Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 18
Teste Público


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoas =D estou adiantadaaaaa hehe
Aí está o cap dessa semana, espero que gostem
Bjs



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Sarah e Eliot passaram a noite em uma pousada na cidade. Na manhã seguinte ela se levantou antes do pai acordar, saiu sem ele ver e caminhou pela cidade quase deserta até que se viu dentro da floresta que circundava a Academia. Lá ela fez seus exercícios. O inverno dava sinais de que estava acabando, mas as manhãs ainda eram muito frias. Sarah, depois de fazer seus exercícios, pegou a espada e começou com movimentos lentos para se alongar. Ela ficou lá até a metade da manhã, quando começou o caminho de volta lentamente.

Eliot não se preocupado quando acordou e não viu a filha. Fez seu desjejum e se sentou a uma das mesas na entrada da pousada. Foi ali que Sarah o encontrou. Os dois saíram. Eliot, depois de muita insistência para convencê-la, comprou uma cota de malha para ela usar no teste. Ela não queria porque dizia que seria um peso desnecessário. Mas, se Rohkston colocasse um bom aluno contra ela, ele não queria que a filha estivesse sem proteção alguma. Era uma cota simples até abaixo do quadril com mangas ¾ e sem capuz.

Logo seria meio dia e os dois seguiram até a Academia. Os soldados no portão eram os mesmos do dia anterior e os deixaram passar sem problemas. A surpresa deles dói ao chegar ao pátio centralonde seria realizado o teste. Aparentemente Rohkston não gostava de ser desafiado. O Diretor-Comandante estava sentado em uma cadeira sob uma cobertura de lona. No centro do pátio tinham sido montado um campo de competição. Uma área de 8X10m, cercada com madeira. Rohkston estava sentado no meio de uma das laterais maiores, todo o lugar estava abarrotado de alunos, professores e alguns curiosos. Sarah achou bom estar com o capuz porque assim pode ir até seu lugar, numa das laterais menores, atraindo apenas alguns olhares discretos.

Chagando lá Rohkston fez um gesto para que ela entrasse na arena. Num movimento ágil ela pulou por sobre a cerca de madeira de 1,3m, virou-se para o pai e retirou a bainha da cintura pendurando-a em um dos postes da cerca de uma tabua. Enquanto isso um rapaz entrava do outro lado.

Só depois de checar todas as suas coisas foi que Sarah retirou a capa recebendo os olhares de todos por isso, mas ela nãose importou. Ela sabia que isso aconteceria. Foi só aí que ela se virou para onde deveria estar seu adversário. Ao vê-lo, primeiro ela sentiu surpresa, em seguida confusão e indignação, por fim raiva. Sarah não conseguia acreditar que o Diretor tinha feito aquilo. Não podia crer que ele teve a coragem de brincar com ela daquela forma. Mas se ele pensava que poderia se divertir às custas dela, então Rohkston teria uma grande surpresa. Sarah não aceitaria ser tratada como idiota e, se Rohkston pudesse ver o rosto dela se assustaria com o ódio daqueles olhos cinzas.

Você deve estar perguntando: mas o que foi que ela viu? Pois eu digo: do outro lado da área cercada estava um rapaz, q5 talvez 16 nos, usando um peitoral de couro que deveria pesar pelo menos uns 10Kg. Ele também usava uma espada longa, um elmo aberto na frente e um enorme escudo redondo. Mas não foi exatamente por isso que Sarah se irritou e

sim

pelo fato de o garoto ser quase 10cm mais baixo e, pelo menos, 10Kg mis leve, além de mau conseguir se equilibrar com todos os equipamentos e proteções. Vendo aquilo ela se virou para o pai, soltou o cinto e arrancou a cota de malha jogando-a no chão e recolocando o cinto. Ela então puxou a espada da bainha e, bufando de raiva, andou até Rohkson.

--ENTÃO VAI SER ASSIM?!?!? – ela gritou – Eu te peço um teste e você me faz uma pegadinha?

--Abaixe o tom quando falar comigo, mocinha – ele fala alto se levantando – Quem você pensa que eu sou?

--Um velho idiota que pensa que pode brincar comigo – respondeu ela dando as costas a um Diretor irritado.

Ela foi até o centro da arena e chamou o garoto que andou até ela.

--Tem 10 tentativas para me acertar – ela disse quando ele parou a sua frente – Se não conseguir, sinto muito, mas vai se arrepender de vir até aqui hoje – mesmo estando irritada ela sabia que não era culpa do rapaz.

