Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 17
Conhecendo o Diretor-Comandante


Notas iniciais do capítulo

Olá =]
Mais um cap p vcs
Espero q gostem



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Pai e filha foram conduzidos pela Academia por um dos guardas do portão, o mesmo que havia ido até a sala do Diretor comunicar a presença do Capitão Hawkey. Os dois não sabiam, mas assim que disse esse nome o pobre soldado foi ordenado a correr de volta ao portão e trazer Eliot a presença do Diretor. Depois de muitos corredores e escadas eles chegaram em frente a uma porta no terceiro andar na qual estavam dois soldados com lanças que permitiram a entrada deles. É necessário dizer que Sarah usava o capuz da capa de viagem de forma que as botas, calças e bainha da espada que eram vistos por todos não indicavam que ela se tratava de uma mulher. Ao passarem pela porta eles puderam ver uma sala comprida com duas janelas do lado direito e ao fundo uma mesa enorme atrás da qual sentava-se um homem um pouco mais velho que Eliot.  Cabelos negros com vários fios já brancos, uma barba bem aparada e ainda completamente negra e olhos também castanhos muito escuros. Quando viu os dois entrando ele se levantou e deu a volta na mesa caminhando de encontro aos visitantes.

--Eliot. É mesmo você – foi o que ele disse numa voz grossa e potente antes dos dois se abraçarem.

--Sim, velho amigo – respondeu Eliot – Sou eu mesmo.

Rohkston os conduziu até a mesa enquanto dizia:

--Soube por Clinfort o que aconteceu. Sinto muito, Eliot, sei o que deve estar sentindo.

--Não, não sabe. Mas não foi para remoer memórias que andei até aqui, Rohkston – disse Eliot, ficando um pouco triste pela menção da esposa, mas logo voltou ao normal.

--A que devo, então, o prazer da visita? – Rohkston perguntou enquanto indicava duas cadeiras à frente da mesa e voltava ao seu lugar do lado oposto.

--Vim fazer uma indicação ao teste de admissão – respondeu Eliot serio enquanto se sentava. Sarah permaneceu em pé ao lado da cadeira do pai, ainda sem tirar o capuz.

--Sabe que está atrasado, ou adiantado demais, não sabe? – mesmo com tom de brincadeira a frase foi dita de uma forma mais seria por Rohkston.

--Ora, vamos. Testes especiais são feitos durante todo o ano – disse Eliot com um pequeno sorriso que desapareceu antes dele continuar – A pessoa que pretendo indicar foi treinada por mim, Rohkston.

Em seu lugar Rohkston deixou de ser o velho amigo de Eliot e passou a ser o Diretor-Comandante da Academia ao ouvir isso. Até porque, um aluno treinado pessoalmente por Eliot Hawkey, não poderia ser pouca coisa. Ainda assim, os testes especiais eram, no geral, feitos á filhos de nobres que pagavam muito. De forma que, se fosse feito a esse aluno de Eliot, seria necessário ter-se certeza de que ele seria aprovado.

Para que se entenda a duvida de Rohkston é preciso saber que Eliot foi o melhor guerreiro E estrategista que a Academia teve em muito, mas muito tempo mesmo. Músculos e habilidade juntos de inteligência e astucia, não era algo comum de aparecer e quase impossível de se desenvolver por completo juntos. Um aluno treinado por Eliot não seria apenas forte e habilidoso, mas provavelmente muito inteligente também.

--Presumo que o indicado seja o jovem que te acompanha, estou certo? – perguntou Rohkston muito sério. A partir dali não eram mais assuntos íntimos que seriam tratados naquela sala e a postura dele se adequou a isso.

Eliot tinha esperado ter o tempo de uma conversa maior antes de, realmente, apresentar a filha. Mas com Rohkston indo tão diretamente ao ponto ele acabou por soltar um suspiro antes de confirmar com a cabeça. Com os olhos voltados ao homem a sua frente Eliot disse:

--Diretor-Comandante Rohkston, – fez um gesto indicando a Sarah para retirar o capuz – apresento-lhe Sarah Hawkey. Minha aluna e a quem indico a um teste especial de admissão.

Rohkston estava mais do que surpreso. Talvez a palavra certa fosse espantado. E por dois motivos. Primeiro: Eliot estava falando serio sobreindicar a filha a um teste de admissão na Academia. Segundo: a moça que ele via a sua frente era quase idêntica a sua Cecília, os mesmos cabelos, a mesma postura, os mesmos olhos e, principalmente, o mesmo olhar altivo.

Sarah já tinha ouvido do pai o quanto era parecida com a tia e falecida esposa de Rohkston, mas nunca teria esperado aquela reação dele. Rohkston a encarava boquiaberto e com os olhos arregalados como se visse um fantasma. O que, para ele, era exatamente isso, mas ela acabou ficando impaciente e decidiu se intrometer naquela conversa.

