1. Mundo, me faça voltar ao normal!

Ouvi o choro baixinho e suspirei. Estiquei a mão ao meu lado, para ver se encontrava Edward, mas senti a cama vazia. Abri os olhos, e de repente o choro cessou. Sorri.

Lentamente sentei na cama e vi no relógio na mesa de cabeceira que era 4 horas da manhã...

Austin acorda antes das galinhas, como ele aguenta?

Fiquei de pé e ajeitei a blusa de Edward que vestia, enquanto praticamente me arrastava até o quarto ao lado. O corredor imenso da casa estava todo no breu, e como eu já não sou muito bem equilibrada, claro que tropecei nos meus próprios pés várias vezes, e dei de cara na parede. Finalmente cheguei ao quarto do meu pequenininho, e abri um pouco a porta. Sorri com a visão.

Edward estava sentado na poltrona no canto do quarto com nosso bebê no colo. Ele sorria, enquanto acariciava levemente a bochechinha rosada de Austin, que tinha os olhos vidrados no pai.

Logo Edward pareceu sentir que eu estava ali, e nossos olhos se encontraram. Ele sorriu.

– Vem cá. – ele murmurou.

Encostei a porta e fui até os dois. Edward passou Austin para os meus braços, e me pôs sentada em seu colo. Encostei minhas costas em seu peito largo e ele apoiou seu queixo em meu ombro, dando um beijo no mesmo e envolvendo minha cintura com seus braços.

– Ele está cada vez mais parecido com você. – falei baixinho enquanto observava cada detalhe do meu pequeno, que segurava meu dedo entre os seus. – Os olhos, os cabelos, os lábios...

– Mas eu não duvido nada que os cabelos dele fiquem da cor dos seus. – Edward murmurou de volta.

O olhei pelo canto dos olhos, arqueando as sobrancelhas.

– É sério. – ele disse risonho. – Ele nasceu com os cabelos claros como os meus quando eu era bebê, mas aos poucos o cabelo dele está escurecendo mais, assim como os meus escureceram.

Fiz bico, voltando a olhar para o meu pequenininho.

– Mas eu não quero interferências minhas... – murmurei. – Quero que ele seja todo você.

Senti os lábios de Edward em meu pescoço, e meu corpo se arrepiou. Ele sorriu contra minha pele, depositando beijos na mesma.

– Ele será uma mistura perfeita de nós dois. – ele afirmou, acariciando minha cintura.

Senti meu corpo esquentar, e Austin fez um barulhinho de birra. Edward tirou os lábios da minha pele e sorrimos para o nosso bebê. O balancei levemente, e beijei sua testa.

Ele suspirou, um leve sorriso surgindo em seus lábios pequenininhos, e ele fechou os olhos.

– É uma visão perfeita. – Edward sussurrou.

– Qual?

– Você com nosso filho no colo.

Suspirei e sorri, roçando meus lábios nos dele. Edward mordeu levemente meu lábio inferior, e logo nos separamos antes que voltássemos a acordar Austin. O balancei por mais alguns minutos, e Edward me garantiu que ele apenas havia acordado por acaso. Não era fome, nem fralda suja... O que eu agradeci.

A pior parte são as fraldas. Sério, era horrível. Eu olhava para Edward, ele olhava para mim e rapidamente arrumava uma desculpa qualquer só para não precisar trocar a fralda do nosso filho.

NA HORA DE LEVAR PARA O PARQUE PARA EXIBIR, VAI CHEIO DE VONTADE, QUANDO TEM QUE CUIDAR JOGA PARA MIM.

Mas não posso reclamar. Tudo relacionado ao meu pequenininho eu amo, e eu nunca me imaginei assim.

Quero dizer, nem tudo eu amo também. Não amo suas fraldas sujas, mas aprendo a conviver com elas. É.

Coloquei Austin no berço, e ele esticou os bracinhos e as perninhas, e sua boquinha abriu levemente. Edward riu.

– Anthony ficará sexy como o pai! – ele disse, sorrindo torto.

Revirei os olhos.

– Austin não ficará sexy como você, ele ficará dócil como eu, isso sim. – rebati.

– Dócil? Você? – ele perguntou fazendo careta. – Tem algo errado aí, amor.

Dei um tapa forte em seu peito e ele riu, acariciando o local atingido. Rapidamente me vi presa em seus braços, e seus lábios estavam novamente em meu pescoço.

– Pare de chama-lo de Anthony! – pedi. – O nome dele é Austin, poxa!

– O nome dele é Anthony, você que cismou de colocar esse segundo nome estranho. – ele disse, mordiscando meu pescoço.

Bufei.

– Temos que achar um meio que chama-lo... Não podemos cada um chamar de um jeito, vai dar curto-circuito no cérebro dele, tadinho.

Edward riu e apenas assentiu.