E ele tentou. Tentou mesmo, mas como ela esperava não foi nem perto do necessário. Sarah nem precisou da espada, desviar dos golpes dele foi muito simples. Assim que escapou do ultimo ela assumiu uma posição de luta e quando o garoto investiu ela só bloqueou o golpe segurando o braço dele com a mão esquerda. Girou fazendo-o soltar a arma, acertou a parte reta da espada nas costas dele e, antes que ele pudesse recuperar o equilíbrio, ela lhe passou uma rasteira jogando-o de costas no chão. Quando viu o garoto no chão sem dar sinais de que iria se levantar Sarah encarou a plateia, que, depois do que tinha acabado de ver, estava sem reação. Ela olhou para todos os lados antes de dizer:

--Então é isso?? ESSE É O GRRANDE TESTE DE ADMISSÃO PARA A ACADEMIA??? – gritou ela abrindo os braços – É ISSO o que vocês chamam de habilidade? O que eu acabei de ver aqui é mesmo o resultado dos seus treinamentos?? Porque se for prefiro continuar treinando sozinha.

Eliot tinha ficado de costas para a filha. Sabia o que ela pretendia e não queria ver o que iria acontecer. Teve certeza de que ela conseguiria o que tentava quando ouviu os primeiros gritos indignados contra as palavras dela. Sarah queria irritá-los e estava conseguindo.

--Quem você pensa que é? – gritou um.

--Volte para o seu lugar, mulher!! – gritou outro.

--Como se atreve?!? – gritavam muitos.

--Se o que acabei de dizer não for a verdade, então que um de vocês venha aqui me provar o contrario – Sarah disse fazendo sua voz ser ouvida mesmo com a gritaria que se havia formado – Algum de vocês tem coragem de vir aqui e lutar comigo???

Muitos outros gritos de protesto foram ouvidos. Alguns começaram a pular a cerca quando ouve-se um deles gritar:

--CALEM A BOCA, BANDO DE INUTEIS!!! Quem vai lidar com essa garota sou eu.

Ele devia ter por volta de 20 anos. Cabelos negros e pele bem clara; olhos azuis que poderiam ser bonitos se não fossem arrogantes e frios como uma geleira. Usava uma calça e uma camisa de mangas compridas de linho, era uns 7cm mais alto que ela, musculoso, talvez uns 18Kg mais pesado. Era claramente um nobre e, pela forma com que todos recuaram para lhe dar passagem, Sarah concluiu que deveria ser filho de alguém muito importante. Pensar que iria esfregar o nariz empinado de um nobrezinho metido no chão fez surgir um sorriso um tanto maldoso no rosto de Sarah. Aquilo seria imensamente divertido pra ela.

--Posso saber o nome de tão incomum dama? – ele perguntou com um sorriso que deveria acreditar ser sedutor.

--Sinto informar ao nobre senhor, mas não há nenhuma dama presente – ela respondeu com uma expressão irritada – Mas como ainda não fomos apresentados. Chamo-me Sarah Hawkey.

--Aparentemente temos alguém com uma língua bem afiada – ele continuava sorrindo ao falar – Vou ter de colocá-la em seu devido lugar.

--Não creio que você seja capaz de encontrar o lugar de algo – ela respondeu irônica e com um sorriso sarcástico.

Ele perdeu o sorriso, finalmente notando que aquilo não estava funcionando. Deve ter pensado que ela não sabia quem ele era, por isso mudou de tática.

--Acho que estou sendo indelicado – disse ele sem sorrir, mas ainda tentando parecer amigável – Eu sou o filho do duque...

--Pouco me importa que é você – ela o cortou com uma expressão apática.

--O que disse? – perguntou ele agora realmente irritado.

--Que pouco me importa quem você é – ela repetiu com um meio sorriso – Afinal, eu sabendo seu nome ou não, o fato de que, quando isso acabar, você estará no chão não vai mudar.

Aquela frase o deixou extremamente irritado, o que era exatamente o que ela queria.

--Quando eu acabar com você, garota, vai desejar nunca ter posto os pés aqui – disse ele rangendo os dentes.

--É o que vamos ver – Sarah respondeu com um sorriso divertido.

Primeiro eles circularam pelo centro da arena, um sempre encarando o outro a quatro ou cinco passos de distancia, se analisando. Bom, era o que ela estava fazendo, ele só queria saber o que ela faria, mas como Sarah não atacou ele resolveu que acabaria ele mesmo com aquilo.

O primeiro golpe dele veio em diagonal de baixo pra cima, Sarah nem precisou recuar, apenas inclinou o corpo para trás e a espada passou cortando o ar a sua frente deixando o rapaz ainda mais irritado. Ele investiu contra ela, agora com vontade de parti-la ao meio, mas a sequencia de ataques dele não deu trabalho nenhum a Sarah que desviou de todos os cinco golpes quase sem sair do lugar. Continuaram nisso por mais uns quatro minutos. Ele golpeando, usando cada vez mais força, velocidade e técnica, e ela desviando sem esforço algum tendo que usar a espada como escudo apenas uma ou duas vezes.

