O portão não era tão longe, mas Lisa sentia que não chegava nunca. Depois que ela deixou Petter sem entender nada, ela seguiu até o estacionamento da escola. Seu carro estava parado na vaga de sempre. Foi onde começou tudo. A frase na Harley de Petter. Ela não podia ter deixado isso acontecer. Agora era tarde demais para se arrepender. Claire precisava saber quem era ela. E Petter também. E Nick. O último era o que a deixava mais preocupada. A sensação de ansiedade, de medo de perdê-lo era forte demais, mesmo que ele fosse um idiota egocêntrico, ele era o que a mantinha firme, quando não podia sustentá-la.

O colar de guardiã pendia em seu pescoço. Quando o tocou, seu corpo começou a fumegar, e sensação de enjôo era familiar. Ela estava voltando para a casa.

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-Claire! – gritou Petter.

Petter viu quando a garota o notou. Ela deixou cair todos os seus livros. Ele segurou o riso, ela ficaria uma fera se o visse rindo dela.

-Quer me matar do coração Summers!

-Desculpa, não foi minha intenção! – disse ele. – Mas você fica uma gracinha assustada- finalizou.

Ele viu as orelhas da loira ficar tão vermelhas quando um tomate. Ela o encarava com um olhar assassino. Era nesse momento que Petter percebeu que era melhor correr.

-Correr Summers.

Ele não pensou duas vezes. Ele correu. Claire Colt brava era um perigo para sua saúde mental e física. Suas pernas eram duas vezes maiores que as de Claire. Eles passavam pelos corredores acompanhados dos risos dos outros alunos. Eram comuns essas brigas entre os dois. O passatempo preferido de Petter era ver Claire brava. Ele sabia que no fundo só a irritava, porque realmente gostava dela. Toda a implicância era puro medo de perdê-la. Ela era doida. Mas eram os olhos dela que o mantinha vivo. Com esses pensamentos, Petter não percebeu que ela tinha conseguido alcançá-lo, só foi notar quando os dois estavam rolando no jardim da escola. Ela tinha pulado nas costas dele, e por incrível que parece, havia o derrubado.

Petter pensou que ela iria sair bufando e cuspido fogo dali. Mas ela o surpreendeu como sempre. Ela riu. E ele não pode deixar de acompanhá-la. Ele analisava o rosto dela como nunca tinha feito antes. O sorriso dela era travesso, mas transmitiam paz. O nariz arrebitado lhe dava um ar de princesa. O cabelo loiro com mechas roxas dava um contraste excepcional com seus olhos.

-Seus olhos Claire. Estão mais verdes que o normal.

A garota franziu o cenho para ele. Mas era verdade o que ele dizia. Os olhos dela estavam de um verde que ele nunca tinha visto. Pareciam mais fortes. Mais poderosos.

-Deve ser por causa do sol Summers. – disse Claire, levantando-se.

-O que você queria comigo? – indagou ela.

-Bom Loira. Sua amiga me incumbiu de levá-la para a casa. – disse sorrindo.

-Só espero que dessa vez eu não “morra”. – respondeu com uma careta.

Petter pensou nisso também. Ele esperava que essa volta fosse agradável.

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Nick iria com eles para a casa. Claire tinha perguntado aos meninos como iriam voltar os três, com um moto. Como sempre eles tinham explicação para tudo.

-Relaxa Loira. Vamos de carro. – respondeu Nick.

-Que carro? – ela não resistiu perguntar.

-O do meu pai. Ele vai deixar as chaves na secretária com a Sally. – disse Petter com aquele sorriso, que Claire julgava como perturbador.

Eles caminharam até a secretária rindo das palhaçadas e das cantadas idiotas de Nick. Claire havia mostrado o presente que ganhara dos seus avôs pela manhã.

O prédio da escola era imenso. Era divido em blocos, então a secretário ficava longe dos jardins, o que deu tempo a eles discutirem o presente de Claire.

-Eu só gostaria de saber o que significa essa inscrição em Latim. – comentou Claire.

- Bellator de lux. Não faço a mínima idéia. – disse Nick.