– Vamos para a cama? – perguntou.

Assenti, suspirando.

– Sim, estou morrendo de sono. – falei.

Edward rapidamente me pegou no colo, em estilo noiva, e eu ri envolvendo meus braços em seu pescoço. Saímos do quarto de Austin e os lábios de Edward encontraram os meus novamente.

– A intenção não é dormir... – ele murmurou contra os meus lábios.

Revirei os olhos, rindo. Segundos depois me senti ser jogada na cama, e Edward colocou seu corpo esguio sobre o meu. Rapidamente envolvi sua cintura com minhas pernas, puxando seu corpo para mais perto do meu, e gemi ao sentir sua excitação.

Suas mãos subiram por dentro da minha blusa, - que na verdade era dele – e quando estavam próximas de encontrar meus seios...

Austin Anthony Swan Cullen resolveu acordar toda a vizinhança novamente.

[...]

– Cadê a tia? Cadê? Achooooou! – Rose brincava com Austin com uma palhaça, e eu apenas ria. – Como esse garoto é gato, céus! Posso casar com ele, Bella?

– Para com a pedofilia, Rose. – falei rindo. – E sim, meu filho é um gato.

– Olha só esses olhos... – ela murmurou, segurando meu bebê na altura de seu rosto.

Ele tinha uma mãozinha na boca, e olhava para Rose com curiosidade, mas sorrindo.

– Não paro de pensar em como ele ficará quando estiver maior... – murmurei. – Edward tem certeza que os cabelos dele ficarão mais escuros.

– Também acho! – ela falou sorridente.

– Bom dia, amores da minha vida! – Alice disse, entrando na cozinha.

Demos bom dia, animadas, e ela rapidamente retirou Austin dos braços de Rose, que fez bico.

– O Toninho prefere ficar comigo, Alice! Me devolve! – Rose fez birra.

Alice revirou os olhos, apertando Austin levemente e dando beijinhos em seu pescoço perfumado.

– Enquanto você chama-lo por esse apelido horrível, está proibida de tocar nele!

Rose revirou os olhos.

– Vocês não sabem como vão chamar a criança, se de Anthony ou Austin! Por isso criei esse apelido!

Eu e Alice nos olhamos, e voltamos a olhar para Rose.

– Toninho é horrível. – confirmei o que Alice vivia dizendo.

– Toninho é apelido de divo, agora me devolve o meu sobrinho! – Rose disse, esticando os braços em direção à Alice, que lhe deu língua.

Eu apenas ria das duas, quando senti dois bracinhos envolvendo minha cintura.

Melanie. Sorri para ela e beijei o topo de sua cabeça. Ela ainda vestia seu pijama.

– Mamãe, a Nessie está te chamando no banheiro! – Mel sussurrou para mim.

– O que aconteceu? – sussurrei de volta.

Mel fez uma caretinha, pegando em minha mão e me puxando em direção ao banheiro. A segui curiosa. Assim que chegamos ao banheiro, vi Nessie lutando contra seu cabelo.

– O que aconteceu, meu amor? – perguntei, me sentando na borda da banheira.

Nessie grunhiu, irritada.

– O cabelo embolou todo, Bell! – ela disse, com os olhos cheios d’água. – Acho que tem que cortar...

Suspirei, pegando o pente que ela tinha em mãos para tentar desembaraçar seus cabelos. Mel sentou em um banquinho no outro lado do banheiro, apenas nos observando. Peguei o condicionador e passei nos cabelos longos de Nessie, e nem isso o fez desembaraçar. Estava muito embolado nas pontas...

Suspirei e como ela havia terminado seu banho, a enrolei na toalha e a ajudei a sair da banheira.

– Vai ter que cortar? – ela perguntou com a voz fininha.

– Sim. – falei, e ela fez uma carinha de choro. – Mas é só um pouquinho, não se preocupe!

– Só um pouquinho mesmo?

Sorri, dando um beijinho em sua testa.

– Sim, meu anjo.

Ela sorriu levemente, e assentiu. Falei para ela ir se vestindo enquanto eu procurava por uma tesoura no quarto meu e de Edward. Rapidamente achei uma na gaveta da bancada do banheiro e voltei para o quarto de Nessie. Separei todo o seu cabelo certinho para cortar, e vi que ela estava nervosa. Mel assistia a tudo em silêncio, curiosa. Rapidamente cortei o cabelo de Nessie, e realmente fora pouco, apenas quatro dedos. Pouco, considerando o tamanho do cabelo dela. Agora eles batiam bem no meio de suas costas, e ela suspirou aliviada ao ver que não estava curto. Ela me deu um beijinho no rosto e eu botei Mel para tomar banho. Edward havia dito antes de sair que queria que todos nós fôssemos para o parque, porque ele iria sair cedo, então botei as meninas para se arrumarem logo.