Logo Sarah ficou entediada, seu oponente não parecia realmente levá-la a serio. Ele avançou com uma nova sequencia. Ela desvia dos primeiros, uma estocada na altura de seu ombro direito e ela pensa: “Chega de brincar”. Com um giro de pulso ela desviou a trajetória da espada dele com a sua. No instante seguinte a ponta da espada dela estava no pescoço do rapaz que tinha os olhos arregalados. Ela afastou a espada como se dizendo para ele tentar outra vez e foi isso o que ele fez, dessa vez levando-a a sério.

Uma finta, ela não caiu. Um golpe diagonal, ela defendeu com a espada. Um golpe vertical vindo de baixo, ela inclina o corpo para o lado desviando. Ele tenta um golpe diagonal de cima para baixo, mirando o ombro esquerdo dela. Sarah segurou sua espada com as duas mãos e faz as laminas se cruzarem em frente ao rosto dela. Era um teste, uma disputa de força. Ela logo viu que ele era um pouco mais forte, o que ela já esperava. Insistiu naquilo mais um pouco até que ele pensou que a venceria assim. No instante em que ele tentou usar mais força ela girou o corpo para a direita. O rapaz perde o equilíbrio e Sarah já esta as suas costas. A espada dele acerta o chão com força, o impacto faz com que ele a solte. Assim que a espada sai das mãos dele Sarah acerta um chute na parte de trás da coxa dele fazendo-o cair de joelhos e apoiar as mãos no chão. Sarah solta uma gargalhada quando ele tenta se levantar com dores na perna e cai de joelhos outra vez.

--Ora sua v... – um chute acerta-o no rosto antes que ele termine a frase fazendo-o cair com os cotovelos no chão.

--Que tal tentarmos não usar expressões rudes em frente a tantas pessoas? Onde foi parar o seu cavalheirismo? - perguntou ela com uma expressão divertida.

--VOU ACABAR COM VOCÊ – grita ele se levantando com dificuldade.

--Vem – chama ela soltando a espada já que ele estava desarmado também – Vamos ver do que um nobrezinho mimado é capaz.

Ele avançou gritando na direção dela e seu primeiro soco passou perto do nariz dela. Ele tentou uma joelhada que Sarah bloqueou com a perna. Um soco nas costelas que ela desviou com o cotovelo. Ele então avançou tentando segurá-la, mas Sarah não deixou as mãos dele a tocarem acertando socos nas articulações dos cotovelos, ombros e pulsos sempre que elas estavam a seu alcance. Com raiva por não acertá-la ele tentou uma cotovelada na direção do olho dela. Sarah viu o golpe, com o braço esquerdo ela bloqueou, com o direito ela acertou as costelas dele com um soco. Depois, quando ele se curvou de dor, ela torceu o braço dele fazendo-o cair com o rosto no chão.

O lado sádico dela queria brincar mais um pouco com aquele idiota, mas seu lado pratico já estava irritado. Assim, sem dizer nenhuma palavra ela voltou até onde tinha deixado sua espada. Com a mesma na mão direita Sarah andou até a pequena área coberta onde Rohkston estava boquiaberto com o que acabara de ver. Sarah parou de frente pra ele.

--Satisfeito, Diretor-Comandante? – ela perguntou estreitando os olhos – Sou boa o bastante para ser comparada aos seus alunos? Ou quer que eu vença um dos professores daqui para você me aceitar?

Ela se virou e voltou para onde estava o pai sem esperar uma resposta não que fosse haver uma. Rohkston mal tinha notado a impertinência dela, estava ocupado demais tentando encontrar a própria voz. Sarah chegou até onde Eliot estava e eles se encararam por um tempo. Depois ela embainhou a espada, prendeu a bainha a cintura, recolheu a cota de malha, vestiu a capa e o capuz e saiu em direção ao portão principal. Naquela troca de olhares os dois tinham decidido, sem a necessidade de palavras, que Eliot ficaria e esperaria a decisão de Rohkston e dos instrutores. Sarah então caminhou até o portão e dali a cidade. Ela nem podia imaginar a confusão que tinha deixado pra trás. E, por quê? Simples: Sarah havia acabado de vencer um aluno de 3ª Ordem, com sete vitorias consecutivas, sem esforço algum e saído como se nada tivesse acontecido. Talvez agora você possa imaginar a confusão que ela deixou na Academia.


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