ir até o campo de futebol que lá perto existia. Avistara uma bola parada ao meio do mesmo, e Dave sentira uma imensa vontade de jogar. Marcara um gol, e logo já desistira. Queria chegar até a sua casa. Ao abrir a porta da mesma, uma nova voz ecoa.

Como foi seu dia?

”Como foi meu dia?!” pensara. Não vira ninguém desde então. Como diabos Nova York poderia estar completamente deserta?

Dave- #minha vida não muda... sempre a mesma coisa...#

Sua mente estava um tanto quanto perdida em pensamentos distantes. Via-se em seu quarto novamente. Sentira vontades, medos, solidão. Logo, decidira descer novamente, e na mesa da sala de jantar, que outrora estava cheia com o café da manhã, agora estava vazia. Tudo o que podia ver era um bilhete, escrito com palavras que não conseguia ler. Como se algo tocasse sua mente, ele decide sair de casa.

Você está gostando dele, não é?

Decidira ir. Contra a brisa, ele corria, levantando as folhas secas do chão. Sentia-se atraído para um lugar em especial.

Estarei torcendo por você.

A sensação do ventos aos cabelos lhe parecia agradável, enquanto apertava o passo rumo ao seu destino. Nunca estivera naquele lugar da cidade, mas podia sentir que sabia onde queria chegar. Lembrava-se de memoráveis momentos ao lado de pessoas queridas, mas em sua mente elas tinham um rosto difícil de identificar. Era como se suas memórias estivessem se perdendo aos poucos. Severos minutos correndo, ele chega a um prédio de apartamentos, muito bonito. Adentra o local e sobe pelas escadas, correndo até o último andar. De repente, ele para diante de uma das portas.

Dave- ...

O que faz aí, parado? Entre!

Aquela porta se abrira sozinha. Devagar, ele entra, até que percebe estar na sala, e a porta de entrada já fechada, também sozinha.

Venha comigo, quero te mostrar uma coisa!

Por um impulso, ele vai até a sacada do prédio. Ali existia uma área pequena, com uma cerca de vidro, e um telescópio. Percebera que demorara a chegar, pois podia ver o Sol se pondo. Era um frio e confortável fim de tarde.

Dave, meu coração é seu.

Ele sentira um espasmo. Era como se um nome tentasse surgir em sua mente.

Dave- o quê?!

Duas figuras surgem à sua frente, que agora lhe fizera lembrar os nomes: seus pais, Mark e Jennifer.

Dave- papai... mamãe...

Mark- Dave.

Jennifer- meu filho...

Um revólver surge em sua mão. Atrás, um tipo de holograma vermelho se forma, revelando um monstro.

Sovereign- eu matei sua família, eu matei seus amigos, eu te matei.

Dave- ...

Lágrimas começam a escorrer de seus olhos.

Jennifer- isso não é verdade, Dave! Não escute-o!

Mark- não desista daqueles que te querem bem.

Sovereign- abra mão de sua existência. Permita que a morte o leve de uma vez. Não sobrou nada para você, apenas um mundo vazio.

Ele continuava a chorar, agora apontando a arma para a própria cabeça. Sovereign estava certo: ele perdeu. Como confiar em seus pais, mesmo depois de tudo o que fizeram?

Mark- Dave... por favor! Nós sentimos muito por tudo!

Dave- não... não sente. Tudo isso foi culpa sua! Se não tivesse sido rude comigo... se não tivesse...!

Jennifer- não faça isso!

Dave- agora é tarde, mamãe.

Eles pararam, e assentiram com a cabeça. Suas últimas palavras foram “Não importa aonde vá, estaremos com você.”

Um tiro é ouvido. O sangue tingia aquela sacada branca de vermelho. Mark e Jennifer desaparecem como fumaça, restando apenas Sovereign, que some logo depois, mas vagarosamente.

Obrigado por estar comigo.

---

Hospital Huerta Memorial, Cidadela.

Enfermeiras corriam para todos os cantos. Um homem jovem caminhava apressadamente, com sua capa com o símbolo dos Corsários e seus espetados cabelos ruivos, até chegar a um bonito e espaçoso quarto. Ali, um homem de cabelos negros estava sentada, próximo à cama, em uma escrivaninha. Na cama, estava Dave, muito ferido e com aparência de estar dormindo.

Tony- Maximilliam Space?

Max- sim, sou eu. Você é quem?

Tony- Anthony Hectic, sou o namorado dele.

Max- ah sim, estava esperando por você. Fique à vontade.

Tony- obrigado.

Tony se aproxima de Dave, com um olhar pesaroso. Passara a mão carinhosamente no rosto do jovem.

Max- presumo que queira saber o que aconteceu.

Tony- sim...

Max- Dave e sua equipe lutou bravamente contra Sovereign e seus asseclas. Eles venceram a luta e puseram um fim ao monstro.

Tony- ele ficou realmente muito forte.