Voltei para a cozinha e encontrei Alice dando papinha para Austin. Rose observava com um bico nos lábios.

– Rose, pare de birra! – falei.

Ela revirou os olhos.

– Eu queria dar papinha para o meu afilhado, mas essa anã, essa metida, essa estrelinha do pop de meia tigela não deixa! – Rose provocou.

Alice crispou os olhos para ela, e eu pensei que as duas fossem voar uma na outra.

– Querida, a única “meia tigela” aqui é você! – Alice revidou.

– Fica quieta, sua magrela! – Rose disse, aumentando o tom.

– Fica quieta você, sua gorda!

Rose abriu a boca em formato oval, e eu não aguentei e ri. Alice sorriu superior, e Rose jogou os cabelos para trás.

– Pelo menos eu tenho um namorado. – Rose disse.

Eu ainda ria quando me coloquei no meio das duas. Eu sabia que não iria ter briga, mas quando elas resolviam “ofender” de mentirinha, era uma coisa.

– Ok, vamos acabar com a troca de elogios! – falei. – Alice, vai se arrumar porque nós vamos sair. E vê se fica um pouco irreconhecível, porque sair com você tem sido agitado demais. – pedi.

Ela riu, e assentiu. Alice me passou o potinho da papinha e eu me sentei em frente à cadeirinha de Austin, que olhava a tudo com os olhinhos arregalados.

– Ai, como eu adoro provoca-la. – Rose suspirou com um sorriso.

– Você a chamou de encalhada, eu não deixaria no lugar dela. – falei rindo.

Rose revirou os olhos, se sentando à bancada.

– Ela é encalhada porque quer. Já viu os caras que correm atrás dela na rua pedindo autógrafo? Eu daria mais do que um autógrafo a eles... – ela murmurou ao fim, me fazendo rir mais. – E também tem o Stephen! Coitado dele.

– Stephen é um amor, e só Alice não percebe os olhares dele para ela. – falei chateada. – Dá vontade de dar uns tapas para ver se ela acorda.

– Ela é lerda. – Rose disse por fim.

Continuamos conversando amenidades, quando eu terminei de alimentar Austin. Eu rapidamente fui olhar se as meninas estavam prontas, e Rose se ofereceu para ajudar Melanie com o cabelo enquanto eu arrumava Austin. Dei banho no meu pequerrucho, e Rose ficou cuidando dele no quarto com as meninas enquanto eu me arrumava. Rose já estava pronta, só à espera de Emmett, que viria com Edward. Iríamos todos ao parque. O que deu em Edward para planejar isso eu não sei, só sei que ele anda muito mais “família” desde o nascimento de Austin, há dez meses.

Logo eu fiquei pronta e fui até o quarto de Nessie, e Rose parecia uma criança toda largada na cama de Nessie, com Austin sentado sobre a sua barriga. Mel ria, brincando com eles dois.

– Cadê a Nessie? – perguntei.

– No banheiro penteando o cabelo pela décima vez. – Rose disse rindo.

Revirei os olhos e fui ao banheiro. Nessie tinha um biquinho nos lábios, enquanto jogava os cabelos de um lado para o outro com o pente.

– Nessie, seu cabelo está lindo! – falei me aproximando dela.

Ela suspirou.

– Eu não consigo achar um jeito dele fiar bonitinho, Bell...

Sorri e peguei o pente de suas mãos. Abri a gaveta da bancada da pia e peguei uma de suas fitas.

– Quer que eu faça uma trança? – perguntei.

Ela assentiu, sorrindo abertamente. Rapidamente fiz o penteado em seus cabelos e ela saiu correndo, agora rindo. Logo Alice ficou pronta, e Edward e Emmett chegaram.

– CADÊ A COMIDA?! – Emmett gritou.

Rose bufou.

– Tenho modos, homem. – ela disse.

Emmett riu e a puxou, dando um beijo desentupidor de pia nela.

– Céus, ninguém quer ver o amor de vocês transbordando... – Alice murmurou, indo para a cozinha.

– ENCALHADA! – Rose gritou se afastando de Emmett.

Mesmo de onde eu estava, pude ouvir Alice bufar e ri. Edward me deu um beijinho e logo pegou Austin no colo, paparicando-o. Fomos todos para a sala enquanto Edward tomava banho para irmos. Rose me ajudou a pegar a cesta de piquenique que havíamos preparado e a colocamos na mala do carro. Minutos depois Edward apareceu.

Rose e Alice foram no carro de Emmett. Nessie, Mel e Austin foram comigo e Edward. O caminho até o Central Park foi rápido, e Edward sorria todo momento enquanto contava piadas às meninas, que riam à toa.

Eu apenas sorria ao olhar para eles...

Eu me sentia bem ao vê-los rindo. Era tipo um calmante.

