POV Leo

“Então, vocês acham que podem vencer a guerra sem minha ajuda? Seus tolos. Vocês foram fracos, e estragaram tudo. Agora, o Acampamento Júpiter e o Acampamento Meio – Sangue entraram em batalha. “

A voz de Hera fica presa em minha mente, cada vez mais forte. Ouço alguns trechos como “Seus tolos” ou “Entraram em batalha” repetidas vezes, como um grande eco em meus ouvidos.

–Não foi nossa culpa! – grita Annabeth. Ao meu lado. Perto do meu ouvido. Num momento em que eu estava prestes a pega- lo e joga – lo no chão. Sensação extremamente agradável essa.

“Claro que não.”– disse Hera, rindo, como um valentão ri de um nerd antes de dar tanta surra a ponto de não conseguir ler mais um livro na vida. – “Mas depois de ouvir essas declarações tão boas, resolvi aplicar um pequeno teste...Se vocês forem vitoriosos, parabéns, tem uma chance contra Gaia. Caso contrário, toda civilização acabará, e a era dos deuses ira se encerrar. Abram os olhos, meus heróis...E bem – vindos a Panem!”

Eu reluto. Não abro os olhos, embora uma vontade enlouquecedora me diga para abrir. Mas resisto, afinal, naquele dia eu não estava nem um pouco a fim de virar “espetinho de Leo”.

É horrível. Por mais que eu não veja a cena – Graças os deuses! – meu ouvido parece ouvir duas vezes mais...Ou o que era fez foi realmente doloroso, pois todos gritaram a ponto de perder a voz.

“Hazel.” ,eu penso. “Não posso a deixar ir”

Eu tento acha-la com as mãos, mas não encontro ninguém, nem Annabeth, que estava praticamente ao meu lado. Desorientando, eu acabo caindo na cama onde Jason estava, e embora aquela sensação de “Oh deuses, estou caindo”, eu continuo com uma mão nos meus olhos, e outra indo para lá e pra cá.

“Que ótimo”, penso. “Não conheço mais meu próprio navio.”

Os gritos pararam. A luz vermelha tão intensa... Sumiu. Primeiro tiro apenas uns dedos de meu olho esquerdo. Coloco de volta. Tiro novamente. Cansado de fazer a cena estúpida, abro os olhos. Depois, vejo que não havia nada demais, nenhuma luz maligna ou camas no meio do caminho.

Apenas cinzas. Cinzas dos meus amigos.

–Deuses. – eu digo, completamente horrorizado. Depois, um pensamento horrível me vem. Eu levanto, muito lentamente, como se estivesse em um filme de horror. Depois, olho para cama... E lá estão as cinzas de Jason. E também tem algumas em minha calça.

Não basta eu quase ter matado ele. Eu também sentei em cima de suas cinzas.

Que ótimo amigo eu sou.

Eu começo a chorar. Mas do que nunca, fico desesperado, sem fazer ideia do que fazer. Eu ando pra lá e pra cá, indefeso. Sento na cama de Jason. Há 5 minutos, todos nós estávamos lá. Agora...Onde eles estavam? Eles estavam mortos?

Não é possível. Hera disse algo sobre...Paem, é isso? Não, Panem. Tento me lembrar desse nome, mas jamais vi isso em lugar nenhum, nem em questão de mitologia, quanto em lugares conhecidos pelos mortais. E olha que Annabeth é uma professora de geografia muito rígida.

O que mais eu podia perder? Seria algo insignificante perto do que eu havia perdido. Minha mãe, Festus, meus amigos... Mesmo que perdesse minha vida, o que importaria?

Novamente, uma pequena luz apareceu, a mesma do lado de Annabeth. Dessa vez, não tive o trabalho de cumprir meus olhos.

E pequena luz ficou lá, parada, por um segundo...Dois segundos...

Até que veio a surpresa: Não, ela não brilhou intensamente, até eu virar pó. Apenas fez uma pequena explosão.

E, não, não morri.

Apenas quase fiquei cego.

“Leo Valdez...Você pode ficar. Fique conosco. Nós pouparíamos sua vida. Fique do lado vencedor. Seja vitorioso ou morra.”

Aquela voz não era de Hera. Era de uma velha conhecida minha...A responsável pela morte de minha mãe.

–Gaia. – eu disse, enojado – Você... O que você veio fazer aqui?

“Venha comigo. Seja meu aliado. Você, Leo Valdez, é a peça principal dos sete. Venha comigo...Ou morra!”

–Peça principal? Eu praticamente destruí o Acampamento Júpi...

“Ah, sim. “ disse Gaia “Meus pequenos amigos por algum acaso resolveram colaborar...Tirar você do estado normal foi uma ótima alternativa de diminuírem sua confiança em você.”

–Espere. Vocês fizeram o que?

“ Não se julgue fraco, Leo Valdez. Seus amigos Jason Grace e Percy Jackson também receberam uma boa dose. “

–Você...-eu estava tão revoltado que as palavras sumiram de minha língua – Onde estão eles?

“Para que você se importa? Boa parte estava disposta a matar você, se isso significasse segurança. Não vê? Para eles, você é um nada. Nada. Fique comigo, Leo Valdez. Fique comigo, e seu legado será eterno.”

Eu me lembrei do olhar sem vida de Jason, a preocupação estampada no rosto de Piper. O rosto de raiva de Percy, e de censura de Annabeth, o olhar de – como era o nome dele mesmo? Ah sim – Frank me olhando como se eu fosse algo que deveria estar constantemente vigiado. Mas o pior foi o olhar de decepção de Hazel.

Ou ao menos empatou com o olhar de censura de Annie.

–Não sei o que você quer, senhora Terra de Lama. Mas não pense que eu vou esquecer o que você fez com meus amigos...Ou com minha mãe! – eu disse, e as lágrimas viraram palavras de fúria – Eu vou para o mesmo lugar que eles foram...Paem. Ou Panem, tanto faz!

Pensei que Gaia iria ficar furiosa. Mas ao invés disso, ela apenas riu, debochada.

“Como Quiser, Leo Valdez. Mas quando estiver mais próximo da morte do que imaginar... Desconfie de seus aliados. “

–Eu já estou alerto senhora. – eu disse, com ênfase em “senhora” – Hera nos traiu.

“Hera?” Gaia riu, com uma risada tão contagiante que se não fosse a situação de vida ou morte, eu já estaria rindo naquela altura “Aquela deusa esdrúxula não consegue nem ao menos trair seu marido estúpido, muito menos sete semideuses que estão destinados a ser mais poderosos que ela.”

Eu tive que raciocinar alguns minutos antes de entender a frase.

Hera não nos traiu?

Eu estava prestes a perguntar o que ela queria dizer com aquilo, mas então, a voz simplesmente desapareceu. Um vento fraco começou, e começou a ficar cada vez mais forte.

“Lá vamos nós” eu pensei, antes do vento empurrar meu corpo contra parede... E bem, eu ficar desmaiado e inscociente.

Câmbio desligo!