As Noivas Do Drácula: O Despertar Do Caçador escrita por avada kedavra


Capítulo 6
O Caçador


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal... faculdade não é nada fácil. Mas vejo que vocês são guerreiros e continuam me dando força! Vou tentar trazer capítulos mais rápida e constantemente. Então... está aí... divirtam-se.
OBS: se eu demorar a postar, não abandonem a fic. Eu jamais pararei de escrevê-la. Só acabarei quando tiver concluído ela.
Até a próxima :)



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— Está despedido – diz o chefe da pequena mercearia.

— O que? Por qual motivo você está me mandando embora? – pergunta o garoto, indignado.

— Criança, é bem a quinta vez que você abandona a fila enorme de clientes impacientes para ajudar a Lady Victoria a carregar as suas compras. A garota não é aleijada.

— Ah, vamos. É claro que você me entende, não é? Afinal, já foi jovem. Entende que o que sinto é amor.

— Sim, eu já fui jovem. E o que você está sentindo é comichão – diz o dono da mercearia – Está procurando uma bainha para enfiar esse sabre que guarda dentro de suas calças.

— Desculpe, senhor. Exijo que me trate com respeito.

— Entenda, seu tolo – o dono apoia a mão calosa e enorme no balcão – Aquela garota já está prometida. Ela só está lhe iludindo porque sabe que o tem na palma da mão. Além do mais, você é rico e ela é pobre. Jamais daria certo.

— Toma-me por tolo, senhor? – fala o garoto.

— Não estou lhe tomando. Estou afirmando que você é tolo.

O garoto cerrou os punhos, tentando conter a raiva.

— Me dê mais uma chance. Eu desisto de Victoria e me dedico completamente ao senhor.

— Mas eu já lhe dei uma segunda chance. E uma segunda segunda chance. É a quinta vez, criança. Não posso ter mais prejuízo.

— Mas senhor...

— Escute... seu pai era um bom homem. Ele era um marceneiro e caçador de animais muito habilidoso. Com certeza você herdou essas habilidades. Há um navio indo para a Inglaterra. Os boatos dizem que irão carregar jovens habilidosos para conseguir emprego na casa de nobres e em outras instalações. Você deveria ir. Saia desse vilarejo. Saia da Irlanda. Recomece a vida longe de seus pais. Sua família já sofreu muita desgraça.

Era verdade. Seu pai e seus irmãos mais velhos haviam sucumbido à peste. Sua mãe praticamente ficara em estado vegetativo. Só havia sobrado ele e sua irmã mais velha.

— Não posso abandonar minha mãe, senhor – disse o garoto – Conseguirei outro emprego. Não tenho nada de especial. Sou só um pobre garoto miserável e nunca passarei disso -  ele se vira e sai do estabelecimento.

— Você é mais especial do que pensa, criança. – disse o dono da mercearia, coçando o enorme bigode – Eu posso sentir isso.

Jeremy andava pelas ruas de pedra, matutando. Como iria falar para a irmã que havia perdido o emprego? Ele tinha que fazer algo. Não tinha escolha. Era única pessoa que provia o sustento da família e agora isso havia se espalhado no vento. Tudo por causa de um rabo de saia. Seu coração doía. O Sr. Bran da mercearia estava certo. Victoria não ligava para ele. E Jeremy sabia disso. Mas era só ela dar um sorriso que ele esquecia até do próprio nome. Mas o encanto daquela rosa era venenoso e havia consumido Jeremy.

No caminho de caça seus pensamentos mudaram. Ele começou a refletir sobre os seus mais recentes sonhos. Ou deveria dizer pesadelos? Desde que havia completado 18 anos, suas noites estavam sendo turbulentas. Homens sangrando no chão de um campo de batalha, sombras dançando entre os cadáveres, se alimentando do medo e sofrimento. Uma figura encapuzada surgindo na sua frente enquanto uma voz feminina sussurrava seu nome...

— OLHA POR ONDE ANDA!

O cocheiro da carruagem berrou para Jeremy. As rodas de madeira quase passaram por cima de seus dedos. Havia se distraído demais. Estava a uma quadra de casa.

Jeremy atravessou a porta de madeira. Sua mãe estava em uma cadeira de balanço em frente à lareira. Quase nunca saía dali. Sua irmã estava na cozinha. Ao ouvir a porta abrir, ela foi ao seu encontro.

— Chegou cedo hoje.

— É... sim... eu... Juliet, temos que conversar.

A irmã solta um suspiro.

— Foi Victoria de novo, não foi?

Ele abaixa a cabeça.

— Escute – ela chega e passa a mão nos seus ombros – Haverá outras garotas que nem ela. Até mais bonitas. Ela não sabe o que está perdendo. E quanto ao emprego, você achará outro.

— Nem todos aceitam pobres mexendo com seus produtos, Juliet. Sr. Bran foi o único que quis me contratar.

— Nós encontraremos uma saída.

Um pensamento cortou a mente de Jeremy.

— Há uma... mas acho que você não aceitará.

