Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 23
Consequências de um Boato


Notas iniciais do capítulo

Estou atrasada outra vez, eu sei. Mas peço que entendam que os motivos dessa vez são um pouco mais complicados.
Bem, esse cap já estava praticamente pronto, entretanto nessa terça-feira...Minha avó faleceu terça passada.
Espero que entendam o porque do meu atraso, mas eu realmente não tive cabeça para revisar o cap e postá-lo no dia certo.
Bom, explicações dadas, aproveitem o cap; qualquer erro me desculpem e agradeceria se me avisassem.



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Teria sido muito fácil se aquela briga tivesse ficado impune, mas, é claro, não foi isso o que aconteceu. Na manhã seguinte, assim que chegou as forjas Sarah foi mandada a sala do Diretor-Comandante. Sentada a frente de um Rohkston irritado e de cara feia ela já conseguia imaginar o motivo de ter sido chamada.

--Há algum tempo eu já venho recebendo reclamações sobre você – ele começou depois um tempo encarando-a e tentando se acalmar – Eram coisas como discussões e pequenas desavenças que eu atribuía a insatisfação dos instrutores e alunos quanto a sua presença – ele franziu a testa e estreitou os olhos – Mas agora você foi longe demais, Hawkey. Uma briga de grandes proporções não pode ser ignorada.

Sarah suspirou ao revirar os olhos deixando Rohkston ainda mais irritado.

--Você quebrou três narizes, Hawkey!!! – ele gritou batendo uma mão sobre a mesa – O Duque Culligan quer minha cabeça em uma bandeja agora! Tinha que brigar logo com Anthon Culligan?!?!

--Tecnicamente – ela disse de modo despreocupado – Sou responsável apenas por dois narizes quebrados. Anthon e Dimitri fui eu, mas o terceiro foi obra do Hansom.

--E você me admite isso com essa cara!?!! – Rohkston continuou gritando – Sabe qual a punição por agredir outro aluno??

Foi a vez de Sarah se irritar. Ela se inclinou para frente e bateu as duas mãos espalmadas sobre a mesa. Sua expressão assustou Rohkston, mesmo ele conseguindo disfarçar muito bem. Depois de alguns segundos encarando-o ela disse em voz baixa e num tom ameaçador:

--Você nem se deu o trabalho de descobrir o porquê daqueles imbecis terem apanhado, não é? – ela não o deixou responder – Enquanto Dimitri batia em Kaill, que era segurado por outros dois, Anthon ria da situação. Os quatro estavam se divertindo batendo no garoto.

--Eu não recebi nenhum relatório da enfermaria dizendo que um dos membros do 3-B estava ferido também – respondeu Rohkston firme.

--Mas não foi investigar outras versões além da do Culligan, ou foi? – Sarah perguntou cética – É claro que não foi. Eu impedi que eles espancassem Kaill. Phillip, Dalton e Nathan chegaram para me ajudar. Outra coisa que você também parece não saber e que pode confirmar com qualquer um dos alunos que assistiram a briga. Anthon e seus amigos empunharam suas espadas contra nós. Enquanto Phillip foi ajudar Kaill eu e os outros dois enfrentamos eles. Eram três de nós contra quatro deles, quatro armados. Agora, estarem armados e, ainda assim, terem levado uma surra não é minha culpa. Se eles não foram capazes de nos enfrentar com essa vantagem é porque são muito incompetentes.

--Controle a língua, Hawkey – advertiu Rohkston.

--Então controle seus alunos – retrucou ela se levantando – Só para constar, nunca foi minha intenção surrar Anthon Culligan. Também não pretendo me aproximar dele outra vez, se isso te deixa mais tranquilo – ela deu as costas a ele e começou a andar até a porta – Então dê esse recado a ele por mim: se ele ou qualquer outro atacar alguém do meu grupo, não vou me importar com que seja nem com o que ele ache que possa fazer, um nariz quebrado não vai ser nada se comparado ao que eu vou fazer com o próximo que agredir um dos meus colegas.

--Eu ainda não acabei. HAWKEY!!!! – gritou Rohkston enquanto ela se aproximava da porta – HAWKEY!!!! – ela o ignorou e abriu a porta – SARAH!!!!!

De nada adiantou ele gritar; Sarah saiu pela porta deixando para trás um Rohkston muito irritado.

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Talvez devesse mesmo ter acontecido ou pode ter sido apenas uma simples coincidência, mas o fato é que um dos guardas em frente a sala do Diretor-Comandante naquela manhã odiava Anthon e resolveu espalhar o que tinha ouvido naquele dia.

Quando os dois dias de folga acabaram todos na Academia sabiam o que Sarah havia dito e de sua ameaça a qualquer um que meche-se com um dos membros do seu grupo. A noticia chegou rápido aos ouvidos do 3-B, confirmando o que quatro deles já desconfiavam: Sarah Hawkey era mais confiável que qualquer um ali dentro e os protegeria mais do que eles mesmos. Assim a primeira manhã de treino após a briga mostrou-se deferente em alguns aspectos. Dalton, Nathan, Phillip e, principalmente, Kaill passaram a cumprimentá-la com “Bom dia” e acenos de cabeça sempre que a viam. Sarah sempre respondia aos cumprimentos.