Max- ele recebeu um ataque de raspão de Sovereign, e... não sei o que compõe o laser dos Ceifadores, mas ele teve hemorragias pelos órgãos, e seu estado ficou gravíssimo. Felizmente, com o avanço da ciência e meu dinheiro, eu pude salvá-lo.

Tony- o que fizeram com ele?

Max- bom... foi-se iniciado um projeto de “ressurreição”. Ele ainda estava vivo, mas para conter as hemorragias, ele passou por uma série de cirurgias, e bem... ele se tornou quase metade sintético para isso.

Tony- o que quer dizer?!

Max- ele possui muitos implantes biônicos. Ainda é um ser humano, como antes, mas possui certas partes sintéticas.

Tony- ...

Max- não se preocupe. Agora, ele está em coma induzido, para que sua recuperação seja otimizada. Ele acordará amanhã.

Tony- entendo... mas por que o salvou?

Max- este rapaz é muito poderoso. Um dos bióticos mais fortes que conheci, e eu gostaria de tê-lo em minha equipe, além de motivos mais humanizados, claro...

Tony- eu não sei como agradecer... Dave é a pessoa mais importante na minha vida.

Ele continua a acariciar o rapaz.

Tony- infelizmente, ainda não poderei esperar que ele acorde.

Max- por quê?

Tony- ainda tenho assuntos pendentes com o N7 e... ainda não posso deixar que ele me acompanhe. Não quero colocá-lo em risco.

Max- então convido você a entrar na minha equipe. Juntos, podemos ajudar você.

Tony- é tentador, mas não posso... não agora. Acertarei minhas contas primeiro, e depois sim, me junto a você. Se eu não terminar meus afazeres em dentro de dois anos, eu procurarei por você. Mas nunca revele isso ao Dave. Não quero que ele venha atrás de mim, ainda... jura guardar esse segredo?

Max- não se preocupe.

Tony beija Dave em sua bochecha direita, e se prepara para deixar o quarto.

Tony- por favor, prometa cuidar dele...

Max- tem minha palavra.

Tony- obrigado. Adeus.

Ele deixa o local, em uma certa tristeza e felicidade misturadas. Estava feliz por saber que Dave estava bem e sob bons cuidados, mas por mais que quisesse ficar ao lado dele, deveres inacabados o chamavam. Por ele, cruza Benom. Ao fundo, estavam Exodus, Crunch e Lingzhu, preocupados. Ao entrar ao quarto, Benom pergunta como ele estava, e Max o responde.

Benom- obrigado por salvar meu segundo filho, capitão.

Max sorri um pouco sem graça. Tinha sorte de ser de uma família bilionária.

Benom- depois de tantas tragédias, eu desisti de meu sonho de se tornar Espectro. Eu quero me devotar a ensinar os alunos do colégio Grissom.

Max- se me permite... por quê?

Benom- a perda do meu filho é algo que jamais superarei. Em todos estes alunos, todas estas crianças, eu o verei nelas. E quero ensinar realmente tudo e ser um professor atencioso, para que não precisem do mesmo destino, de Dave ou de Nestor.

Max- eu compreendo, de fato. Mas antes, se me permite novamente...

Benom- sim?

Max- eu posso ter Dave em minha equipe?

Benom- eu acho que meus dias como soldado chegaram ao fim... mas por favor, cuide bem dele. Eu não tenho mais uma família, e ele é o único que me resta.

Max- não se preocupe, tem minha palavra.

Benom- muito obrigado...

---

Dois dias se passaram, e Dave já tinha alta do hospital. Sentia-se revigorado, e muito mais forte do que antes. Concordara em entrar para a equipe de Maximilliam, e antes de deixar o hospital, tivera o adeus carinhoso de Benom e seus amigos. Até mesmo Rodrigo e Enya apareceram para vê-lo. Sentia-se satisfeito por tudo. A vida lhe havia ensinado muita coisa durante todo esse trajeto, coisas como o valor da amizade, da presença dos bons amigos e do trabalho em equipe, da perseverança e em primeiro de tudo, do poder de ser feliz. Agora, em sua nova equipe, novos amigos viriam, novos rumos, nova vida. Sentia-se pronto para esta nova etapa de sua vida, de cabeça erguida e pronto para qualquer coisa.

Sistema Solar, bordo da nave Galaxy.

Eu lutei contra as pessoas, contra os mundos, contra a Via-Láctea. Eu tive garra e não desisti. Eu lutei...

Hoje, o destino me presenteou com aquilo que outrora havia me tirado. Hoje será um dia especial em minha vida, para sempre. Agradeço aos meus amigos, a todos eles, e a Deus. Muito obrigado por tudo o que me deram!

Agora, estamos juntos, e nada nos separará, eu juro! Muito obrigado, destino, por todas as coisas boas. Agora, para sempre, estaremos juntos e felizes!

- Diário de Dave Rogers e Tony Hectic, Vigésima Oitava Página. (Marcada como Especial)


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