Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 14
Reflexões e uma decisão


Notas iniciais do capítulo

Olá, estou atrasada eu sei, mas quis revisar bem esse cap antes de postá-lo, então por favor me desculpem aqueles que estavam esperando ele ontem.
Bom, é agora que a historia realmente começa então espero que vocês gostem



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Eliot olhava para a filha surpreso, afinal aquela ideia era incabível. Ela nunca conseguiria. E ainda assim, olhando nos olhos dela ele não conseguiu duvidar de que isso não a impediria.

--Você tem consciência do que acabou de dizer, Sarah? – foi o que ele perguntou logo que se recuperou do susto.

--Sei exatamente o que eu disse pai. Também sei de todas as dificuldades e consequências que essa decisão vai me trazer – ela respondeu decidida.

--Isso é impossível, Sarah – retrucou ele desanimado.

--Por quê?? – ela quase gritou – Porque sou uma mulher e isso eles não permitiriam ou porque por ser mulher eu não teria capacidade? – Eliot continuou calado e percebendo que o pai não iria responder-lhe Sarah gritou – RESPONDA!!!

--Eles não permitiriam – disse Eliot por fim, encarando-a.

--Rohkston. Ele é o diretor da Academia, certo? – ela perguntou e Eliot concordou em silencio – Convença-o a me dar uma chance.

--Ninguém aceitaria, Sarah – disse Eliot impaciente – Será que você não entende isso?

Ela via a relutância do pai em aceitar sua ideia e, no fundo, ela sabia o porquê disso. O que ela queria tentar era impossível, alguns diriam até que era loucura. Sarah sabia que o pai estava preocupado com o que ela teria que enfrentar para atingir esse objetivo. Mas isso não a faria desistir.

--Pai – disse ela num tom mais brando – pela primeira vez eu entendo parte do que eu sou e do que sinto ser. Esse – ela abriu os braços como se indicasse tudo em volta – não é o meu lugar. Por um tempo eu tive um motivo para me dizer o contrario, mas agora ele não existe mais. Agora eu entendo porque bonecas sempre me pareceram tão tediosas ou porque cuidar da casa, lavar, cozinhar e todas essas coisas eram um fardo tão grande pra mim. Eu não nasci para ser uma dona de casa numa vila no fim do mundo. E agora sei que nem o senhor quer mais estar aqui. Mas, se não vai me ajudar, eu vou me virar sozinha – dizendo isso ela pegou o livro em cima da mesa, deu as costas ao pai e foi em direção ao seu quarto.

--Foi sua tia que lhe deu seu nome – disse Eliot antes dela abrir a porta – Sua mãe estava com pouco mais de seis semanas quando descobrimos e a avisamos. A resposta dela chegou dois dias antes de você nascer – Sarah continuava de frente para a porta – Na carta ela me disse que a criança seria uma menina com o sangue dos Hawkey’s borbulhando nas veias. Que você seria tudo o que um Hawkey de verdade deveria ser e que eu deveria te dar o nome de Sarah, o mesmo nome da primeira rainha que o Reino teve. Nunca foi comum o nascimento de mulheres em nossa família e eu não acreditei que isso aconteceria por duas gerações seguidas. Mas Cecília estava certa e quando a parteira te pôs nos meus braços eu tive medo do que isso poderia significar.

Depois de um tempo Sarah notou que o pai não diria mais nada e entrou em seu quarto. Eliot continuou a encarar a porta fechada do quarto da filha; pensando. Se ela pudesse ler aquele livro seria apenas a terceira pessoa a conseguir dos quase 30 que tentaram. Sua irmã tinha razão ao dizer que o sangue dos Hawkey’s borbulhava nas veias dela. Depois de conhecer toda a historia de sua família e todas as tentativas de trazer a Honra dela de volta, olhando nos olhos da filha foi a primeira vez que Eliot sentiu que isso seria possível. Depois de três anos ele viu os olhos dela brilharem outra vez e com uma determinação que o assustava. Pensar isso o fez lembrar-se da ultima vez que tinha visto os olhos dela brilhando; tinha sido de raiva. Lembrou-se então da luta dela contra John e, depois, da luta que o rapaz venceu tranquilamente contra um soldado treinado.

Naquela hora Eliot pensou em quatro coisas: 1) o garoto John e a filha, durante suas brincadeiras, haviam treinado aquelas habilidades juntos; 2) tinham treinado por tantos anos quanto seriam necessários a um bom guerreiro se tornar o que era; 3) havia sido Sarah a ensinar o garoto a lutar daquela forma; e 4) a filha tinha o dom dos Hawkey’s para a batalha aflorando no sangue, da mesma forma que o dele tinham estado quando ele tinha a idade dela. “De alguma forma” sussurrou ele para si mesmo “Liana sabia que esse dia chegaria e que nossa filha entenderia que o lugar dela não é esse”.

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Enquanto Eliot estava com seus pensamentos Sarah, em seu quarto, havia chegado a uma resolução: se ela não era uma mulher comum não agiria nem se vestiria como uma. Jogou sobre sua cama todas as suas roupas, pegou a caixa de costura que tinha sido de sua mãe e se pôs a trabalhar. Separou em uma pilha todas as camisas e calças que tinha e depois começou a tirar as saias de todos os vestidos transformando-os em camisas. Depois pegou todas as saias, inclusive as que eram dos vestidos e passou a cortar e costurar transformando-as em calças e algumas outras camisas. A noite de Sarah se resumiu a isso enquanto Eliot passou a sua em meio as suas reflexões.

