Peeta nos guia por um corredor longo e espaçoso. John não falou nada desde que saímos da outra sala. Peeta abre uma porta, me olha e diz:

–Taylor, você ficará hospedada nesse quarto até você ir para a arena. - Ele fecha a porta e sai com o John, me deixando sozinha no quarto.

Tiro meus sapatos e os coloco do lado da porta. Piso no carpete avermelhado, até que é macio, me lembra a primeira casa em que morei, quando minha mãe ainda era viva. Tem uma cama de solteiro, encostada na parede. Não há janelas. Do lado da cama tem uma cômoda, abro as gavetas, uma por uma. Uma delas está vazia, outra possui roupas limpas e simples. Há uma porta perto da entrada, lá deve ser o banheiro. Escuto a voz de Peeta e de John, vou até a porta e abro-a. Peeta me diz que um estilista virá hoje me arrumar, não haverá desfiles para apresentar os tributos, vai ter apenas uma entrevista, hoje de noite, que irá ser transmitida para toda Panem. Peeta me leva, junto com John, até uma ampla sala de jantar, onde já estão os outros tributos, Katniss, Haymitch e Effie. Me sento perto do John, na frente de Katniss. Ela possui um olhar vazio, mas um olhar tenebroso.

–Hoje não haverá treinamento, só amanhã. - Haymitch para de falar e bebe um gole de vinho. -Vocês terão dois dias para treinar, esse ano não haverá patrocinadores.

Ele sorri de um jeito maligno. Simplesmente não concordo em não ter patrocinador, mas permaneço calada. O almoço é servido, tem um suco meio laranja, do qual não reconheço. Os outros tributos conversam entre si, falando sobre perucas e maquiagens, se gabam pela riqueza da família... Mas nenhum sabe manejar uma arma, nenhum deles tem nenhuma habilidade. Eu também não tenho nenhuma habilidade, mas aprenderei nesses dois dias, preciso matar e sobreviver. Acabo meu almoço e espero John acabar, nós teremos o mesmo estilista. Vou com ele e com Peeta até uma sala de estar.

–Vocês ficarão aqui, esperando o estilista, ele vai tirar as suas medidas- Peeta diz e sai, me deixando no silêncio com John. Quebro o silêncio:

–Então John, conte-me sobre você. O que fazem seus pais? No que trabalham?- Olho-o e sorrio.

–Eles morreram. - Responde ele, ríspido e com frieza. -Mas, já que perguntou, eles trabalhavam como pacificadores, foram mortos pelos rebeldes. -Ele solta um suspiro, a dor preenche seu corpo.

–Me desculpe, não deveria ter perguntado. - Olho para baixo, sinto pena dele, não deveria, mas ele está sozinho! John fica calado. A porta de abre, olho para a porta e vejo meu pai, ele entra.

–Pai! - Digo, abraçando-o.

–Pai? Não sou seu pai! Sou seu estilista. -Permaneço olhando-o fixamente, perplexa, não consigo entender! -Sou Matthew Kennedy, irei produzir vocês.

Ele está com uma expressão séria. Ele não parece estar brincando comigo. O que fizeram com meu pai? E então as lágrimas começam a molhar meu rosto.