-Mas podemos procurar no Google Tradutor. – sugeriu Nick.

Claire se limitou a revirar os olhos. Ela estava observando o Summers. Desde que havia mostrado a adaga aos garotos, ele tinha ficado concentrado. E o mais estranho de tudo: não havia dito uma só palavra.

Continuaram a caminhar. Depois de pegarem a chave na secretária, se dirigiram para o estacionamento. Lá estava parada uma Land Reouver prata. Claire deve ter parecido muito surpresa, porque os garotos riram.

Petter abriu a porta para Claire, enquanto Nick se acomodava no banco de trás. Ela não se sentia confortável sentada na frente com ele, mas ele não havia lhe dado opção. Quando Petter colocou a chave na ignição. Ele parou.

-Guerreiro da Luz. – disse

-O que? – perguntaram Nick e Claire ao mesmo tempo.

-Cara, acho que você fumou orégano. – zoou Nick.

-Não Pateta. – disse Petter. –A inscrição na adaga de Claire... essa é a tradução. Guerreiro da Luz.

-Como... como você sabe? – perguntou Claire.

-Acho que vi em uma adaga que meus pais têm em casa. Eles trabalhavam junto com a sua mãe. Deve ser por isso. – explicou Petter.

-É deve ser isso. – disse Claire.

Claire sentia como se estivesse deixando algo passar. Algo na noite do acidente. Tudo estava muito estranho. Algo tinha mudado, mas ela não conseguia dizer o que. E isso estava a deixando louca. Ela esperava que tudo desse certo nessa volta para casa. Porque parecia que Petter Summers e Claire Colt, só atraiam coisas complicadas de se lidar.

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Lucem continuava a mesma. Lisa podia sentir o aroma das plantações de rosa. Centro de treinamento parecia cada vez maior. Ela notou que a quantidade de guardiões estava diminuindo.

“Os Mercenários. Eles ceifaram a vida dos protetores. E eles ceifaram a minha.”

Seu pensamento era esse, quando chegou ao portão que dava acesso aos dormitórios. Ela precisava encontrar Alya Kraz. Ela era diretora da Primeira Ordem dos Guerreiros. Ela precisava convencer a diretora, de que não era mais seguro para Claire, nem para os outros Desconhecidos continuar no mundo mortal. Chegando a sala de reuniões, Frank e Anastácia Colt estavam lá, tentando convencer Alya de que arriscar a vida de Claire, era mais seguro do que ensiná-la a lutar.

A Sra. Kraz, usava um vestido branco, que tremeluzia de acordo com a luz que emanava do sol naquela tarde. Seus cabelos acajus, e os azuis e calculistas, a tornavam uma mulher linda, porem temida.

-Sra! – disse Lisa fazendo uma referencia.

-Lisa! É bom te ver. Pensei que os Mercenários a tivessem capturado. – disse.

-Graças a Merlim, não. Mas se não nos apressarmos vão matar a Claire. E sem ela não os derrotaremos. Precisamos dela, e dos outros garotos.

-Isso é uma besteira! Não vamos permitir que vocês tragam a Claire para cá. – disse Anastácia.

-A mãe dela morreu para afastá-la desse destino. Nós a protegêramos. Nós juramos. – Frank exasperou-se.

-Claire não pode fugir do destino. Ela não conseguiu ficar longe do Petter Summers. Ela não vai conseguir se afastar da sua sina.

O silencio se instalou dentro da sala. Louise Claire Colt e Matt Antony Colt. Os pais de Claire tinham sido os escolhidos para a proteção. Claire, Petter e Nick deveriam ser salvos a qualquer custo, até mesmo a perda de duas vidas.

-Senhores, Lisa tem total razão. O destino é inegável. E o de Claire Colt é ser A Primeira da Ordem.

Os presentes na sala se entreolharam. Era o momento. Lisa sabia o que estava por vir. Muito sangue. Muita magia. Muitas trevas. Muitas mortes. Muitos sacrifícios.

-Vamos salvá-la. Os Mercenários tentaram capturá-los daqui... Exatamente dez minutos.