— Fale.

Jeremy limpou a garganta.

— Sr. Bran me falou de uma caravana que está levando jovens habilidosos para tentarem a sorte na Inglaterra. Sou um bom marceneiro. E bem habilidoso com o arco. Eu poderia...

— Não.

— Mas...

— Sem mais argumentos, Jer – falou a irmã – Essas caravanas nunca são confiáveis. Podem estar levando você para um prostíbulo ou...

— Vá – disse uma voz rouca.

Os dois se viraram. Sua mãe estava de pé, o encarando com os olhos enrugados. Ela não falava desde que perdera quase toda a família.

— M-Mãe? – fala Juliet.

— Meu filho, venha até mim – ela se senta novamente na cadeira. Jeremy se ajoelha aos seus pés, com os olhos arregalados – Por muito tempo eu não tive coragem de lhe falar a verdade. Agora não há porque esconde-lâ.

— Do que a senhora está falando?

— Você não é do meu sangue. Encontrei você num cesto em minha porta na calada da noite. Um pedacinho de gente rosada chorando no frio – seus olhos enchem de lágrimas – Seu pai e eu o criamos como se fosse da nossa carne. Nós o amamos muito. Ele ensinou para você tudo que ele sabia.

Jeremy estava confuso. Do que ela estava falando? Sua mãe havia ficado louca? Ele olha para Juliet, que estava de cabeça baixa.

— Quando a peste nos atacou eu pensei que seria o fim. Consegui salvar minha pequena Juliet e a mim mesma, mas seus irmãos e seu pai não tiveram a mesma sorte. A doença me consumiu e consumiu sua própria irmã, que não pode mais dar a luz – Sua mãe falava convictamente. Juliet chorava – Nossa pele guarda as cicatrizes da lepra – ela estende o braço marcado pelas cicatrizes.

A cabeça de Jeremy estava a mil por hora. Ele não estava entendendo nada.

— Já você, meu filho. Você era diferente. – ela prosseguiu – Andava em meio aos doentes, respirava o cheiro das valas cheio de corpos, tratava nossas feridas... mas suas bochechas ainda eram rosadas, a juventude dos 10 anos de infância aflorava de sua pela enquanto todas as crianças da vila sucumbiam à praga. Eu sabia que você era diferente. Não havia como você sobreviver a essa doença maldita, muito menos não contrai-la. Fui até uma vidente. Achei que ela diria que você era um bruxo e o delataria para a Inquisição, mas o que ela falou foi diferente. Ela disse que você era especial. Tinha um papel a desempenhar numa guerra que estava por vim. Você tinha que sobreviver e, quando atingisse a maioridade, iria tomar uma importante decisão que o levaria ao seu caminho a ser trilhado.

— Você não está bem, mãe – ele falou – Juliet, me ajude a...

— Ela está falando a verdade, Jer – disse a irmã.

— O que?

— Ele havia me contado tudo quando achou que iria morrer para a doença.

— Mas... Por que nunca me contaram? – as lágrimas irrompiam de seus olhos.

— Não havia necessidade... até agora.

— Você tem um destino a cumprir, meu filho – falou sua mãe, acariciando seus cabelos – Vá nessa viagem. Sinto que algo importante vai surgir disso. Seja meu herói.

— Eu não quero ser importante. Não quero ser um herói. Quero viver aqui, com minha família – ele se levanta abruptamente – Além do mais, quem vai sustentar vocês? Quem irá caçar nas matar para impedir que morram de fome? Quem irá trabalhar para lhes dar condições decentes de vida?

— Juliet pode fazer isso – falou a mãe – Ela ainda é jovem e muito habilidosa. Você tem que ir.

— Mas mamãe... ele pode... nunca mais voltar – falou Juliet, com ar choroso.

— Eu sinto que ele tem um destino a cumprir. Vá, meu filho. Seja o herói que seu pai queria que você fosse. Cresça na vida. Orgulhe sua velha mãe... e volte para mim um dia – ela se levanta e dá um beijo em sua testa.

— Não posso – ele diz, abaixando a cabeça.

— Olhe para mim – ela levanta o seu queixo – A Corte está prestes a desapropriar essas áreas para ampliar os domínios do castelo. Nós iremos perder nossa casinha e não teremos para onde ir. Você é meu último filho homem e nessa sociedade, só um homem consegue prestígio e ascensão rapidamente. Vá. Cresça na vida, ajude sua pobre mãe e sua amada irmã a sobreviver nessa miséria. Cresça na vida, Jeremy. Nós dependemos de você. É a nossa última esperança...

***

Lá estava ele, embarcando naquele maldito navio de madeira cheio de emigrantes. Sua irmã o tinha acompanhado até o porto para se despedir. Sua mãe estava em casa. Após a estranha conversa da noite anterior, ela havia voltado ao seu estado original, como se nada tivesse acontecido.

Enquanto o navio desatracava, Juliet acenava do porto para Jeremy. Ele já estava começando a achar que era uma má ideia. Como as duas iriam se virar sem ele? Ele pensou em desistir, mas já era tarde demais. O navio estava se distanciando rapidamente do cais.