As mudanças que se seguiram foram, no inicio ignoradas por Sarah. Os quatro passaram a ignorar os instrutores e a pedir explicações e ajuda a ela. Sarah sempre os ajudava da melhor foram possível; mostrando os detalhes, indicando as falhas e explicando o melhor e mais fácil jeito de corrigi-las. A atenção que ela demonstrava ao fazer isso não passou despercebida ao resto do grupo. Ainda assim muitos deles eram receosos quanto a se aproximarem dela. Não que isso tenha durado muito tempo.

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Uma semana depois do incidente Sarah, seguindo sua rotina, se levantou e saiu bem antes do sol nascer. Mas, ao contrario do que acontecia normalmente, todos os outros já estavam acordados. Assim que ela fechou a porta eles começaram a se levantar. Um foi checar se Sarah já estava longe enquanto os outros foram até o beliche que Dalton dividia com Phillip em volta do qual estavam os dois além de Nathan e Kaill.

Aquela “reunião” tinha sido convocada por Dalton durante o jantar da noite anterior. O motivo? Foi porque os alunos das outras ordens passaram a olhar a Hawkey com desprezo ao invés de indiferença. Desprezo maior do que o que era dirigido a eles, e eles eram a causa disso. A declaração dela tinha dado a entender que Sarah acreditava que poderia enfrentar qualquer um, fosse ele mais graduado ou não (N/A: a verdade era que ela realmente podia, mas eles ainda não sabiam disso). As reclamações do Culligan quanto ao jeito, dito por ele, arrogante dela lidar com os outros também não ajudavam a diminuir a intensidade daqueles olhares.

Naquela manhã os quatro contaram ao resto do grupo os detalhes da briga e da conversa que tiveram com ela depois. Kaill já estava decidido a não permitir que os outros alunos a atacassem no lugar deles. Depois de contada toda a historia os outros passaram a pensar da mesma maneira.

O que aconteceu daquele dia em diante foi uma mudança estranha para Sarah. De uma hora para a outra todos eles passaram a ignorar os instrutores e a pedir ajuda a ela, que sempre os ajudava da melhor forma possível. Isso irritou um pouco os instrutores, mas como eles não se importavam com os alunos do 3-B apenas passaram a nem sequer tentar orientar os treinos. Tarefa que, sem ela mesma notar, foi assumida por Sarah.

Mesmo assim a rotina dela não mudou muito. Ainda acordava antes do sol nascer, mas agora tinha companhia de 49 homens em seus treinos matinais e no desjejum. Em questão de semanas os resultados começaram a aparecer. Erros antes comuns se tornaram raros. Dificuldades deixaram de existir. Sarah os organizava de forma que aquele que tinha mais habilidade em algo ensinasse os que tinham dificuldade, o que os tornou mais unidos.

Com os treinos matinais e as rotinas de treinos estabelecidas por ela, passadas as dores dos primeiros dias, o condicionamento físico e a resistência de todo o grupo começou a melhorar. Mas a mudança mais visível e imediata foi a forma com que eles passaram a tratá-la. Sarah nunca estava sozinha. Nenhum deles andava mais sozinho, mas com ela foi diferente. Se eles se juntavam para se protegerem, quando juntavam-se a ela era para tirarem duvidas, pedir conselhos ou apenas tentarem ser mais próximos da Hawkey.

Falando em proximidade; Dalton, Phillip, Nathan e Kaill se tornaram o mais próximos de amigos que Sarah tinha lá dentro. Um deles estava sempre com ela conversando desde coisas completamente inúteis até técnicas de combate e estratégias. Kaill era o que mais ficava por perto dela, pois se sentia em divida permanente com ela por tudo o que Sarah havia feito e ainda fazia por ele.

No todo Sarah ainda era a melhor lutadora de lá, sem ter perdido uma única luta; o 3-B ainda era alvo de piadas, mesmo ninguém tendo coragem de fazer algo mais do que isso; e Sarah continuava conciliando seu treinamento com seu trabalho e seus estudos nas forjas. Mas alguns detalhes haviam mudado e alguns destes irritavam muita gente.

Três meses depois de Sarah começar a conduzir os treinos nenhum deles perdia mais as lutas de avaliação. Os instrutores não ficaram nada felizes pelo avanço do 3-B não estar relacionado a eles. Principalmente porque todos sempre consideraram aquele grupo um caso perdido. E na realidade grupo era a palavra perfeita para descrevê-los naquele momento. Diferente de antes eles agora eram unidos e a Hawkey era a líder deles, mesmo que a mesma nunca tivesse tido a intenção de o ser. E Eliot, assistindo a tudo de longe, percebeu antes mesmo da filha que ela havia encontrado seu lugar e que era só uma questão de tempo para que os outros notassem isso também.


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