Logo chegamos ao nosso destino final, e as meninas saíram do carro num pulo. Retirei Austin da cadeirinha e Edward pegou a cesta do piquenique no porta-malas.

Emmett estacionou o carro na vaga ao nosso lado, e Alice saiu do carro cantando uma música com Rose, e Emmett revirava os olhos para as duas.

Nessie e Mel corriam à nossa frente, procurando um lugar no imenso gramado para ficarmos. Logo achamos um lugar tranquilo... Na verdade, era o mesmo lugar onde eu e Edward havíamos visto Brianna uma vez.

Arrumamos a toalha vermelha e a cesta debaixo da árvore, e logo Edward e Emmett pegaram a bola de futebol americano e foram brincar com Nessie e Mel, e corriam de um lado para o outro. Eu, Rose e Alice ríamos enquanto os assistia.

– Bella... – Rose chamou com uma voz toda manhosa. – Posso dar comidinha a ele?

Revirei os olhos. Rose sorriu abertamente quando passei Austin para o seu colo, e lhe entreguei o potinho de salada de frutas que eu havia feito. Apesar de ainda ter 10 meses, e não ter dentes, a gengiva de Austin mastigava que era uma beleza.

Rose parecia radiante ao dar comida para ele, e Alice observava com um sorrisinho.

– Bella, imagina um bebê metade Rose e metade Emmett... – Alice disse.

Rose arregalou os olhos e eu fiz careta.

– Eu estou imaginando uma criança com a cara de Rose e o corpo de Emmett... – murmurei.

Olhamos ao mesmo tempo para Emmett, e estremecemos. Ele era enorme!

– Ok, imagine um bebê gordinho, com covinhas, cabelos loiros como os de Emmett e olhos cor de mel, iguais aos de Rose... – Alice disse.

Eu e Alice nos entreolhamos, e logo encaramos Rose com um sorrisinho.

– AWWWWWWN! – eu e Alice dissemos juntas.

Rose bufou e revirou os olhos.

– Parem de viajar vocês duas, ok? – ela disse, corando levemente. – Não penso nisso ainda.

– “AINDA”. – Alice repetiu rindo.

Rose sorriu levemente, envergonhada.

Realmente... Um bebê de Emmett e Rose seria a coisa mais fofa.

Porra, essa família não para de crescer nunca. Olha o tanto de criança que já tem! Não que seja ruim, longe disso, mas daqui a pouco nós abrimos uma creche só nossa!

Emmett e Edward voltaram sorridentes e arfantes, e começaram a atacar a comida. Nessie se jogou no meu colo, e Mel no de Alice, que começou a mimá-la. Rose passou Austin para Edward e se encostou em Emmett. Começamos a conversar amenidades, rindo o tempo todo.

Era perfeito passar um tempo assim com eles, fato.

Horas depois, quando arrumávamos as coisas para ir embora, descobri que definitivamente alegria de pobre dura pouco.

– ALICE SWAN?! – uma garota berrou de repente, ao longe.

– AI MEU DEUS, É A ALICE! – outra gritou.

Logo um grupo de adolescentes corria em nossa direção, e Alice sorria toda boba, dando tchauzinho para eles.

SERÁ QUE ELA NÃO PERCEBE QUE ELES VÃO PULAR, LITERALMENTE, EM CIMA DELA?! OMG!

– Eu me sinto em The Walking Dead, só que com zumbis bem mais desenvolvidos e rápidos... – Rose murmurou com os olhos arregalados.

Quando eu vi, Edward e Emmett estavam ao redor de Alice, impedindo que os fãs pulassem em cima dela.

– SE ORGANIZEM, SE NÃO NINGUÉM FALA COM A SENHORITA SWAN! – Emmett gritou.

Todos pararam de gritar na mesma hora, e se colocaram um ao lado do outro. Emmett deu um sorriso convencido, e Edward revirou os olhos. Um por um os fãs, - a maioria meninas, e dois garotos – falavam com Alice. Ela autografou cadernos, braços e até uma barriga, e tirou foto com todos eles. Vi que algumas outras pessoas que andavam no parque nos olharam com curiosidade.

Alice foi simpática com todos eles, parecendo adorar aquilo tudo. Céus, eu nem era o centro das atenções, mas já me sentia sufocada! Imagina daqui a um tempo...

Será que Alice terá que ter seguranças? OMG!

Logo os fãs foram embora sorridentes e voltamos para o carro. Alice o caminho inteiro parecia flutuar. Sorri para ela... Realmente, ela gostava de tudo aquilo. E isso a fazia feliz, portanto, eu ficava feliz também.

Cara, como eu estou melosa!

Acho que são os hormônios de mãe... Existe isso? Se não, agora existe. Será que um dia eu vou voltar a ser como antes? Quero dizer, menos melosa?

OMG!

Mundo, me faça voltar ao normal!