— Inglaterra, aí vamos nós – ele murmurou baixinho.

O navio estava abarrotado de gente. Jovens, adulto, velhos... tudo que se pudesse imaginar. Era difícil até se locomover entre a multidão. A viagem duraria um dia inteiro. Um dia inteiro de tormento.

Na hora do almoço, Jeremy pegou sua tigela de pasta de farinha e se dirigiu a um aglomerado de jovens num canto do úmido convés. Eles estavam reunidos em volta de um velho que parecia estar lhe contando algo.

— É sério que você já o viu? – perguntou um, com os olhos arregalados.

— Sim! Com esses olhos que a terra há de comer – ele apontou com os dedos enrugados. A boca era desdentada.

— E como ele era? – perguntou uma garota de cabelo curto.

— Ele é como nas histórias... veste um manto negro, como uma mortalha. Pele pálida como a neve e olhar demoníaco. Seu rosto é tão aterrorizante e maligno que dizem que o próprio Diabo lhe expulsou do inferno. Dizem que quem o encontra ou o vê, jamais sobrevive para contar história.

— Desculpe-me, senhor – falou Jeremy, tirando a colher da boca – Se ninguém sobrevive para contar história, como foi então que elas surgiram?

Todos olhares da mesa se encararam Jeremy, furiosos e julgadores. O garoto decidiu sair dali.

Ele percorreu toda a popa da embarcação e sentou do lado de uma velha enrugada, que estava encolhida em um canto. Jeremy começou a contemplar o mar. Finalmente se deu conta do quão distante estava de casa.

Uma risada macabra irrompe do seu lado.

— Vejo que você é um rapaz inteligente.  Não se deixou levar por aquelas historias ludibriosas que saem da boca desdentada daquele velho.

Jeremy a encarou. Ela tinha um olho leitoso, sobrancelhas contraídas e os poucos dentes que tinha eram tortos e amarelados. O rosto parecia um pano amarelo amassado. Ele desviou sua atenção do rosto assustador dela.

— Não me deixo enganar por histórias da carochinha, minha senhora – ele diz, por fim.

— De fato, achei que não – ela ri – Você me permite ler a sua sorte, meu jovem? – ela pega a sua mão. Ele a puxa bruscamente.

— Desculpe-me – ele diz – Não acredito em videntes.

— Mas eu acredito – ela deu uma risada, expondo os dentes – Por favor, realize esse pedido de uma pobre velha. Essa viagem é entediante e não tenho nada para fazer. E você me parece não ter nada a perder... ou tem?

Ele encara a velha por um momento. Alguns segundos depois ele solta um suspiro e estende a mão. A velha sorri.

— Ora, ora, vejamos nós. O que temos aqui... – ela esfrega a palma de Jeremy com o dedo indicador – Oh, vejo que tem um papel muito importante pela frente... vejo uma bela moça da sociedade que... oh, amor não correspondido. Peço perdão... coitado, largou tudo para estar aqui e agora... vejo que é um bastardo, mas não se magoa com isso... vejo desespero no sua linha do tempo... ah, um amor jov... – a velha para abruptamente. Seu sorriso morre. Ela ergue os olhos e encara o nada – Sofrimento. Eu vejo sofrimento... – ela fala numa voz rouca, seu dedo percorrendo as reentrâncias da mão do garoto – E dor... muita dor... uma agonia imensurável. Pobre criança, não faz ideia do quanto é importante. Você é Chave... Esse é seu fardo... será atormentado pelo resto da vida... E Ele... Ah, Ele não sabe! Ele não faz ideia... Essa é sua vantagem... sua missão de vida... seus sonhos irão morrer jovens... sofrerá uma perda imensurável... todos ao seu redor morrem... seu coração se tornará mais frio que o inverno... Batalhas antigas aparecem na sua cabeça... Lembranças... A garota de capuz... ela o encontrará... sua mãe... Ó, céus, que destino trágico... E Ele não sabe... Vá! Criança!... Morra pra salvar a humanidade... Si deficiat nos omnia perdetu el eam... expurgue da terra essa maldição... Vos postulo ut vincat malum... Vos postulo vincere Count... o derrote... mate-o... mate-o... Vos postulo vincere Drac...

Jeremy puxa a sua mão. A velha a apertava com força. Os olhos do garoto estavam arregalados de medo. Todos ao redor observavam a cena, intrigados. Jeremy se levanta e corre o mais rápido possível pra longe da velha.

A mulher o olha, tristemente. Ela o vê partir.

— Pobre garoto... tão jovem...


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Deixem reviews sobre o que querem ver, o que precisa melhorar, sugestões de personagens etc.
OBS: desculpem pelos erros. Eu escrevo muito rápido porque tenho pouco tempo, então alguns erros grotescos podem aparecer. Relevem, por favor.
Até o próximo :)
DIVULGA A FIC PRAS AMIGAS, TIO, PRIMO, NAMORADA, ETC...