--Vai me conceder o teste ou não, Sr. Diretor? – perguntou ela estreitando os olhos.

--Quieta, Sarah – o pai ordenou a ela sem olhá-la.

--Não sou um retrato velho para que ele fique me encarando, pai – ela respondeu ríspida, ainda encarando o homem atrás da mesa.

--Espere lá fora – disse Eliot entre dentes.

--Como? – ela encarou o pai.

--Lá fora – disse ele virando-se para ela – Agora! É uma ordem Sarah.

Sarah rangeu os dentes, fez um som que pareceu um rosnado baixo e fechou as mãos em punhos. Depois de ver que o pai não voltaria atrás bufou indignada, deu meia volta e recolocou o capuz antes de abrir a porta e sair. Assim que a porta se fechou Rohkston pareceu sair do transe.

--É loucura – essa foi a primeira coisa que disse num murmúrio, as frases seguintes foram quase que gritos – Isso é a maior loucura que eu já ouvi!!! FICOU MALUCO, ELIOT?!?!?

--Você mesmo ensinou Cecília a lutar depois que se casaram – respondeu Eliot firme, mas sem se exaltar.

--É DIFERENTE!!! – Rohkston continuou gritando.

--COMO!?? – perguntou Eliot também perdendo a calma.

--Cecília quis aprender a se defender. E foi isso que eu ensinei – mesmo não gritando mais, Rohkston falou isso mais alto do que o normal – Você quer que ela entre na Academia, Eliot!!!

Ao ouvir isso Eliot se levantou e bateu com as duas mãos espalmadas sobre a mesa. Rohkston se assustou um pouco e encarou o amigo que parecia tentar se controlar. Com um suspiro cansado Eliot voltou a se sentar.

--Você não entende. Eu a treinei. Ela é mais hábil do que você pode imaginar – disse Eliot com a cabeça abaixada e num tom calmo.

--É o pai dela. Não pode afirmar isso com real certeza. E depois, ela é uma... – começou Rohkston.

--Uma mulher? – interrompeu Eliot – Se Sarah estivesse dentro dessa sala ela teria avançado em você passando por cima dessa mesa. Você não a conhece, meu amigo – ele encarou uma das janelas – Sabe o que Cecília me disse na resposta a carta onde eu contava que Liana estava grávida?

--Eu não cheguei a ler, mas ela me disse algumas coisas – respondeu Rohkston confuso.

--Usando as palavras exatas foi isso: “Será uma garota, maninho. E eu gostaria que você a chamasse de Sarah, como a nossa primeira rainha” – disse Eliot e fez uma pequena pausa antes de continuar – Logo depois vieram às frases: “Acredite em mim, Eliot. Ela terá o sangue dos Hawley’s fervendo nas veias. A minha pequena sobrinha será tudo o que um verdadeiro Hawkey deve ser.”

--Cecília me disse que, antes de receber a sua carta, ela teve um sonho. Uma garotinha com os olhos dos Hawkey’s, depois uma moça que ela poderia jurar que era ela mesma se não visse nela os mesmos lábios e nariz de Liana. No fim a tal a garota, já uma mulher, com uma espada forjada por um Hawkey nas mãos.

--E você deve ter dito que a espada não deveria pertencer à menina – Eliot disse inclinando a cabeça dando a entender que sabia a exata reação que o amigo teve na hora em que ouviu sobre esse sonho.

--Mas é claro – Rohkston respondeu um tanto irritado – Mesmo que Cecília tivesse tido um tipo de visão do futuro, aquela poderia ser só uma espada feita por você. E depois, o que Cecí conhecia sobre espadas para poder afirmar com certeza?

--Tão pouco quanto você conhece sobre os Hawkey’s, meu velho amigo – Eliot tinha um pequeno sorriso ao dizer isso – Ela disse que tinha certeza de que a espada do sonho não tinha sido feita por mim, estou certo?

--Disse, mas... – começou Rohkston, mas foi novamente interrompido.

--Eu disse que nunca forjaria outra espada – disse Eliot com uma expressão seria – Não sou um ferreiro bom o bastante para continuar forjando – depois de dizer isso sua expressão se suavizou – Sabe o que “ter sangue dos Hawkey’s fervendo nas veias” significa, Rohkston?

--Que o individuo tem uma personalidade forte – respondeu Rohkston incerto.

--Que se tem as habilidades comuns a um Hawkey aflorando da forma mais fácil, simples e pura – Eliot corrigiu-o – Por eu ser um lutador tão bom meu pai costumava dizer que meu sangue fumegava. E “ser tudo o que um verdadeiro Hawkey deve ser”, sabe o que é um verdadeiro Hawkey, Rohkston?