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Naquela manhã as reflexões de Eliot lhe trouxeram uma resolução: poderia ser loucura; perda de tempo; um absurdo; talvez até mesmo impossível, mas ele apoiaria a decisão da filha. Se Sarah estava disposta a aceitar as consequências daquela decisão ele também as aceitaria. Por isso, quando o sol nasceu, ele se aproximou da porta do quarto dela, sentou-se no chão com as costas apoiadas a madeira e deu quatro pequenas batidas na porta com os nós dos dedos. Sarah ouviu e se aproximou da porta, mas não a abriu. Instantes depois ela ouviu o pai falar:

--Existem dois jeitos de ingressar na Academia – ele começou – O primeiro e mais fácil é um parente com dinheiro e influencia que possa comprar o seu lugar lá dentro. O segundo e mais difícil é ser aprovado numa seleção. Existem duas formas de seleção: 1)ser indicado por um oficial de alta patente ou 2)estar presente e pedir por uma oportunidade no dia das avaliações que costumam acontecer no inicio da primavera. Uma indicação tem que ser aceita pelo Diretor-Comandante antes da avaliação. Se o seu lugar será comprado apenas o diretor precisa ser convencido. As avaliações funcionam com base na aceitação ou não aceitação de quatro instrutores. Se todos te aceitam o diretor dificilmente decide o contrario; se só dois te aceitam cabe a ele decidir, entretanto há um numero restrito de vagas nos dias de avaliação. Depois de entrar é que as coisas ficam realmente complicadas. Os alunos são divididos em especialidades; arqueiros, lanceiros, esgrimistas, estrategistas e varias outras; e em Ordens de acordo com seu nível de habilidade sendo um total de cinco Ordens. O comum é que o aluno inicie na primeira ordem e passe um ano em cada uma delas. Os dois primeiros anos são dedicados a múltiplas habilidades, o terceiro a habilidades específicas e o quarto e quinto ano a treinamentos em grupos. Cada ordem possui até 100 membros, assim, quarta e quinta ordem são ao todo quatro esquadrões. Mas a sua graduação não tem haver necessariamente com o tempo real que você está lá, e sim com sua capacidade de combate. Como as três primeiras ordens são divididas por especialidades, exceto os arqueiros, todos os outros alunos se são enquadrados em um rank de acordo com o numero de combates e de vitorias. Quando se chega a um determinado numero de vitorias consecutivas o aluno sobe de ordem. Na quarta ordem os grupos A e B passam a ser chamados de esquadrões. Nessa altura um aluno dificilmente sobe de ordem sozinho, o comum é que o  esquadrão todo se gradue junto para a quinta ordem quando as habilidades em grupo são consideradas satisfatórias. No ultimo ano o sistema muda de novo e um esquadrão inteiro pode se graduar ou só alguns de seus integrantes; isso depende muito do numero de missões que eles concluíram e do desempenho individual de cada um durante elas – Eliot fez uma pausa para ver se a filha teria alguma pergunta, como ela continuou em silencio ele continuou – Sarah, se você quer mesmo tentar entrar na Academia o melhor seria se eu a indicasse. Sendo um Capitão do Exercito Real, mesmo que afastado, eu ainda tenho esse direito. Mas, em minha opinião, você deveria pedir por um teste publico para que tenha chances reais de ter sua habilidade reconhecida. Só que, ainda assim, eu sei que eles não permitiriam com facilidade a sua entrada. Para isso você teria que se demonstrar incrivelmente superior, mesmo se comparada a alunos de nível médio. O que quero dizer é: se quer mesmo tentar vai precisar de um treinamento rigoroso e, se quiser que eu a treine, vai ter que aceitar algumas condições. Além de que, vai ter de entender que eu só a indicarei quando e SE eu tiver certeza de que você vai conseguir.

--Eu aceito suas condições, pai – foi a primeira coisa que ela disse com a voz abafada pela porta, mas ainda assim muito clara.

--Você ainda nem sabe quais são elas – disse Eliot, agora sabendo que a filha estava encostada a porta também.

--Eu as aceitarei de toda forma – a voz de Sarah saiu quase que divertida quando ela disse isso.

--Certo, então está bem. Primeiro: você faz exatamente o que eu mandar, quando eu mandar, sem reclamar ou fazer perguntas. Segundo: o seu treinamento será o pior ao qual alguém poderia ser submetido, de modo que, se você não aguentar ou desistir ele acaba e você não terá outra chance. Por ultimo: enquanto estiver sendo treinada por mim não a tratarei como filha e sim como aluna e eu não serei seu pai, mas sim seu professor. Ainda está de acordo? – disse Eliot.

--Sim. Quando começamos, Senhor? – disse Sarah com um meio sorriso determinado.

Sarah não podia ver, mas seu pai tinha um sorriso e uma expressão orgulhosa no rosto.

--Hoje você vai descansar – ele disse enquanto se levantava – Eu vou ao vilarejo fazer alguns preparativos. Esteja pronta para começarmos amanhã.

Logo depois ele saiu de casa sem esperar pela resposta dela. Sarah ficou em seu quarto terminando de trabalhar em suas roupas e depois se deitou para dormir um pouco. Ela não sabia o que o pai faria em seu treinamento, mas tinha certeza de que não seria nada fácil para ela e isso a deixou ainda mais determinada.


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Notas finais do capítulo

Bom, só alguns avisos. Na próxima semana estarei em uma viagem e não sei quais serão as condições da net por lá, assim não sei se conseguirei postar o próximo cap na quinta.
Vou tentar ao máximo conseguir fazer a postagem no dia certo, mas se eu puder fazer antes eu farei, e se eu não conseguir,bom, acho que terão que esperar um pouco mais.
Caso eu não consiga prometo fazer um cap duplo na semana seguinte. Era isso.
Bom final de semana para vocês =] Bjs



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