--Não, Eliot.  Eu não tenho ideia – Rohkston não quis errar de novo, por isso nem tentou responder.

--Um ferreiro habilidoso e um guerreiro nato – respondeu Eliot com um meio sorriso divertido.

--Está dizendo que Cecília achava que sua filha se tornaria uma guerreira?!?! – Rohkston parecia incrédulo ao considerar essa possibilidade.

--Estou dizendo que Cecília acertou e Sarah se tornou uma guerreira! – Eliot se exaltou um pouco, mas logo voltou ao normal e continuou – Ela vai conseguir decifrar o livro, Rohkston, e isso é só uma questão de tempo. Uma chance, Rohkston. Um teste publico. É tudo o que eu te peço.

--Vão querer minha cabeça numa bandeja se eu permitir isso – disse Rohkston serio.

--Você tem um cargo vitalício, não podem te tirar dele! – disse Eliot um pouco irritado.

--Podem sim – respondeu Rohkston – Podem me atormentar tanto que eu seria obrigado a renunciar. Mas não me preocupo com o cargo, não posso é arriscar a reputação da Academia assim.

--Ela é muito melhor que pelo menos 80% dos seus alunos!! – disse Eliot parecendo inconformado.

Os dois não sabiam que Sarah estava sentada no chão com as costas apoiadas contra a porta e pode escutar quase tudo o que eles falavam; exceto as frases mais baixas. O silencio que se seguiu depois da ultima frase de seu pai a deixou irritada. Irritada o suficiente para que ela desistisse de esperar. Sarah não permitiria que os dois dentro daquela sala decidissem a vida dela.

Antes que os dois guardas percebessem o que ela pretendia a porta já estava aberta. Quando eles finalmente se viraram para tentar impedi-la deram de encontro com a porta acertando seus rostos e sendo trancada. Sarah avançou a passos largos e pesados em direção à mesa. Eliot estava para brigar com ela por causada interrupção quando ela lhe lançou um olhar que o silenciou (no fundo ele também queria saber o que ela pretendia fazer para convencer Rohkston).

--Meu pai me disse que pareço-me muito com minha tia – começou ela apoiando as mãos sobre a mesa e encarando Rohkston – Ele também me disse que você a amou muito. Mas tenha em mente uma coisa: Eu Não Sou Cecília. Sou Sarah Hawkey e eu não penso ou falo ou ajo da mesma maneira que ela. E, no momento, penso que você esta agindo como um estúpido só porque esta com medo do que os outros vão pensar de você. Também digo para que você não pensar que sua opinião é relevante para mim porque não é. Quanto ao que eu faço; é bom que você saiba que eu não vim até aqui por nada. Se acha que não sou capaz de vencer um dos seus aluninhos, tudo bem. Trate meu teste como uma piada, uma pegadinha, o que quiser – a essa altura do discurso dela Rohkston chegou a recuar na cadeira, encarar a expressão raivosa dela não era nada fácil ou confortável – Ponha um dos seus melhores lutadores na minha frente e diga a ele que é uma brincadeira. Qualquer coisa, eu não me importo. Vou acabar com qualquer um deles, então que diferença faz pra mim o que ele vai pensar? Mas se, por alguma coincidência ou piada do destino, eu perder; vou embora. Vou embora e você nunca mais me verá, nunca mais toco numa espada se isso acontecer. Essa proposta esta boa o bastante? Porque se não for, acho bom você se preparar porque eu vou dar um jeito e você será obrigado a me admitir mesmo que não queira.

--Sarah. Já chega – disse Eliot finalmente se levantando e afastando a filha da mesa.

--Amanhã – disse Rohkston com uma expressão raivosa se levantando também – Ao meio dia. Eu te dou a luta que você quer. E QUANDO você perder, porque você vai perder garota, quero que saia daqui e se conforme com o que realmente é. Porque você não é e nunca vai ser uma guerreira!!!

Sarah deu um meio sorriso e relaxou a postura. Tinha acabado de conseguido que queria.

--Até amanhã, Diretor-Comandante Ron Rohkston – disse ela ainda com o meio sorriso, virou-se e andou em direção à porta, mas antes de abri-la olhou por cima do ombro e disse – Não se preocupe. O Sr ainda vai me ver muito.


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Notas finais do capítulo

Gente, comecei a postar uma nova fic, se quiserem está aqui: http://fanfiction.com.br/historia/377543/Cacadora_De_Vinganca
Tbm recomendo essa: http://fanfiction.com.br/historia/377489/O_Mundo_De_Thomas/ eu achei muito boa, se quiserem dar uma chance ;)
Bj, até semana q vem



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